terça-feira, 15 de julho de 2014

De olho na estrada...

POR ET BARTHES

Os telefones celulares são a maior causa de acidentes de automóvel em alguns países. Mas nada como experimentar a sensação...




Ser rico é a pior coisa que podemos querer

POR FELIPE SILVEIRA

Minha família achava que era coisa passageira da adolescência quando eu dizia que não queria ficar rico. De fato, não fiquei, e assim sigo. Inclusive, hoje digo mais: ficar rico é a pior coisa que podemos querer. Pois o rico pressupõe o pobre, e isso é coisa que não desejo pra ninguém.

Não desejo porque entendo que o pobre é alguém sem recursos para usufruir dos seus direitos – moradia, educação, transporte, saúde, lazer – em maior ou menor escala.

A imensa distância que colocamos em relação aos problemas dos pobres é uma das principais ferramentas para a manutenção desse sistema de exclusão, pois o justifica.

Dias atrás eu discutia com uma pessoa bastante próxima sobre as remoções em razão da copa e ela me questionava se as pessoas haviam comprado ou não as casas, pois “não achava certo invadir”. Eu falei sobre o processo de formação dessas comunidades, sobre as razões dessas “invasões”, mas fiquei com a impressão de ter sido em vão. Claro, é muito difícil para alguém que, emergente, cresce com a ideia de conquista da casa própria por meio do trabalho. Mesmo que este sonho seja frustrado ao longo da vida pelos mesmos que forçaram a existência daquelas comunidades.

Os mesmos sonhos e valores ganham as periferias, favelas e outras comunidades. Desde o adolescente que deseja o tênis de marca ao jovem que almeja a compra de um apartamento. O sonho de todos é ficar rico (e aí não importa o grau de riqueza) para conseguir usufruir dos direitos que devem ser de todos. Comprar o tênis, o carro, ir pra balada, viajar...

É difícil mudar essa ideia sem depender das contradições do capitalismo, que, em determinado momento, forçam uma noção mais realista do sistema. O que é uma pena, já que isso não ocorre sem perdas e dor.

Seguimos, no entanto, tentando. Não se trata de fazer voto de pobreza. É o contrário. É um voto de direitos para todos.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Franz Schubert e a reforma administrativa

POR JORDI CASTAN

Finalmente se conhecem os detalhes de como surgiu a ideia da reforma administrativa. E os joinvilenses têm o direito de saber. A reforma administrativa teve basicamente dois lances, o antes e o depois. O antes: o surgimento da ideia preliminar é um capítulo interessante da nossa historia recente e é justamente o que gostaria de compartilhar aqui. O segundo capítulo: envolve o amplo debate que não houve na nossa Câmara de Vereadores e deverá ter ainda desdobramentos quando puder ser avaliado, com a perspectiva do tempo, o impacto que a reforma possa vir a ter para o cidadão e como nos afetará no futuro.

Pouca gente sabe que a ideia original da reforma não partiu do próprio prefeito e foi o resultado de um acidente de percurso, o que poderia ser considerado uma casualidade. Mas o que muita gente sabe é da paixão do prefeito pela música erudita. E justamente por ser tão conhecida, o prefeito foi convidado pelo prefeito de uma cidade vizinha para assistir um concerto de música erudita, no programa a Sinfonia Incompleta D 759, de Franz Schubert.

À ultima hora - e para atender um convite urgente em Brasília - o prefeito teve que declinar o convite e transferiu a responsabilidade de representá-lo a um dos seus secretários mais próximos. Não há unanimidade sobre se o secretário que o representou foi este ou aquele, mas o que sim se sabe é que o secretário em questão entendia pouco de música e menos ainda de música erudita. No dia seguinte, o secretário elaborou um detalhado relatório, com o objetivo de informar o prefeito do que tinha visto e fazer as suas recomendações. Foi justamente depois de ler este informe que o prefeito indicou o secretario para elaborar o projeto da reforma administrativa que aprovou o nosso legislativo.

O informe ao que o Chuva Ácida tem tido acesso em exclussividade.

1.- Os músicos que tocam os instrumentos de madeira demoram muito tempo em começar a tocar, ficam uma boa parte do tempo sem fazer nada. A minha sugestão é que se reduza a sua quantidade e parte do seu trabalho seja redistribuído entre outros músicos para reduzir a ociosidade.

2.- Por esse mesmo motivo, os músicos que tocam o triângulo, o címbalo, o bombo e outros instrumentos de percussão devem ser reduzidos: um único musico pode tocar todos os instrumentos e ainda para aumentar a produtividade o músico escolhido poderá além de usar os dois braços utilizar as duas pernas.

3.-  Os doze violinos tocam todos as mesmas notas. É evidente que há um desperdício de esforços e, com esta repetição, é recomendável reduzir drasticamente o número de músicos neste grupo. Se o objetivo de contar com esta quantidade de violinos é o de produzir um som mais alto, isso poderia ser obtido facilmente com um amplificador eletrônico de alta potência e com dois ou, no máximo, três músicos.

4.- A orquestra dedica um enorme esforço a tocar fusas e, aparentemente, isso representa um sofisticação inútil. Seria recomendável reduzir todas as fusas para as duplas colcheias ou para colcheias mais próximas. Simplificando o processo será possível poder utilizar estagiários e músicos menos qualificados e será possível baixar os custos.

5.- A repetição constante por outros instrumentos das passagens já interpretados pelos instrumentos de corda é cansativa e acrescenta pouco. Se todas estas repetições fossem retiradas da partitura, a peça, que dura quase duas horas, poderia ser interpretada em pouco mais de vinte minutos.

