segunda-feira, 30 de abril de 2018

Os honestões e o segredo de construir uma imagem na TV

POR JORDI CASTAN
Eles apareceram. Chegou o tempo dos honestões. Não confundir com os honestos, porque esses deveriam se fazer presentes o ano todo, a cada minuto. Mas são tão escassos que há quem ache que foram extintos pela cobiça, a corrupção e o próprio sistema, que não tolera que convivam, no mesmo espaço e tempo, duas espécies tão opostas.

Os honestões são esses animais políticos que pipocam a cada dois anos em eventos, festas, encontros e principalmente nas televisões dos eleitores, amparados pelo modelo eleitoral que estabelece o horário eleitoral gratuito. Ainda que poucos saibam nada ter de gratuito.

Do dia para a noite. aparecem com soluções miraculosas para todos os problemas da sociedade. Se transformam em experts em saúde, segurança ou mobilidade. Dão aula de educação, de planejamento e, por aqui, até temos os que se apresentam como gestores de sucesso.

Na realidade, são encantadores de burros, vendedores de ar quente, promotores do engano e da trapaça. Têm nos iludidos seu público cativo, no eleitor desinformado e facilmente manipulável seus mais ferventes seguidores. Para facilitar sua identificação o blog coloca à disposição dos seus leitores este vídeo que mostra como identificar a alguns destes honestões.



sexta-feira, 27 de abril de 2018

Para que servem as redes sociais? Para xingar, mentir, ofender...

POR LEO VORTIS
A internet revolucionou a esfera pública. Pessoas que antes não tinham um meio de expressão, hoje podem ir para as redes sociais ofender, caluniar, xingar, difamar, odiar. Ok... não era essa a ideia original, mas é o que temos. Aliás, as redes sociais também servem para inventar ou reproduzir notícias falsas. É uma casa de loucos, um autêntico vale-tudo.

“Eu estou certo”...
Nas redes sociais, todos acreditam estar certos e ser portadores da verdade derradeira. Autênticos gênios. Até mesmo aqueles que se “informam” de forma preguiçosa e sem critério. Pergunto: você consegue passar um único dia nas redes sociais sem experimentar algum sentimento de vergonha alheia? Não, certo?

“Não tenho dúvida”.
As redes sociais são um lugar onde a dúvida não existe. As pessoas vivem com inabaláveis certezas, mesmo que sejam as coisas mais estapafúrdias. E ai de quem tentar questionar. Enfim, como anunciava Bertrand Russel, “aquilo que as pessoas de fato querem não é o conhecimento, mas a certeza”. Exato, sir.

“Você é burro”.
Já notaram como as pessoas mais tapadas são as primeiras a chamar as outras de “burros” ou ignorantes”. É só dar uma olhada nas caixas de comentários da imprensa ou blogs. O “argumentum ad hominem” (atacar a pessoa e não as ideias) é a lógica mais comum. Discutir com esse tipo de gente é jogar palavras ao vento. Afinal, dois monólogos não fazem um diálogo.

“É mentira, mas eu acredito”.
As “fake news”, as mentiras nas quais a pessoa quer acreditar, devem ser o que  há de pior nas redes sociais. Já notaram o tantão de mentiras que todos os dias circulam por aí? O problema é que as pessoas querem acreditar, porque aquilo justifica algum dos seus preconceitos. Mas tem uma boa notícia. True news. Jimmy Wales, um dos criadores da Wikipedia, está trabalhando numa plataforma que vai publicar notícias neutras e baseadas em fatos reais. “Fake news” não entram.

Aliás, deixo aqui alguns conselhos práticos para evitar as fake news. Não interessa para muitos, mas lá vai:
1 – Ver se o URL (o endereço da página) é de uma fonte credível.
2 – Verificar a data, porque há muitas notícias velhas que são requentadas.
3 – Pesquisar se alguma fonte jornalística credível (jornal, televisão, rádio) também está falando no tema.
4 – Pesquisar no Google – usando as palavras-chave certas – para ver se o tema é debatido em outros meios. Usar o mesmo procedimento para saber também os nomes das pessoas.
5 – Estar atento à qualidade gráfica dos posts. Na maioria das vezes, as imagens são mal feitas e o visual é ruim (tudo depende da educação visual do leitor).
6 – Tentar perceber se as imagens não são manipuladas ou falsificadas.
7 – Ver se há mais alguém a falar no mesmo assunto.

E agora, você, que achou isto tudo uma grande inutilidade, já pode ir até a caixa de comentários dizer o quanto eu sou fraquinho.

Por onde anda a nossa querrida prefeito?

POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Morgen, minha povo.
Eu esdou muita preocupado. Foceis virón a nossa querida prefeito? Xente, parrece que tomou uma chá de sumiço. Ninguém viu, ninguém ouve falar, ninguém sabe de nada. Se alquém sabe onde por onde anda, mande notícias. Serrá que o nossa citade vai ficar à derriva, sem a sua comandante? Entschuldigen! Desculpas. Quando falo em comandante, esdou falando da nossa querrida prefeita, a homem do leme. Nón vamos confundir com a vice-prefeita.

