terça-feira, 18 de julho de 2023
Se Floripa vai ter o Dia do Batman, Joinville devia ter o Dia do Riquinho
sábado, 15 de julho de 2023
Joinville não gosta de Lula, Lula gosta de Joinville
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A notícia foi veiculada em junho. A Secretaria de Saúde de Joinville aderiu ao programa Mais Médicos, com um pedido para a contratação de 51 médicos (é um número esquisito, mas todos sabemos que 51 é uma boa ideia). O Mais Médicos, agora retomado pelo Governo Federal, é um projeto vantajoso para os municípios, já que a prefeitura paga apenas os auxílios moradia e alimentação, com o Governo Federal assumindo as outras despesas.
Muita gente podia imaginar entraves por parte do atual Governo Federal. Afinal, Joinville é um dos redutos mais bolsonaristas do país. É irônico lembrar o azedume revanchista do ex-presidente, que discriminou os governadores da região Nordeste, onde teve menos votos. Em 2019, ele afirmou que muitos dos governadores nordestinos "são socialistas". "Eles vão ter que falar que estão trabalhando com o presidente Jair Bolsonaro. Caso contrário, eu não vou ter conversas com eles", disse.
Mas no caso de Joinville não houve qualquer entrave. Ainda esta semana, apenas um mês depois, o município soube que o pedido tinha sido aprovado e que os médicos iriam ser contratados. Qual a diferença entre Bolsonaro e Lula da Silva? É que Lula segue uma lógica muito clara: o presidente governa para todos os brasileiros, mesmo os que não gostam dele e não votaram nele. Lula segue o mais elementar espírito republicano, algo que o inelegível Bolsonaro nunca praticou e sempre desprezou.
A previsão é de que os médicos do iniciem as atividades até ao final deste ano. Mas não vamos fazer de contas que muita gente ligada à esquerda não conseguiu esconder um certo sorriso. Porque, cá entre nós, não deixa de ser um tapa com luva de pelica no pessoal que odeia o atual presidente. Lula, que é odiado, faz o bem para a cidade. Bolsonaro, que é amado e até recebeu uma machadinha, sempre cagou e andou para a cidade e nunca trouxe qualquer contributo para a vida dos joinvilenses. Ironias...
Só faltava o presidente Lula criar o programa Mais Jardineiros. Isso sim ia fazer a felicidade da administração pública em Joinville.
É a dança da chuva.
sexta-feira, 14 de julho de 2023
Os meus filhos
quinta-feira, 13 de julho de 2023
Lugar de milico é nos quartéis, não nas escolas
terça-feira, 11 de julho de 2023
Ei, Eduardo Bolsonaro, vai se f...
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Há coisas que nem o diabo acredita. E não é que o deputado Eduardo Bolsonaro foi associar os professores a traficantes de drogas? O tipo disse disse que os pais precisam estar atentos a professores doutrinadores e que eles podem ser piores do que quem sequestra crianças para o tráfico. A fala surpreende? Não. Estamos a falar da tática de "dog whistle", usada para mobilizar o gado.
A família Bolsonaro é um caso típico de “dark factor”. Não sabe o que é? É uma teoria da psicologia que busca descrever um conjunto de características da personalidade associadas a comportamentos e tendências ruins. Também conhecido como “D-factor", ele se baseia na ideia de que existem traços negativos que são compartilhados e que podem influenciar uma série de comportamentos antiéticos ou imorais.
Eduardo é uma expressão de Jair. Aliás, no Brasil eu me atreveria a chamar “B-Factor, numa “homenagem” à alma sombria dos Bolsonaro. O conceito surgiu de estudos que tentavam explicar o comportamento humano negativo. As conclusões são baseadas em pesquisas que identificaram uma correlação entre diferentes traços de personalidade negativos, como o narcisismo a psicopatia e o sadismo.O "dark factor" fala de indivíduos com traços psicopáticos que podem ir da falta de empatia a comportamentos destrutivos. Vejam lá se estes fatores não correspondem ao bolsonarismo raiz: a falta de empatia, o uso da manipulação e da mentira, o comportamento impulsivo, a busca por poder e controle ou mesmo as práticas antiéticos. Se fosse uma aposta era jackpot.
É claro que o deputado estava a falar para os bolsonaristas. Porque ainda há muita gente receptiva a esse tipo de discurso. Aliás, sem querer psicanalisar, não foi Bolsonaro que fez essas pessoas ficarem más, ele apenas libertou a maldade que estava reprimida em cada uma delas. A identificação com líder ocorre quando os seguidores projetam suas esperanças, aspirações ou a própria maldade nessa figura.
