terça-feira, 10 de maio de 2016
segunda-feira, 9 de maio de 2016
É de pequeno...
POR ET BARTHES
As artes marciais produzem efeitos benéficos sobre as crianças, mesmo nas mais novas. Mas também proporcionam alguns momentos interessantes, como a técnica e a perseverança do pequeno taekwondista para quebrar a tábua.
De LHS@senador para Udo@prefeito.
POR JORDI CASTAN
Luiz Henrique da Silveira - ou LHS, como ficou conhecido - foi três vezes prefeito de Joinville, duas vezes governador de Santa Catarina, deputado federal por cinco legislaturas e senador. Um verdadeiro "animal político". Udo Dohler foi uma das suas criações, num projeto que começou quando o nomeou presidente da comissão organizadora dos atos de celebração do sesquicentenário de Joinville. LHS foi um visionário e um articulador político de destreza reconhecida até pelos seus mais fervorosos inimigos. Vendo o governo que Udo está fazendo e quando o atual prefeito se prepara para concorrer à reeleição, o que diria o senador ao velho amigo? A carta é um exercício de imaginação que mostramos aqui no Chuva Ácida.
"Caro Udo.
Faz tempo que não comemos um marreco juntos. Aqui onde estou marrecos não tem o mesmo sabor. Conheci aqui o Joseph Weber, um dos grandes cientistas do século XX. E quando me contou a sua história, não tive como não me lembrar da sua. Joe Weber era considerado pelos seus amigos próximos como Shackelton, aquele que quase chegou mas ficou sempre no caminho. Joe Weber foi quase o primeiro em descobrir o Big Bang, foi quase o primeiro em patentear o laser, quase o primeiro em descobrir as ondas gravitacionais. O seu maior sucesso não foi o de chegar mas o de “quase” chegar lá. Ficou na metade do caminho e acabou vendo outros chegar antes.
Um dos fervorosos admiradores de Weber desde o primeiro momento foi o Fisco Freeman Dyson. Acreditava na sua capacidade de trabalho, se impressionava fácil quando o via chegar tão cedo ao laboratório da Universidade de Maryland. Com o tempo foi se convencendo que a sua falta de humildade e a sua pertinácia exagerada, unida à sua visão simplista dos problemas que queria resolver e a sua fascinação por escolher soluções fáceis e erradas para resolvê-los eram empecilhos que o impediam de alcançar os resultados que almejava.
Quanto mais o Joe me contava a sua história mais tenho achado um imenso paralelo entre a dele e a sua. Freeman, seu fiel amigo, mesmo sabendo da enorme dificuldade que representava que ele mudasse de opinião, lhe escreveu uma carta em junho de 1975, que copio aqui e que confesso que me emocionou. Acho que a historia vai se repetir, eu como Freeman a escreverei e você como Weber a ignorara. O resultado é previsível e conhecido.
“Caro Joe,
Assisto com medo e angústia a ruína de nossas esperanças. Sinto uma responsabilidade pessoal considerável por ter aconselhado no passado para "arriscar o pescoço." Agora ainda o considero um grande homem maltratado pelo destino, e eu estou ansioso para salvar o que pode ser salvo. Então, lhe ofereço o meu conselho de novo para tentar salvar o que vale a pena salvar.
Um grande homem não deve ter medo de admitir publicamente que cometeu um erro e mudou de ideia. Eu sei que você é um homem de integridade. Você é forte o suficiente para admitir que você está errado. Se fizer isso, seus inimigos se alegrarão, mas seus amigos vão se alegrar ainda mais. Vai se salvar como cientista, e vai descobrir que aqueles cuja relação vale a pena manter o respeitarão por isso.
Escrevo-lhe brevemente, pois longas explicações não vai tornar a mensagem mais clara. Qualquer coisa que você decidir, não vou lhe virar as costas.
Com todos os bons desejos,
sempre seu
Freeman”
Como você sabe e já lhe antecipei, Weber decidiu desconsiderar o cauteloso alerta do amigo. Seu esforço coexistiu até o final da sua vida com a mais desafortunada e inescapável das tendências humanas a dificuldade em lidar com a vergonha de reconhecer o erro. O resultado foi o descredito, a humilhação e a desconstrução da imagem pública que projetou ao longo de décadas de trabalho árduo e tenaz. Udo, não gostaria de ver o amigo acabar como Weber. Você ainda tem a oportunidade de reconsiderar, de mudar Um choque de humildade só pode lhe ajudar e o mais importante é que Joinville só teria a ganhar com isso.
Forte Abraço
Luiz
Forte Abraço
Luiz
domingo, 8 de maio de 2016
Por que as lágrimas da mãe branca comovem mais?
POR GABRIELA QUEIROZ
A mãe da menina Isabella Nardoni está grávida de um menino, noticiam os jornais. Incontáveis compartilhamentos da notícia dão conta de que, tanto a breve passagem de Isabella, quanto a vida de sua mãe, Ana Carolina, jamais serão esquecidas, mesmo depois de passados oito anos da tragédia. Um novo bebê jamais ocupará o lugar da irmãzinha, mas certamente trará a essa mãe novas alegrias.
Não estou menosprezando isso.
Só gostaria de fazer uma breve reflexão acerca do desprezo sofrido pelas incontáveis mães negras que perdem diariamente seus filhos de maneira brutal. Eu não tenho a pretensão de ter as respostas; pelo contrário, o que me incomoda são as perguntas. Por que seus nomes não são lembrados, suas histórias não são insistentemente contadas pela mídia, seus filhos não tem nome, tornam-se apenas estatísticas? Por que a mãe que perdeu o filho há duas semanas por uma bala perdida teve que se justificar no Fantástico porque seu filho estava brincando na rua? A culpa foi dela?
A diferença de tratamento entre uma mãe e outra corrobora um fato que não podemos aceitar: o racismo. A mãe branca da classe média que teve a filha arrancada de seus braços por alguém com sobrenome de família tradicional não foi esquecida, mesmo após oito anos. Fatos terríveis como este não são esperados desta população. Transtornos mentais, conflitos familiares, intrigas e crimes não fazem parte da vida dos “bem criados”, reza a mídia tendenciosa. “Isto são coisas dos pretos!”, acusam-nos. E assim, à mãe negra e pobre, moradora da periferia, só resta o questionamento se irá conseguir criar o outro filho, o que sobreviveu. Ela terá esse direito?
E quantas outras mães, sem nome, sem rosto, sem história, que tem em comum a pele escura, não chegam ao nosso conhecimento? Quantas mães choram tentando provar que seus filhos não eram bandidos, eram estudantes, estavam apenas voltando para a casa quando foram alvejados?
São tantas as histórias tristes das minhas pares, que eu poderia passar horas lhes contando algumas. Entretanto, o que dará mais audiência nesse momento, é a escolha do nome do irmão da Isabella.
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