Foi uma semana muito especial. A minha blogueira favorita, a dissidente chinesa Yioan Sam Xez, esteve no Brasil. E, claro, houve problemas. É que mal chegou ao país, na segunda-feira, a moça teve logo que aturar uns marmanjos que eram contra a a sua presença por aqui. A coisa aconteceu também em outros lugares do Brasil e a blogueira chinesa passou a ser escoltada a todos os lugares onde ia. Mas foi firme com o seus detratores:
- "Acredito que todos têm o direito de protestar, a favor ou contra alguma coisa ou alguém, inclusive com relação a mim. Mas, quando se ultrapassa o limite da liberdade de expressão, do protesto, para a violência verbal e até para a violência física, isso não é democracia, mas sim fanatismo."
Lembrou os problemas do seu país, ao reafirmar a ideia de que lá as pessoas não podem protestar. Não se esquivou de manifestar o seu repúdio contra a difícil situação dos direitos humanos na China. E deixou um recado severo até para o governo brasileiro, ao dizer que “no caso do Brasil, existiram muitos silêncios. Recomendaria um posicionamento mais enérgico, pois o povo não esquece”.
Um dos temas das suas intervenções no Brasil foi a mídia e a liberdade de imprensa na China. Apesar de ser blogueira na China, mas podendo ser lida apenas no resto do mundo, ela diz não ser lida no seu país , coisa tida como natural nas ditaduras comunistas. E criticou os jornais oficiais do seu país que, segundo ela, confundem ideologia com informação.
- "Há um estereótipo de que na China temos uma imprensa livre. Não é verdade, temos uma imprensa privada. A imprensa chinesa segue uma linha: a China é o paraíso e o resto é um inferno…A imprensa tem uma função de trincheira ideológica e não de informação”.
Aliás, é o tipo de análise que traz um tema ao qual ninguém pode ficar indiferente. Não tenho dúvidas de que Yioan Sam Xez pode vir a ser candidata a um prêmio Nobel da Paz, como o que foi conquistado pelo seu conterrâneo Liu Xiaobo. Mas, ao contrário deste, que sequer pôde sair do país para receber o prêmio, ela parece não ter problemas nesse sentido.
Ooooooooops! Quem chegou até esta parte da crônica deve estar a achar tudo muito confuso. Um samba do chinês doido. Mas esta invencionice é apenas a minha singela homenagem a essa gente que anda obcecada com a ditadura de Cuba, mas morre de paixão pela ditadura da China comunista. Entendeu?
domingo, 24 de fevereiro de 2013
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Papai o que você achou do jogo?
POR GABRIELA SCHIEWE
Hoje é um dia especial, vou com o papai ver o jogo do "Estrelas", meu time de coração, pela primeira vez.
A ansiedade está demais, não estou conseguindo segurar, sem chance de comer alguma coisa, nem tenho fome, imagina, vou estar pertinho dos meus idolos, isso é sensacional.
Papai sempre me conta das histórias dele nos estádios e ele também não via a hora de poder me levar junto a um grande jogo.
Comprou uma camiseta novinha, que o "Estrelas" lançou faz poucas semanas, para nós dois irmos fardados e ficarmos junto com a torcida apaixonada. É incrível, não acham?
A mamãe saiu, está furiosa que o papai vai me levar no jogo, disse que deveria esperar um pouco mais. Tudo bem, quando chegar em casa conto para ela como foi e tudo fica bem.
É chegada a hora, vamos papai? Estou pronto!
Papai, o que você achou do jogo?
Foi perfeito não achou? o "Estrelas" brilhou como nunca, foi mágico, parecia coisa de outro mundo.
Nossa a mamãe continua brava, não quer saber de falar comigo. Acho que ela não gosta do "Estrelas".
Tenho certeza que o "Estrelas" será campeão e irá brilhar no lugar mais alto de todos...
Papai porque você não me responde? Será por que estou aqui em cima? Você não me escuta?
Nossa você está chorando? Mas o "Estrelas" ganhou, não ficou feliz com o gol de placa que o "Sinalizador" fez?
É, realmente a magia que existe num campo de futebol é inexplicável e intangível.
Neste jogo apenas uma estrela se enalteceu, no exato momento que ela deixou de brilhar por uma jogada imperiosa e que acertou no alvo, no alvo do meu coração...
