terça-feira, 22 de novembro de 2011

Deputados joinvilenses ganham diárias para “visitar” Joinville



POR CHARLES HENRIQUE

Como diria Galvão Bueno, haja coração amigo! Pode ler o título deste post novamente se quiser. É tudo procedente, bizarro, e acontece diante de nossos olhos. Graças a um leitor assíduo de nosso blog e muito atento aos bastidores políticos (ele poderia muito bem seguir a linha do jornalismo investigativo), fiquei sabendo dessa prática na Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina.

Ao pesquisar as diárias que Darci de Matos, Clarikennedy Nunes e Nilson Gonçalves receberam neste ano de 2011, me surpreendi com as várias diárias para “visitas” a Joinville. Mas, tem um detalhe: é sabido e certo que eles moram em Joinville e tem aqui o domicílio eleitoral. Como classificar esta atitude? No mínimo é um mau uso do dinheiro público. E o outro detalhe: R$ 670,00 para cada diária!! Presume-se, portanto, que o deputado estadual sai de sua casa, toma café, almoça, janta e dorme num hotel de Joinville e o cidadão desembolsa esse valor todo. Não nos esqueçamos que cada um tem uma verba de gabinete gigantesca, carro com motorista, auxílios para deslocamento entre sua cidade de moradia e Florianópolis para acompanhamento das sessões, e várias outras mordomias que o título de deputado estadual impõe. E ainda tem deputado estadual que é demagogo ao ponto de defender a redução no número de vereadores.

Os documentos oficiais da Assembleia provam tudo. Quero ver a desculpa deles agora. Não sou contra o auxílio para viagens, elas devem acontecer. Mas só para um lanche e um almoço. Ponto. Esse valor todo para uma diária é um absurdo, caro demais. E olha que nem pesquisei sobre as diárias de nossos Senadores e Deputado Federal aqui da região de Joinville.

Abaixo seguem os prints dos documentos, e aí, cada um que tire sua conclusão. Inclusive os que acham que os integrantes do Chuva Ácida só “batem” sem fundamento e com parcialidade. E ah! Como eu gostaria de ter acesso ao obscuro mundo do Judiciário, o menos transparente dos três poderes. Quem sabe um dia, Charles... quem sabe um dia...




Obs: esses prints são de relatórios referentes a algumas semanas de setembro/2011 e ainda há muita coisa para se pesquisar nas diárias de nossos deputados estaduais.
Atualização: alguns leitores não estão conseguindo visualizar as imagens. Aqui vão os links diretos dos documentos, agradecendo desde já pelo toque:
http://www.brimg.info/uploads/4/ad7509bd80.png
http://www.brimg.info/uploads/4/12bf980e00.png
http://www.brimg.info/uploads/3/8566f1dd69.png
http://www.brimg.info/uploads/1/0c76ce18b1.png
Atualização 2: A rádio MAIS FM, veículo para o qual trabalho (e dei a informação em primeira mão) já ouviu a versão dos deputados. Mais informações em breve aqui pelo blog ou também na 103,1FM.
Atualização 3: O deputado Darci me ligou pessoalmente agora há pouco (perto das 15hrs) e me garantiu que ele não pega diárias para Joinville, e a cidade de Joinville aparece no relatório por efeito administrativo e ser o seu "ponto inicial" da viagem.
Atualização 4: a Rádio MAIS FM vai publicar amanhã os áudios com as respostas dos deputados. Comentarei resposta por resposta. 7h15 na MAIS FM 103,1.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

McDonalds na mira da defesa dos animais

POR ET BARTHES


E sobrou para o McDonalds outra vez. A organização não-governamental Mercy For Animals fez gravações com câmara oculta na empresa Sparboe Eggs (Iowa, Minnesota e Colorado), fornecedora de ovos da multinacional do fast-food. O filme mostra a crueldade com que os animais são tratados pela empresa. Espaços exíguos, bicos queimados, animais mortos putrefatos nas gaiolas ou até mesmo homens a se divertirem com as aves. Em tempo, a direção do McDonalds já cancelou o contrato com esse fornecedor. As imagens são fortes.


E agora, o que dá pra fazer com 3,5%?

POR FELIPE SILVEIRA

Diz o vereador Bento (PT) que, cortando uma gordurinha aqui, outra ali, dá pra reduzir a verba repassada à Câmara para 3,5% do Orçamento. No próximo, esse percentual será de 4,5. e nesse ano foi de 6%. Mais do que dizer isso, a bancada petista, a governista, propôs uma emenda na Lei Orgânica do Município para que realmente ocorra uma redução do gasto público no próximo ano. Sabendo disso, comecei a me perguntar:

Cadê todo esse povo que é contra o aumento do número de vereadores por causa do gasto público?

Ah, eles (vocês, talvez) não sabiam... entendi.

Então... cadê a imprensa, os colunistas... meu Deus! ONDE ESTÃO OS RADIALISTAS???

