quinta-feira, 3 de julho de 2014

I believe that we can win

POR ET BARTHES

A Copa do Mundo do Brasil fez a Casa Branca parar. E adivinhem quem era o líder da torcida...




quarta-feira, 2 de julho de 2014

Comunistas sanguinários e o sul sem norte


JOSEF ANTONIOV BAÇOVSKY

Não sei qual a razão, mas nos últimos dias alguém ressuscitou uma piada velha (que parecia estar mortinha, esmagada pela própria estupidez): o tal movimento que propõe a separação dos três estados do Sul do Brasil e pretende criar uma espécie de Dinamarca abaixo da linha do Equador. Ou, nas palavras dos divulgadores, um país novo e pujante... a que tomo a liberdade de chamar Dinamarca Botocuda.

Falar sobre esse tema é acender vela para defunto ruim. Mas vou desperdiçar um pouco do meu tempo porque desta vez temos uma novidade política. Li que a criação da Dinamarca Botocuda é uma reação ao fim de um Brasil puro. Ou seja, por não haver mais a possibilidade de um “brasil brasileiro”. O que aconteceu? Ora, eles dizem que a sociedade brasileira está contaminada pelos comunistas sanguinários.

Parem as máquinas. Tive uma epifania e estou tentado a aderir. Vocês, leitor e leitora, não estão louquinhos para se juntar a pessoas tão inteligentes que conseguem ver onde os olhos comuns não alcançam? Quem, além destes gênios da raça, seria capaz de ver onde estão encafuados esses insidiosos comunistas? O perigo vermelho ronda a nossa sociedade e só a lucidez desta gente pode nos salvar.

Sim, vou aderir: “a Dinamarca Botocuda é o meu país”. Porque nela não haverá a insídia comunista e nem os sanguinários. Oh... quanto derramamento de sangue é suficiente para vocês, vermelhos? Já não bastava comerem as nossas criancinhas no café da manhã? Malditos marxistas, vocês são insaciáveis, mas o fim está próximo: se vocês são o sangue, a Dinamarca Botocuda será o modess.

Perceberam o alcance da proposta, leitor e leitora? Quem mais poderia travar esta guerra de sangue? Quem mais poderia acabar com os comunistas sanguinários senão homens com sangue azul e sobrenomes estrangeiros? É o que expressa a bandeira do tal movimento: três estrelas, que representam os estados de gente com nomes europeus, sobre um fundo azul, que representa a cor do sangue dessa nobreza sulista.

Brincadeira tem hora. Mas esse pessoal que vê comunistas sanguinários até em baixo da cama não sabe quando parar.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Copa & Repressão

Olha aí o ROBOCOPA!
POR FELIPE SILVEIRA

A conversa de bar com o Clóvis Gruner, numa das raras vindas do parceiro de blog para Joinville, poderia ter muitos assuntos (de fofoca a Foucault), mas não deu pra escapar daquele que tomou a maior parte do encontro: política e copa. Aliás, para ser mais preciso, da relação da copa com a política. Desse papo, trago um tópico para discutir aqui, com vocês.

A “falta” de manifestações durante a copa tem razões distintas. Entre elas, o mergulho que mídia e sociedade em geral deram no evento futebolístico, o famoso “não se fala em outra coisa”. Outro motivo eu apontei no texto da semana passada (clique aqui para ler). Para mim, um ciclo, o ciclo #NãoVaiTerCopa se encerrou. Ele foi muito válido e a luta vai continuar, mas a partir de outro mote, que a esquerda precisa encontrar.

E a luta precisa continuar, pois o “legado” da copa, no campo político, é de repressão. Foi exatamente o que o Clóvis lembrou na nossa conversa de boteco. Se estar na rua, na luta, já é desgastante por si só, imaginemos com o aparato policial e militar articulado, em clima de guerra, para a Copa do Mundo.

Com treinamento da polícia com o FBI; com o Exército na rua; uniforme que mais parece o Robocop, o ROBOCOPA; e uma Lei de Segurança Nacional bizarra, é claro que as manifestações não seriam como em 2013. Outro momento, outro contexto, outro aparato de repressão.


Continuidades

Não podemos dizer que a repressão não nos é familiar. O povo sempre tomou porrada. Tiro, porrada e bomba, pra usar o verso da MPB. Vale para todo o mundo, mas especialmente no Brasil, cuja veia autoritária tem papel extremamente importante na história.

E se ainda cicatrizamos as feridas da ditadura civil-militar, lidando com seu “legado”, temos na copa um novo momento marcante para a história. O desaparecimento do pedreiro Amarildo (em área de UPP, e portanto algo ligado à copa); a condenação de Rafael Braga Vieira, por porte de vinagre; a prisão de Fábio Hideki, acusado de porte de explosivos.

Ok, tem copa, e é uma copa espetacular do ponto de vista do futebol, mas ela teve um preço, e vai deixar um legado.


Protesto não é crime!

A repressão também não é estranha aos militantes dos movimentos sociais de Joinville, especialmente daqueles que lutam por um transporte público gratuito e denunciam a relação escandalosa dos setores público e privado na exploração da população por meio deste negócio.

A perseguição aos joinvilenses ganhou um novo capítulo em fevereiro deste ano, quando três destacados militantes foram detidos após uma manifestação, enquanto tentavam conversar com policiais que tentavam tirar uma manifestante que estava de bicicleta de dentro de um ônibus. Um detalhe importante é que esta “operação” contou com cerca de 20 policiais e sete viaturas...

