quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os bombeiros militares custam 40 vezes mais

POR JORDI CASTAN

Bombeiros militares de Santa Catarina custam 40 vezes mais que todas as corporações voluntarias.

Os números são claros. Manter uma dotação de 12 bombeiros militares no aeroporto de Joinville custou, em 2009, R$ 2 milhões. O custeio total dos Bombeiros Voluntários de Joinville, com 7 quartéis espalhados por toda a cidade, foi no mesmo ano de R$ 4 milhões. Outro exemplo, as corporações voluntárias de Santa Catarina respondem pela segurança de um terço da população do Estado. Porém, só receberam R$ 4 milhões do Governo do Estado de Santa Catarina. Os bombeiros militares que não atendem os dois terços restantes do Estado custaram mais de R$ 160 milhões no ano de 2009. 

Além dos custos econômicos, é preocupante o avanço das corporações militares sobre atividades de defesa civil. Funções que na maioria de países desenvolvidos são desempenhadas, como o próprio nome indica, por instituições e organizações civis.

Paramédicos, bombeiros e guarda-vidas a receberem formação militar, incluindo ordem-unida, uso de armas de fogo e técnicas de defesa pessoal, é uma perigosa distorção dos seus objetivos e funções. A sociedade civil deve ser capaz de se defender dos desastres naturais, enchentes, dos incêndios (provocados ou não), de atender as vítimas dos acidentes de trânsito e tantas outras atividades que estão incluídas no que se chama defesa civil.

Hoje, soldados e oficiais das polícias militares, depois de anos de formação específica, passam a se dedicar a funções que não deveriam ser da sua competência. O que é pior: ocupam espaços tradicionalmente atendidos pela sociedade organizada, em geral com custos maiores e menos eficiência. De forma corporativista, está sendo imposta uma militarização da sociedade, gerando ainda um desatendimento das funções de segurança, uma vez que não há efetivos e orçamento adequados para desempenhar todas as missões que têm assumido.

A ninguém escapa que para a Polícia Militar é mais interessante e menos arriscado, em todos os sentidos, apagar fogo, atender feridos de acidentes de trânsito ou salvar vidas nas nossas costas e praias, quando comparado com realizar funções de vigilância ostensiva em ruas, praças e locais públicos. Ou perseguir marginais e contribuir para a redução da violência urbana.

O que identifica e diferencia a maioria dos países mais desenvolvidos que o Brasil, e até muitos outros com menor grau de desenvolvimento, são a Cruz Vermelha, Crescente Vermelho ou Estrela Vermelha, dependendo dos países e das religiões, ou a Defesa Civil e os Bombeiros Voluntários, que são não instituições civis, voluntárias ou profissionalizadas, de acordo com os casos. São instituições reconhecidas e respeitadas pela sociedade e contam com importante apoio do Estado, que reconhece a sua maior representatividade, economicidade e legitimidade. São estes os principais responsáveis pela defesa civil, sem que se estabeleça uma situação de subserviência em relação às unidades de polícia militar.

Este perigoso desequilíbrio está começando a custar caro ao Estado e representará, cada vez mais, um fardo pesado para a nossa sociedade. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

PARAÍSO


Tráfico de seres humanos na Europa

POR ET BARTHES
O tráfico de pessoas – para exploração sexual e no trabalho – é um dos comércios ilegais mais lucrativos do planeta (só fica atrás dos tráficos de armas e de drogas). Na Europa, existem programas de combate ao tráfico de seres humanos, mas nem essas medidas são capazes de acabar com esse câncer social. Neste momento, em Portugal está a ser veiculado este filme de televisão que, sem ser muito criativo, vai direto ao ponto.


Dr. Xuxo e o pé de pato



O pré-candidato José Aluísio Vieira (o Dr. Xuxo) decidiu fazer graça e, ao mesmo tempo, sacanear o atual prefeito. E pergunta o que deve fazer para continuar a caminhada. Ora, se ele não consegue tomar uma decisão tão simples, o que fará à frente da prefeitura? Mas a solução parece fácil: é só seguir o mesmo caminho que o fotógrafo. Ou não?



