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Adaptação de um post que circula no Facebook |
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Woody Allen tem uma frase engraçada. Diz que
na Califórnia o lixo não é jogado fora, mas reciclado na forma de programas de
televisão. Só que quando ele disse isso não havia internet e ainda menos as
redes sociais. Porque em países como o Brasil, hoje o lixo é reciclado na forma
de aberrações como o tal Revoltados Online.
Mas o que querem esses revoltados? Os caras
são contra Dilma. Isso é legítimo numa democracia. E pedem o impeachment
da presidente. Aí já entramos no plano da toupeirice, pois não há bases legais
(eles querem “porque sim” e isso, bem sabemos, não é suficiente). Mas o pior é que os caras distorcem os fatos e
mentem na cara dura. E aí é pura canalhice.
De qualquer forma, a existência dessa paranóia
online é legítima. Tanto que a coisa tem mais de 400 mil seguidores.
Inclusive há sete ou oito “amigos” da minha timeline lá na rede do Mark
Zuckerberg. O que não me tira o sono, uma vez que são pessoas que não conheço e
muito provavelmente nunca verei pessoalmente. Mas distorcer fatos não é legítimo.
Há um aspecto que me toca pessoalmente,
enquanto pessoa ligada ao design. O grafismo dos posts é tão ruim que parece feito
com os pés. O que nem chega a ser surpreendente. Sendo feito para analfabetos
políticos, é perfeitamente natural que o Revoltados Online também esteja em sintonia com os analfabetos visuais.
Enfim, se você quiser mergulhar no lixo online
da política, os revoltados são a resposta. Porque lá tudo é distorção. A começar
pelo dono da coisa. Um cara que, segundo li, não é exatamente alguém de quem
você gostaria de comprar um carro em segunda mão. Mas a medida exata das coisas pode
ser dada por um exemplo: enquanto o ex-presidente Lula é chamado “vagabundo”, o
execrável Jair Bolsonaro é tratado como herói.
E há mais. Vez por outra tem um vídeo de
Sheherazade que, nesta fase da Jovem Pan, parece disposta a detonar todas as
regras do jornalismo. E do bom senso. O rola-bosta Reinaldo Azevedo é outro queridinho. Os
pastores Silas Malafaia e Marco Feliciano são referências morais. E, claro, o derrotado
Aécio Neves é tratado como se fosse a consciência da nação.
Enfim, só gente boa. Ah... e tem aquela coisa que eles não param de
repetir: “povo vem para a rua”. Eu não iria tão longe. Bastava que esse povo
fosse para a escola ler livros e que deixasse de se informar apenas através de posts do
Facebook.