quinta-feira, 18 de agosto de 2016

O racismo mata!

FOTO: Jéssica Michels
POR FELIPE CARDOSO

Sempre procuro evidenciar em meus textos que a pior crueldade que o racismo comete é a morte física e psicológica da população negra. Recentemente, uma história com um terrível desfecho deixou ainda mais evidente a perversidade do racismo na nossa sociedade e as consequências extremas que ele pode causar.

Em novembro de 2015, cinco jovens negros foram brutalmente assassinados por policiais militares, no Rio de Janeiro. O carro onde estavam foi alvejado por 111 tiros. O crime? Estavam comemorando a conquista do primeiro salário de um dos amigos. O assassinato gerou comoção e revolta no país, deixando descarado a existência do racismo institucional que coloca negros e negras como suspeitos e passíveis de morte pelo simples fato de existirem.

O racismo provocou em novembro do ano passado (e provoca diariamente) a morte física da população negra. Cinco vidas ceifadas, cinco famílias desestruturadas. E foi essa desestrutura, essa perda que, pouco a pouco, causou a morte psicológica da mãe de um dos garotos assassinados. Nesta matéria publicada em O Globo (aqui) podemos ver a vida de uma mulher alegre mudar após o assassinato de seu filho.

Sem muito destaque nos grandes veículos de comunicação, tanto de esquerda, quanto de direita, vivenciando na pele a dor da injustiça, Joselita de Souza, depois de meses de sofrimento, morreu fisicamente.  Mas psicologicamente, Joselita já estava morta. Além da solidão e da tristeza com a perda do seu filho caçula, Joselita precisava acompanhar os desdobramentos do processo jurídico. No dia 16 de junho, foi concedido aos responsáveis pela morte do filho o habeas corpus. Isso mesmo, os algozes responderiam em liberdade. Faziam meses que Joselita não se alimentava corretamente e com a notícia da impunidade, abateu-se ainda mais.

“Não escreveram "tristeza" na certidão de óbito, mas para familiares de Joselita de Souza, mãe do menino Roberto, um dos cinco amigos assassinados por PMs na chacina de Costa Barros, essa é a causa de sua morte. Foi quinta-feira, no Posto Médico de Vilar dos Teles, em São João de Meriti, cidade onde nasceu. Chegou três dias antes à unidade de saúde com parada cardiorrespiratória, antes de descobrir um quadro de pneumonia e anemia. Já não se alimentava bem há quatro meses - só tomava sopa. Havia poucas pessoas no enterro, ontem à tarde, no cemitério de Vila Rosali. Seu ex-marido, pai de Betinho, estava lá.”
Aqui cabe o questionamento feito pela camarada Gabriela Queiroz: Por que as lágrimas da mãe branca comovem mais (aqui)?

“Só gostaria de fazer uma breve reflexão acerca do desprezo sofrido pelas incontáveis mães negras que perdem diariamente seus filhos de maneira brutal.[...] Por que seus nomes não são lembrados, suas histórias não são insistentemente contadas pela mídia, seus filhos não tem nome, tornam-se apenas estatísticas?”.

Para as mães negras resta o sofrimento e a solidão, feridas abertas, sentimento de injustiça, depressão. As doenças psicológicas que o Estado racista provoca em milhares de negros e negras é assustador. Quem realmente se importa com isso?

Quando levantamos a problemática sobre a invisibilidade da negritude na TV, quando destacamos e criticamos os estereótipos do negro subalterno, criminoso, morador de favela, nos filmes e nas novelas, é para evidenciar o tipo de imaginário popular que estamos construindo na cabeça das pessoas. Preparamos violências simbólicas e as naturalizamos até certo ponto que quando acontece na realidade, já não nos provoca nenhum tipo de reação ou comoção. Já nem ligamos para os sentimentos dos envolvidos. Naturalizamos. Tornamos comum a brutalidade. Inconscientemente hierarquizamos sentimentos e escolhemos para quem e com quem teremos empatia.

