terça-feira, 13 de setembro de 2016

Udo versus Carlito: o que se passou com o PA do Vila Nova?



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O assunto parecia esquecido. Mas o ex-prefeito Carlito Merss, outra vez candidato à Prefeitura, abriu o baú das lembranças e reintroduziu o tema do PA do Vila Nova na agenda política. Num dos seus programas eleitorais, o petista diz que o terreno estava comprado e havia recursos do Governo Federal para iniciar a construção dessa unidade de saúde. Mas tudo mudou.

Carlito Merss aponta o dedo ao prefeito Udo Dohler, que interrompeu a execução do projeto e “devolveu o dinheiro” para o Ministério da Saúde. Em seu entender, a obra é necessária porque, entre outras coisas, o PA do Vila Nova permitiria diminuir a pressão sobre o hospital São José, que mostra sinais inequívocos de insuficiência. Diz  Carlito Merss:

“A verdade é que a atual administração disse que esse PA não era necessário. Ela simplesmente abriu mão e devolveu o dinheiro. Eles acharam que não era necessário e devolveram o dinheiro para Brasília. Todo mundo sabe que o São José vive superlotado. Não existe solução mágica, mas tem ações que vão diminuir esse problema. A construção do PA lá no Vila Nova atenderia a região de desafogaria um pouco o nosso São José”.

Pouco tempo depois, Udo Dohler divulgou uma nota nas redes sociais a esclarecer a opção pela não construção do PA do Vila Nova. Eis a explicação do atual prefeito:

- O Ministério da Saúde indica um PA a cada 200 mil habitantes;
- O Ministério da Saúde hoje subsidia apenas o PA Leste no município;
- Hoje Joinville possui três PAs, sendo que dois deles são custeados 100% pelo município;
- A obra orçada pelo governo Carlito havia previsto apenas os custos para a parte inicial da obra, desconsiderando os custos da totalidade da obra e sua manutenção;
- No local está em fase de finalização um novo projeto do Posto de Saúde Vila Nova II, que será o quinto da região.

A nota faz um esclarecimento formal. No entanto, não disfarça o fato de ser uma decisão economicista. É um terreno movediço para Udo Dohler. Afinal, as pessoas não olham para a própria saúde como quem está a olhar para números numa folha de Excel. No extremo, imaginem o prefeito numa fila a explicar aos doentes: “olha, eu não fiz a obra do Vila Nova porque os caras lá em Brasília dizem que um PA para cada 200 mil habitantes é suficiente”. Será que colava?

A explicação não cola para Antonia Grigol, secretária de Saúde na gestão de Carlitos Merss. Segundo ela, na época de análise do projeto a estimativa da população em Joinville para 2016 era de mais de 560 mil habitantes (o que se confirmou). E o dinheiro? “A primeira parcela foi depositada em 2012 com a finalidade de ajustes do terreno e projetos. À medida que o projeto fosse sendo concluído o MS ia liberando o dinheiro”, diz Antonia Grigol.

A decisão de Udo Dohler pode até ser entendida do ponto de vista da gestão de caixa da Prefeitura. Mas há custos políticos a contabilizar: nenhum prefeito é eleito para não fazer. Os eleitores têm dificuldade em conviver com expressões como “parar as obras” ou “devolver dinheiro”. A propósito, são notórios os comentários nas redes sociais sobre a imagem de “mãos limpas” usada na campanha. Muita gente diz que Udo Dohler é o prefeito que “não rouba, mas não faz”.

O que o eleitor espera de um eleito? Ora, a função de um prefeito é fazer acontecer. E correr atrás de recursos. Tentar, tentar, tentar. É uma fragilidade evidenciada no comunicado de Udo Dohler, porque passa a ideia de que desistiu mesmo antes de tentar fazer. Os eleitores olham os desistentes com desconfiança. E não podemos esquecer o timing. Falar na “finalização um novo projeto do posto de saúde” em tempos de eleições pode soar a banha da cobra.

Eis a questão política. O que o eleitor acha melhor: mãos limpas ou mãos à obra? 


É a dança da chuva.




segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Venham mais cinco








POR FELIPE SILVEIRA

Já imaginei, planejei e executei algumas dezenas de projetos nesta curta existência de 31 anos. Quase todos morreram na casca, outros tiveram curtíssima duração e alguns ainda estão em fase de planejamento. Dentre todos esses que falharam ou nem nasceram há uma exceção que muito me orgulha: o Chuva Ácida completa, em setembro, cinco anos.

