POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
De regresso,
depois de uma semana pelo interior de Portugal a trabalhar num projeto de comunicação
na área do turismo. A viagem permitiu fazer comparações com o turismo de
Joinville. Vi alguns lugares com menos pontos de interesse, mas que conseguem atrair um número muito
interessante de visitantes. Qual o segredo?
Sem querer
simplificar demais, os caras acertam onde Joinville tem falhado ao longo dos
anos. E a coisa começa pelo mais básico. Turismo é um negócio e os negócios
precisam de produtos. O problema é que Joinville não tem produtos turísticos. E
antes que alguém comece a questionar, deixo clara a minha posição: é preciso não
confundir política de turismo com um simples calendário de eventos.
O turismo é uma
importante fonte de receita – direta e indireta – e merece ser olhado como um setor estratégico. O problema de base em Joinville é
que não se faz turismo com ideias provincianas, como tem acontecido ao longo
das últimas décadas. E quando digo provincianas estou a falar de um estado
mental e não geográfico. Se você pensa pequeno, os resultados serão pequenos.
É preciso elaborar produtos de forma a aproveitar o potencial da cidade. É
preciso dar racionalidade a esses produtos. É preciso saber comunicar esses
produtos. É preciso estimular o empreendedorismo na área. É preciso pensar na
atração e na retenção do turista. É preciso pensar na marca Joinville sob a
lógica do turismo. Enfim, é preciso ter uma verdadeira política para o setor.
Então, o que falta para o turismo de Joinville? Em primeiro lugar, é urgente investir numa nova abordagem, delinear uma estratégia e buscar soluções que apostem na inovação. E para isso é obrigatório fugir às velhas e desgastadas fórmulas. Porque, está comprovado,
elas não funcionam. É possível fazer bom turismo, desde que com criatividade,
planejamento e uma boa execução. E, claro, com um pouco de ambição.
Não faço ideia
de quem vai ocupar a área na futura administração, mas uma coisa é certa: não será com nomes do passado
– como alguns que já estão a ser lançados aqui e acolá – que a cidade vai dar
um salto de qualidade nesse plano. Porque a primeira medida deve ser a ruptura
com esse modelo ineficiente que já dura há décadas.
É claro que não
dá para fazer mudanças radicais no curto prazo, mas é bom que alguém se
preocupe em dar um rumo para o setor. E esse rumo tem que apontar para a
modernidade a para uma profissionalização a sério. O potencial turístico existe. É só alguém saber desenvolver uma política que permita aproveitar todo esse potencial. Mas repito: política para o turismo é uma coisa, calendário de eventos é outra.