6.- Se tomadas em conta e aplicadas as recomendações aqui mencionadas, haverá uma redução do número de músicos de 90%. Assim, dos 82 músicos que atualmente compõem a orquestra seria possível trabalhar com um efetivo de 8,2 músicos.

7.- Também seria possível reduzir os custos de utilização da sala de concertos, com a nova composição da orquestra seria possível utilizar uma sala de reuniões de tamanho médio e retransmitir o concerto utilizando equipamentos audiovisuais e de videoconferência.

8.- Inclusive o teatro utilizado para a apresentação perderia a utilidade e não seria mais necessário. Poderia ser fechado e depois vendido e o seu espaço aproveitado para a implantação de um moderno projeto imobiliário, uma torre com 30 andares por exemplo.

9.- Finalmente, senhor prefeito, se o dito Schubert tivesse prestado um pouco mais de atenção a estes aspectos, seguramente teria acabado a sua sinfonia no prazo estabelecido e não a teria deixado inacabada.


Isso posto, está explicada a linha mestra da reforma administrativa e o porquê foi abraçada com tanto entusiasmo pela administração municipal com o prefeito à cabeça. Não há como se surpreender que os vereadores - os mesmo que aprovaram que o passeio seja agora para os veículos e não mais para os pedestres - pudessem aprovar tão facilmente uma proposta arrojada, inovadora e moderna como a que o executivo elaborou e o prefeito chancelou.

domingo, 13 de julho de 2014

A raça dominante

POR ET BARTHES

A maluca do triplex vai te pegar, seu pobre. Ela é da raça dominante...



sexta-feira, 11 de julho de 2014

Delfim pedindo mudanças no futebol é piada pronta

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Delfim Peixoto ainda disse que o futebol precisa de mudanças, urgentemente.
"Tem que mudar. Vamos precisar de muitas mudanças daqui para frente. Eu tenho certeza que Marco Polo Del Nero [Presidente da CBF eleito recentemente] tem disposição em fazer isso. E mesmo que não tivesse, teria de fazer de qualquer maneira. E urgente", finalizou.
Entrevista de Delfim Pádua Peixoto Filho, Presidente da Federação Catarinense de Futebol, para a ESPN Brasil*

A derrota de 7x1 para a Alemanha escancarou o verdadeiro problema do futebol brasileiro. Felipão, Parreira, Murtosa, Fred não foram, em sua totalidade, os responsáveis pelo fiasco apresentado em Belo Horizonte. Os responsáveis, por muitas vezes ocultos, precisam ser revelados. E um destes culpados está em Santa Catarina e chama-se Delfim Pádua Peixoto Filho que, junto com a maioria dos outros dirigentes de futebol no Brasil, atropelam a democracia e formam verdadeiras oligarquias do futebol, apoderando-se de toda a estrutura social e econômica que gira em torno do campo e bola.

Digo isto porque na última quarta-feira, ao assistir à bisonha entrevista coletiva de Parreira e Felipão, na qual tentaram apresentar justificativas, deparei-me com uma pergunta de um jornalista, querendo a opinião do técnico brasileiro sobre a supracitada entrevista dada por Delfim à ESPN Brasil. Sem considerar o mérito da resposta de Felipão, e principalmente a repercussão de alguns catarinenses "ofendidos", o que Delfim disse é digno de ir para a exemplificação do que é hipocrisia nos dicionários. "Dr. Delfim", como é costumeiramente chamado, foi deputado estadual durante a ditadura militar, e é, desde 1985, Presidente da Federação Catarinense de Futebol. Acabou de ser reeleito para o sétimo mandato, até 2019. Ou seja, completará 34 anos no poder do futebol do estado e terá 78 anos de idade. Inclusive já prepara a "cama" para seu filho, que também é dirigente da Federação Catarinense de Futebol e lutador de boxe nas horas vagas, assumir em 2019.

Delfim é o mesmo dirigente que durante anos compactuou com Ricardo Teixeira, ex-Presidente da CBF e contou, como moeda de troca, com seu apoio para suas seguidas reeleições. Na gestão do Ricardo Teixeira, o futebol brasileiro apodreceu por dentro, ou seja: os pequenos clubes do futebol brasileiro morreram, juntamente com os estaduais. A média de público do nosso futebol  (inclusive o catarinense) despencou e os jovens talentos cada vez mais são transferidos para o futebol do exterior. A grande maioria dos clubes não tem calendário fixo, e há uma enorme quantidade de jogadores profissionais que não recebem sequer dois salários mínimos, contrariando toda a vitrine dos grandes jogadores. A derrota na semifinal do mundial no Brasil é reflexo disto: um futebol pobre, sem identidade, e que tem em seus dirigentes a omissão e as muletas em títulos mundiais conquistados na base de talentos que fogem à regra de nossa realidade. 

Não podemos esquecer que Delfim, ao compactuar com Teixeira, compactua com um dirigente que é investigado pela justiça da Suíça, pela Polícia Federal do Brasil e pela própria FIFA (sic!) após escândalos de fraude e corrupção. 

E, por fim, vale lembrar que Delfim "ganhou" o evento de treinadores e representantes das seleções da Copa 2014 em Florianópolis, como troca pelo estado de Santa Catarina não ser sede de nenhum jogo no mundial. Mundial este que, como estamos cansados de falar, extirpou de milhares de famílias brasileiras o direito à cidade e os direitos humanos básicos para construir estádios em doze capitais brasileiras.

Delfim dentro de poucos meses será Vice-Presidente da Confederação Brasileira de Futebol, entidade que reúne todo o status quo do futebol brasileiro. Alguma chance de mudança? Ou o "Dr. Delfim" virou humorista?

* http://espn.uol.com.br/noticia/424304_felipao-nao-volta-nunca-mais-diz-vice-da-cbf