Ok, cinco anos ainda é idade tenra, concordo. Mas para um blog coletivo, voluntário, que há cinco anos publica um texto novo diariamente (com raríssimas falhas, e eu assumo a culpa por 85% delas), é coisarada. É texto pra mais de metro. Pra mais de quilômetro.

São cinco anos propondo o debate, o pensamento crítico, o contraditório. Cinco anos fiscalizando o Executivo e a praticamente ignorada Câmara de Vereadores. Cinco anos valorizando os movimentos sociais e os direitos humanos. Divulgando as manifestações de rua e as lutas coletivas (mesmo que muitas vezes solitárias) pelas causas que valem a pena. Apontando a violência policial, o preconceito e a safadeza daqueles que só querem lucrar com a cidade-negócio. Cinco anos propondo ideias para construir uma cidade e uma sociedade diferente.

Dá trabalho. No meu caso, foram muitas madrugadas olhando a tela em branco sem ieia do que escrever, mesmo que há poucas horas do horário combinado para a publicação. Aliás, eu levantei da cama e liguei o computador há pouco, pois havia esquecido de escrever este texto que você está lendo. Dá trabalho, mas a gente faz com prazer e fica feliz quando tem alguém por aí.

A experiência de escrever para o Chuva Ácida implicou algumas renúncias e riscos. A inimizade de alguns, a vigilância de outros e estupidez dos anônimos que se apaixonam. Porém, essa experiência trouxe inúmeras coisas boas. Amizades, reflexões, aprendizados, alguma disciplina (embora não seja o meu forte) e o contato com centenas de pessoas que interagem com o blog, que comentam, que entraram para a equipe e que compartilham conosco do projeto Chuva Ácida.

Se chegamos aos cinco anos, é por causa desse tanto de gente que não nos deixa na mão. O mérito é coletivo, embora carregue alguns sotaques lá da Península Ibérica. Que venham mais cinco, que venham muitos anos pela frente e muitas gentes para compartilhar desta experiência. Parabéns pra nós e vida longa ao Chuva Ácida.

Sujou!


sábado, 10 de setembro de 2016

Um debate sobre a mídia. Boa leitura.















Os textos estão logo abaixo. Boa leitura.

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Darci de Matos














POR DARCI DE MATOS


“Toda unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”. Esta frase do polêmico escritor Nelson Rodrigues exprime com perfeição o que se passa com a imprensa. A invenção dos tipos móveis por Gutenberg possibilitou uma revolução na informação. O conhecimento não mais ficava restrito a um pequeno número de iluminados. O resultado disso, principalmente após a Revolução Francesa, foi o surgimento de governos mais comprometidos com os interesses populares. E a imprensa teve um papel fundamental para este avanço.


O Brasil entrou atrasado nesta revolução do pensamento, pois somente em 1808, com a chegada da família imperial, foi permitido instalar a primeira gráfica no país. Após a independência, não foi fácil praticar um jornalismo independente, que não estivesse amarrado aos interesses dos poderosos. Esta situação permanece até os dias atuais.


Portanto, é com satisfação que vejo o blog “Chuva Ácida” chegar ao quinto ano de existência. Como o próprio nome indica, o blog não veio para bajular os poderosos e, consequentemente, angariou um rol de desafetos. Isto não enfraqueceu o blog, mas o fortaleceu, pois foi uma injeção de oxigênio na mídia.

O político não pode temer uma imprensa independente. Se houver algum exagero por parte de algum articulista, há meios legais para corrigir os excessos. A liberdade de imprensa é a pedra fundamental de qualquer democracia. Onde não há crítica significa que não há liberdade. Gosto muito de uma frase de Santo Agostinho, que expressa o meu pensamento: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem”.


A natureza se sobressai pela sua diversidade. Assim também deve acontecer com o pensamento. As nações que garantiram a liberdade de pensamento tiveram um grande impulso no seu desenvolvimento. Em nossa cidade, este desabrochar de novas mídias, como o “Chuva Ácida”, é uma prova de vitalidade da sociedade. As novas ideias representam o fermento da democracia, garantem o seu fortalecimento. Parabéns aos que contribuem para dar vida a este belo projeto.







Darci de Matos
é deputado estadual
https://www.facebook.com/depdarcidematos1?fref=ts

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Dr. Xuxo



POR JOSÉ ALUÍSIO VIEIRA (DR. XUXO)


Parabéns pelos cinco anos de existência.

É pena que vocês não tenham 165 anos. Joinville poderia estar melhor, com gente de coragem para falar, escrever, espernear, lutar por um povo cheio de coragem para trabalhar, ser feliz e viver decentemente. Mas, infelizmente, existe também aqui a máquina da mentira para atrasar a vida das pessoas. Atrasar a vida do país.