Os militantes foram levados à delegacia, onde passaram por situações que quem conhece a polícia como conhecemos pode imaginar o que aconteceu. Não falarei, mas você que não é bobo sabe do que tô falando.

Diante disso, o Coletivo Anarquista Bandeira Negra lançou a campanha Protesto não é crime, que recebeu o apoio de diversas organizações políticas locais. Você pode dar uma olhada em algumas notas aqui, e, quem sabe, dar o seu apoio também: nota do MPL, do Mulher na Madrugada, do Mulheres em Luta, do Psol e do SINTE-Joinville.

Seu apoio é importante, assim como a consciência de cada um de nós diante dos cenários nacional e local. Para além do clima de festa, do #TáTendoMuitaCopa, é preciso pensar no preço que ela teve, na maneira como ela está sendo executada, e, mais importante, nas continuidades que ela propõe.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

E o pessoal se diverte

POR ET BARTHES


No estado de Utah, nos Estados Unidos, esse pessoal se diverte a saltar das alturas. Você teria coragem?



Plan MOB: entre o pobre e o paupérrimo

JORDI CASTAN

Plan Mob. O nome escolhido pelo IPPUJ soa estranho. Uma olhada rápida no sufixo MOB e a tradução assusta: inclui de máfia até turbamulta, passando por ralé e canalha, isso só nos sustantivos. Se formos para verbos aí encontraremos de atacar a tratar mal, passando por reunir-se em grupo, fica a dúvida se o nome é só uma escolha infeliz ou um surto de sinceridade do IPPUJ, que quer nos avisar do que vem pela frente.


O questionário disponível no site do IPPUJ não decepciona. A proposta toda do Plano de Mobilidade está dentro do padrão que o joinvilense tem aprendido a esperar do IPPUJ. Na falta de que venha algo mais (pelo informado até agora, não parece), a proposta pode ser classificada entre pobre e paupérrima. Transparece que foi concebida e executada de forma apressada, porque a pressa continua a estar presente nessa ânsia de fazer o que faz anos já deveria ter sido feito.

Pessoalmente, faz tempo que não espero qualquer coisa vinda da Fundação IPPUJ e assim dificilmente me decepciono. Porque já se sabe que de onde menos se espera é de onde nada sai. É verdade que conseguem me surpreender quase sempre, mas já não me decepcionam mais.

O questionário colocado à disposição dos joinvilenses não é só pobre na sua concepção. Pior que pobre é ofensivo, porque trata o tema da mobilidade e da contribuição do cidadão de forma estulta. A simplificação a que reduz o debate desconsidera uma abordagem completa da mobilidade e converte o debate num grande varejo. As nove perguntas predefinidas misturam elevados com o horário do comércio ou das escolas e colocam lado a lado binários com comportamento dos motoristas. Uma verdadeira salada mista em que tudo cabe.

O debate que o IPPUJ e a Prefeitura continuam devendo é estratégico. Quais temas não podem ficar fora do debate é qual será o nosso modelo de mobilidade? Para onde a cidade irá adensar ou crescer? Quais os modelos e os pros e os contras de cada um deles? E, principalmente, como se complementam ou integram os diversos modais e o ordenamento físico? Seria interessante se o Plano de Mobilidade explicasse como a mobilidade da Joinville do futuro lidará com a imobilidade que representarão as Faixas Viárias, essa genial criação sambaquiana enquistada na LOT, que pretende colocar, num único lugar, mobilidade, pólos geradores de tráfego, indústrias, prédios com mais pavimentos e comércio de grande porte. Mas para isso será preciso elaborar os estudos técnicos que falta apresentar ainda.

Será interessante poder participar das consultas públicas "a jato" ou express, uma após a outra, com horário fixado e que não permitem mais que uma participação semântica da sociedade. O que no Brasil denominamos "para inglês ver". Como é possível que, depois de ter cometido os mesmos erros na condução do processo da LOT, esses senhores ainda não tenham aprendido a fazer as coisas direito? E insistam em voltar a cometê-los. Será que, por acaso, a inépcia e a inoperância são contagiosas e se espalham como uma epidemia, desde o primeiro andar da Prefeitura até todos os demais andares e gabinetes?

A ideia que parece permear o dito plano de mobilidade é a de que se façam milhares de propostas, se sugira, se contribua, assim legitimar o processo. Por baixo devem aparecer umas 100.000 respostas, contando os 20.000 questionários que serão distribuídos na rede municipal, não menos de 50.000 contribuições devem vir, via o site do IPPUJ. Depois uma bela tabulada dos resultados, "abracadabra": o plano esta pronto com ampla participação cidadã. O debate ficará para as futuras audiências públicas, com horário exíguo para perguntas e respostas. E todos felizes. Todos não, né? É bom lembrar que já tentaram montar essa pantomima "democrática" com a LOT e não tem dado certo.

Plano de mobilidade é muito mais que responder nove perguntinhas com respostas predeterminadas. Fazer bem feito exige seriedade, conhecimento, competência e trabalho. E esses elementos parecem cada dia mais escassos nas margens do Cachoeira. O pior ainda é que tudo isso é pago com o nosso dinheiro.