POR JORDI CASTAN
É bom começar esclarecendo que “vaca leiteira” é
uma expressão coloquial (significa geração de caixa) e que neste texto é usada de forma retórica.
Ultimamente as pessoas andam com os nervos à flor de pele e se sentem
interpeladas por qualquer tolice.
O carro é a vaca leiteira que sustenta uma parte importante da nossa economia pública, na outra ponta é preciso incluir os custos com a imobilidade, os investimentos necessários para construir duplicações, binários e elevados, o aumento dos custos no sistema de saúde para fazer frente aos acidentes de transito e a irreparável perda de jovens, que na flor da idade perdem a vida ou são mutilados em números que superam o de muitos países em guerra.
O carro é a vaca leiteira que sustenta uma parte importante da nossa economia pública, na outra ponta é preciso incluir os custos com a imobilidade, os investimentos necessários para construir duplicações, binários e elevados, o aumento dos custos no sistema de saúde para fazer frente aos acidentes de transito e a irreparável perda de jovens, que na flor da idade perdem a vida ou são mutilados em números que superam o de muitos países em guerra.
Cada vez mais o tema mobilidade está em pauta. Na
verdade, quanto menor o nível de mobilidade urbana, mais o tema é debatido.
Transporte público, elevados, bicicletas, ciclovias, faixas de pedestres é por
aí afora são objeto de textos, debates e devaneios de uns e outros. Em comum, o
fato de demonizar o automóvel e ver a sua expansão e aumento como um fato inevitável.
Os maiores inimigos do carro se situam entre os ocupantes de cargos no poder
público e os diretamente vinculados ao transporte coletivo, estes últimos
por motivos óbvios.
É conveniente revisar alguns dados que podem
ajudar a entender melhor esta situação em que, por um lado, se demoniza o carro e, pelo outro, se estimula a sua expansão e se trabalha para manter o maior nível de
mobilidade individual. O carro é, no Brasil de hoje, uma vaca sagrada, de úberes fartos e generosos. Isso ocorre desde que se iniciou o irreversível sucateamento da malha ferroviária, para criar as condições propícias ao desenvolvimento do mercado rodoviário.
Quando se fez a aposta de trocar um modal por outro, o Brasil tomou uma decisão
estratégica: o tempo e os fatos têm se encarregado de mostrar o acerto ou não
da decisão.
Hoje a nossa economia está atrelada ao carro.
A arrecadação da própria prefeitura é dependente dos recursos originados pelo automóvel.
O joinvilense paga mais de IPVA que de IPTU. O total arrecadado com IPTU em
2011 foi de R$ 67 milhões. O IPVA representou R$ 87 milhões e destes a
metade fica no município e a outra vai para o Estado. Para ter noção de
grandeza, os R$ 43,5 milhões que correspondem a Joinville são um valor maior que o empréstimo
do BNDES, na cifra de R$ 40 milhões, que é apresentado como a solução para a maioria dos problemas
de trânsito da cidade. Estas contas não incluem os valores arrecadados com
multas, que estão na ordem de R$ 12 milhões ao ano, ou o ICMS que incide sobre o
álcool, a gasolina e o diesel que os nossos veículos consomem e que representa
outra parcela significativa das receitas públicas.
A equação mobilidade urbana versus imobilidade
urbana precisa considerar outras variáveis além da visão simplista de ônibus X
VLT ou bicicleta X carro. Implica um debate sobre o modelo de cidade e a
implantação de um plano de mobilidade urbana que faça desta uma cidade mais
eficiente, mais competitiva e preparada para o futuro.