quinta-feira, 16 de novembro de 2017
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
O que essa gente fazia para passar vergonha antes das redes sociais?
POR ET BARTHES
As redes sociais produziram pessoas estranhas. De repente qualquer um virou especialista em política, economia e sociedade. Um ator pornô que se sente à vontade para falar de educação. Uma professora universitária que teria dificuldades no ENEM. Uma jogadora que faz profissão de fé num notório corrupto. Um religioso que vive do dinheiro dos fieis e acha que tem moral para ditar regras. Uma jornalista que plagia textos de outros. Enfim, fica a pergunta: o que essa gente fazia para passar vergonha antes das redes sociais?terça-feira, 14 de novembro de 2017
Lula deve morrer? Não, o que deve morrer é o “jornalismo” da Istoé
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Lula deve morrer. A manchete da Istoé correu como um rastrilho de pólvora e incendiou as redes sociais. Poderia ser apenas um título provocador, exagerado de propósito, para vender mais revistas. Mas não. Quem leu o artigo percebe que o desejo de morte é literal: essa gente quer mesmo que Lula morra. O artigo foi recebido com perplexidade e mesmo quem não gosta do ex-presidente achou que a revista foi longe demais.
Um texto a pedir a morte de um político (um ex-presidente) mostra o fosso de areia movediça em que se debate boa parte da velha mídia brasileira. Muita gente desejou, ao autor do artigo, o mesmo que ele pediu para Lula. Mas o buraco é mais em cima. O jornalista está apenas a ser a voz do dono, a fazer o trabalho sujo para os seus superiores. Afinal, um texto assim não sai para as bancas sem a concordância dos patrões.
A situação pede um olhar por trás da cortina. Haveria motivações menos evidentes? É lídimo imaginar que o pano de fundo é a sobrevivência da própria revista. Mais do que desejar Lula morto, a Istoé tenta permanecer viva. Há uma crise. Há informações recentes a dizer que, com a queda de Dilma Rousseff, a publicidade na Istoé cresceu 1.384%. Ou seja, ascensão de Michel Temer permitiu, à revista, ganhar algum fôlego financeiro.
Que tal um exercício de memória? Em 2015, a revista publicou um texto choramingas a acusar Dilma Rousseff de estar contra alguns meios da velha mídia. “Uma das estratégias para minar o fôlego dessas publicações é reduzir a verba publicitária a elas destinada pelo Governo Federal. Esta ação ganha a alcunha de ‘guerrilha política’, em um documento do Planalto que ficou conhecido esta semana”, dizia a Istoé, em tom de lamúria.
Qualquer pessoa familiarizada com o meio jornalístico sabe que os problemas financeiros da empresa editora da revista têm sido notícia ao longo dos anos. Impostos atrasados, dívidas a bancos, dívidas trabalhistas e até penhora de imóveis fizeram a pauta do noticiário nos últimos anos. O fato é que a revista luta para sobreviver. Mas onde é que Lula entra nessa história? A resposta é simples.
Sem as verbas publicitárias do Governo Federal – e das empresas na órbita da administração central de Brasília – a vida pode ficar ainda mais complicada para a publicação. Se Lula for eleito, a torneira das verbas publicitárias pode deixar de jorrar os milhões de reais. É essencial que Lula não possa concorrer. Se concorrer, é preciso que seja derrotado. Mas Lula diz que vai concorrer. E, para piorar, as pesquisas o põem na liderança.
É aqui que a porca torce o rabo. Se Lula não morrer, talvez morra a revista, que há muito deixou de fazer jornalismo (ao ponto de ser chamada “QuantoÉ”). O jogo de sobrevivência muitas vezes obriga ao ridículo. Não vamos esquecer que no ano passado a revista atribuiu o prêmio “Brasileiro do Ano” ao presidente Michel Temer. Não há argumento racional que sustente a escolha. A não ser, claro, um piscar de olho para as verbas publicitárias.
É óbvio. Não dá para viver só das vendas e dos leitores. A revista tem penetração num meio formado por antipetistas e alguns liberais (daqueles que não vivem sem as tetas do Estado). Mas esse público representa quase um nicho de mercado, formado por leitores pouco fieis e insuficientes para dar saúde financeira a qualquer projeto editorial. Portanto, sem verbas publicitárias – e eventualmente outras bondades governamentais – a coisa complica.