Quando exigimos o cumprimento das Leis 10.639 e 11.645 nas escolas, por ações afirmativas, por cotas nas universidades e em concursos públicos, não estamos pedindo privilégios. Estamos pedindo reparações de formas isoladas que, quando unificadas, contribuem para o fim da imagem negativa do negro, para o fim da marginalização dos nossos corpos, para o fim do sentimento de indiferença com as nossas vidas e para a emancipação e conscientização de milhares de negros e negras das condições as quais estamos expostos. Para que tenham a noção que a  guerra falida contra as drogas e as instalações das UPPs apenas servem de bode expiatório para continuarem com extermínio da população negra, física e psicologicamente, continuando o plano eugenista  que persiste desde o período escravagista.

Quando policiais que acreditamos ser pagos para nos proteger descarregam 111 balas, sendo 80 de fuzil, em um carro com cinco jovens negros, sem chance de reação, não se importando com as consequências que isso trará, percebemos que, para o Estado branco e burguês, a vida negra é descartável e que os policiais servem para proteger os interesses dos mais ricos.  E não faltam casos para confirmarmos isso. Lembremos de Cláudia, morta e arrastada pelo camburão da polícia. Lembremos de Amarildo que até hoje não encontraram o corpo.

Lembremos do menino Eduardo, do dançarino DG, de Luana Barbosa dos Reis e de milhares de jovens negros e negras que são assassinados e assassinadas diariamente  e não recebem destaque. Lembremos de milhares de familiares que lutam para provar a inocência de seus entes, mostrando para a justiça e para imprensa carteiras de trabalho assinadas.
Quando falamos em luta antirracista, falamos de luta contra todo o sistema de opressão e exploração da população negra, em todos os setores, em todos os locais, em todos os meios.

Por isso, muitas vezes, a luta antirracista parece fragmentada, isolada. Mas o intuito é um só: o fim dos ataques contra as nossas vidas. O fim dos assassinatos com a negligência nos atendimentos médicos, o fim dos assassinatos da nossa história, o fim do assassinato com estereótipos, com a invisibilidade, com a marginalidade, com a falta de oportunidade, com a criminalidade. O nosso genocídio vai além das mortes físicas.

Joselita de Souza é só mais um exemplo de milhares de negros e negras que morrem mesmo estando vivos, morrem sem saber do que sofrem, morrem sem perceber. Morrem apenas sentindo a dor do racismo.

Como um presságio, no ano passado, fiz um poema falando sobre os problemas enfrentados pela população negra e que foi apresentado em um dos saraus Saracura – do Movimento Negro Maria Laura – e expressa um pouco do que o racismo provoca.

A favela chora

Acabou de morrer mais um Machado,
O menino foi pra mão do tráfico.
Acabou de morrer mais um Cartola,
O governador fechou a escola.
Acabou de morrer mais uma Jovelina,
Pra sobreviver, a menina teve que se prostituir na esquina.
Acabou de morrer mais um Mano Brown,
O prefeito fechou o hospital.
Acabou de morrer mais uma Negra Li,
Instalaram mais uma UPP bem aqui.
Acabou de morrer mais um Mussum,
O reitor da faculdade disse que lá não entra qualquer um.
Acabou de morrer mais um filho,
O policial apertou o gatilho.
Acabou de morrer mais um ancião,
A mãe entrou em depressão.
Acabou de morrer a sua felicidade,
Acabou de morrer a sua tranquilidade,
Pois negaram para a periferia todas as oportunidades.

Felipe Cardoso – Sarau Saracura – 2015


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Agosto de 2046


POR RAQUEL MIGLIORINI

Hoje vi um documentário sobre as Olimpíadas que aconteceram em 2016, no Rio de Janeiro. Foi há 30 anos. Eu me lembro bem. Mesmo tendo sido um lindo espetáculo, não guardo boa recordação dessa época.

