segunda-feira, 23 de julho de 2018

Sexo, sexo, sexo e pesquisas sobre sexo...



POR LEO VORTIS

Os leitores e leitoras mais habituados às redes sociais já devem ter reparado que hoje em dia há pesquisas para tudo. É uma coisa insana. Desde as coisas mais complexas até às mais insignificantes, tem sempre um estudo feito por uma universidade ou instituto de pesquisas.

Parece que os britânicos são os campeões em números de pesquisas, mas acontece também em outros países. Os temas variam, mas há uma coisa que não falha: sempre tem alguma coisa relacionado ao sexo.

Para ter uma ideia, apresento aqui uma lista de algumas dessas pesquisas. A maioria é do Reino Unido, mas também há de outros países, como o Brasil. É uma loucura. Vejamos os títulos, que começam todos por “pesquisa revela”:

… que o sexo pela manhã, três vezes por semana, fortalece as defesas, levanta o ânimo, queima calorias e retarda o envelhecimento.
… casal que faz faxina junto tem vida sexual mais ativa
... que 63% dos jovens preferem garotas virgens para casar.
... que gays feios têm maior tendência a praticar sexo de risco.
... que 73% dos britânicos não têm energia para o sexo.
... que o casamento entre mulher bonita e homem feio tem mais chance de dar certo.
... que a maioria dos homens não beija durante o sexo.
... que flerte fora do casamento ajuda a relação.
... que dividir tarefas domésticas melhora a vida sexual.
... que casar engorda.
... que mulheres espiritualizadas fazem mais sexo.
... que um em cada três americanos acredita em fantasmas (não tem sexo, mas essa é f...).
... que loiras tingidas fazem mais sexo.
... que preferência por celular fica acima do sexo.
... o que elas odeiam ouvir na hora “h”.
... que 25% das mulheres chinesas estão insatisfeitas com a vida sexual.
... que metade das mulheres britânicas casadas há mais de 20 anos poderiam continuar o casamento sem sexo.
... que brasileiro trai e muitos não usam preservativos.
... que as garotas preferem os “bad boys” aos caras certinhos.
... que mulheres usam álcool para curar a timidez na cama.
... que um terço das mulheres não teve sexo na noite de núpcias.
... que sexo não é prioridade para os homens.
... que há homofobia no sul do Brasil.
... que paulistano é mais infeliz no sexo.
... que sexo casual cresce no Brasil.
... que sul-africanos têm orgasmo quase todas as vezes que fazem sexo (seguidos de espanhóis, mexicanos e italianos).
... que mulher liberal deixa homens inseguros.
... que sexo bom é igual a mulheres produtivas.
... que mulheres gordas fazem mais sexo que as magras.
... jovens na região Sul fazem mais sexo.
... por que as mulheres fazem sexo.

E haveria muitos títulos mais. Aliás, parece que as pessoas não fazem outra coisa a não ser realizar pesquisas. Duvida? Então vá ao Google e digite “pesquisa revela”: são quase 43 milhões de resultados.

Acha que alguma destas pesquisas foi útil para você?

sexta-feira, 20 de julho de 2018

Moro herói: Superman ou Supermané?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Antes de começar a ler este texto, peço que dê uma olhada na imagem lá no fim. Já viu? Então vamos lá. Um tal movimento “Patriotas do Brasil - Maringá - Terra de Sérgio Moro” vai promover um ato nacional contra a soltura de Lula e de repúdio ao STF. E com um “plus”. O evento, diz o cartaz, vai contar com a presença do próprio Sérgio Moro. Parece um daqueles memes zoeiros, mas o tal movimento tem até página no Facebook.

O pessoal lá no norte do Paraná diz que Sérgio Moro é “o” herói nacional. Devem ser os mesmos que já consideraram Joaquim Barbosa uma espécie de Batman. Porque apresentam o juiz vestido como Superman. Opa! Então, qual será a kryptonita deste Superman de pés-vermelhos? É o ego descomunal. A vaidade de Sérgio Moro é tão grande que não cabe nem livrinho chamado “Constituição Brasileira”, que ele parece desprezar.

Herói? Nelson Mandela foi herói. Luther King foi herói. Mahatma Gandhi foi herói. Sérgio Moro é apenas um homenzinho que não está à altura do poder da sua caneta. Qual foi o seu ato de heroísmo? Ter passado num concurso e, por lógicas do sistema judicial, adquirir o poder de mandar prender e mandar soltar? Não há heroísmo aí. O poder está na caneta, não no homem. Sem a caneta Sérgio Moro seria apenas um mané.

