quarta-feira, 10 de abril de 2013

Thatcher torna "A Bruxa Morreu" um sucesso


POR ET BARTHES
Margareth Thatcher era mais amada ou mais odiada? Não dá para saber, mas uma coisa é certa: os que odiavam a “dama de ferro” estão a dar provas mais efusivas. Porque ao morrer ela ressuscitou a música "Ding Dong! The witch is dead" (Ding Dong - a bruxa está morta), interpretada por Judy Garland no famoso "O Mágico de Oz" (1939). 
A música está no top de downloads do site Amazon, a versão de Ella Fitzgerald chegou ao quarto lugar do top e a procura subiu no iTunes do Reino Unido.


100 dias. É o início...


POR EDUARDO DALBOSCO

Esse negócio dos primeiros 100 dias é coisa da mídia publicada que precisa vender manchetes sensacionalistas. Não há test drive ou estágio probatório para os governos. O que há é trabalho, determinação e vontade de fazer o que está prometido e registrado no programa de governo. O que há é um desafio diário que durante quatro anos exige a tomada de decisões necessárias, nem sempre populares.

Aliás, esse é o primeiro e grande desafio do eleito: transformar o discurso eleitoral, empolgante, afirmativo, ambicioso, plasticamente perfeito, construtor de esperanças, em resultados práticos, concretos e objetivos. Geralmente o que ocorre é que a realidade mesma é bem diferente do que o programa açucarado da campanha eleitoral. A condição financeira é limitada, obras emperradas são de difícil recuperação, as amarras institucionais paralisantes e a transição governamental exige tempo, conhecimento, aprendizado e prudência.

A sociedade de Joinville está bastante e positivamente compreensiva com o governo do Dr. Udo. Para um governo eleito com três pilares: política para a periferia, gestão eficiente e planejamento estratégico para trinta anos, este início está um tanto acanhado. Nenhuma pista para com o futuro generoso prometido. O governo do PT pensou o futuro quando fez os planos diretores de água, saneamento, macrodrenagem, ordenamento territorial e elaborou o projeto do BID II. O governo petista fez saneamento básico, dezenas de pontes, moradias populares, praças, aumentou verbas para a saúde e fez reformas como a Rua das Palmeiras, JK ou da Beira Rio. Mas ações estruturantes, de grandes valores, precisam da continuidade dos projetos e parcerias.

Joinville parece apoiar a decisão prioritária da atual gestão de sanear as contas públicas, como se a Prefeitura fosse uma empresa privada. O conceito de déficit zero é importante para empresários que disputam o mercado e são regulados pelo lucro. Cumprem jornadas de trabalho exaustivas, impõe a ditadura de metas e exploram a mais valia para atingir seus objetivos. Para a Prefeitura, com baixa liquidez financeira, o grande dilema é pagar fornecedores e fazer os investimentos, ou seja, pagar dívidas e fazer novas dívidas. Ocorre que o ente público é infinito, não acumula lucros ou dividendos e precisa saber aplicar estrategicamente sua receita, inclusive futura, para atender a confiança dos créditos tributários. Mas, surpreendentemente, os fornecedores aceitaram um parcelamento forçoso de 48 meses, nunca antes praticado e a cidade aguarda que o atual esforço produza aumento de investimentos até o final do mandato.

Os tempos são outros e ninguém questionou a importação de secretários de fora, a paralisia das Secretarias Regionais, o cancelamento de ações programadas e importantes para a cidade, como os Jogos Abertos ou a redução de verbas da cultura. Dizem que até as obras do PAC como a UPA da Vila Nova e a macrodrenagem do Rio Mathias estão na linha de tiro. Diferente de outrora, a intervenção do Executivo para compor maioria legislativa e acomodar apoios não foi fisiologismo, mas mero exercício de governabilidade. Aliás, o Prefeito faz política, e faz bem, viaja bastante para Florianópolis e Brasília. Manter a parceria de Joinville com a Presidenta Dilma, sendo o governo federal nosso maior investidor, é bastante importante para nossa cidade. Agora, diferentemente do que antes, viagem é só elogio, reconhecimento e, em cada compromisso, a comitiva cresce na fotografia. Lá atrás, é triste lembrar, mas até intercâmbio com cidade-irmã era censurado. Ora, entendo que as viagens compõem os compromissos e responsabilidades de qualquer prefeito.

 Os tempos são definitivamente outros para a linguagem corrosiva e golpista que desconstruia diária, obsessiva e compulsivamente a liderança do Prefeito Carlito. Hoje a imprensa, legislativo, empresários, todos estão perfeitamente sintonizados com a nova, ou antiga, hegemonia local, uma cumplicidade perfeita, tranquila.