O Brasil vinha de um processo democrático novo, que foi retomado pelas eleições diretas de 1989, elegendo Fernando Collor de Melo. Foi um período de euforia. Eu, que havia saído às ruas pelas Diretas Já, não via a hora de estrear meu título de eleitor para eleger um presidente. Mesmo sem gostar do Collor, estava feliz pela Democracia restabelecida.

Pois vocês acreditam que ele sofreu impeachment em 1992? O irmão, Pedro Collor, dedurou todo o processo de corrupção que acontecia no Planalto. Fernando Collor, que governava o país só com medidas provisórias e as reeditava ao seu bel-prazer, ficou isolado no Congresso porque queria controlar tudo sozinho, sem permitir que outros partidos participassem da boquinha.

Depois, em 2003, assumiu o presidente Lula. Foi um período de grande crescimento para o país. Programas como Bolsa Família e Fome Zero foram implantados com sucesso e reconhecidos pela ONU. Lula foi reeleito e isso começou a incomodar algumas classes sociais.

Com a presidente Dilma os programas sociais continuaram: financiamentos estudantis, cotas nas universidades, bolsa atleta, etc. Gente que nunca havia sonhado passar na calçada de uma universidade, se formava doutor. Coisa mais linda.

Foi então que, durante as Olimpíadas do Rio, o Senado votou pelo impeachment da presidente, mesmo sem provas de crimes cometidos por ela. E o Congresso Nacional votou uma tal de PEC 241, que congelava os gastos com programas sociais e que iniciou uma onda de privatização da Saúde e Educação.

Meus filhos trabalharam noite e dia para pagar a faculdade dos meus netos. Os centros de pesquisas brasileiros fecharam as portas. Todas as vagas criadas nos cursos técnicos, nas universidades públicas, os novos campus de outrora, tudo foi vendido. Uma tristeza.

Naquela época, seguia-se a Constituição de 1988, que garantia direitos básicos na nossa vida. E achávamos pouco, reclamávamos. Hoje, com minha idade avançada, sei o que é depender dos outros para pagar uma simples consulta, que era gratuita. Parcelo os exames médicos e os medicamentos que necessito aos 78 anos. E tinha gente que enchia o peito pra dizer que o SUS não funcionava.

Só consegui me aposentar há poucos anos, porque o presidente que assumiu depois da Dilma, e que ficou conhecido como Temer, o Usurpador, aumentou a idade para aposentadorias. Ele se aposentou aos 55 anos. Eu, aos 70. Curiosamente, brasileiros que foram para as ruas e bateram panelas (parece estranho, mas era assim que se manifestavam) e que eram contra a luta pela diminuição da pobreza e da desigualdade social, se calaram diante de tudo isso.


Mesmo fazendo 30 anos, esse silêncio ainda ecoa nos meus ouvidos.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Cão Tarado.


Os noruegueses, esses comunistas, querem o nosso petróleo

















POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O leitor e a leitora já foram à Noruega? É um destino que vale a pena, apesar de ser um dos mais caros do mundo. Tem incríveis belezas naturais, gentes simpáticas e, claro, um padrão de vida de fazer inveja. Mas há um fator que faz toda a diferença: graças ao petróleo, o país tornou-se um dos mais ricos do mundo. E com muita grana para investir na economia mundial, inclusive no Brasil.

A Statoil, empresa do setor de extração de gás natural e petróleo, adquiriu, há poucas semanas, a participação da Petrobrás no campo de Carcará, no pré-sal da Bacia de Santos. E novos investimentos devem surgir nos próximos tempos. Talvez esteja aí um exemplo interessante para mostrar por que a Noruega é rica e o Brasil continua na lista dos países que demoram a arrancar para o desenvolvimento.

A Noruega tem dinheiro de sobra. O capital vem, sobretudo, dos negócios com o petróleo. A descoberta de enormes jazidas, nos anos 70 do século passado, fez com que o país se tornasse um dos maiores exportadores mundiais. E sabem qual foi a estratégia dos noruegueses? Destinar parte da grana do petróleo para o Estado, que assim pode investir no desenvolvimento de outros setores da economia.

