quinta-feira, 30 de março de 2017

Nón é burraco no rua, é um pista de testes

POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Tag, minha povo.

Xente, foceis virram os fotografias do rua Heinz Zientz, lá no bairro Fila Nofa? Para começar, é bonito ver um rua que tem a nome cheia de consoantes. Isso sim é a Xoinville que nós querremos, com nomes dignas do nossa histórria: Parucker, Doerffel, Bohem, Diringshoffen, Wititz, Schwoelk, Dohler, entre outras. Eu pergunto: quem é que quer morrar num rua Arraçá ou num Estrada Arataca? Ninguém.

Mas famos falar dos fotografias do rua lá no Fila Nofa. Foceis precison se informar melhor antes de sair por aí a falar mal da nossa querrida prefeito. Oufi disser por aí que aquelas burracos no estrada – que mais parece estrada nos burracos – fassem parte de um projeto com as fábricas de carros. Uma passarrinho me contou que o rua Heinz Zientz vai ser um pista de teste de suspensão de carros. Uma centro de pesquisas.

Pode acreditar porque é sérrio. E o pista esdá ficano tão bom que é capaz de os outros marcas também virrem para Xoinville fazer as testes de suspensón e amortecedorres. Mas eu xá fiz a minha pedido. Pode todos os marcas, menos a Volkswagen, porque esse coisa de “carro da povo” nón tem feiz aqui em Xoinville. A xente nón gosta dessa coissa de povo porque esdá cheia de kommunisten.

É como eu sempre digo. Foceis precisón parrar de criticar a nossa querida prefeito sem antes saber o verdade sobre as fotos. Parra que falar mal na Feicebuque? Isso é coisa da Xordi Castan, da Basso e da Cón Tarrada. É por causa dessas três que eu nem gosto de escrever aqui na blog. Allein ist besser als mit Schlechten in Verein: mit Guten in Verein, ist besser als allein. Antes só do que mal acompanhado.

Fico com fontade de dar uns porradas nessa xente que só sabe falar mal da nossa querrida prefeito. E tem mais: a Xordi Castan, a Basso e a Cón Tarrada nón són de Xoinville. Então nón podem falar. A Xordi Castan é espanhol, a Basso é portugueis e a Cón Tarrada vive no mundo do lua. Um dia eu pego eles pelo frente e famos ver... Nón se deve brincar com as poderosos. Mit großem Herren ist nicht gut Kirschen essen.



Um boa pista de teste de suspensón de carros

O Brasil mostrado em traços...














POR ET BARTHES
O Chuva Ácida apresenta uma seleção das charges que circulam pela internet. Começa pelos catarinas Sandro Schmidt (chargista do Chuva Ácida) e Frank Mais e passa por outras feras. Se, como dizem, uma imagem vale por mil palavras, eis uma boa maneira de "sentir" o Brasil destes dias.


























quarta-feira, 29 de março de 2017

A direita na kombi

POR FELIPE SILVEIRA
POR FELIPE SILVEIRA
Algumas passeatas do último domingo, chamadas pelo Movimento Brasil Livre (MBL), mal encheram duas kombis. Em algumas cidades reuniram milhares de pessoas, mas nelas se esperavam milhões. O que aconteceu? O que isso significa? A população acordou? O gigante voltou foi tirar uma soneca? A onda conservadora virou uma marolinha? Estaria a revolução bolivariana finalmente batendo à porta?

Não sei dizer o que houve, mas sei que fenômenos dessa natureza são mais complexos que continhas de dois mais dois. Que é tentador explicar as coisas a partir das nossas ideias, apertando a realidade aqui e ali para que ela caiba onde a gente bem entender, mas que isso não nos serve.

 Contudo, há algumas pistas que podem nos ajudar a entender melhor as coisas. A primeira delas é que, parece evidente, protestos baseados na demonização de uma figura (o PT, Dilma, Lula, o comunismo) percam força após ter alcançado o objetivo que era retirar essa figura do poder. A segunda tem a ver com a primeira. Se o objetivo maior foi alcançado, qual é o novo? Até agora pouca gente sabe o que o MBL foi fazer nas ruas no último domingo. A terceira pista tem a ver com o preço da propaganda na TV aberta. Até pouco tempo atrás, a propaganda era cortesia da emissora. Desta vez não rolou.

