terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cidadão mobilizado, sociedade forte


POR JORDI CASTAN
Neste mesmo espaço já escrevi sobre a forma com que a Conurb primeiro, o Ittran depois e a Prefeitura sempre lidaram com o tema do estacionamento rotativo.

Ficou patente, desde o primeiro momento, que tem faltado competência para gerenciar as concessões e permissões que a empresa administra. Poderíamos citar uma por uma e em nenhuma delas seria possível identificar um traço de excelência ou de qualidade, mas acharíamos facilmente uma constante a falta de respeito pelo cidadão. Dois exemplos, a quantas anda a sinalização de ruas e logradouros? Quantas tem placa? Em que estado se encontram? Qual é a previsão para concluir a sinalização de toda a cidade? Quem mora ou percorre os bairros sabe que placa indicativa de rua é uma raridade e as poucas que há são sobreviventes de quase duas décadas passadas.

No caso do rotativo, finalmente e sem muita boa vontade, os joinvilenses não terão que arcar mais com o prejuízo da perda de valor dos cartões, mesmo que tenham o incomodo de ter que se deslocar para a sede da empresa Cartão Joinville no centro da cidade. Houve um avanço considerável. É importante, porém, que fique claro que este recuo só se produziu porque houve manifestações da sociedade. Os contribuintes se sentiram lesados e o tema não caiu no esquecimento. Não houve, em nenhum caso, benevolência por parte do poder público. Aliás, houve até quem até à última hora ficou dificultando a busca de uma solução.

A mensagem que deve ficar deste episódio é a de que devemos sim nos manifestar, que devemos exercer, sem temor, o nosso direito a expressar nossa desconformidade publicamente, chegando inclusive até ao poder judiciário se for necessário. Uma sociedade forte é aquela que defende os seus direitos e os funcionários públicos tem por obrigação colocar o respeito ao cidadão em primeiro lugar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Do homo encyclopedie ao homo wikipedie


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Quando era moleque, dava uma inveja danada das pessoas que tinham o tal “conhecimento enciclopédico”. Já imaginaram, leitor e leitora, o tantão de informação que uma pessoa precisa armazenar no cérebro? Quando olhava para a enciclopédia na estante lá de casa, admirava ainda mais. Ter uma montoeira de livros como aquela dentro da cabeça é coisa de loucos.

É uma pena que a expressão tenha caído em desuso. Até porque nos dias de hoje, quando já vamos na tal sociedade pós-moderna (aliás, como podemos estar no “pós” se eu nem lembro de ter sido moderno?), seria necessária uma atualização para “conhecimento wikipédico”. Mas todos sabemos que é praticamente impossível: são muitos bits para tão poucos neurônios.

Nos tempos de criança, ficava a imaginar o mundão de conhecimento que cabia na cabeça do homo encyclopedie. O cara devia saber tudo sobre o universo e arredores. E era capaz de fazer uma coisa que caiu em desuso nestes tempos de revolução digital: usava o cérebro, sabia interpretar a informação.

É aí que surge a diferença para o homo wikipedie. Hoje em dia, as pessoas estão a trocar o cérebro pelos dedos. Há uma enorme incapacidade de armazenar informação, pois a internet funciona com uma espécie de memória externa acessível ao toque do dedo. Pior mesmo é que a cada dia esse pessoal vai ficando ainda mais incapaz de gerir a vastíssima informação disponível na rede.

Fico meio darwiniano, começo a lembrar da teoria da evolução e arrisco um palpite. A evolução para o homo wikipedie vai produzir mudanças físicas nos seres humanos: gente com cabeça pequena, porque não precisa do cérebro, mas com dedos enormes, para poder manusear os dispositivos eletrônicos.

Do ponto de vista político, imagino um futuro orwelliano. Uma sociedade dividida entre senhores e tecnodependentes.

Na torre de marfim do poder, um grupo reduzido de seres que ainda sabem pensar e produzem as evoluções tecnológicas. Na base proletária da sociedade, uma massa ignara formada por consumidores de tecnologia cuja vida gira em torno de coisas como o smartphone. O problema é que “smart” será só o “phone”. Não se poderá dizer o mesmo das pessoas.

Ficção científica? Ok... mas a ficção é apenas a antessala da realidade.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Não é magia... é a sua exposição na net

POR ET BARTHES
Se você é daquelas pessoas que não se preocupam com os dados que põem na internet, em especial no Facebook, este filme deve interessar. Ou mesmo servir de aviso.




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

No Dia do Publicitário...

POR ET BARTHES
No Dia do Publicitário, um filme em homenagem à rapaziada do brainstorming, briefing, insights e outras coisas mais.



via Welligton Cristiano Gonçalves

Destes incêndios ninguém fala!

POR CHARLES HENRIQUE VOOS

Não estou aqui para falar sobre a tragédia de Santa Maria. Penso que os noticiários desta semana já nos bombardearam com informações o suficiente para criarmos uma opinião a respeito do que aconteceu. Por outro lado, a mesma imprensa que evidencia o incêndio na boate é aquela que esconde ou desvirtua os incêndios criminosos em favelas que estão acontecendo Brasil afora, desabrigando milhares de famílias, a serviço de uma especulação imobiliária suja e covarde (existe especulação imobiliária limpa e honesta???).

Em São Paulo, cidade onde está se proliferando incêndios criminosos a favor da especulação imobiliária, foram registradas 38 ocorrências em 2012, atingindo 28 favelas diferentes. E a maioria destes incêndios está acontecendo em setores em que os valores dos imóveis dobraram nos últimos dois anos. Após os incêndios e a remoção das famílias de baixa renda que por ali moravam, as áreas passaram a servir grandes empreendimentos imobiliários. E tudo isso com a conivência do poder público e apoio de setores da imprensa, a qual passa a mensagem de que as "moradias estavam irregulares e precárias".

A cidade de Porto Alegre já importou o mesmo modelo de São Paulo. As áreas próximas a recém-inaugurada Arena Grêmio possuem moradias da população de média e baixa renda da capital gaúcha. Em 2013 já foram registrados incêndios "aparentemente propositais" nestas localidades. É óbvio que vários direitos fundamentais do cidadão estão sendo violados em prol de um desenvolvimento econômico. Em lugares onde o Estado não tira a força as pessoas pobres de suas moradias, a economia fundiária tira. Infelizmente, o desenvolvimento econômico é vendido como desenvolvimento urbano (parece uma cidade que eu conheço...).


Imaginem agora a cidade de Joinville. É notório o investimento nas áreas da região sul da cidade, na divisa com Araquari. E ali na região do Paranaguamirim  e Itinga encontra-se umas das populações mais pobres da cidade. Seria como se especuladores imobiliários incendiassem casas dos moradores de lá, forçando-os a sair. Com a valorização que aqueles terrenos sofrerão, devido aos altos investimentos, o valor da terra praticamente dobra em questão de umas simples fagulhas. Ainda bem que não aconteceu por aqui, e cobrar para que não aconteça. Por Joinville o jogo ainda está no discurso midiático e na disputa pelas instâncias representativas (vide o Conselho da Cidade). Dos males, o menor.

PS: o portal UOL fez um levantamento muito interessante, cruzando favelas, incêndios e áreas de valorização imobiliária.