E o Brasil? O pré-sal deveria destinar o dinheiro para a educação e saúde. Mas isso é coisa de comunista. E o desmonte do pré-sal já começou. Suprema ironia, o pontapé inicial foi dado justamente com uma empresa norueguesa. Ou seja, o Brasil ajuda a enriquecer ainda mais os noruegueses e ao mesmo tempo fica mais pobre. Não foi por falta de alerta: os entreguistas do governo interino estão a hipotecar o futuro do país.

O script do novelão entreguista é simples:
-       Em 2011, a Wikileaks revela as conversas entre José Serra e a Chevron sobre o pré-sal.
-       Em 2014, começa a fase mais visível da Operação Lava Jato.
-       Com os escândalos revelados, a Petrobras é desmoralizada perante a opinião pública.
-       Em 2015, o senador José Serra entra com um projeto que muda as regras do pré-sal.
-       Em dezembro de 2015, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, aceita o início do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
-       Em fevereiro de 2016, o projeto de lei de José Serra é aprovado no Senado.
-       Maio de 2016. Dilma é afastada e a imprensa internacional denuncia o golpe.
-       Ainda em maio, o senador golpista José Serra assume o ministério das Relações Exteriores.
-       Em julho de 2016 a Statoil anuncia a compra de 66% do bloco BM-S-8, no campo de Carcará.

Os anéis estão a ser entregues. Mas a sanha dessa gente não se importa de entregar até os dedos. E dorme a pátria tão distraída. Não tem panela nem camisa amarela. Aliás, se você, leitor e leitora, está com um desejo incontido de me chamar “comunista”, fique à vontade. Porque eu sou comunista como os noruegueses, esses esquerdopatas que ousam socializar a riqueza.


É a dança da chuva.


Estátua de Ibsen em frente ao Teatro Nacional, em Oslo

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O Papa e a LOT

POR JORDI CASTAN

Poucos dias atrás, um grupo de representantes de associações de moradores esgrimiam estudos técnicos que mostravam os problemas que representará para Joinville a aprovação da LOT na forma como esta proposta. Bem embasados, argumentavam com dados e de forma consistente, mesmo que os poucos vereadores presentes estivessem mais interessados nos seus telefones que em escutar com atenção. O vereador X consciente que até agora não tinham sido apresentados qualquer tipo de estudos técnicos por parte do Executivo e que a Câmara não tinha mostrado o menor interesse em tomar conhecimento do impacto que a LOT poderia ter, convidou as associações de moradores para uma reunião no seu gabinete. Acabou ficando curioso por conhecer melhor os estudos que mostravam que não há infraestrutura de saneamento básico nem viária. Quis se aprofundar no tema da altura das escadas do Corpo de Bombeiros e conhecer como a falta de sol e ventilação tem uma relação direta com a saúde das pessoas.

Na semana seguinte, atendendo ao seu convite, os representantes de quase uma dezena de associações se apresentaram no seu gabinete e reforçaram sua argumentação. Mostraram mapas, desenhos e gráficos que avalizavam os seus argumentos. Quanto mais a reunião avançava, mais o vereador ia se enfronhando no tema e concordando com a lógica do grupo. Quando parecia que estava convencido e o grupo acreditou que tinham ganhado um aliado que apoiaria sua luta, um dos representantes viu a oportunidade e perguntou:

- Então, você apoia nossa causa? Veja que representamos uma quantidade significativa de votos.

O vereador X olhou para o grupo e respondeu:

- Eu até concordo que os seus estudos são convincentes, bem elaborados e consistentes. Reconheço que o executivo não apresentou nenhum estudo técnico que nos permita avaliar o impacto que terá para Joinville a aprovação desta LOT. Vocês me lembraram a história dos produtores de arroz e o Papa.

E calou-se. Fez-se um longo silêncio. Todos se entreolhavam sem saber o que dizer. Nenhum dos presentes conhecia a historia do Papa com os produtores de arroz. Até que alguém, mais atrevido, perguntou:

- Qual é a história?