Enfim, Lula é um perigo para a Istoé. E por isso deve morrer.
É a dança da chuva.
P.S.: Para evitar mal-entendidos, como jornalista não desejo o fim de qualquer título, mas lamento que alguns estejam a matar o jornalismo.
Lula deve morrer. A manchete da Istoé correu como um rastrilho de pólvora e incendiou as redes sociais. Poderia ser apenas um título provocador, exagerado de propósito, para vender mais revistas. Mas não. Quem leu o artigo percebe que o desejo de morte é literal: essa gente quer mesmo que Lula morra. O artigo foi recebido com perplexidade e mesmo quem não gosta do ex-presidente achou que a revista foi longe demais.
Um texto a pedir a morte de um político (um ex-presidente) mostra o fosso de areia movediça em que se debate boa parte da velha mídia brasileira. Muita gente desejou, ao autor do artigo, o mesmo que ele pediu para Lula. Mas o buraco é mais em cima. O jornalista está apenas a ser a voz do dono, a fazer o trabalho sujo para os seus superiores. Afinal, um texto assim não sai para as bancas sem a concordância dos patrões.
A situação pede um olhar por trás da cortina. Haveria motivações menos evidentes? É lídimo imaginar que o pano de fundo é a sobrevivência da própria revista. Mais do que desejar Lula morto, a Istoé tenta permanecer viva. Há uma crise. Há informações recentes a dizer que, com a queda de Dilma Rousseff, a publicidade na Istoé cresceu 1.384%. Ou seja, ascensão de Michel Temer permitiu, à revista, ganhar algum fôlego financeiro.
Que tal um exercício de memória? Em 2015, a revista publicou um texto choramingas a acusar Dilma Rousseff de estar contra alguns meios da velha mídia. “Uma das estratégias para minar o fôlego dessas publicações é reduzir a verba publicitária a elas destinada pelo Governo Federal. Esta ação ganha a alcunha de ‘guerrilha política’, em um documento do Planalto que ficou conhecido esta semana”, dizia a Istoé, em tom de lamúria.
Qualquer pessoa familiarizada com o meio jornalístico sabe que os problemas financeiros da empresa editora da revista têm sido notícia ao longo dos anos. Impostos atrasados, dívidas a bancos, dívidas trabalhistas e até penhora de imóveis fizeram a pauta do noticiário nos últimos anos. O fato é que a revista luta para sobreviver. Mas onde é que Lula entra nessa história? A resposta é simples.
Sem as verbas publicitárias do Governo Federal – e das empresas na órbita da administração central de Brasília – a vida pode ficar ainda mais complicada para a publicação. Se Lula for eleito, a torneira das verbas publicitárias pode deixar de jorrar os milhões de reais. É essencial que Lula não possa concorrer. Se concorrer, é preciso que seja derrotado. Mas Lula diz que vai concorrer. E, para piorar, as pesquisas o põem na liderança.
É aqui que a porca torce o rabo. Se Lula não morrer, talvez morra a revista, que há muito deixou de fazer jornalismo (ao ponto de ser chamada “QuantoÉ”). O jogo de sobrevivência muitas vezes obriga ao ridículo. Não vamos esquecer que no ano passado a revista atribuiu o prêmio “Brasileiro do Ano” ao presidente Michel Temer. Não há argumento racional que sustente a escolha. A não ser, claro, um piscar de olho para as verbas publicitárias.
É óbvio. Não dá para viver só das vendas e dos leitores. A revista tem penetração num meio formado por antipetistas e alguns liberais (daqueles que não vivem sem as tetas do Estado). Mas esse público representa quase um nicho de mercado, formado por leitores pouco fieis e insuficientes para dar saúde financeira a qualquer projeto editorial. Portanto, sem verbas publicitárias – e eventualmente outras bondades governamentais – a coisa complica.
Enfim, Lula é um perigo para a Istoé. E por isso deve morrer.
É a dança da chuva.
P.S.: Para evitar mal-entendidos, como jornalista não desejo o fim de qualquer título, mas lamento que alguns estejam a matar o jornalismo.
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
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