sábado, 11 de novembro de 2023

Santa Catarina: o autoritarismo não gosta de livros

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Ora, ora, ora... parece que em Santa Catarina há quem esteja dedicado à proibição de livros. Surpreende? Claro que não. É preciso ter em mente que o autoritarismo faz parte do código genético de muitos catarinenses e dos muitos governantes que ao longo de décadas se sucedem no poder. Afinal, em que outro lugar o bolsonarismo e as suas "ideias" espúrias teriam tanto eco? Em Santa Catarina, claro. E onde entra o bolsonarismo, a inteligência sai de cena.

A história do mundo está cheia de exemplos de ataques dos autoritários a livros e bibliotecas, com proibições, queimas e a destruição de obras consideradas “perigosas” para o poder. O Brasil tem páginas escritas nesse plano, porque durante a ditadura militar houve centenas de livros proibidos, de autores como Jorge Amado, Graciliano Ramos ou até Nelson Rodrigues. Na vigência do AI-5, a ditadura censurou a torto e a direita: filmes, peças de teatro ou livros.

O fato é que as mentes autoritárias detestam livros. E adivinhem. Um dos textos censurados nos anos de chumbo de Garrastazu Médici foi o "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess, acusado de ser “subversivo” e “perigoso para a juventude”. O texto, que faz uma crítica à violência e ao autoritarismo, foi visto pela ditadura militar como uma ameaça. E só foi liberado em 1981, quando os ditadores estertoravam.

“Laranja Mecânica”? Opa! Essa lembrança fez acender uma luz quando veio a público a notícia de que o poder em Santa Catarina havia feito uma lista de livros “proibidos”, que deveriam ser recolhidos das escolas públicas. E adivinhem: o “Laranja Mecânica” está lá. Outra vez. As “otoridades” tentaram explicar, mas mexer com livro é coisa que não tem explicação. É apenas a evidência da precariedade intelectual dessa gente que namora firme com o Bolsonarismo.

Enfim, sabem o que têm em comum ditadores como Adolf Hitler, Joseph Stalin, Mao Tsé-tung, Francisco Franco ou Saddam Hussein? Todos eles perpetraram ataques contra livros (e autores) que consideravam incômodos. Portanto, fica a dica: se um governo não quer parecer autoritário, não repita atitudes autoritárias. E evite eventos muito cheios de simbologia, como ataques a livros. Porque, acreditem, os livros de história não perdoam.

É a dança da chuva



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