O exemplo dos Bolsonaro permite lançar a suspeita de que a maldade pode ser genética. É tudo ruim. E pensar que esse Eduardo Bolsonaro é considerado o "intelectual" da família. Enfim, eu, como professor, só tenho uma coisa a dizer ao deputado. E vou escolher a forma mais acadêmica e letrada possível: “Ei, Eduardo, vai se foder, seu bosta”.
É a dança da chuva.
![]() |
Eduardo Bolsonaro: a favor das armas, contra os professores |
domingo, 9 de julho de 2023
Socorro! Há um comunista debaixo da cama
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
O povo de Santa Catarina morre de medo de comunismo. E há políticos que estimulam essa doideira, como a deputada Júlia Zanatta, aquela das florzinhas. Credo! A mulher é mais bolsonarista que o próprio Bolsonaro. “Os deputados que votaram pela Reforma chancelaram ao Conselho Soviético a possibilidade de editar Lei Complementar. Não existe mais Constituição no país”, afirmou.
Conselho Soviético? Mas o tema não era a Reforma Tributária? Que raio de deambulação mental permite introduzir os sovietes na equação? Até estaria tudo bem se não estivéssemos a viver num tempo em que a União Soviética não é União e muito menos Soviética. "Todo poder aos sovietes", diria alguém com a memória num longíquo 1917. Entenderam a deputada? Não? Tudo bem. Ninguém entende.
Lula é o inimigo a abater. O atual presidente é o "comuna-mor", a encarnação de todo esse medo. É como se à noite Lula se transformasse num super-vilão que sai pelas ruas obrigando todas as pessoas a usar estrelinhas do PT. E como se fosse um Freddy Krueger vermelho, que invade os sonhos burgueses para pregar o comunismo. Enfim, esses comunas são bandidos capazes de qualquer crueldade.
E o mais divertido. Os anticomunistas falam sobre comunismo sem jamais terem lido um texto. É como um jogo de telefone sem fio, mas em vez de palavras, eles passam e repassam estereótipos e caricaturas. Imaginam barbudos comunistas tentando implantar o regime soviético. Enfim, o medo do comunismo só não é maior que a burrice voluntária desse pessoal. Ninguém faz a mais pálida ideia do que está a falar.
Quem entra numa rede bolsonarista é logo capturado pelo anticomunismo mais primário. E nem vale a pena tentar argumentar porque são estados mentais muito rudimentares. É como no “Complexo do Pombo”: discutir com essa gente é o mesmo que jogar xadrez com um pombo. Ele derruba as peças, caga no tabuleiro e sai voando a cantar vitória. Então, rir (deles) é o melhor remédio.
É a dança da chuva.
sexta-feira, 7 de julho de 2023
Ah, Santa Catarina, sua ingrata...
![]() |
Bolsonaro veio passear, causou aglomeração e não trouxe dinheiro. Mas mesmo assim é amado pelos catarinenses. |
quarta-feira, 5 de julho de 2023
Falar no diploma de Lula é só conversa para boi dormir
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
segunda-feira, 3 de julho de 2023
Bolsonaro na Prefeitura de Joinville... já!
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Jair Bolsonaro se ferrou. Ficou inelegível e a previsão é de que o seu futuro passe pela cadeia. Desde a leitura da sentença, o choro dos bolsonaristas ainda não parou e as redes sociais estão inundadas pelas lágrimas dessa gente. Depois de tantos malfeitos, os bolsonaristas continuam na defesa do seu “mito”. Faz sentido, uma vez que “mito” e “mentira” são sinônimos. Afinal, quando algo não é verdade, a gente diz: “isso é mito”. Ou não?
Fiquei curioso para saber as reações em Joinville, onde 76,6% votaram no sujeito. Dá o que pensar: já imaginaram que entre cada 10 pessoas há 8 bolsonaristas? É uma cidade difícil para encontrar amigos com dois dedos de testa. O rio Cachoeira também deve ter transbordado com as lágrimas dessa gente. E por falar no rio e em alagamentos, uma das reações que mais chamou a atenção foi a do prefeito da cidade.
Logo após a leitura da sentença de inelegibilidade (eita palavrinha disgramada), o prefeito de Joinville (do partido que se diz novo mas é velho e se diz liberal mas é ultraconservador) vestiu a pele do rapaz cordial e insinuou que a Justiça estava a exagerar na punição. O digníssimo prefeito correu para a sua conta do Twitter em defesa de Jair Bolsonaro, mesmo sem citar o seu nome.
