segunda-feira, 16 de julho de 2018

As palmeiras da Al. Bruestlein estão morrendo. Joinville vai perder o seu cartão postal?


POR JORDI CASTAN
Quem fica gazeteando ou dormindo na aula acaba pagando caro pela omissão. Quando Joinville celebrou seus 150 anos, entre outras ações e atividades foi elaborado o projeto de paisagismo e revitalização da Rua das Palmeiras. Antecipando que as centenárias palmeiras imperiais tinham entrado no final do seu ciclo de vida - e para evitar que Joinville perdesse um dos seus cartões postais -, a empresa Whirpool adotou a iniciativa e patrocinou o projeto de recuperação. O projeto seguiu as mesmas diretrizes que anos antes já tinha sido feito no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Ou seja, intercalar palmeiras novas entre as existentes, de forma a criar uma segunda linha de palmeiras que, no momento certo, iriam tomando o lugar das originais.

O trabalho foi feito. O projeto foi do nosso escritório, o Boa Vista Paisagismo, e a execução feita pela equipe da Agrícola da Ilha. O o resultado está lá, para quem quiser ver. Uma nova geração de palmeiras garante hoje que Joinville não fique sem uma das suas referências históricas mais importantes.

O presidente da comissão organizadora do sesquicentenário deveria lembrar os motivos que incluíram a revitalização da Alameda Bruestlein na lista de eventos organizados para celebrar a data. O projeto previa garantir que Joinville mantivesse a Rua das Palmeiras por outros 150 anos. A equipe que trabalhou no projeto olhou para além de quem, por visão curta, só enxerga quatro anos. E fez a sua tarefa de casa. Foi ao Rio, visitou o Jardim Botânico, viajou a diversos países do Caribe de onde as Roystoneas são originárias, estudou o seu ciclo de vida e propôs a melhor solução.

Depois disso, pouco foi feito. As palmeiras, tanto as originais como as novas, não receberam qualquer cuidado especial. Nenhum programa regular de adubação e manutenção foi previsto e executado. Sem falar da infeliz intervenção no governo Carlito. Agora - e depois de várias reuniões de uma comissão interdisciplinar - foram identificadas deficiências de nutrição e pregos e feridas nos troncos. Ações corretivas serão tomadas.

O governo fez o que melhor tem sabido fazer nesta gestão: acordar tarde e não estudar direito. As suas ações são insuficientes, tardias e lentas. Acrescentaria ainda que têm poucas possibilidades de ter sucesso, porque o problema das palmeiras é um problema de senilidade. Estão no final do seu ciclo de vida vegetativa. Aliás, com a pouca atenção que tem recebido ao longo das ultimas décadas, até que as plantas duraram muito. O nível freático da região é alto, o governo não tem dado qualquer manutenção as palmeiras imperiais, nem tem nenhum cuidado especial para um patrimônio tombado.

Triste sina de uma Joinville que, nas mãos de uma gentalha como esta, não cuida do pouco que ainda resta do seu patrimônio e da sua história. As palmeiras morrem em pé. Com seu porte majestoso imponente nos lembram da grandeza dos líderes que Joinville já teve e da pequenez dos que a governam hoje.

E para não dizerem que foi por falta de avisos, releiam este post de 2016 (as palmeiras morrem de pé). A História da Alameda Bruestlein está toda ela registrada. Quem trouxe as sementes do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Em que ano foram plantadas. Quem plantou as palmeiras. Quanto custou o serviço. Quem tiver interesse deveria ler a publicação elaborada pela equipe do Museu Nacional de Colonização (Rua das Palmeiras).

Em tempo e aproveitando o tema do texto: a equipe do planejamento e da mobilidade segue firme na sua aloprada ideia de levar adiante, sem apresentar nenhum estudo técnico convincente, de converter a Rua Marajó na rua de saída de Joinville. Ver caminhões, ônibus e carretas passando pelo labirinto que estão propondo será um bom entretenimento. Depois não digam que não foram avisados. O problema nunca foi a falta de aviso, o problema é a surdez misturada com arrogância e teimosia. Juntas formam uma mistura explosiva.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

Udo Dohler visto pelo Sandro Schmidt (3)

A série de charges sobre Udo Dohler, pelo talento do Sandro Schmidt, tem hoje o seu último post (até que surjam mais, claro). Divirtam-se.