Onde está o manifesto da Acij, CDL, Ajorpeme, Acomac??? Onde estão os outdoors??? E os candidatos à próxima eleição... nada?

Enfim, cadê todo mundo que é tão radicalmente contra mais vereadores? Que acha que o mundo vai acabar com mais cadeiras no legislativo? Cadê o tão falado 90% da população contrária ao aumento do gasto que não tá engajada nessa causa?

Apesar de tantas perguntas, o que mais me deixa curioso mesmo é como os vereadores contra mais colegas vão reagir. Só vi uma manifestação, pelo jornal, e era negativa (não lembro qual era). O edil questionava se fazia sentido querer reduzir a verba e aumentar o número de colegas?

Sim, o próprio Bento me falou (numa entrevista) que a ideia da proposta é tentar aumentar as vagas na Câmara, mas que o objetivo era reduzir a verba seja qual for o número de vereadores.
Mas eu, e vocês, não temos nada a ver com isso. O que importa é a redução do gasto, né? Não é o desejo do povo, a vontade da maioria? Se é possível reduzir pra 3,5%, então vamos batalhar pra isso acontecer. Afinal, não é isso que importa?

Em tempo: não sou contra o aumento do número de vereadores. Nem a favor. Muito pelo contrário. Na verdade, ainda não decidi. Quando as entidades se posicionaram contra, eu me posicionei a favor, porque ali tinha alguma coisa errada. Hoje, sinceramente, tanto faz. Questiono muito mais a qualidade do que a quantidade. E, nesse quesito, tá feio o negócio.

sábado, 19 de novembro de 2011

Mobilidade urbana

Quando as ruas pertenciam aos pedestres - Barcelona 1908

Gostar de Joinville não basta


POR UPIARA BOSCHI

Passei dois anos e três meses em Joinville. Olhando assim, parece pouco. Mas durante esse período, pareceu interminável. Joinville não é uma cidade fácil de entender, de decifrar. Até porque ela não parece se esforçar para isso.

Antes de escrever esse texto, perguntei a uma amiga paulistana que passou um dia em Joinville recentemente, quais foram suas impressões sobre a cidade. A primeira palavra que veio à cabeça dela foi "inóspita". Levei um susto, por achar forte demais o termo. E é, como ela mesmo reconheceu.

A amiga não queria dizer que foi mal recebida. Ela achou a cidade vazia, com enormes terrenos desocupados em regiões que lhe pareceram centrais - e eram. Achou que o aeroporto era o menor que tinha visto e que o trânsito, embora não fosse um grande problema, oferecia poucas opções de rotas. Poucas pessoas que conheço são tão paulistanas quanto ela e, certamente, a metrópole é seu parâmetro.

Tinha um pouco de São Paulo na cabeça, mas muito, certamente, de Florianópolis - a cidade que considero minha - quando cheguei na rodoviária de Joinville no fim de 2007, para ficar por uma quantidade de tempo impossível de prever. Que acabaram sendo os tais dois anos e três meses. Não achei Joinville inóspita, mas tive certeza de que ela não gostou de mim. Levou um bom tempo para que conseguíssemos conviver e descobrir afinidades. Na época, a frase que eu mais ouvia quando reclamava da vida joinvilense, especialmente a noturna, era "agora está bom, há cinco anos era pior".

Quando minha amiga paulistana falava de suas breves impressões sobre a cidade, minha vontade era repetir essa mesma frase. Acabei me vendo no papel inverso ao de quando fazia minhas queixas. De repente, era eu o complacente a contextualizar os problemas de Joinville.

Talvez esse seja um dos grandes problemas da cidade. Há sempre quem a defenda, inclusive seus problemas. Ao finalmente ultrapassar a barreira dos 500 mil habitantes, Joinville se vê diante dos problemas que sua dimensão proporciona e dos presentes no cômodo autorretrato que boa parte de suas habitantes enxerga. Nessa mistura, os problemas reais viram polêmicas murchas. A cidade deve ou não ter elevados, o que fazer com as árvores da avenida, quantos vereadores são necessários, etc.

No momento de transição que vive, Joinville precisava descobrir a cidade que é e a que quer ser. E dar às picuinhas entre certos grupos e rivalidades políticas a pequena importância que elas merecem ter no cotidiano de uma cidade desse porte. Ou então vai seguir sendo a mais populosa e mais rica do Estado, mas que não consegue sair de seu imobilismo. Se Joinville avança, leva junto Santa Catarina - este Estado que, na prática, não tem Capital.

E olha que esta opinião, como dizem os bocas alugadas das rádios locais diante de qualquer crítica à cidade, "é coisa de quem não gosta de Joinville".

Upiara Boschi é jornalista, trabalha no Diário Catarinense e passou 2 anos e 3 meses em Joinville, no A Notícia, entre 2007 e 2010.