- Um grupo de produtores de arroz estava perdendo mercado, as vendas estavam cada vez piores e o negócio ia de mal a pior. Para reverter a situação, contrataram uma empresa de marketing que apresentaria um plano para recuperar as vendas. Quando apresentaram a sua proposta, lembraram que se consumia mais pão que arroz, lembrou também que na Bíblia o pão simbolizava o corpo de Cristo, que era uma poderosa ferramenta de vendas, que todos os cristãos consumiam pão e que poderia ser feito o intento de trocar o pão pelo arroz na Bíblia. Que não seria fácil, mas que poderia se intentar.  Depois de muito debate decidiram organizar uma visita ao Vaticano, não sem antes promover uma contribuição significativa para as obras de caridade da igreja. Acreditando que uma boa contribuição seria um bom argumento para convencer a sua Santidade. Agendada a audiência e depois de serem recebidos pelo secretário pessoal do Papa, o próprio Papa adentrou na sala e os recebeu com cordialidade. Escutou seus argumentos e quando os representantes dos produtores de arroz consideraram que tinham conseguido sensibilizar o Papa, fizeram a sua proposta:

- Trocar o pão por arroz na próxima edição da Bíblia e fariam uma doação de dois milhões de dólares para as obras sociais da Igreja.

O Papa escutou com serenidade e rompeu o silêncio com uma gargalhada.

- Vocês não tem noção de quanto doa a Associação de Padeiros para as obras sociais da Igreja.

O silêncio entre os representantes das associações de moradores foi ensurdecedor.


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Neutralidade para que lado?












POR LIZANDRA CARPES

Vamos mais uma vez trazer à tona o Projeto de Lei Ordinária (PL) 221/2014, a “Escola Sem Partido” ou, como mais lhe é apropriado, a “Lei da Mordaça”. O rebento mais ilustre da vereadora de Joinville, pastora Leia, passou novamente pela Comissão de Educação, na última terça-feira.

Documentos importantes foram repassados à relatoria da Comissão que será realizada pelo vereador Odir Nunes: o parecer do Conselho Municipal da Educação (CME), o parecer Jurídico da Câmara de Vereadores de Joinville (CVJ) e uma nota técnica do Ministério Público Federal (MPF).

O parecer do CME foi contrário ao PL e ressalta o entendimento de que o documento fere a Constituição no que tange à liberdade de expressão e direito à Educação. O parecer jurídico da CVJ conclui que o PL possui vícios de “inconstitucionalidade e ilegalidade”, palavras grifadas em caixa alta no documento.

A nota técnica do MPF faz a seguinte afirmação: “Enfim, e mais grave, o PL está na contramão dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, especialmente os de ‘construir uma sociedade livre, justa e solidária’ e de ‘promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação’”.

Organizações estudantis, sociais e sindicatos estiveram presentes para, mais uma vez, mostrar a repulsa a este projeto. As contrariedades constitucionais da “Lei da Mordaça” são muitas. Passam inicialmente pela linguagem, quando impõe que um ser humano aja com neutralidade. Desdobram-se pela incoerência ao firmar que conteúdos que possam estar em conflito com as convicções morais, religiosas ou ideológicas dos estudantes ou de seus pais ou responsáveis não podem ser estudados em sala de aula. E é claramente leviano quando permite denúncias anônimas de professores, colocando-os na berlinda da interpretação de quando seus alunos se sentirem violados por algum tema das disciplinas obrigatórias em sala de aula.

Interessante perceber a orquestração de como se movimenta nacionalmente tal projeto e a “neutralidade” de seus propositores. Apresentado ao Ministério da Educação por Alexandre Frota e o ex-pastor Marcello Reis, fundador do Revoltados Online e um dos líderes de atos pró-impeachment, ou seja, nada neutros.


Escola Sem Partido é um nome que soa “doce” em tempos de repulsa e propagação de ódio partidário, ou seja, manipulado para que a sociedade engula um veneno letal e amargo para a defesa de direitos sociais uma vez que visa amordaçar ainda mais o sistema educacional.