quarta-feira, 10 de abril de 2013

100 dias. É o início...


POR EDUARDO DALBOSCO

Esse negócio dos primeiros 100 dias é coisa da mídia publicada que precisa vender manchetes sensacionalistas. Não há test drive ou estágio probatório para os governos. O que há é trabalho, determinação e vontade de fazer o que está prometido e registrado no programa de governo. O que há é um desafio diário que durante quatro anos exige a tomada de decisões necessárias, nem sempre populares.

Aliás, esse é o primeiro e grande desafio do eleito: transformar o discurso eleitoral, empolgante, afirmativo, ambicioso, plasticamente perfeito, construtor de esperanças, em resultados práticos, concretos e objetivos. Geralmente o que ocorre é que a realidade mesma é bem diferente do que o programa açucarado da campanha eleitoral. A condição financeira é limitada, obras emperradas são de difícil recuperação, as amarras institucionais paralisantes e a transição governamental exige tempo, conhecimento, aprendizado e prudência.

A sociedade de Joinville está bastante e positivamente compreensiva com o governo do Dr. Udo. Para um governo eleito com três pilares: política para a periferia, gestão eficiente e planejamento estratégico para trinta anos, este início está um tanto acanhado. Nenhuma pista para com o futuro generoso prometido. O governo do PT pensou o futuro quando fez os planos diretores de água, saneamento, macrodrenagem, ordenamento territorial e elaborou o projeto do BID II. O governo petista fez saneamento básico, dezenas de pontes, moradias populares, praças, aumentou verbas para a saúde e fez reformas como a Rua das Palmeiras, JK ou da Beira Rio. Mas ações estruturantes, de grandes valores, precisam da continuidade dos projetos e parcerias.

Joinville parece apoiar a decisão prioritária da atual gestão de sanear as contas públicas, como se a Prefeitura fosse uma empresa privada. O conceito de déficit zero é importante para empresários que disputam o mercado e são regulados pelo lucro. Cumprem jornadas de trabalho exaustivas, impõe a ditadura de metas e exploram a mais valia para atingir seus objetivos. Para a Prefeitura, com baixa liquidez financeira, o grande dilema é pagar fornecedores e fazer os investimentos, ou seja, pagar dívidas e fazer novas dívidas. Ocorre que o ente público é infinito, não acumula lucros ou dividendos e precisa saber aplicar estrategicamente sua receita, inclusive futura, para atender a confiança dos créditos tributários. Mas, surpreendentemente, os fornecedores aceitaram um parcelamento forçoso de 48 meses, nunca antes praticado e a cidade aguarda que o atual esforço produza aumento de investimentos até o final do mandato.

Os tempos são outros e ninguém questionou a importação de secretários de fora, a paralisia das Secretarias Regionais, o cancelamento de ações programadas e importantes para a cidade, como os Jogos Abertos ou a redução de verbas da cultura. Dizem que até as obras do PAC como a UPA da Vila Nova e a macrodrenagem do Rio Mathias estão na linha de tiro. Diferente de outrora, a intervenção do Executivo para compor maioria legislativa e acomodar apoios não foi fisiologismo, mas mero exercício de governabilidade. Aliás, o Prefeito faz política, e faz bem, viaja bastante para Florianópolis e Brasília. Manter a parceria de Joinville com a Presidenta Dilma, sendo o governo federal nosso maior investidor, é bastante importante para nossa cidade. Agora, diferentemente do que antes, viagem é só elogio, reconhecimento e, em cada compromisso, a comitiva cresce na fotografia. Lá atrás, é triste lembrar, mas até intercâmbio com cidade-irmã era censurado. Ora, entendo que as viagens compõem os compromissos e responsabilidades de qualquer prefeito.

 Os tempos são definitivamente outros para a linguagem corrosiva e golpista que desconstruia diária, obsessiva e compulsivamente a liderança do Prefeito Carlito. Hoje a imprensa, legislativo, empresários, todos estão perfeitamente sintonizados com a nova, ou antiga, hegemonia local, uma cumplicidade perfeita, tranquila.

O governo acertou em reduzir a passagem de ônibus, em buscar apoio privado e do governo do Estado para o Hospital São José e para a duplicação da Santos Dumont, na luta para viabilizar em definitivo o ILS e ampliar a pista do aeroporto e em dar continuidade e concluir obras como a reforma da Casa Fleith, a praça do Juquiá, a reforma do Mercado, da Biblioteca Central, manter a concessão da Expoville e aprovar a mesma reforma administrativa recusada pelos vereadores da legislatura passada, com a redução das secretarias regionais. Manter o Joinville em Movimento, a Feira do Livro e o Carnaval também foi positivo, mas lamenta-se o recuo do projeto de internet livre e a retirada dos cargos comissionados do link da transparência.

Grande solenidade lançou pela segunda vez o importante projeto de fiação subterrânea do centro, já aprovado anteriormente. E a mídia oficial comemora as obras do PAC saneamento e de mobilidade aprovadas no ano passado, a pavimentação da Jarivatuba e da Chaminé, obras do BADESC já iniciadas e o novo Pronto Socorro quase concluído em 2012. Mas tudo bem, isso é um detalhe, a política vive de símbolos e da comunicação esperta.
Da mesma forma a continuidade do BNDES III, uma novela dirigida pelo Governo Estadual, continua com passos tímidos, mas avança. Mas não consigo entender porque o Viva Cidade, no período gordo da receita do IPTU, não termina o Projeto do binário da Timbó e porque não é concluída a Praça do Aventureiro e o Restaurante Popular II, investimentos com recursos do PAC.
Enfim, o tempo foi curto. O novo governo precisa conhecer bem a prefeitura e fazer um adequado planejamento estratégico para cumprir o seu programa. A equipe de governo precisa sintonizar com os servidores públicos, grande patrimônio humano e de conhecimento da cidade, e manter a roda girando, de preferência contribuindo para que Joinville tenha uma esfera pública crítica e participativa.

