quarta-feira, 3 de julho de 2024
Corpos negros são frutos estranhos
terça-feira, 2 de julho de 2024
A inteligência artificial já consegue criar o banal
sábado, 13 de abril de 2024
O Musk está emerdando a sua vida
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
Eleições em Taiwan: partido pró-China e pró-independencia vão a votos
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
13 de janeiro de 2024 é um dia decisivo. As eleições em Taiwan são as mais importantes da história da ilha em décadas. O resultado determinará o rumo das relações entre Taiwan e a China, assim como a política interna da ilha nos próximos anos. As eleições terão implicações significativas para a paz e a estabilidade na região. É um evento importante não apenas para a região, mas para o mundo.
Há três candidatos à presidência. William Lai (DPP), atual vice-presidente e candidato do Partido Democrático Progressista (DPP), que é pró-independência de Taiwan. Outro candidato é Han Kuo-yu, ex-prefeito de Kaohsiung e candidato do Partido Nacionalista Chinês (KMT), que é pró-reunificação com a China. E por fim temos Hsu Hsin-ying, candidata do Partido Progressista Taiwanês (PTP), que é de esquerda que defende a independência de Taiwan de forma mais radical do que o DPP.
As pesquisas de opinião indicam que Lai é o favorito. No entanto, a campanha tem sido acirrada e Han Kuo-yu tem conseguido ganhar terreno. O resultado é incerto e pode ter implicações significativas para a paz e a estabilidade na região. A China considera Taiwan como uma província rebelde e tem ameaçado usar a força para reunificar a ilha com o continente. Um governo pró-independência em Taiwan poderia aumentar a tensão entre as duas partes e aumentar o risco de um conflito armado.
O resultado também terá implicações para a política interna de Taiwan. O DPP, se for reeleito, provavelmente continuará a seguir uma política de defesa da independência da ilha. O KMT, por outro lado, se for eleito, poderia buscar um diálogo com a China com o objetivo de reunificar a ilha. Há uma ironia aí. O partido é ligado a Chang Kai-shek, que foi o líder de 1925 a 1975. Ele foi o presidente da República da China, de 1928 a 1949, e depois de Taiwan de 1950 a 1975.
O KMT é um partido nacionalista que defende a reunificação da China sob o seu controle. Chiang Kai-shek era um nacionalista fervoroso e acreditava que a China deveria ser um país unificado. Lutou contra os comunistas chineses na Guerra Civil Chinesa, que terminou com a derrota dos nacionalistas e a fuga de Chiang Kai-shek para Taiwan. O KMT é o principal partido de oposição ao Partido Democrático Progressista (DPP).
Chang Kai-shek governou Taiwan em ditadura. Ele estabeleceu um regime autoritário que reprimia a oposição política e os direitos humanos. Em 1949, quando Chiang Kai-shek e o KMT fugiram para Taiwan, eles levaram um governo autoritário que havia sido estabelecido na China continental. Esse governo era caracterizado por um controle rígido sobre a sociedade, uma censura rigorosa da mídia e a perseguição da oposição política.
Em Taiwan, Chiang Kai-shek continuou a implementar esse regime autoritário. Ele criou a Agência de Segurança Nacional (NSA), que tinha poderes para prender, torturar e executar dissidentes políticos. Ele também dissolveu o parlamento e estabeleceu um sistema de governo unipartidário.
O regime de Chiang Kai-shek foi responsável por uma série de violações dos direitos humanos, incluindo o massacre de 28 de fevereiro de 1947, no qual milhares de taiwaneses foram mortos. A ditadura de Chiang Kai-shek começou a ser gradualmente desmantelada após a sua morte em 1975. O seu filho, Chiang Ching-kuo, iniciou um processo de liberalização política que culminou na democratização de Taiwan na década de 1980.
Hoje o partido de Chiang Kai-shek é a favor de uma integração na China. Enfim, a história é mais complexa do que imaginam alguns.
Chiang Kai-shek |
domingo, 24 de dezembro de 2023
Para além de Israel e Hamas
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O conflito entre Israel e o Hamas acendeu rastrilhos em outros pontos da região. Um exemplo disso são os ataques que os houthis, grupo rebelde xiita que controla o norte do Iêmen, declararam apoio ao Hamas e passaram a atacar navios comerciais no Mar Vermelho.
Os EUA acusam o Irã de fornecer armas e assistência técnica aos houthis para realizar esses ataques. O Irã nega as acusações. Mas o fato de os houthis terem acesso a mísseis e drones de longo alcance é um indício de que o Irã está envolvido.
Os ataques têm provocado uma série de consequências negativas para o comércio mundial. Cerca de 95% do tráfego de navios com mercadorias que passavam pelo Mar Vermelho foram desviados para outras rotas, o que tem gerado congestionamentos e aumento dos custos de transporte.
O conflito no Mar Vermelho também tem aumentado a tensão na região. Os EUA e seus aliados estão pressionando o Irã para que cesse o apoio aos houthis, mas o Irã não parece disposto a ceder.
Os possíveis desdobramentos do conflito no Mar Vermelho são preocupantes. Se o conflito se intensificar, pode levar a um confronto direto entre os EUA e o Irã, o que teria consequências imprevisíveis para a região e para o mundo.
De imediato, as ações do houthis acabaram criando problemas em várias frentes, a começar pelo aumento dos preços do petróleo. O Mar Vermelho é uma importante rota de transporte de petróleo e os ataques dos houthis têm gerado temores de que o fornecimento de petróleo seja interrompido. Isso tem levado a um aumento dos preços do petróleo e impactado a economia global.
A interrupção das cadeias de suprimento também está no horizonte. Os ataques dos houthis têm interrompido as cadeias de suprimento globais, pois muitos navios comerciais que transportam mercadorias essenciais, como alimentos e medicamentos, foram desviados de suas rotas habituais. Isso tem causado escassez de produtos em alguns países e aumento dos preços.
Tudo isso, claro, sem falar na instabilidade regional. O conflito no Mar Vermelho tem aumentado a tensão na região e há o risco de que se espalhe para outros países. Isso poderia levar a uma guerra regional, com consequências desastrosas para a segurança e a economia globais.
Enfim, o conflito no Mar Vermelho é uma situação complexa com múltiplos fatores envolvidos. É difícil prever como a situação irá evoluir, mas é claro que o conflito tem o potencial de causar grandes danos ao comércio mundial e à estabilidade regional.
É a dança da chuva.