Pacto


"Croácia nazista": o samba do jornalista doido

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Um caso estranho. Ontem as redes sociais brasileiras foram invadidas por gente a denunciar uma “Croácia nazista”, numa alusão à seleção que enfrenta a França, na final do Mundial 2018, no domingo, na Rússia. Como não tinha visto o tema na imprensa europeia (todos os dias faço um pequeno périplo pelos jornais) fui conferir. E nada. Houve textos na imprensa britânica antes do jogo Croácia x Inglaterra, mas a coisa ficou por aí.

A imprensa do velho mundo trata os croatas de maneira diferente. A televisão portuguesa, por exemplo, repetiu vezes sem conta uma reportagem a mostrar os filhos dos jogadores no relvado, após a vitória sobre a Inglaterra. As cenas com a criançada são ternurentas. O filho do zagueiro Vida, que aparece de pés descalços e muito divertido, acabou por se tornar a estrela da companhia. Foi bonita a festa dos miúdos, pá!

Outra reportagem a circular pela Europa foi a do fotógrafo mexicano Yuri Cortez, que foi atropelado pelo jogador Mario Mandzukic e acabou submerso sob toda a equipe nas comemorações do segundo gol da Croácia. Como todo bom fotógrafo, mesmo numa situação de aperto ele nunca deixou de clicar e com isso conseguiu belas fotos. Exclusivas, claro. Aliás, parece que virou uma espécie de “crush” na Croácia.

No Brasil foi diferente. Houve quem se afastasse do objetivo da competição, o futebol, e se concentrasse numa politização da imagem da equipe dos Balcãs. Ou seja, tentaram levar a ideologia para dentro do campo. Até seria legítimo se os textos tivessem rigor jornalístico, contextualização histórica e, principalmente, ausência de preconceitos. Mas não. O que se fez foi tentar pintar um quadro moralista, com as cores da tradicional superioridade moral da “esquerda”.

SEM CONTEXTO - É de notar que os textos publicados no Brasil parecem ter uma raiz comum. Os poucos argumentos (todos relacionados ao passado) são repetidos e o tratamento da informação é sempre negligente. Mas houve um que chamou a atenção pela agressividade da manchete: “O fascismo dentro das quatro linhas: jogadores comemoram com saudações nazistas”. Exato. Assim mesmo, sem qualquer contextualização.

Com um título destes fica a parecer que Modric, Rakitic, Mandzukic e companhia são mesmo um bando de nazistas. Mas felizmente isso parece ter sido apenas no Brasil. Na Europa, a abordagem é outra. A imprensa destacou uma geração de jogadores que sobreviveram ao banho de sangue que foi a Guerra dos Bálcãs. Quase todos os atletas croatas têm uma história para contar sobre os tempos da guerra, quando ainda eram crianças. E nenhuma é bonita.

Eis um dos casos narrados. Luka Modric, craque do Real Madrid, hoje com 32 anos, recebeu esse nome numa homenagem ao avô, que cuidava dele enquanto os pais trabalhavam numa fábrica. Em 1991, as milícias sérvias invadiram a vila onde eles viviam e executaram um grupo de idosos, entre os quais o avô do jogador. Na escalada de violência, queimaram a casa da família, que teve que emigrar e buscar abrigo fora do país.

Um aviso. Não se trata de dizer que os croatas são santos. Nenhum povo é. Mas é preciso ter uma perspectiva histórica. Há nacionalismos na Croácia? Claro que há. A Guerra dos Balcãs ainda está muito fresca na mente dos povos da região e é natural haver ressentimentos. Aliás, nunca é demais lembrar que a Iugoslávia era resultado de uma arquitetura estalinista, uma “união” artificial feita com cola de farinha.