O governo acertou em reduzir a passagem de ônibus, em buscar apoio privado e do governo do Estado para o Hospital São José e para a duplicação da Santos Dumont, na luta para viabilizar em definitivo o ILS e ampliar a pista do aeroporto e em dar continuidade e concluir obras como a reforma da Casa Fleith, a praça do Juquiá, a reforma do Mercado, da Biblioteca Central, manter a concessão da Expoville e aprovar a mesma reforma administrativa recusada pelos vereadores da legislatura passada, com a redução das secretarias regionais. Manter o Joinville em Movimento, a Feira do Livro e o Carnaval também foi positivo, mas lamenta-se o recuo do projeto de internet livre e a retirada dos cargos comissionados do link da transparência.

Grande solenidade lançou pela segunda vez o importante projeto de fiação subterrânea do centro, já aprovado anteriormente. E a mídia oficial comemora as obras do PAC saneamento e de mobilidade aprovadas no ano passado, a pavimentação da Jarivatuba e da Chaminé, obras do BADESC já iniciadas e o novo Pronto Socorro quase concluído em 2012. Mas tudo bem, isso é um detalhe, a política vive de símbolos e da comunicação esperta.
Da mesma forma a continuidade do BNDES III, uma novela dirigida pelo Governo Estadual, continua com passos tímidos, mas avança. Mas não consigo entender porque o Viva Cidade, no período gordo da receita do IPTU, não termina o Projeto do binário da Timbó e porque não é concluída a Praça do Aventureiro e o Restaurante Popular II, investimentos com recursos do PAC.
Enfim, o tempo foi curto. O novo governo precisa conhecer bem a prefeitura e fazer um adequado planejamento estratégico para cumprir o seu programa. A equipe de governo precisa sintonizar com os servidores públicos, grande patrimônio humano e de conhecimento da cidade, e manter a roda girando, de preferência contribuindo para que Joinville tenha uma esfera pública crítica e participativa.

A lição que fica para quem já participou do governo e deseja o melhor para Joinville é que não há milagre e que a expiação crítica pode ser injusta. Nesta época onde a opinião pública, animada por idéias curtas, surta em condenações definitivas para depois saber do que se trata, é importante e civilizatório que se pense, se reflita e se conheça o que está sendo julgado. Muita crítica despropositada anda solta irresponsavelmente por aí e as consequências dramáticas para a vida das pessoas atacadas sem razão parece não importar muito.

Entendo que a gestão pública não é um privilégio para um gerente de excelência, um profissional titulado pela academia. É uma questão que combina técnica e planejamento, suficientemente garantidos pelos servidores de carreira, com a determinação do projeto eleito pela população. A gestão pública é uma delegação temporária onde o povo escolhe representantes para governar, ou seja, executar o interesse público. Isso se chama política. Assaltar esses interesses e governar a revelia da vontade popular, sem transparência e sem planejamento, é privatizar a vida social. É roubar o espaço público e asfixiar a liberdade.

Prefiro a democracia participativa.

Eduardo Dalbosco, ex-Secretário de Planejamento e do Governo de Joinville.

terça-feira, 9 de abril de 2013

100 folga!!


Deus matou John Lennon. E com testemunha joinvilense?

POR ET BARTHES
E o Marco Feliciano diz que Deus matou John Lennon. O mais interessante é que, ao que parece, tinha uma testemunha de Joinville. Será? Você consegue identificar? Se conseguir, diga nos comentários...



Continuo a não gostar de Daniela Mercury


Na internet, imagem  compara Daniela e Joelma

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
É legal ver a Daniela Mercury assumir uma relação homoafetiva. Mas isso não vai fazer com que eu comece a gostar dela. Nem da pessoa e nem da música. E digo isso mesmo sabendo que, com o anúncio dessa relação, ela virou uma espécie de queridinha da esquerda e da semi-esquerda.

Que fique clara a minha posição. Homo ou hetero, acho ótimo que as pessoas assumam as suas paixões. E que não cedam aos preconceitos dos homofóbicos, porque em civilização as pessoas devem mandar no próprio corpo e exercer a própria sexualidade sem tabus. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Não gosto de Daniela Mercury. E a birra vem desde 2006, quando ela fez uma turnê por Portugal e começou a insistir na tecla política. O que incomodou? É que foi tudo muito gratuito e deliberado. Parecia mesmo que ela estava a tentar arranjar manchetes de jornal. Ninguém perguntava sobre política, mas ela respondia. Aliás, escrevi sobre isso no AN.