O escárnio não tem limites. O cartaz de Maringá anuncia “a presença confirmada do nosso herói”. Faz sentido. Depois de ser fotografado ao lado de figuras de proa do tucanato, Sérgio Moro parece já não se incomodar com minudências éticas. Nem tem medo do ridículo (afinal, o Superman usa as cuecas fora das calças). Só isso explica a presença num evento promovido por um pessoal que mostra fartos sintomas de lunatismo.

"Patriotas do Brasil - Maringá - Terra de Sérgio Moro"? O ridículo culto da personalidade parece não afetar o juiz. Pelo contrário, fica a ideia de que satisfaz uma insaciável gula pelos holofotes. Nestes tempos, aparecer num evento onde as pessoas o tratam como o Superman é coisa de mané. Um supermané. É uma péssima gestão de imagem. Ou talvez o juiz pense que é mesmo um super-homem.

É a dança da chuva.


À esquerda, o cartaz do evento. À direita, Moro em luta com o seu ego...


quarta-feira, 18 de julho de 2018

Mulheres que amam Bolsonaro são mulheres ou robôs?

POR LEO VORTIS
Pouca gente tem dúvidas do machismo de Jair Bolsonaro. E muita gente duvida que haja mulheres dispostas a votar nele. No entanto, um olhar para as redes sociais mostra que muitas delas apoiam o candidato. Um estudo recente da  organização InternetLab revela que Jair Bolsonaro tem mais de 400 mil robôs entre os seus 1,1 milhão de seguidores. Dá um percentual de 34%, o que torna legítimo concluir que muitos deles sob perfis femininos.

Há mulheres que amam Bolsonaro e há outras que odeiam. E hoje, para tentar elaborar um rápido perfil dessas mulheres, escolhi exemplos aleatórios de posts no Twitter. É fácil perceber que os textos favoráveis são mais longos e menos espontâneos. Já as eleitoras que não aturam o candidato são mais incisivas, diretas e sem necessidade de explicar a posição. Enfim, as mulheres que apoiam Bolsonaro serão robôs?

Veja, tire as suas conclusões e comente.


terça-feira, 17 de julho de 2018

Não queria voltar ao tema, mas: "muito obrigado"

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Não queria voltar ao assunto. Mas seria uma injustiça não mostrar gratidão ao pessoal que anda pelas redes sociais a proteger o mundo do avanço nazista. Como já disse alguém, o preço da liberdade é a eterna vigilância. No meu caso, a Copa do Mundo foi uma tragédia dentro de campo. Os meus dois times – Portugal e Brasil – foram despachados muito cedo e tive que assistir a festa dos outros. Mas nem tudo foi mau...

O lado bom é ter descoberto, pelas redes sociais, que o Brasil tem um sem número de especialistas em política internacional. É impressionante. Afinal, durante quatro anos tudo o que rola sobre o tema é um tanto pífio. De um lado, um discurso que assenta no de sempre:
- Vai  para Cuba.
- Vai para a Coreia.
- Vai para Venezuela.
Do outro, os caras que defendem as virtudes daquilo que julgam ser o socialismo.

Mas o hype aconteceu no jogo final, quando ficaram frente a frente as seleções da França e da Croácia. Foi bonito ver tantos entendidos no tema, com destaque para duas espécies de analistas.

Os especialistas em política internacional gritaram:
- Allez Les Blues, seleção quase africana.
Os especialistas em política da Europa Central foram mais incisivos:
- Fora, Croácia. Fora, nazistas.

Obrigado, senhores. Na minha ingenuidade, não tinha percebido que os croatas estavam a aproveitar a alienação do futebol para distribuir exemplares do “Mein Kampf”. E o que andam fazendo Modric no Real Madrid, Mandzucic na Juventus ou Perisic na Internazionale? Ora... contagiando o futebol europeu com ideias nazistas. E o zagueiro Vida? Esse nem disfarça. Faz campanha pela Ucrânia. Só pode ser mauzão.

Respirei aliviado quando vi que os nossos especialistas em política internacional estavam atentos e na resistência. Croatas não passarão. E nem adianta vir a loiraça presidente com aquele sorriso simpático, porque ninguém acredita nela. Houve até um jornal brasileiro que publicou uma matéria chamada “O Lado Sombrio de Kolinda Grabar”. Li e não entendi bem qual é o lado sombrio, mas a mim ela não engana. 

E para provar que decidi ficar atento, trago aqui a comprovação de que Luka Modric faz abertamente a saudação nazista, na comemoração de uma vitória. Podem ver na foto que ele está a fazer o gesto. A imagem não deixa margem para dúvidas. Ah... tem uns tontos - gente desinformada que não entende de política internacional - dizendo que ele levantou a mão para mandar um beijo. Ah... mas esses croatas não enganam mais ninguém.