A lição que fica para quem já participou do governo e deseja o melhor para Joinville é que não há milagre e que a expiação crítica pode ser injusta. Nesta época onde a opinião pública, animada por idéias curtas, surta em condenações definitivas para depois saber do que se trata, é importante e civilizatório que se pense, se reflita e se conheça o que está sendo julgado. Muita crítica despropositada anda solta irresponsavelmente por aí e as consequências dramáticas para a vida das pessoas atacadas sem razão parece não importar muito.

Entendo que a gestão pública não é um privilégio para um gerente de excelência, um profissional titulado pela academia. É uma questão que combina técnica e planejamento, suficientemente garantidos pelos servidores de carreira, com a determinação do projeto eleito pela população. A gestão pública é uma delegação temporária onde o povo escolhe representantes para governar, ou seja, executar o interesse público. Isso se chama política. Assaltar esses interesses e governar a revelia da vontade popular, sem transparência e sem planejamento, é privatizar a vida social. É roubar o espaço público e asfixiar a liberdade.

Prefiro a democracia participativa.

Eduardo Dalbosco, ex-Secretário de Planejamento e do Governo de Joinville.

terça-feira, 9 de abril de 2013

100 folga!!


Deus matou John Lennon. E com testemunha joinvilense?

POR ET BARTHES
E o Marco Feliciano diz que Deus matou John Lennon. O mais interessante é que, ao que parece, tinha uma testemunha de Joinville. Será? Você consegue identificar? Se conseguir, diga nos comentários...



Continuo a não gostar de Daniela Mercury


Na internet, imagem  compara Daniela e Joelma

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
É legal ver a Daniela Mercury assumir uma relação homoafetiva. Mas isso não vai fazer com que eu comece a gostar dela. Nem da pessoa e nem da música. E digo isso mesmo sabendo que, com o anúncio dessa relação, ela virou uma espécie de queridinha da esquerda e da semi-esquerda.

Que fique clara a minha posição. Homo ou hetero, acho ótimo que as pessoas assumam as suas paixões. E que não cedam aos preconceitos dos homofóbicos, porque em civilização as pessoas devem mandar no próprio corpo e exercer a própria sexualidade sem tabus. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Não gosto de Daniela Mercury. E a birra vem desde 2006, quando ela fez uma turnê por Portugal e começou a insistir na tecla política. O que incomodou? É que foi tudo muito gratuito e deliberado. Parecia mesmo que ela estava a tentar arranjar manchetes de jornal. Ninguém perguntava sobre política, mas ela respondia. Aliás, escrevi sobre isso no AN.

A ideia com que fiquei: ela estava a passar uma imagem muito feia do Brasil.  Ah... o alvo era o então presidente Lula da Silva, que disputava a reeleição. Numa entrevista ao jornal Correio da Manhã, ela disse que “é muito importante que os brasileiros não votem em Lula da Silva, como punição por tudo o que aconteceu nos últimos anos. Não me cansarei de o pedir aos meus conterrâneos, em todos os meus shows”.

E antes que a Reaçolância se assanhe, quero dizer duas coisas: 1. ela tem o direito de não gostar do ex-presidente; 2. ela também malhou em Fernando Henrique Cardoso. O problema, volto a repetir, é que o seu discurso depreciativo serviu para pintar um quadro muito feio do Brasil. Quem acompanhou as notícias ficou com a ideia de que o país é uma república das bananas, uma terra em lei.

Cheguei mesmo a suspeitar que fosse uma estratégia de marketing. Afinal, não vamos esquecer que ela já andava numa espécie de ocaso artístico. Aliás, agora que assumiu uma relação com outra mulher não duvido que a sua carreira vai ganhar um novo fôlego. Já vi uma pessoa a dizer que nunca ligou para a música dela, mas agora ia ficar mais atenta. Acontece.

MINHA ESPOSA - Tem outra coisa para a qual pouca gente ligou mas que me provoca comichão. É o uso da expressão “minha esposa”. Sem querer iniciar uma discussão linguística, o fato é que esposa é uma palavra cheia de significado ideológico, que vem da sociedade do macho e aponta para a mulher feita para crianças, cozinha e igreja (os três “k” de Karl Marx: kinder, küche, kirche).

A palavra esposa aponta para a mulher submissa. E é uma forma encontrada para tentar anular a mulher sexuada, capaz de reivindicar a autonomia, a autodeterminação e o direito ao orgasmo. Pode ter sido apenas um deslize linguístico de Daniela Mercury, mas também pode ser um sintoma de conservadorismo.

Por fim. Ela assumiu uma relação homoafetiva? Perfeito. Ela é agora um nome a ser usado pelos opositores de Marco Feliciano? Perfeito. Ela representa o oposto dessa idiota chamada Joelma? Perfeito. Mas não vou nesse oba-oba. Enquanto ela não mostrar que tem consistência política, com ações que inspirem confiança, continuarei com um pé atrás.

Como já disse um velho professor: abrir as pernas é facil, abrir a mente é outra coisa.

P.S. Por favor, você que é homofóbico, não entenda isto como uma adesão à sua posição. Porque estou muito longe disso.