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terça-feira, 1 de agosto de 2017

Venezuela: onde todos brigam e ninguém tem razão

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
É difícil acompanhar os acontecimentos na Venezuela, em especial em tempos de forte turbulência. Limito-me a seguir com interesse as informações que chegam através da comunicação social (com desconfiança, admito). Mas uma notícia recente chamou a atenção por ser muito peculiar. A Assembleia Nacional, que tem maioria da oposição, aprovou a nomeação dos novos juízes do Tribunal Supremo de Justiça.

Olhando à distância parece estar tudo bem. Mas não. De fato, a oposição nomeou um tribunal paralelo, com a missão de dar um chega para lá na Assembleia Constituinte proposta pelo presidente Nicolás Maduro. Confuso? Fica pior. A notícia dava a entender que a coisa era séria mas, apesar de todo o aparato montado, a nomeação parece ter sido um gesto simbólico da oposição. É tudo muito insano.

Mas os juízes do Tribunal Supremo de Justiça, o que está no poder, subiram nas tamancas e não quiseram saber de brincadeiras. Os magistrados classificaram o ato como fora da legalidade e advertiram que poderia levar os outros juízes – os do Supremo da oposição – para a prisão. Uma matéria no jornal “El Nacional”, que está longe de ser favorável a Nicolás Maduro, fez uma cobertura como se tudo fosse mesmo a sério.

Este exemplo serve para mostrar que o país está um caos e que resta pouca serenidade. O futuro tende a ser ainda mais difícil para a Venezuela e os venezuelanos. O atual presidente sectariza posições e demonstra não querer largar o osso. A oposição, que conta com a benevolência da imprensa mundial, também não está para os ajustes. O país parece estar à beira do abismo e pronto a dar um passo em frente.

Vista ao longe, a Venezuela parece terra de ninguém. Ou melhor, terra de dois poderes políticos antagônicos, cada uma a viver sob o seu próprio código (o episódio do TSJ não é um acaso). Depois da votação do último domingo, é certo que o país passe a viver definitivamente sob as regras de dois tipos de poderes diferentes. O pior é que ambos carentes de legitimidade. Enfim, como diz o ditado, em casa que falta pão todos ralham e ninguém tem razão.

É a dança da chuva.