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Sobre a tragédia em Oruro e a violência em estádios
POR FELIPE SILVEIRA
Como ser humano lamentei muito a morte do torcedor boliviano de apenas 14 anos que foi atingido por um sinalizador atirado por um torcedor do Corinthians que estava na arquibancada do estádio de Oruro (Bolívia) para ver San Jose e Corinthians pela Copa Libertadores da América. Como corintiano eu lamentei mais ainda. Apesar de não ter nada a ver com o sujeito que cometeu a atrocidade, não deixo de sentir uma ponta de culpa nessa situação, já que tantas vezes me orgulhei do show que a torcida fiel dá nas arquibancadas.
Lamentei muito e procurei não opinar sobre a situação até agora. Não sei qual punição é justa, não sei qual é exemplar, não sei qual resolve o problema e não sei qual pode ajudar a confortar a família do menino que foi vítima da nossa violência. Não sei e duvido que alguém saiba, apesar do barulho feito nas redes sociais, motivados, principalmente, por clubismo, raiva e desejo de vingança.
O que sei, no entanto, é que algo precisa ser feito, antes que mais tragédias aconteçam (e não falo aqui em tragédia maior porque a morte de um menino de 14 anos já é gigantesca). E, para algo ser feito, é preciso debater e trabalhar com a conscientização.
Defender a extinção das organizadas é uma tolice. Não são proibições que inibem esse tipo de comportamento. Aliás, quanto mais empurrar para a margem, pior. Eu, particularmente, não gosto da cultura das organizadas – sim, há uma cultura e você pode pesquisar sobre isso –, mas são elas, na maior parte das vezes, que fazem o espetáculo do futebol. Muito mais sensato seria estabelecer regras de segurança em conjunto com as organizadas. Por exemplo, os fogos e sinalizadores fazem parte do show da torcida, então a proibição dos artefatos só pioram a situação, empurrando o torcedor para a marginalidade. Discutir com a torcida a forma de fazer isso de forma segura me parece bem mais inteligente. Até porque as torcidas fazem isso nos estádio há décadas e sabem como fazer.
Além de estabelecer o diálogo, também é preciso combater a cultura/cultivo da violência (e não estou dizendo que essa é a cultura das arquibancadas) com educação. Não tenho ideia de como fazer isso, mas quando grupos identificados com camisas se desafiam e se enfrentam na porrada é porque algo de errado há na sociedade.
Por último, é claro que eu defendo a punição dos culpados. A impunidade e a sensação de estar protegido no meio da multidão perpetuam a prática da violência – e não só nos estádios. A partir do momento que houver punição, coletiva e individual, o comportamento vai mudar. Se tragédias vão deixar ou não de acontecer eu não sei, porque a violência está em algum lugar em nós, mas é importante fazer algo para não alimentá-la.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
E os "ataques" continuam...
POR CHARLES HENRIQUE VOOS
Este episódio só retrata o patético momento da segurança pública catarinense. Profissionais mal remunerados, sem estrutura, sistema carcerário desintegrado e outros diversos problemas compõem a realidade de nosso estado. Os "ataques" estão repercutindo agora, mas há anos esta "onda de violência" atinge Santa Catarina. Entretanto, ela era responsável pela morte, em sua grande maioria, do jovem, do negro, do "favelado", do ser "invisível socialmente". É aquele que passa todo dia no programa policial e vira "mais um".
Agora que atinge a propriedade privada de grandes empresários do setor de transporte, o governo se preocupa e a grande mídia faz com que nosso estado pareça estar numa guerra civil de dar inveja a vários países em conflito. Por qual motivo os altos índices de assassinatos não eram combatidos nos anos anteriores? Por qual motivo nunca se buscou uma solução para o sistema carcerário estadual, criando políticas que promovam a reinserção do preso, e não apenas uma "jaula humana"? O governador nos deve muitas respostas. E a grande mídia, parcial, promotora de grandes interesses de pequenos grupos, também.
Enquanto este circo acontece, tudo continua na mesma: "ataques" continuam, presos são transferidos para presídios federais (enganando os trouxas-analistas-de-sofá) e o pobre, jovem e negro continua morrendo pelos motivos que já conhecemos há décadas. Sem escola, sem emprego, sem cultura e sem perspectivas, o caminho da violência encontra-se escancarado. Matar ou morrer, nessa altura da vida, para estes cidadãos, é a mesma coisa. Já para o governador e sua equipe, vira índice do IML, publicado na mesma imprensa parcial e os "ataques" são "danosos para a economia catarinense".
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