segunda-feira, 21 de maio de 2012

Uma pessoa muito zangada (sic)







E já que o tema são as luminárias, eis o exemplo de alguém que não está nadinha contente. Caso não consiga ler, o texto é o seguinte:
"Uma palhaçada que o Sr. Carlito Mers (sic) fez com os postes da cidade de Joinville. Cade (sic) o MP que não vê que é propaganda para o PT? Alguém sabe quanto custou (sic) esses postes?
Essa cor vermelha ficou ridículo (sic) que nem a cara do PT.
Vê se nas próximas eleições votem (sic) no PT de novo!!!!
Curta e compartilhe para uma Joinville melhor.

Em tempo: sic (latim, sik = assim) indica que o texto original é assim, por errado ou estranho que pareça.




Luminárias vermelhas: mais uma tramóia do PT

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Notícia bombástica. O prefeito Carlito Merss pode ser alvo de pedido impeachment pelo Ministério Público, que está a investigar as denúncias envolvendo o novo sistema de iluminação na avenida Beira-Rio. O caso é gravíssimo e pode revelar uma maquiavélica conspiração articulada pelo prefeito, os seus sequazes do Partido dos Trabalhadores e até gente de fora, como gostam de dizer os nossos radialistas.

Eis a tramóia. As luminárias da avenida Beira-Rio têm que ser vermelhas por uma razão: elas impedem a difusão da luminosidade e direcionam a luz das lâmpadas, que emitem raios hipnóticos (conhecidos como raios pathso). A coisa funciona assim: sempre que um eleitor desavisado passar pelo local à noite, os raios penetram na retina e colocam a pessoa em transe. E qual o objetivo? É que durante o transe a pessoa decide votar em Carlito Merss nas próximas eleições.

A informação foi passada a este jornalista por uma fonte fidedigna (aliás, em Joinville todas as fontes são fidedignas) que denunciou o esquema. O plano foi elaborado com o apoio tecnológico de xiitas da célula terrorista chamada Inferno Vermelho (نت البلهاء), que têm o quartel-general clandestinamente instalado no subsolo do prédio da Prefeitura. O plano dos terroristas é impor uma ditadura petista no Brasil, a partir de Joinville.

Ainda segundo essa mesma fonte, o único problema é que o plano de Carlito Merss revelou uma falha: os adversários (em especial alguns tucanos, que são  indivíduos de QI mais elevado)  são refratários aos raios hipnóticos e começaram uma campanha de denúncia através da imprensa e das redes sociais.

VOCÊ VAI MUDAR O SEU VOTO? Você, leitor e leitora, que leu este texto até aqui já percebeu que é uma escancarada paródia, puro escracho. Mas estou apenas a reproduzir o nível de besteirol que temos assistido por causa das tais luminárias. Catso, tem gente achando que o vermelho é parte de uma estratégia de comunicação do PT. Daqui a pouco dizem o mesmo do Papai Noel, da camisa do JEC ou do pôr-do-sol. Ah... os olhos de Satanás não são vermelhos?

Há idiotia para todos os gostos. Aliás, até já li um cara a dizer que, por causa das luminárias tinha vergonha de morar em Joinville. Ora, se é por falta de adeus: a rodoviária é no bairro Atiradores, o aeroporto na Santos Dumont e todos os caminhos vão dar à BR-101. Outro tipo estava indignado, não apenas com aquilo que chama “propaganda” do PT mas porque o Ministério Público deixou passar essa barbaridade e não tomou providências.

Não bastassem os pacóvios comuns, também há políticos e uns tipos da imprensa a dar eco ao besteirol.  O que mostra bem o nível de qualidade intelectual dessa gente que quer apontar os destinos na cidade. Ei, vocês não têm mais o que fazer a não ser babar na gravata? Que tal trabalhar a sério em vez de perder tempo com o nada, com fait-divers, com oba-oba?

Fala sério. Você acha mesmo que o fato de as luminárias serem vermelhas vai fazer algum eleitor votar no partido do prefeito? Você é tanso ao ponto de mudar o seu voto por causa da cor das luminárias? Ora, o que se conseguiu, até ao momento, foi levar um monte de abestados a invadirem as redes sociais com as mais estapafúrdias teorias.

Uma coisa é certa. Essa gente quer tanto parecer "primeiro mundo" que já está a importar o conceito de silly-season. Ok... a silly season começou... e as eleições ainda estão longe

sábado, 19 de maio de 2012

Acesso à justiça mais difícil para os pobres


POR ROBERTO J. PUGLIESE
O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo peça estratégica para que se decrete jurisdição, impondo-se necessariamente atuação dinâmica com liberdade no seu exercício, limitado apenas à própria consciência, sem qualquer vinculação ou limites que inibam condições indispensáveis para a concretização do múnus social da profissão, salvo as regras próprias impostas pelo ordenamento jurídico vigente.
A Constituição Federal, diante da condição fundamental para a defesa de interesses privados, impõe aos Estados, Distrito Federal e à União, a criação de Defensoria Pública para representar judicialmente e assessorar extrajudicialmente aqueles considerados hiposuficientes nos termos da lei federal.
A Defensoria Pública é, pois, órgão estatal independente destinado a promover a defesa dos pobres, coletiva ou individual, inclusive nos embates contra o Poder Público, fortalecendo assim os direitos individuais e o regime democrático. Trata-se de órgão técnico abalizado a dar sustentação jurídica aos necessitados que não dispõem de meios econômicos para custear processo judicial para defesa de seus direitos.
Santa Catarina não dispõe de Defensoria Pública. O Estado mantém, numa tentativa de substituí-la, convênio com a OAB, que indica advogados para a  promoção da defesa de interesses privados daqueles que não podem arcar com os custos processuais. Trata-se de paliativo incompleto, pois muitas das atribuições constitucionais da Defensoria não são incluídas nas atividades previstas no convênio, deixando um claro perigoso que impede, muitas vezes, prática de medidas que melhor e de modo mais célere decrete-se a justiça, quer atendendo reclamos individuais, quer no âmbito dos interesses coletivos e igualmente nos pleitos da sociedade civil, de interesses indistintos.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal por unanimidade decretou a legislação estadual que rege o dito convênio inconstitucional, escamoteando assim a legitimidade dessa prática e impondo que no prazo de um ano se institua a Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina. Decisão coberta de méritos que impõe a vergonhosa condição de ser a única unidade federativa agindo oficialmente ao arrepio da Constituição.
Reconhecida a situação de inconstitucionalidade da prática e execução do convênio, a Fazenda Estadual não tem como remunerar a OAB e esta repassar aos advogados que prestam o serviço de assistência judiciária, provocando intrincada consequência jurídica de contornos políticos. Os profissionais, salvo alguns poucos abnegados, em sua grande maioria não mais atendem os pobres, deixando-os à própria sorte.
Ninguém tem obrigação de prestar serviço sem remuneração. Os hiposuficientes não dispõem de meios para custear suas demandas ou defenderem-se das que lhes são intentadas. Vislumbra-se o caos.
Enfim, sem delongas o povo mais humilde vive momentos difíceis, inclusive a massa de advogados que sobreviviam dos honorários que percebiam em razão do convênio suspenso. Situação crítica que exige providencia imediata em defesa da estabilidade e da paz social que se traduz na insegurança geral que propicia arbitrariedades e oficializa e fomenta a prática de injustiças dos maiores contra os menores.
Roberto J. Pugliese
Advogado, professor de Direito, autor de livros jurídicos, ministra palestras. Sócio de Pugliese e Gomes Advocacia.
www.pugliesegomes.com.br
http://vidaexpressovida.blogspot.com/