Enfim, sinto que estou seguro e livre da ameaça croata. Obrigado a todos estes analistas políticos. Só tenho uma dúvida bem pequenininha. Confesso que ficaria mais tranquilo se tivesse a certeza de que eles são capazes de achar a Croácia no mapa. Just in case.

É a dança da chuva. 

Parece uma saudação nazi, mas talvez seja melhor ver o filme abaixo...




segunda-feira, 16 de julho de 2018

As palmeiras da Al. Bruestlein estão morrendo. Joinville vai perder o seu cartão postal?


POR JORDI CASTAN
Quem fica gazeteando ou dormindo na aula acaba pagando caro pela omissão. Quando Joinville celebrou seus 150 anos, entre outras ações e atividades foi elaborado o projeto de paisagismo e revitalização da Rua das Palmeiras. Antecipando que as centenárias palmeiras imperiais tinham entrado no final do seu ciclo de vida - e para evitar que Joinville perdesse um dos seus cartões postais -, a empresa Whirpool adotou a iniciativa e patrocinou o projeto de recuperação. O projeto seguiu as mesmas diretrizes que anos antes já tinha sido feito no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ou seja, intercalar palmeiras novas entre as existentes, de forma a criar uma segunda linha de palmeiras que, no momento certo, iriam tomando o lugar das originais.

O trabalho foi feito. O projeto foi do nosso escritório, o Boa Vista Paisagismo, e a execução feita pela equipe da Agrícola da Ilha. O o resultado está lá, para quem quiser ver. Uma nova geração de palmeiras garante hoje que Joinville não fique sem uma das suas referências históricas mais importantes.

O presidente da comissão organizadora do sesquicentenário deveria lembrar os motivos que incluíram a revitalização da Alameda Bruestlein na lista de eventos organizados para celebrar a data. O projeto previa garantir que Joinville mantivesse a Rua das Palmeiras por outros 150 anos. A equipe que trabalhou no projeto olhou para além de quem, por visão curta, só enxerga quatro anos. E fez a sua tarefa de casa. Foi ao Rio, visitou o Jardim Botânico, viajou a diversos países do Caribe de onde as Roystoneas são originárias, estudou o seu ciclo de vida e propôs a melhor solução.

Depois disso, pouco foi feito. As palmeiras, tanto as originais como as novas, não receberam qualquer cuidado especial. Nenhum programa regular de adubação e manutenção foi previsto e executado. Sem falar da infeliz intervenção no governo Carlito. Agora - e depois de várias reuniões de uma comissão interdisciplinar - foram identificadas deficiências de nutrição e pregos e feridas nos troncos. Ações corretivas serão tomadas.

O governo fez o que melhor tem sabido fazer nesta gestão: acordar tarde e não estudar direito. As suas ações são insuficientes, tardias e lentas. Acrescentaria ainda que têm poucas possibilidades de ter sucesso, porque o problema das palmeiras é um problema de senilidade. Estão no final do seu ciclo de vida vegetativa. Aliás, com a pouca atenção que tem recebido ao longo das ultimas décadas, até que as plantas duraram muito. O nível freático da região é alto, o governo não tem dado qualquer manutenção as palmeiras imperiais, nem tem nenhum cuidado especial para um patrimônio tombado.

Triste sina de uma Joinville que, nas mãos de uma gentalha como esta, não cuida do pouco que ainda resta do seu patrimônio e da sua história. As palmeiras morrem em pé. Com seu porte majestoso imponente nos lembram da grandeza dos líderes que Joinville já teve e da pequenez dos que a governam hoje.

E para não dizerem que foi por falta de avisos, releiam este post de 2016 (as palmeiras morrem de pé). A História da Alameda Bruestlein está toda ela registrada. Quem trouxe as sementes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em que ano foram plantadas. Quem plantou as palmeiras. Quanto custou o serviço. Quem tiver interesse deveria ler a publicação elaborada pela equipe do Museu Nacional de Colonização (Rua das Palmeiras).

Em tempo e aproveitando o tema do texto: a equipe do planejamento e da mobilidade segue firme na sua aloprada ideia de levar adiante, sem apresentar nenhum estudo técnico convincente, de converter a Rua Marajó na rua de saída de Joinville. Ver caminhões, ônibus e carretas passando pelo labirinto que estão propondo será um bom entretenimento. Depois não digam que não foram avisados. O problema nunca foi a falta de aviso, o problema é a surdez misturada com arrogância e teimosia. Juntas formam uma mistura explosiva.