POR JORDI CASTAN

Temos nos acostumado a avançar de forma espasmódica, a saltos. Se fosse bom, alguns poderiam dizer que avançamos a orgasmos. Mas não são orgasmos, porque não há gozo, só frustração. Temos desenvolvido a cultura do operativo e feito dela um modelo de gestão, que em Joinville cunhou o neologismo “geston”. Quem é daqui entende.
Aumentaram os assaltos no centro da cidade? Durante uns dias
se monta um operativo e com grande movimentação de policiais, automóveis com sirenes e giroflex ligadas, motocicletas para cima e para baixo em alta velocidade e, se for preciso, até a cavalaria é colocada nas ruas para criar a impressão que
se esta fazendo alguma coisa. Resolve? Provavelmente não muito, mas a impressão
que fica é a de que se esta fazendo alguma coisa.
As ruas estão esburacadas, há mais remendo que asfalto
original e a maioria delas não tem mais de 10 anos de asfaltadas. Será que não deveríamos
prestar mais atenção à qualidade do asfalto? Quanto tempo deveria durar um asfalto
sem começar a se desintegrar? Melhor não fazer muitas perguntas. Não seja que
acabemos averiguando que o asfalto, esse que não dura e que recebeu o
apelido de “casca de ovo”, foi executado na gestão de um futuro aliado político.
Nada que não possa ser resolvido com uma nova “Operação Tapa-Buracos”.
O mato toma conta de parques e praças? Pois chegou a hora de
pedir ajuda aos apenados e roçar tudo. Em poucos dias fica tudo roçadinho e com
cara de limpo, o que não vai durar muito. E na roçada também foram cortados os
canteiros de flor e arrancada a metade dos arbustos. Não é importante o
operativo: “apenados contra o mato” foi um sucesso e, no próximo mês, teremos uma
nova edição do mesmo operativo em outra praça.
A escola tem goteiras, os banheiros estão em péssimo estado
e precisando uma mão de pintura? Nada de fazer manutenção preventiva, nada de
ir reparando aos poucos. O certo é contratar um grande programa de reforma de
todas as escolas e assim poder lançar um pomposo operativo, seja o "Pacto por
Santa Catarina", os famosos PAC ou o "1, 2, 3 ou 4 tanto faz". Vivemos a
base de choques de gestão. E o paciente depois de levar tanto choque não está reagindo mais.
A ideia do operativo está enquistada na nossa cultura. Somos levados a acreditar nos discursos marqueteiros e fantasiosos dos políticos candidatos, que falam de milhares de escolas, de centenas de creches ou de dezenas de novas ambulâncias para melhorar a saúde. E não verificamos o quanto há de verdadeiro. Abominamos a manutenção preventiva, o cuidado diário, o fazer bem feito sempre e substituímos por esses pirotécnicos e custosos operativos que custam
fortunas e são pouco eficazes. E nos levam a acreditar que uma boa manutenção que
dizer que quando algo estraga é trocado rapidamente.
Não ocorre a ninguém e que a boa manutenção é aquela que faz com que as ruas se mantenham sem buracos, seguras, os canteiros floridos, as lâmpadas acessas, as faixas de pedestres pintadas e os telhados das escolas, os PAs e dos demais edifícios públicos sem goteiras e os corredores livres de baldes a cada trovoada?
Não ocorre a ninguém e que a boa manutenção é aquela que faz com que as ruas se mantenham sem buracos, seguras, os canteiros floridos, as lâmpadas acessas, as faixas de pedestres pintadas e os telhados das escolas, os PAs e dos demais edifícios públicos sem goteiras e os corredores livres de baldes a cada trovoada?