terça-feira, 18 de julho de 2017

Matamos pessoas de frio e de desigualdade hoje

POR FELIPE SILVEIRA
Na semana passada, o Profissão Repórter mostrou um pouco da realidade de pessoas que moram na rua por N motivos. A imagem de uma criança tomando banho na água fria do metrô chocou muita gente. Outras nem ligaram, mas será que ainda são gente?

A imagem de pessoas em situação de rua, sejam elas crianças, mães, pessoas que perderam tudo ou outras em situação de drogadição não é novidade para quem se chocou vendo pela TV. Quem sempre se preocupou com os direitos básicos das pessoas sabe a dimensão do problema, os fatores causadores e o quanto estar na rua amplia os problemas dessa população que fica mais sujeita à violência, à falta de saúde, de educação…

E um comentário resume bem a contradição quando a questão é moradia: “Tanta gente sem casa, tanta casa sem gente”.

A quantidade de casas vazias poderia abrigar tranquilamente as famílias e pessoas que estão nas ruas, mas “nós” não queremos isso. Queremos a manutenção de um sistema que jogue gente na rua, sem importar se as crianças vão passar fome, tomar banho gelado e ficar doente. Ou se os mais velhos vão morrer de frio nas calçadas.

Hoje fez frio e muita gente ficou preocupada com gente na rua. Talvez até tenha doado algum cobertor, levado comida para alguém. É uma atitude louvável. Mas não é o que resolve o problema. Temos que resolver é este sistema que deixa pessoas sem casa e deixa as casas vazias.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

Joinville é uma cidade governada pelo achismo



POR JORDI CASTAN

Alguém realmente acredita que quando foi alterada a circulação frente ao Mercado Público, os decisores sabiam o que faziam? Ou que, quando da aprovação da LOT, alguém apresentou os estudos técnicos que avalizem as decisões tomadas pelos técnicos do extinto IPPUJ, da Câmara de Vereadores e dos próprios vereadores? Ou do aumento escandaloso da COSIP?


Os prazos de execução das obras públicas, os custos dos projetos ou a falta de relação entre o projetado e os resultados alcançados são exemplos de ignorância supina. E fica a pergunta: por que Joinville não levanta cabeça?

Com certeza há muitas razões para que Joinville esteja no atoleiro em que está metida. Uns dizem que a cidade anda em círculos. Outros que anda para trás, como os caranguejos. A verdade é que a cidade não sobrevive à comparação com cidades próximas em muitos quesitos, como segurança, mobilidade, qualidade de vida, saúde ou qualquer outro que utilizemos.

Assumo o risco de ser simplista demais, de reduzir o debate a um único critério. Mas mesmo assim vou propor uma análise sobre o processo de decisão municipal. É importante esclarecer que este processo de decisão e de tomada de decisão não é novo. Vem sendo praticado faz décadas e o resultado é que sem estudos, sem informações precisas e sem conhecimento adequado, as decisões tomadas pelos gestores municipais são puro achismo. 

O resultado não é o previsto, porque Joinville está cada dia pior. Um gestor precisa tomar decisões a cada dia. E, grosso modo, podemos dizer que há três processos que envolvem a forma de decidir. 

1. Há decisões das que sabemos os resultados. Esse é o jeito melhor e mais simples de tomar decisões. Se solto a bola que tenho na mão ela cairá no chão, não tem erro. O resultado da decisão é conhecido e não é preciso ser um Isaac Newton para saber.

2. Há aquelas em que os resultados são desconhecidos, mas as probabilidades são conhecidas. Em esse caso há um risco inerente à decisão que estamos tomando. É como entrar num casino e apostar, pois sabemos quanto estamos apostando e quais as probabilidades. Não há surpresas e não há resultados que possam ser alterados por uma terceira pessoa.


3. Finalmente há aquelas em que os resultados são desconhecidos, assim como as probabilidades. Isso é incerteza. É não saber o que vai acontecer como resultado das decisões que acabamos de tomar. É essa incerteza a que tem pautado as decisões tomadas em Joinville e que estão  transformando a cidade no que é hoje.

Os gestores acreditam que tomam suas decisões baseados no segundo modelo. Mas o fato é que estão prisioneiros do terceiro modelo, o da incerteza. Porque acham que estão tomando as decisões a partir do conhecimento as probabilidades, mas na verdade não as conhecem. Porque as ignoram, não têm a menor ideia de qual será o resultado e tampouco das probabilidades envolvidas.

Joinville poderia até se desenvolver se as decisões fossem tomadas a partir do risco, se houvesse um coeficiente de risco e os nossos gestores e os técnicos que os subsidiam e os abastecem com informações corressem riscos, riscos calculados, riscos conhecidos, riscos que a cidade pudesse correr.


Mas Joinville está gerenciada desde a ignorância, desde o desconhecimento, desde o mais puro achismo.  A cidade segue à deriva comandada por uma tripulação sem bússola, sem cartas náuticas e por comandantes que insistem teimosamente em sinalizar o rumo da barca sem conhecimento e guiados pela pertinaz ignorância. Por isso Sêneca esta mais atual que nunca: “Não há bons ventos para quem não sabe aonde vai”.

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Lula: ser solidário é estar contra a perseguição política


POR MARIA ELISA MAXIMO
Contra as reformas, contra a retirada de direitos e contra a condenação do Lula. Sim, uma coisa não exclui a outra e precisamos ocupar todos os espaços, na rua e por aqui.

Sem me arvorar em uma análise política profunda (que nem tenho propriedade para fazer), apenas partilho minhas singelas percepções: o repúdio à condenação do Lula não significa, neste momento, estar cego aos seu erros e à sua eventual parcela de responsabilidade no cenário que se apresenta.

Definitivamente, ele não está sendo condenado pelos seus erros enquanto presidente. Quem foi condenado ontem foi o líder político, metalúrgico, representante dos pobres, que curiosamente ainda representa uma ameaça aos interesses de uma elite política e econômica.

Por isso, o repúdio à condenação de Lula é análogo à defesa da democracia. Não se trata de "ter políticos de estimação". Aliás, que expressão mais tola e infantil, que só poderia vir de setores da direita bestializada que têm se esforçado para banalizar a política.

Estar solidária ao Lula é, agora, estar contra a perseguição política que criminaliza a esquerda e só a esquerda. É estar em defesa dos seus acertos, do pouco de justiça social alcançada e que está sendo aniquilada de forma galopante. Estar solidária ao Lula é, ao mesmo tempo, repudiar a mesma dinâmica persecutória que se concretiza nas escolas, dia a dia, pelas mãos da Escola sem Partido. Estar solidária ao Lula é estar em defesa de todos os presos políticos e de todas as vítimas da violência policial que escolhe seus alvos pela cor da pele, pelas palavras de ordem, pela cor da camisa e das bandeiras.

Do outro lado, a "selfie" com policiais, outrora viralizadas pelos manifestantes de final de semana, vestidos de verde e amarelo, equivale ao aceno camarada aos Aécios que não saem de onde estão independentemente do tamanho da mala de dinheiro, das delações, das provas.

Portanto, sair às ruas em defesa do Lula é arregimentar a pouca energia que nos resta na esperança de uma saída para 2018, contra uma "justiça" parcial e seletiva que, sem rodeios, não age "no combate à corrupção". Não é possível que alguém ainda acredite que seja isso...

Fora.