POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sempre que há algum índice ruim na
economia nacional, os que torcem pelo fracasso do atual governo - e
indiretamente pelo fracasso do Brasil - saem à carga para anunciar o fim do
mundo. Desta vez é a notícia de que o Brasil teve o seu pior saldo comercial em
13 anos. Eis uma coincidência interessante. Façam as contas, voltem no tempo e
vejam em que época estaremos: o saudoso ano de 2001.
O povo da Reaçolândia não economiza
nos adjetivos para anunciar o desastre que começa a arrastar o atual governo para
o precipício. Mas desta vez sou obrigado a aderir ao coro dos descontentes. Também
tenho saudades de 2001. Naqueles tempos, já vivendo fora do Brasil, enquanto
turista fazia a festa em qualquer lugar do país. É que o real era uma moeda
fraquinha em relação ao euro e até um pé de chinelo como eu podia levar vida de
rico.
Naqueles tempos - em que o Brasil
cumpria o desígnio da “teoria da dependência” (lembram de quem defendia essa
teoria?) - a minha vida era muito mais tranquila. A começar pelos aviões, que
nem sempre enchiam e às vezes eu até conseguia ter quatro bancos para viajar
dormindo esticadão. Hoje os vôos estão sempre cheios com essa brasileirada que
não para de viajar para o exterior e voltar com a mala cheia de bugigangas do
tal primeiro mundo.
Também gostava porque podia andar
sempre de táxi em Joinville. Mesmo sendo caro ainda dava para aguentar os
preços. E era legal porque podia sair para jantar e beber à vontade, sem
precisar dirigir (como manda a lei). Mas hoje em dia o cara tem que se virar em
casa mesmo, porque é muito caro comer fora. Mais do que em algumas capitais
europeias. Aliás, não entendo como os restaurantes estão sempre cheios se a
economia está a um passo do despenhadeiro.
Ah… e lembro também que ir para a
praia era tranquilo. Não havia esse movimento alucinante na estrada - porque
poucos brasileiros podiam comprar carro
- e não tinha aquela coisa de levar três horas para chegar a Enseada, por
exemplo. Alugar casa na praia? Uma teta. Também era raro acontecerem coisas
como a falta de água ou de luz pelo excesso de população. Pô, hoje qualquer um
já pode ir de férias para a praia.
É,
gente, a coisa esta mesmo feia. Legal mesmo era aquele tempo em que pobre era
pobre, conhecia o seu lugar e não invadia a praia dos outros. Férias na praia
viraram um inferno. Saudades do tempo em que a gente distinguia as pessoas de
bem dos farofeiros.