A ideia com que fiquei: ela estava a passar uma imagem muito feia do Brasil.  Ah... o alvo era o então presidente Lula da Silva, que disputava a reeleição. Numa entrevista ao jornal Correio da Manhã, ela disse que “é muito importante que os brasileiros não votem em Lula da Silva, como punição por tudo o que aconteceu nos últimos anos. Não me cansarei de o pedir aos meus conterrâneos, em todos os meus shows”.

E antes que a Reaçolância se assanhe, quero dizer duas coisas: 1. ela tem o direito de não gostar do ex-presidente; 2. ela também malhou em Fernando Henrique Cardoso. O problema, volto a repetir, é que o seu discurso depreciativo serviu para pintar um quadro muito feio do Brasil. Quem acompanhou as notícias ficou com a ideia de que o país é uma república das bananas, uma terra em lei.

Cheguei mesmo a suspeitar que fosse uma estratégia de marketing. Afinal, não vamos esquecer que ela já andava numa espécie de ocaso artístico. Aliás, agora que assumiu uma relação com outra mulher não duvido que a sua carreira vai ganhar um novo fôlego. Já vi uma pessoa a dizer que nunca ligou para a música dela, mas agora ia ficar mais atenta. Acontece.

MINHA ESPOSA - Tem outra coisa para a qual pouca gente ligou mas que me provoca comichão. É o uso da expressão “minha esposa”. Sem querer iniciar uma discussão linguística, o fato é que esposa é uma palavra cheia de significado ideológico, que vem da sociedade do macho e aponta para a mulher feita para crianças, cozinha e igreja (os três “k” de Karl Marx: kinder, küche, kirche).

A palavra esposa aponta para a mulher submissa. E é uma forma encontrada para tentar anular a mulher sexuada, capaz de reivindicar a autonomia, a autodeterminação e o direito ao orgasmo. Pode ter sido apenas um deslize linguístico de Daniela Mercury, mas também pode ser um sintoma de conservadorismo.

Por fim. Ela assumiu uma relação homoafetiva? Perfeito. Ela é agora um nome a ser usado pelos opositores de Marco Feliciano? Perfeito. Ela representa o oposto dessa idiota chamada Joelma? Perfeito. Mas não vou nesse oba-oba. Enquanto ela não mostrar que tem consistência política, com ações que inspirem confiança, continuarei com um pé atrás.

Como já disse um velho professor: abrir as pernas é facil, abrir a mente é outra coisa.

P.S. Por favor, você que é homofóbico, não entenda isto como uma adesão à sua posição. Porque estou muito longe disso.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Você nunca viu um beijo assim...

POR ET BARTHES
Um beijo, uma vida...


Fazer planejamento urbano é saber conviver com o diferente

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Principalmente depois da aprovação do Estatuto da Cidade em 2001, momento no qual que se tornou obrigatória a discussão democrática sobre o planejamento urbano das cidades brasileiras, nós presenciamos (mais especificamente em Joinville) as discussões sobre a organização de nossa cidade ficarem mais acaloradas. Com o Plano Diretor, aprovado em 2008, já percebemos isto. Porém, a regulamentação de seus instrumentos escancarou a dificuldade que temos de conviver com quem pensa diferente, independentemente da posição em que os grupos tomam ao longo do processo.

Acompanhamos dois grupos onipresentes em todas as discussões: o poder econômico fortemente organizado (com seus advogados e representantes de classe) de um lado, e de outro profissionais liberais, professores, empresários e estudantes que defendem a abertura do processo conforme rege o Estatuto aprovado em 2001, sem esquecer dos desinteressados (ou os induzidos socialmente a tal comportamento, conforme já falamos aqui no Chuva Ácida).  A cidade de Joinville perde a partir do momento em que estas duas alas não dialogam e se atacam. Chegam ao cúmulo de esquecer o principal objetivo: a cidade de Joinville.

Não estou nem falando do debate judicial para a garantia dos preceitos democráticos (que é direito de todos os cidadãos), mas sim da desqualificação pessoal que toma conta do debate. Artigos em jornais, blogs, revistas, TV, rádios... todos os meios de comunicação possíveis são utilizados na hora de desqualificar o que está acontecendo. E muitos desses meios, para piorar, também fazem questão de tomar partido e ajudar na desqualificação - seja para qual lado for (mas nós sabemos qual o lado preferencial das editorias).