Pois é, a máquina da mentira aparece mais evidente na época das eleições. Quanta mentira rola solta para impedir que o povo, que tem saído às ruas pedindo um Brasil melhor, continue sendo enganado. Está cheio de candidato querendo se eleger dizendo que está trabalhando pelos bairros. Bairros é sinônimo de pobre. Naturalmente, lá está a maioria dos votos e o negócio é falar que estamos trabalhando pelos bairros. 

Não se diz: queremos realmente cuidar da saúde das pessoas, pois a saúde é a maior das liberdades. Mas quem se importa com liberdade,  quem se importa que existam 10 mil pessoas esperando por cirurgias, 20 mil por exames e 40 mil por consultas? Ah! Estamos trabalhando pelos bairros. Que piada. 

Será que essa gente se importa com os ônibus apinhados e com o preço do transporte público, com os milhares de remendos no asfalto e os buracos que até mataram gente? Será que eles realmente querem educação integral, cultura, esporte para juventude e segurança de fato para que não hajam pessoas degoladas na cidade pelas quadrilhas de tráfico? 
  
E como se dissemina a mentira? Comprando o tempo de televisão dos partidos de aluguel. Para saber a verdade é só contar o número de partidos, que o “candidato que olha pelos bairros” tem. Aí você já sabe se ele é honesto ou não. O tempo de TV que cabe ao meu partido é somente 48 segundos e não fiz coligação com ninguém. Chapa pura. Meu diferencial é mostrar honestidade e não dizer que sou honesto. Tem candidato que divulga ser  honesto, que levanta cedo e é trabalhador.

Há candidato que diz que já fez e promete fazer mais se eleito novamente. Há candidato que diz ser amigo do governador e por isso tem vantagens. Há candidato que se arrepende do que não fez e promete fazer agora.

Amigos, eu vou virar a página. Espero que você vire também . Não vou votar em quem já foi e não fez. Temos que mudar Joinville  Olhar para futuro, não acreditar nas mentiras de políticos inconsequentes e em gente que quer se perpetuar no poder. O Brasil começa em Joinville, o nosso Brasil é Joinville. É aqui vivemos, trabalhamos,  lutamos e  desejamos um futuro feliz. Quero ser prefeito porque quero cuidar das pessoas como sempre fiz. Quero zelar por Joinville.

Exerça o seu voto com o poder que a democracia lhe deu. Chuva Ácida neles.



José Aluíso Vieira,
o Dr.Xuxo, é médico
nefrologista e fundador
da Pró-Rim
https://www.facebook.com/Drxuxo?fref=ts

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Rodrigo Bornholdt














POR RODRIGO BORNHOLDT

No início do século passado, o jurista Rui Barbosa aplicava ao fazer jornalístico o seu aguçado sentido de dignidade e ética: “A imprensa é a vista da Nação. Por ela é que a Nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe sonegam, ou roubam, percebe onde lhe alvejam, ou nodoam, mede o que lhe cerceiam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa, e se acautela do que a ameaça”.

Outro grande brasileiro, o jornalista Cláudio Abramo, menos de um século depois nos presenteava com sua definição lapidar e sucinta do que deve ser o jornalismo: "... a prática diária da inteligência e o exercício cotidiano do caráter".

A chegada das mídias sociais permitiu a disseminação de notícias, mas além delas, também de boatos, opiniões e factoides. Cabe, assim, ao próprio leitor, a responsabilidade de se formar e de se informar adequadamente. No mundo digital, é necessário filtrar o que se recebe. 

Ocorre que, dentro dessa babel informacional, misturam-se teóricos da conspiração, fanáticos de todos os quadrantes políticos, farsantes pagos e lunáticos vocacionais. Mas, sabendo garimpar, é possível encontrar alguns oásis nesse deserto de irresponsabilidade.
O Chuva Ácida é um bom exemplo de espaço democrático, plural, arejado e instigante na internet, onde invariavelmente expressam-se opiniões relevantes sobre temas candentes, graças à heterogeneidade dos seus autores.

Sou leitor assíduo, principalmente pelo seu enfoque local e seu caráter alternativo, onde podemos encontrar o que raramente vemos publicado na mídia tradicional, como a defesa da cota 40, discussões sobre a LOT, denúncias de uso da máquina pública e mau uso de recursos públicos. 

Como se pode verificar na área de comentários, é quase impossível agradar a todos, mas, ao contrário do que ocorre com o Facebook, onde muitas vezes as pessoas acabam se encapsulando em uma taba de amigos fundamentalistas, seja lá do lado que for, no Chuva Ácida somos obrigados a nos confrontar com textos que, a princípio, podem nos desagradar, mas que, muitas vezes, abalam algumas de nossas convicções petrificadas.

