segunda-feira, 15 de junho de 2015

Ideias que se espalham como um câncer



Não há nenhuma dúvida de que Joinville tem escolhido ser a maior. A maior cidade do estado, a maior economia, o maior colégio eleitoral, o maior consumo de energia. Enfim, a maior em tudo, mas sem perceber que "ser a maior" quer dizer também ter mais problemas, maiores problemas e mais complexos.  Enquanto o futuro da cidade for traçado pela mesma lógica que segue uma célula cancerígena, a de crescer indefinidamente, sem medida e sem controle, o resultado é previsível. E não é bom.

Surpreende uma cidade que teve a oportunidade de elaborar um planejamento estratégico - em que escolheu ser uma cidade na que se realizariam sonhos - tenha abandonado esta visão para ser uma cidade em que se materializam pesadelos. O desafio por uma cidade sustentável, moderna, inovadora, culta, eficiente e com qualidade foi abandonado em algum lugar do passado recente, para escolher o caminho do crescimento metastástico.

Os índices de saneamento básico, de segurança, de mobilidade ou de qualidade de vida em vez de melhorar têm piorado. O pior é que também os indicadores econômicos têm perdido fôlego, algo que só os nossos dirigentes e os partidários do lucro a qualquer custo não enxergam. Joinville segue apostando num modelo ultrapassado. O resultado é uma participação menor no bolo do ICMS, redução do emprego, aumento da violência urbana e uma cidade que esta cada dia mais ao léu.

O modelo de "quanto maior melhor" é obsoleto e condena a sociedade a viver em cidades com problemas insolúveis de mobilidade, de infraestrutura. Converte o sonho de morar em cidades modernas num autêntico inferno. As pessoas se amontoam em espaços cada vez menores, se reduz o tamanho dos lotes urbanos, se reduzem os índices de ventilação, de insolação, se aumentam os de densidade, se reduzem as áreas verdes, árvores e calçadas cedem espaço ao carro e o resultado é cada vez pior.

Não há nenhuma proposta para limitar o tamanho da cidade. Para melhorar a qualidade de vida dos joinvilenses, para atrair outro perfil de empresas, para potencializar outro tipo de negócios. O modelo segue sendo o de prolongar ao máximo o modelo atual, mesmo que exaurido, permitir que ganhe uma sobrevida, ainda que para isso precisemos comprometer o futuro das novas gerações.

Mas, afinal, a quem importa o futuro? O que interessa é o lucro fácil e imediato. E Joinville segue com este crescimento metastático, sob o olhar cúmplice de todos os que vampirizam a sociedade e dela se beneficiam.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Precisamos falar sobre Cristofobia

POR EMANUELLE CARVALHO

Precisamos falar sobre esse mal que assola nossa sociedade. Essa doença que tem consumido nossos jovens, que tem matado nossas crianças, perseguido nossos idosos.
Desde a partida de Jesus, Nero vem perseguindo cristãos por toda Roma. Não, espere, Nero não é mais o imperador.
Agora falando sério, a não ser que você ainda esteja vivendo o Império Romano numa espécie de RPG em tempo integral, ou em algum país teocrata sinto lhe informar mas você não sobre cristofobia. Aliás, se você vive no ocidente, especialmente no Brasil, você tem muitos privilégios em ser cristão.

Vamos ser didáticos e citar alguns exemplos:

- Sua prece é aceita por todos como """"""""""""universal""""""""""""""
- Mesmo que exclua uma série de outras religiões, especialmente as politeístas.
- Nas festas da escola do seu filho, a maioria das pessoas, incluindo a professora, a diretora e os orientadores irão falar sobre deus, referindo-se ao seu deus e não a Maomé, Oshun, Buda ou Zeus.
- Ninguém acha que você comete atrocidades porque é cristão.
- Seus valores, que não são necessariamente os valores de uma maioria,  estão acalacrados na sociedade.
- Você detém televisões que falam do SEU DEUS.
- Na câmara dos vereadores de sua cidade e na câmara dos deputados você pode encontrar facilmente parlamentares alinhados com as suas convicções, e que inclusive militam contra as convicções de outras religiões.
- Nas novelas, filmes, e telejornais as expressões das sua religião são facilmente identificadas. Todo santo dia.
- Suas marchas, paradas e eventos são transmitidos pela televisão e ninguém acha ruim.
- Você tem feriados para comemorar sua fé.
- Você tem mais de um feriado para comemorar sua fé.