EXUMAÇÃO DO CADÁVER - Mas voltemos aos textos. Quais são os “argumentos”? É quase uma exumação de cadáveres jornalísticos. É um tema que se repete a cada Copa do Mundo (lembram de 2013?). “Ah... tinha uma suástica no campo”. Fato debatido à exaustão, quando aconteceu. “Ah... o jogador fez a saudação nazista”. O cara tomou um gancho exemplar. “Ah... o Vida disse ‘viva a Ucrânia’”. Ora, se você entende o xadrez da Ucrânia comece a dar aulas, porque é um troço complexo.

A questão é: como classificar os textos veiculados no Brasil? Nestes tempos digitais, a análise do jornalismo – e assemelhados – ficou muito mais complexa. Mesmo assim, é fácil adiantar expressões capazes de enquadrar as matérias: misleading news e clickbaits. E tudo acaba em fake news, claro. O quê? Sim, hoje em dia existe até um glossário com expressões para explicar o mau jornalismo e a desinformação que circula nas redes sociais.

Fake news, todos sabemos, são notícias falsas que usam a credulidade dos leitores para desinformar. Misleading é um nadinha diferente, mas vai dar ao mesmo: são informações imprecisas e textos mal elaborados, com o objetivo de enganar os leitores. Clickbait é a técnica de criar títulos fortes, quase sempre mentirosos, para atrair a atenção. É aí que a porca torce o rabo: os caras sabem que as pessoas só leem os títulos.

Não sou especialista em Croácia, país que ainda não conheço (sei que recebem bem os visitantes), mas qualquer pessoa atenta aos fatos na Europa – do âmbito do futebol ou não – identifica muita leviandade na ideia da “Croácia nazista” em pleno 2018. O país tem um passado que condena, mas isso não autoriza a simplificar coisas que são complexas. E, sabemos todos, os leitores menos avisados, de esquerda ou direita, não resistem ao apelo das notícias fáceis. O resultado é um samba do croata doido.

UMA TEORIA DA CONSPIRAÇÃO - Mas por que só no Brasil isso virou tema? Pensemos. Uma boa parte da esquerda brasileira convive bem com a figura do criptoditador Vladimir Putin. A Rússia é um país com grande know-how na produção de fake news. Os russos não gostaram nadinha do apoio de Vida à causa ucraniana (portanto, de recusa à Rússia). A Croácia foi vaiada pelos russos no jogo contra a Inglaterra (e será de novo no domingo). Ligue os pontos.

É a dança da chuva.


Fake News: põe tudo no liquidificador e bate...

quarta-feira, 11 de julho de 2018

Social media: Brasil em segundo, JEC em quinto

POR LEO VORTIS
Quais são as seleções com maior número de seguidores na Copa do Mundo, na Rússia? Os dados disponíveis apontam apenas para duas redes sociais, o Twitter e o Instagram, mas o Brasil tem presença forte nas duas. É terceiro lugar no Twitter, com 4,2 milhões de seguidores, e segundo no Instagram, com 2,8 milhões.

A combinação das principais redes aponta uma liderança do México, com um total de 7,4 milhões. Em segundo está o Brasil, com um total de 6,8 milhões. E em terceiro vem a França, com uma soma de 6,3 milhões. A Croácia, que neste domingo disputa a final com os gauleses, tem pouco mais de 1 milhão de seguidores em todas as redes.

É difícil medir os resultados das seleções, uma vez que há uma certa “sazonalidade” nos jogos. Mas o mesmo não acontece nos clubes. As estatísticas mostram que as equipes com mais seguidores do mundo (somadas todas as redes sociais em que estão presentes) estão na Europa. Não deve ser coincidência o fato de participarem nas ligas mais importantes do mundo, a  espanhola e a inglesa. Eis a lista:
- Real Madrid - 189 milhões
- Barcelona - 184
- Manchester United - 110
- Chelsea - 69 milhões
- Arsenal - 60 milhões

E em Santa Catarina? A Chapecoense é o clube mais popular nas redes sociais, muito à frente dos outros, o que pode ser explicado pela notoriedade obtida depois do trágico acidente com o avião, que vitimou a equipe. O ranking catarinense, em números redondos:
- Chapecoense: 5,9 milhões
- Figueirense: 1 milhão
- Criciúma: 800 mil
- Avaí: 500 mil
- JEC: 366 mil


Neste domingo, França e Croácia disputam a final do Mundial 2018