O Chuva Ácida cumpre, pois, um papel que deveria também caber à mídia tradicional: o de garantia do pluralismo e de discussão de temas relevantes. Não poucas vezes, deparo-me com programas da televisão fechada em que os convidados tem sempre a mesma visão a respeito dos assuntos pautados, sejam eles políticos ou econômicos. É a tentativa de buscar hegemonia onde deveria haver discussão e abertura de ideias para que o próprio cidadão pudesse formar sua convicção. 

Podendo ser panfletário, pois que alternativo, resolveu o “Chuva” praticar jornalismo de verdade, abrindo espaço às mais variadas tendências e opiniões. Consegue, também, ser universal sem perder o local. Fala do cotidiano e de questões da cidade sem cair num provincianismo embolorado!

Por isso saúdo a permanência dessa iniciativa que, ao completar cinco anos, gerou brigas, discussões e discórdias, próprias a uma sociedade viva e democrática. Cumpre-se, assim, o importante papel de remexer o lodo acumulado no fundo das nossas frágeis certezas.
Que venham os novos debates!




Rodrigo Bornholdt é advogado,
doutor em direito
e professor universitário
https://www.facebook.com/profile.php?id=100000767593191&fref=ts

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Carlito Merss



POR CARLITO MERSS

Joinville, 2011.
Céu avermelhado, bafo, sufoco, difícil de respirar.
A gente olha pros lados e até dá um desâmino.
Mas daí sopra o vento, o ar fica mais leve e vem a chuva.
Chuva pra lavar a alma e limpar nossos pecados.
Chuva pra descarregar as energias ruins e deixar a água levar.
Nada como um banho de chuva pra gente sorrir de novo e seguir em frente.

Joinville, 2016.
Tá tudo dominado.
A grande mídia controla a informação e molda o pensamento.
As verdades únicas apontam as setas para quem discorda.
A saída parece ficar pequena e o corpo quase desiste da luta.
Mas daí a internet abre a janela para o mundo, as ideias começam a respirar.
E lá vem outra chuva, dessa vez ácida, corrosiva, queimando as línguas e torrando o cérebro.
Trocando a pele nós renascemos.

Viva as diferenças, viva o pensamento livre.

Deixa o Chuva Ácida nos molhar por muito anos!






Carlito Merss é economista,
professor e e ex-prefeito
de Joinville
https://www.facebook.com/carlitomerss/?fref=ts

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Ivan Rocha



POR IVAN ROCHA

Uma das principais ferramentas para a dominação de uma classe sobre a outra é o controle dos meios de comunicação. Com o monopólio da comunicação, a classe dominante consegue pautar o debate social, influenciar a formação das opiniões, acender um debate ou esmaecer outro. Pode destruir reputações, aumentar a auto-estima ou construir “mitos”, mesmo que estes sejam crápulas da pior espécie. Mais do que tudo isso, dominar a comunicação é ter poder. E poder é dinheiro.

Todos aqueles e aquelas que tem interesse e agem na construção de uma cidade melhor, democrática de verdade, sabem a importância da democratização da comunicação. Uma verdadeira ampliação das diferentes vozes na sociedade, uma vigilância constante dos poderosos e suas falcatruas, uma divulgação digna da riquíssima cultura brasileira e humana.

Por isso, saúdo os cinco anos do Chuva Ácida. Um site que tem um compromisso com a democracia, com a pluralidade e com o pensamento crítico. Que, na falta de um jornal que faça isso, atua na vigilância sobre os poderosos e governantes que tentam fazer da cidade um balcão de negócios.

O Chuva Ácida entrou na briga ao lado do povo e contra interesses particulares em diversas causas, como a Cota 40, a LOT, o transporte público e as ciclovias. Também arrumou brigas com vereadores e com a prefeitura, sempre apontando questões que eles queriam deixar longe holofotes. Por isso, o Chuva Ácida é um coletivo que diariamente reafirma seu compromisso, como nós do PSOL, ao lado do povo.

Parabéns e vida longa ao Chuva Ácida.




Ivan Rocha é tecnólogo
em marketing e trabalha
na empresa
Aqui Tem Promoção.
https://www.facebook.com/ivanrocha50?fref=ts

Como fazer filmes de campanha eleitoral

POR ET BARTHES

Ser marqueteiro de político é difícil? Segundo este filme, parece que não. É só seguir o roteiro apresentado. Aliás, tem muita gente na política atual que ainda segue essa fórmula. Veja só como é fácil.