Os "interesses" falam mais alto. A cidade ideal, com essa dificuldade de diálogo, será tomada pela cidade possível. E isto só faz os interesses do planejamento urbano excludente, onde desenvolvimento urbano é trocado pelo crescimento econômico. O debate qualificado precisa acontecer. Mas isso já estou cansado de falar por aqui. A pergunta que fica, ao analisar tudo isso, gira em torno de quem ganha com essa falta de alteridade e diálogo. Diria que ninguém ganha: a cidade não consegue ter discussões democráticas, os cidadãos joinvilenses mostram-se limitados pois não sabem conviver e respeitar que o outro pode pensar diferente (estendamos isso para além do planejamento urbano e veremos que é a base do pensamento coletivo joinvilense), o grande capital não consegue impor os seus interesses (ainda bem!) e o grupo que defende os debates democráticos continuará sendo desqualificado nos espaços da mídia parcial. Se ninguém ganha com esta falta de diálogo, por qual motivo o cenário se mantém?

O único horizonte para além da ocasião existente, sobretudo ao alongamento do processo, é de presenciarmos um aumento do número de desinteressados, principalmente pela falta de resultados. A mobilização popular não é simultânea à morosidade, pelo contrário: eu nunca vi um poder econômico tão articulado e tendencioso nas questões de planejamento urbano como nos últimos anos. É aí que mora a esperança daqueles que querem dominar socialmente e economicamente através do planejamento urbano, pois são menos cabeças para conviver e enfrentar...

Ps: este texto serve, sim, como um mea-culpa.

domingo, 7 de abril de 2013

O neoclientelismo econômico

POR GUSTAVO PEREIRA DA SILVA
O Estado torna-se um fim em si mesmo, quando organizado e desvinculado dos verdadeiros anseios da sociedade. Pairando sob o indivíduo e não o elegendo como foco de suas ações, a lógica estatal vai aos poucos desconectando-se da realidade social do cidadão comum, formando territórios, criando ações e grupos preponderantes, principalmente para deixar as coisas como estão em determinados segmentos, ora reproduzindo comportamentos tradicionais em outros,  afastando, assim, a possibilidade de mudanças ou reformas necessárias.

A  onda neoliberal, calcada no milagre da multiplicação dos pães e na gestão de resultados, utiliza o viés desenvolvimentista para  transformar o município numa empresa e o munícipe em cliente, subtraindo a cidadania e fortalecendo uma condição que contraria a igualdade entre as pessoas, o neoclientelismo econômico. 

Como não existe almoço grátis, apesar de uma aparente evolução neste processo, muito pouco ou quase nada se rompeu com a  cultura de velhas práticas institucionais que priorizam atores historicamente responsáveis pelas políticas econômicas e urbanas fragmentadas e desarticuladas em nossa cidade, dissociadas das reais condições de produção e dos conceitos  modernos funcionais, principalmente, a humanização e a  satisfação das pessoas.

Será que devemos virar as costas para o meio ambiente, para a efetiva participação da sociedade em assuntos de relevante interesse, tangenciar o bem-estar e a justa remuneração do funcionalismo público, ignorar o planejamento urbanístico adequado e racional, a mobilidade urbana, tergiversando a  qualidade de vida porque temos pressa em crescer e arrecadar, permitindo que meia dúzia de aquinhoados consigam obter as mudanças a seu bel prazer em prejuízo da coletividade? De fato, o crescimento econômico é imperioso, mas de forma sustentável, com planejamento democrático e sem afogadilhos.

Um exemplo deste desequilíbrio é ausência de regulamentação do Estudo de Impacto de Vizinhança, instrumento necessário e suficiente para avaliar os efeitos positivos e negativos dos empreendimentos, impedindo a utilização da propriedade privada de forma nociva à coletividade? Dá-se outro exemplo: nas reuniões da Comissão Preparatória da Conferência Extraordinária da Cidade, pessoas comuns foram guindadas a membros de um órgão criado à imagem e à semelhança de seu criador, pois não há dúvidas que no seu seio, apesar da boa ventura de seus integrantes (nem todos), reside o prenúncio da reprodução de um modelo político, econômico e  social predatório e patrimonialista, rascunhado de longa data.

Tendo acompanhado a discussão urbanística nos últimos anos fico assombrado com a quantidade de inverdades e aleivosias ditas por agentes que passaram a exercer militância aguerrida no seio de organismos públicos na defesa de seus  interesses privados, justificando a queima de etapas e a incompetência do Poder Público. É difícil acreditar que o Judiciário, em duas oportunidades, tenha sido induzido em erro nesta discussão, não passando de contorcionismo verbal o ímpeto daqueles que, por ausência de humildade, acreditam que suas opiniões registradas nos anais burocráticos valem mais que a aplicação da lei e da Justiça.