“A liberdade de expressão é um direito constitucional de todos os brasileiros. É lamentável que pessoas sejam julgadas e condenadas unicamente por expressarem suas opiniões. Defendo uma democracia com liberdade de diálogo e de opiniões”. Ora, a nota do prefeito é inconsistente, banal e vazia. Ou seja, em termos de ideias é uma mão cheia de nada. Serve apenas para deixar clara a sua opção bolsonarista.
A inelegibilidade de Bolsonaro parece importante para o prefeito, porque ele raramente aparece na rede do Elon Musk. Desde 2019 foram apenas 42 tuítes sobre assuntos que sequer pedem comentários. Mas se a preocupação é tão grande, fica aqui a sugestão: arranjar um lugar para Bolsonaro no segundo escalão da administração municipal. Afinal, não são cargos “elegíveis” e a escolha podia fazer muito pelo marketing da prefeitura.
E como estou a dar a sugestão, tomo a liberdade de ir mais longe: que tal oferecer a Secretária da Saúde, uma área na qual o ex-presidente tem enorme expertise. Mas faço um aviso: tem que ser rápido, porque a cada dia que passa a porta da cadeia se abre um pouco mais para Bolsonaro. A não ser, claro, que o deputado Zé Trovão, outro representante da cidade, e os seus parceiros consigam fazer passar o projeto de anistia para o ex-presidente.
É a dança da chuva.
quarta-feira, 28 de junho de 2023
Em inglês, os caras até parecem gênios
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Pensamento é linguagem. Quando a gente está a pensar usa palavras e daí a importância de saber o valor exato de cada uma delas. É também uma forma de defesa, porque manipulação das palavras é uma das marcas do capitalismo. Ou seja, é uma estratégia ligada à construção de narrativas que visam proteger e promover os interesses econômicos e comerciais.
A introdução de léxicos estrangeiros, sobretudo do inglês, é uma prática comum no meio empresarial. Já notaram que idiotice dita em inglês fica logo parecendo uma coisa do outro mundo. Mesmo as piores sacanagens ficam parecendo obras de anjinhos. Os gurus da economia, por exemplo, usam e abusam. Duvida? Então vamos ver alguns exemplos de coisas que, em inglês, assumem significados quase inofensivos.
Downsizing – Na língua dos administradores significa uma inocente redução dos níveis hierárquicos de uma empresa. Mas em linguagem de gente quer dizer que algum gestor inepto não soube fazer o seu trabalho e, para salvar o couro, teve que fechar departamentos e demitir uma porrada de gente. Há uma diferença entre dizer “o cara demitiu funcionários” ou “o administrador procedeu a um downsizing na empresa”. Em inglês, o sujeito até parece um Einstein.
Outsourcing – É a tal “terceirização”: uma empresa compra soluções a outra empresa. Ou seja, demite os seus funcionários (que tinham custos laborais e outras coisas mais), perde o know-how acumulado e passa a comprar de outro sujeito que produz com custos menores. E por vezes com os mesmos trabalhadores que foram demitidos.
Team building - É uma estratégia para motivar os trabalhadores e, desta forma, melhorar as performances no trabalho em equipe. O team building pressupõe uma série de atividades em que a colaboração entre trabalhadores e o eixo central. Na realidade são ações que contam com benefícios fiscais e pouco custam às empresas.
Outplacement – Isso acontece depois das demissões do tal downsizing. É quando se tenta recolocar um ex-trabalhador numa outra empresa. Dito em língua de gente simples quer dizer: “Nós te demitimos e estamos nos cagando para ti. Mas somos simpáticos e até indicaremos um consultor para te orientar. Também vamos escrever umas cartinhas para levares a outras empresas. No fim vais achar que nós, que te demos com o pé na bunda, somos mais bonzinhos que a Madre Teresa de Calcutá”.
Empowerment – É empoderamento em português. Significa dividir o poder de decisão com o grupo de trabalho. É uma forma de um superior se livrar de tarefas chatas e passar a batata quente para as mãos dos subordinados. E o chefe sempre tem alguém para pôr a culpa se a coisa sair mal.
Benchmarking – Parece sofisticado, né? É tomar decisões a partir do exemplo de outras empresas. Ou seja, quando um administrador não tem a menor imaginação, ele copia os outros. Copiar é mau. Mas um cara que faz “benchmarking” é capaz de acabar candidato ao Nobel de Economia (que, por sinal, é um equívoco, porque só há Nobel de Física, Química, Medicina, Literatura e Paz).
É a dança da chuva.
Or rephrasing, it's the rain dance.
![]() |
Foto: Ron Lach |