POR ALEXANDRE PERGER
Semana passada, fui pego de surpresa por uma notícia que me deixou profundamente indignado. A diretoria do Joinville Esporte Clube resolveu aumentar o preço do ingresso para a final do Campeonato Brasileiro da série C. De 30 reais passou para 50 reais ou 40 se for comprado de forma antecipada. Sendo que durante todo o campeonato, o preço se manteve o mesmo.
Pois bem, há sete anos, quando o recém rebaixado JEC estreava pelo Estadual de 2005, cerca de 10 mil pessoas lotaram a Arena, numa prova de amor ao clube. No mesmo ano, os torcedores continuaram comparecendo em bom número. Nos anos seguintes, mesmo com os sucessivos fracassos e até mesmo com o rebaixamento no Estadual, a fanática torcida tricolor continuou apoiando o JEC.
Este ano, na série C, a maioria dos jogos teve público superior a 10 mil pessoas, com o preço do ingresso a 30 reais. Claro, os sócios ajudam nessa conta, mas muita gente comprava na hora e desembolsava a grana. No último jogo, contra a Chapecoense, foram cerca de 15 mil pessoas na Arena. Muita festa e euforia com o acesso e com a vaga na final.
Mas, justamente agora, quando pela primeira vez o JEC vai disputar a final de um campeonato nacional, a diretoria resolve aumentar o preço do ingresso para 50 reais. É esse o presente que os dirigentes tricolores dão ao seu torcedor? É essa a consideração com quem sempre esteve ao lado do time? Não havia necessidade de, nesse momento, fazer esse reajuste.
Posso estar errado, mas acredito que muita gente ficará de fora, deixará de ir ao jogo. Mas aí vocês podem dizer: quem é torcedor de verdade vai mesmo pagando 50 reais. Mas o torcedor do Joinville não precisa provar mais nada. Outros poderão dizer que o futebol é caro. Sim, concordo, mas esteve caro o campeonato todo e se deu um jeito. Muitas pessoas não têm condições de pagar esse valor. Futebol é diversão, deveria ser acessível ao povo. Cobrar 50 reais pela entrada é tirar de muitos trabalhadores a possibilidade de ir ao estádio.
Acho que o argumento mais plausível nesse momento é: ah, vamos aumentar, eles pagam de qualquer jeito, é final mesmo. Infelizmente, prevaleceu o lucro e não a gratidão na relação entre uma torcida apaixonada e seu clube de coração que acaba de renascer das cinzas.
Alexandre Perger é jornalista e autor do livro "Glória e Fracasso: a história de uma paixão".