Escritos políticos ensinam que a meia-verdade são temas recorrentes da doutrina de Estado, mas sustentar expedientes desta natureza na arena política é desconhecer a importância que a confiança desempenha na interação democrática com a população. Neste momento, carecemos do papel fiscalizador do Poder Legislativo, diante de práticas indesejáveis, como o patrulhamento ideológico e a utilização das instituições, com complacência de seus dirigentes, para impor um viés autoritário e centralizador, em ofensa aos primados básicos da democracia. Há tempo de corrigirmos as distorções desta era neoclientelista econômica.

Gustavo Pereira da Silva, advogado, Presidente da Associação Viva o Bairro Santo Antônio

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Matar para tirar a pele

POR ET BARTHES
Matar para tirar a pele. Vale para os animais, mas não vale para você?




Você está satisfeito com o jornalismo feito em Joinville?

POR FELIPE SILVEIRA

Você, leitor, está satisfeito com o jornalismo feito em Joinville? Com as reportagens dos nossos jornais, com as coberturas das rádios e com as opiniões dos blogs locais, como o Chuva Ácida?

Pergunto isso motivado por uma questão nacional. Nos últimos dias, um dos principais blogueiros do país, o jornalista Luiz Carlos Azenha, decidiu encerrar as atividades do blog Viomundo, após perder uma ação judicial movida pelo diretor de jornalismo da Rede Globo, Ali Kamel, e ser multado em R$ 30 mil. Mais recentemente ainda, após receber inúmeras manifestações, ele mudou de ideia e decidiu manter o blog que tem mais de dez anos de existência e é dos principais da linha que chamamos de “blogueiros progressistas”.

(Vale ler, aqui, o que o fez mudar de ideia)

O fato inflamou a discussão acerca de alguns dos problemas pelo qual o jornalismo passa, como o dinheiro público no financiamento de veículos e a judicialização do debate. Copio um trecho do texto do próprio Azenha para exemplificar:

Como tocar um blog que não aceita patrocínios de governos, empresas públicas ou estatais — uma decisão tomada porque esperamos que Globo, Veja, Folha e Estadão nos sigam — e ainda assim tenha capacidade de debater políticas públicas de forma relevante, sem apenas reproduzir opinionismo político? Acreditamos que o Estado deva adotar políticas que incentivem a diversidade e a pluralidade, conforme previsto na Constituição. Que combata a propriedade cruzada. Acreditamos que o Parlamento deve cuidar do Direito de Resposta, uma forma de evitar a judicialização que leva desiguais para se enfrentarem num campo em que prevalece o poder econômico — dos advogados e lobistas.”

Aproveito o gancho nacional para trazer o debate a Joinville. Se tá ruim pra essa galera, imagina pra gente que tem o Beto Gebaili.

Particularmente, acho que o jornalismo local é muito ruim, apesar de haver alguma coisa boa de vez em quando e bons profissionais nas redações. O problema (na minha opinião, claro) está no direcionamento dado pelas corporações que influenciam direta ou indiretamente as redações. Direcionamento, por sua vez, dado por editores, alinhados com o pensamento dos patrões.

Nas rádios a coisa é pior ainda, pois os péssimos amadores que usam os microfones são despreparados e muitas vezes mal intencionados. Há, sem dúvida, gente boa também, mas cujo foco não é jornalismo.

A questão que pega, porém, é que ainda não podemos contar com uma blogosfera que faça jornalismo, pois é uma atividade profissional que custa caro. Os jornais, por sua vez, estão largando mão do jornalismo para se dedicarem a atividades de entretenimento, que custam bem menos, dão mais retorno e não incomodam os amigos/anunciantes (empresários do ramo imobiliário, por exemplo, e homens públicos, como o prefeito, o governador e o senador). O esvaziamento das redações é a maneira mais fácil de fazer isso.

Sem jornais fortes e comprometidos com a sociedade, que possam peitar poderosos, e com blogueiros sem grana e sem força, fica cada vez mais fácil para quem quer tirar um dinheiro de uma licitação aqui e beneficiar o coleguinha em outra ali.

Não tenho nada a propor. Fico feliz que o Azenha não tenha desistido e que os blogueiros estejam se organizando para enfrentar batalhas judiciais com a criação de um fundo específico. Esperamos que os blogueiros do Chuva Ácida nunca precisem. Fica a reflexão sobre o jornalismo em Joinville e a pergunta: estamos satisfeitos?

P.S.: Vale ler este texto do Fernando Evangelista sobre o caso do Azenha: Propaganda de Margarina.