É domingo e você já está à espera para acender a churrasqueira e começar a fazer aquela picanha. Eis uma tradição que muito certamente vai mudar no futuro, com a inevitável introdução de carne sintética no mercado mundial. Muita gente nem sonha que isso existe, mas há mercados onde as carnes sintéticas já estão a ser comercializadas. A carne sintética é produzida a partir de células extraídas de animais, que são cultivadas em laboratório. As células mais utilizadas são as células-tronco.
O primeiro país a autorizar a comercialização de carne sintética foi Cingapura, em 2022. A empresa israelense Aleph Farms foi a primeira a vender carne de bife cultivada em laboratório naquele país. Neste ano, os Estados Unidos também autorizaram a comercialização de carne sintética. As empresas Eat Just e Upside Foods foram as primeiras a vender carne de frango cultivada em laboratório nos EUA.
Se atualmente apenas Cingapura e os EUA permitem a comercialização de carne sintética, há outros países a considerar a aprovação da comercialização desse tipo de produto. No Brasil, por exemplo, a Anvisa está a avaliar essa possibilidade e deve ter uma posição até o próximo ano.
O mundo empresarial do setor está a se preparar. A brasileira JBS, por exemplo, está a investir nessa área. Em 2021, a empresa adquiriu uma participação majoritária na espanhola BioTech Foods, líder europeia no setor de proteína cultivada. A BioTech Foods está construindo uma fábrica na Espanha que será capaz de produzir 1.000 toneladas de carne cultivada por ano. A empresa tem projetos também no Brasil.
Ainda é cedo para dizer qual será o impacto das carnes sintéticas no mercado global. É certo que vai haver muita resistência cultural, como já está a acontecer na Itália, onde o executivo de Giorgia Meloni aprovou uma lei que proíbe a produção, venda e importação de carne cultivada em laboratório. O objetivo é proteger a "tradição italiana". A lembrar que a produção de carne sintética ainda não está autorizada na União Europeia.
O fato é que será impossível deter os avanços nessa área. Porque esse tipo de produto tem o potencial de revolucionar a indústria da carne, oferecendo uma alternativa mais sustentável e ética.
É a dança da chuva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O comentário não representa a opinião do blog; a responsabilidade é do autor da mensagem