Eu poderia passar o dia todo aqui, citando casos da vida cotidiana e tentando convencer vocês dos privilégios mas eu sei que privilegiados tem muita dificuldade em admitir suas benesses. Então vamos tentar abordar os motivos pelos quais você NÃO SOFRE CRISTOFOBIA neste país:

- Você não tem direitos negados porque é cristão.
- No seu trabalho, você não precisa se esconder e fingir que não é cristão por medo de ser demitido. Inclusive as pessoas amam seus valores!
- As pessoas não associam você ao HIV/Aids.
- Ninguém monta barraquinha nas suas festas porque você é público alvo.
- Você não precisa entrar na justiça pra que seu parceiro ou parceira seja reconhecido como pai/mãe da criança que vocês adotaram.
- Você não sente medo de apanhar na rua porque é cristão.
- Ninguém te mata neste país porque você está na rua e de repente deu pinta de que é cristão.
- Se você é adolescente, não corre o risco de ser expulso de casa porque é cristão.
- As pessoas não tem nojo de quem você em virtude da sua religião.

A lista é longa e o tempo é curto. Então, amigo, pense bem antes de falar bobagens. Você não é oprimido porque pontualmente alguém ofendeu a sua fé mas você é um ignorante quando acredita em unicórnios e cristofobia.


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Lendas...

POR MÁRIO MANCINI


Do alto dos seus 164 anos, Joinville é recheada de lendas e dogmas. A mais recente é de que é bem administrada. É só esperarmos 2030 para entendermos, pois estamos no governo do “estamos verificando”,  “estaremos providenciando”, “assim que liberarem a verba”, “já estamos elaborando o projeto”, tudo no futuro, nada no presente.

Sendo assim, passam anos e nada é realizado para mudar este quadro, há mais de 20 anos esperamos um destino útil para a antiga prefeitura, a navegabilidade do Rio Cachoeira, as mais recentes são a reforma da praça do “espelho d’água”, a licitação do transporte coletivo, o estacionamento rotativo, o aluguel de bicicleta, são apenas algumas (as mais famosas) que estão no “limbo”, entrando para a lista das lendas urbanas.

Já os dogmas (um ponto fundamental e indiscutível) estão ligados à mobilidade urbana, como a ojeriza a elevados, a insistência em binários, a repulsa aos VLT e VLP, aliás, gostam de copiar Curitiba em alguns pontos, menos nos que interessam.

Isto se torna possível devido à passividade administrativa, há anos não temos um prefeito que, bem ou mal, esmurre a mesa exigindo que medida “A” seja realizada, certa vez escutei em uma reunião com um prefeito que “democracia demais atrapalha”, que isto estava resolvido, que seria assim e pronto, ledo engano, nada foi feito, ficando “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Fica-nos claro que Joinville passa por uma crise administrativa, onde uns fingem que mandam e outros fingem que obedecem, como já escrevi a administração do faz para ver como fica, se der certo deu, se não deixa assim mesmo, ou seja, não há planejamento, pois se há não chega a etapa do feedback.


Portanto lendas, parlendas, dogmas e afins, só existem por má administração, por falta de comprometimento politico, incompetência, etc., e claro a conivência da população, que aceita tudo e continua a eleger com o coração e não com a razão. Simples assim.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Cachoeira respira, mas ainda há muito a fazer

POR FELIPE SILVEIRA

Apenas alguns anos de tratamento de esgoto na bacia do Cachoeira foram suficientes para ver a vida voltar ao rio. De acordo com análise recente do Laboratório de Controle de Qualidade (LCQ) da Companhia Águas de Joinville, o Índice de Qualidade da Água (IQA) subiu de 25 para 44 pontos, em uma escala que vai de 0 a 100. Os 25 pontos foram registrados em 2012.

Além da diversificada fauna (jacaré Fritz e família, peixes, capivaras, preás e inúmeras aves), o cheiro também não é tão forte como há alguns anos. Pelo menos é a impressão que tenho ao pedalar às margens do rio de vez em quando.

Mas o rio ainda não está limpo e há muito a fazer, pois o rio ainda fede, é sujo e sofre com o despejo contínuo de lixo, esgoto e efluentes industriais. A implantação da rede de tratamento teve início apenas neste ano na zona sul.

Além disso, o rio Cachoeira é apenas um dos diversos rios dentro da cidade. Ainda há o Morro Alto, o Águas Vermelhas, o Bucarein, o Mathias, o Jaguarão, o Bom Retiro, o Itaum-açu, o Itaum-mirim e outros. Todos poluídos e recebendo diariamente lixo, esgoto e lixo industrial. Aliás, a região do Espinheiros sofre com um deserto em formação logo atrás de uma grande indústria da cidade.

O meio ambiente está longe de ser uma prioridade na cidade. O trabalho está sendo desenvolvido, mas esbarra nos interesses das elites econômicas e sociais da cidade, que até têm interesse em ver o rio central limpo, já que daria um ar europeu à coisa.

Mas a questão ambiental vai além. Demoramos 160 anos para começarmos a parar de jogar cocô no rio, mas não temos tanto tempo pela frente se continuarmos no mesmo ritmo. A poluição industrial, o lixo que produzimos e a quantidade de fumaça de carros que jogamos diariamente no ar vai acelerar o processo de destruição do ambiente a uma velocidade bem maior do que a nossa capacidade de preservação.