A partir daí, dizer que a onda conservadora diminuiu, ou que nem existiu, debochando do baixo número de presentes nas manifestações, me parece mais um deboche com a própria cara. Imaginar que a população que esteve nos protestos anteriores e ficou em casa neste tenha de alguma forma “acordado” é uma ilusão que a esquerda não pode se permitir. Pensar que estes brasileiros vão votar em um projeto progressista, democrático, inclusivo ou qualquer coisa parecida assim, do nada, é de uma preguiça imensa. E que vão sair as ruas para promover mudanças dessa natureza é simplesmente alucinação.

 O trabalho da esquerda é muito mais amplo e muito mais duro. Se a direita passou os últimos anos destruindo as noções de busca pela igualdade, de garantia de direitos, reconstruir tudo isso é um trabalho muito mais imenso. A começar por uma nova estética, por novas palavras de ordem, inclusive pelo não uso da expressão “palavras de ordem”.

Quando precisou, a direita colocou gente nas ruas. Agora, que não precisa mais, não adianta rir da direita na kombi. Somos nós que temos que encher as ruas.

terça-feira, 28 de março de 2017

Colônia.


Não há juízes popstars, "doutor Moro"

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Qualquer pessoa com um pouco mais de história lembra de outros tempos, quando os juízes eram para respeitar. Havia uma imagem de rigor, sabedoria e algum distanciamento, o que permitia confiar numa certa isenção (mesmo nos tempos mais fechados). Hoje isso mudou. Muito por culpa do escrutínio a que os juízes estão submetidos, mas também porque alguns perderam o foco e se converteram em popstars. Neste caso, o juiz Sérgio Moro é exponencial.

Há um evidente mau ambiente na relação entre o cidadão e a Justiça. E causa desconforto ver que as pessoas comuns sentem-se à vontade para desaforar publicamente um juiz. Não é preciso ir longe. É só dar um saltinho às redes sociais. Exemplos? Que tal ver os comentários sobre a recente ação de condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães? Os desaforos contra o juiz foram mais que muitos. As pessoas parecem ter perdido e o respeito e também o medo.

Uma rápida olhada mostra expressões como “juizeco”, “psicopata”, “valentão”, “desequilibrado”, “dono do Brasil”, “cretino”, “figura grotesca” e até um sofisticado “alienista” (alusão a Simão Bacamarte, delirante personagem machadiano). E vale lembrar que em tempos o próprio Eduardo Guimarães chamou Moro de “psicopata investido de um poder discricionário”. Depois da condução coercitiva, o jornalista Luís Nassif afirmou que a ação contra o blogueiro foi “um desejo pessoal de vingança” de Moro.

No entanto, isso é apenas o que vem a lume, porque em circuitos fechados como o WhatsApp, por exemplo, as pessoas não são meigas. É evidente que muita gente não engole o enfatuado juiz de Curitiba. A constatação entra em choque com as crenças do próprio juiz, que num vídeo recente defendeu que as suas ações à frente da Lava Jato têm apoio da “grande maioria, talvez da totalidade da população”. Há muita presunção nesta afirmação, claro.

Em contexto, a situação deve preocupar os cidadãos de bom senso (não são os tais homens de bem). A pessoa que desrespeita um juiz está na antessala do desrespeito pela Justiça. E como a Justiça brasileira tem dado evidências de, vez por outra, andar por caminhos tortos, o resultado tem sido a descrença dos cidadãos nas instituições. Ninguém ganha com isso. O estado democrático de direito precisa de instituições credíveis, nas quais o cidadão sinta que pode contar. É inegável que hoje a Justiça tem um déficit de confiança.

Em bom português, Sérgio Moro está a “por-se a jeito”. A falta de recato faz com que se torne um alvo para os opositores. As evidências surgem aos borbotões. Os registros fotográficos das suas aparições públicas mostram o juiz quase sempre cercado de pessoas com uma certa plumagem política. Aliás, a controversa fotografia ao lado de Aécio Neves no evento da IstoÉ tornou-se um dos momentos mais embaraçosos da história recente.

Poderia ficar a enumerar os desaforos de que o juiz é alvo. Mas não interessa. O facto é que ao entrar nas vestes de popstar, Sérgio Moro atrai as atenções e torna o escrutínio mais implacável. E, claro, os seus erros e contradições tornam-se mais evidentes. Apesar de ainda ser visto como um virtuoso por um certo público (os conservadores que anseiam por ver preso o ex-presidente Lula), talvez seja a hora de Sérgio Moro descer à terra.

É a dança da chuva.