Aliás, por falar na inútil da vice, foceis virón a Scheiße um dia desses?  Que merda! A Hase publicou um notícia falsa nos redes sociais, na Tuíta e na Feicebuque, parra difamar a tal de Quilherme Bolos, que é candidata a pressidente de uma dessas partidos de xente pobre e com mais melanina. Dummheit tut weh! Burrice dói? Xente, acho que a nossa querrida prefeito tem a dedo podre, porque só escolhe vices emprestáfeis.

Fico aqui a pensar com as minhas botões. Talvez a nossa querrida prefeito esteja trabalhando em cassa. Combina. A teletrabalho é coisa de primeirra mundo. E tem o vantagem de não precissar pôr a carro nos ruas e estragar as pneus nas burracas. Xente, que burraqueira! Ou talvez seja uma descanso por tudo de bom que tem feito pelo citade. Nach getaner Arbeit ist gut ruhn. Trabalho feita, descansso merecida.

Gemein Gerücht ist selten erlogen. O que a povo diz à boca miúda sempre tem algo de verdade. Talvez a nossa querrida prefeito tenha desistido de ser a nossa querrida prefeito. Eu entendo. Deve ser uma saco acordar todo dia de madrugada para nón fasser nada. Es hat alles ein Ende, nur die Wurst hat zwei. Quer disser: tudo tem um fim, só o salsicha é que tem dois.

E antes de terminar, vou deixar uma recado para a Ivan Rocha, que publicou um texto aqui a disser que a nossa querrida prefeito é a “prefeito mais inútil do histórria”: Schlafende Hunde soll man nicht wecken. Nón é bom acordar a cão que está dormindo. Achtung.





quarta-feira, 25 de abril de 2018

Coxinhas em Portugal: não estraguem a nossa cultura democrática

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Hoje é feriado em Portugal. É o Dia da Liberdade, como se ensina às crianças nas escolas, ou da Revolução dos Cravos, como ficou mais conhecida em todo o mundo. Mas por que falar de um evento num lugar tão distante do Brasil? Há muitas razões de interesse. Portugal tem sido notícia porque muitos brasileiros de classe média – e são mesmo muitos – decidiram rumar para o outro lado do Atlântico à procura do que pensam ser um novo eldorado.

É um momento sociológico interessante. Ainda não notei pessoalmente, mas tenho lido que começam a surgir anticorpos na sociedade portuguesa em relação a muita dessa gente. Pelo que pude entender, acusam a coxinhada de ter um comportamento pouco condizente com uma sociedade mais igualitária. Eis o problema: no Brasil, essa classe média se considerava superior e agora procede da mesma maneira no novo país. É o jeito errado.

O que isso tem a ver com a Revolução dos Cravos? Não pretendo falar de história, mas de ironias. É importante informar aos coxinhas – que hoje, um belo dia de sol, certamente estão a desfrutar do feriado – que essa foi uma revolução das esquerdas (à qual a direita se juntou, à sua maneira) e na qual os socialistas e os comunistas tiveram papel determinante. Ah... não se estressem. Ser comunista ou socialista em Portugal não assusta.

E temos a grande ironia, em especial para aqueles que no Brasil vivem a pedir a volta dos militares. É que o movimento revolucionário português tinha, entre as suas lideranças,  militares com ideais de esquerda. O quê? Militares de esquerda? Não, não é ficção. Mas é claro que não estamos a falar de “generais de dez estrelas que ficam atrás da mesa com o cu na mão”, como no Brasil. Essa gente sempre disposta a defender privilégios, como as tais pensões para filhas de militares, por exemplo.

É bom viver num país onde ninguém pede a volta da ditadura. Se pedir é reconhecido como maluco. Nem ter que aturar os  “mourões” que por vezes saltam do pijama e vêm para a praça pública ameaçar com intervenções. Aliás, acabo de ouvir na televisão um líder do movimento de abril a pedir mais atenção para a pobreza que ainda persiste. “Onde não há pão não há democracia”, disse. Eis a diferença. Os militares do abril português são uma espécie de reserva moral da nação, enquanto no Brasil eles apenas zurzem ameaças.

É bom viver numa democracia. E deixo um conselho para a coxinhada. Em Roma sejam como os romanos. Tentem aprender a se comportar como quem vive numa numa sociedade com menos desigualdade. Mais do que isso, que se libertem do ideário de apartheid social que insistem em protagonizar no Brasil. E vão perceber que ter saúde, educação, transportes e segurança é bom, mas que é melhor quando é para todos.

Enfim, são todos bem-vindos, coxinhas ou não. Comunistas, socialistas, sociais democratas, verdes, democratas cristãos e outros estão prontos a recebê-los de braços abertos. Mas mudem o mindset. Não venham estragar uma cultura democrática que a Revolução dos Cravos permitiu construir ao longo dos últimos 44 anos.

É a dança da chuva.