Adilson Mariano e a Esquerda Marxista, no fundo, sempre serão PT


POR CHARLES HENRIQUE
Todos sabem que a Esquerda Marxista, uma das alas do Partido dos Trabalhadores, e que é capitaneada pelo Vereador Adilson Mariano, não está muito contente com a gestão do partido na Prefeitura (ocupada por integrantes das outras alas, ligadas a Carlito Merss), e também nas articulações com outros partidos e nos movimentos sindicais que envolvem alguns de seus aliados. Porém, “quando a coisa aperta”, e a sobrevivência do partido como um todo é posta à prova nas urnas,  Adilson Mariano e os outros integrantes de sua ala reconhecem que, ser PT ainda é o melhor caminho, mesmo em minoria e não concordando sumariamente com o que está sendo feito atualmente.

Considero este fato ao analisar a trajetória política deste vereador e de seu partido nos últimos anos: ele votou em Tânia Eberhardt, do PMDB, para Presidente da Câmara em 2009, mesmo não concordando com alianças e ser um defensor da chapa pura. Apoiou abertamente uma greve de servidores municipais. Quase foi expulso do PT por bater de frente com Carlito, deu diversas declarações fortes contra a atual gestão...

Nenhum outro petista é tão mal encarado dentro de sua própria casa como Adilson Mariano, e mesmo assim, ele permanece. E não duvido de que vá apoiar Carlito Merss nas eleições de 2012, mesmo tendo perdido nas prévias internas, da mesma forma que aconteceu em 2008. Será que o contrário aconteceria? Será que os petistas ligados ao prefeito teriam essa consciência de que o partido é feito de diferentes? Ou vão continuar ignorando-os e tentando expulsá-los por serem, justamente, diferentes? O PT em plano nacional já se perdeu um pouco para a gana do poder. O processo inicial disto ocorre por aqui...

É incoerente em um primeiro momento, se considerarmos as discussões e os debates que aconteceram nos últimos anos. Mas é uma maturidade que poucos grupos políticos possuem, principalmente se analisarmos inseridos na realidade da cidade de Joinville. Quantas vezes políticos daqui que, apenas por birra, trocaram de sigla? Quantos partidos perderam uma oportunidade única, só porque não reconheceram que estavam errados? Nem toda minoria é burra e idiota...

OBS: Ressalto que não tenho nenhum vínculo com o PT, Esquerda Marxista, ou Adilson Mariano. Este foi apenas um texto para mostrar como a ideologia partidária é levada à risca por certos grupos e/ou rasgada por outros.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Igreja Católica: fiéis não muito fiéis


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Passei o feriadão da Páscoa na Espanha. O destino era Cádiz, para alguns a cidade mais antiga da Europa (um destino que recomendo), no extremo sul do país. Fiz uma pequena escala em Sevilha, onde passei a Sexta-Feira Santa. A ideia era rever alguns lugares, mas não deu: foi praticamente impossível andar pelas ruas, por causa das multidões nas missas, procissões e festividades.

Não é de admirar. Afinal,  a Península Ibérica é um dos maiores centros de concentração de católicos da Europa (e, percentualmente, também do mundo). Mas, de qualquer forma, ouvi de muitos espanhóis  a reclamação de que as pessoas estão se afastando da  igreja e que antigamente esses eventos atraíam muito mais gente. A Igreja Católica estaria a perder fiéis. Não sei se é verdade, porque nunca vi tanta gente nas ruas.

Mas parece que a coisa está mesmo feia lá para os lados da Santa Sé. Por coincidência, já em Portugal tomei conhecimento, pela imprensa, de que a Universidade Católica Portuguesa realizou uma pesquisa para saber a quantas anda o seu rebanho. E as notícias não são animadoras. O número de católicos, que já foi de expressivos 90%, hoje está em 70% dos portugueses. E o pior: apenas 18% – o que corresponde a 1,8 milhão de pessoas –, cumprem os serviços mínimos. Ou seja, ir à missa aos domingos.

O fato é que acendeu a luz vermelha e os integrantes do alto escalão da igreja estão a discutir a situação. Uma das razões apontadas para esse afastamento dos fiéis é a imagem do papa Joseph Ratzinger (aka Bento XVI), considerado menos midiático que o seu antecessor, João Paulo II, além de estar associado a posições conservadoras. Pode ser. Mas o que os líderes católicos esperam? Como podem querer ter as pessoas mais próximas se é a própria Igreja Católica a provocar o afastamento?

Ao ter um papa ultraconversador é natural que a igreja, no seu todo, assuma posturas ultraconservadoras. O problema é que neste momento a sociedade deseja avançar, tornando as coisas inconciliáveis. Joseph Ratzinger é apontado como um caso raro de papa e intelectual (coisas que, ao que parece, nem sempre andaram juntas). Se não gosto do religioso, sinto-me obrigado a aceitar o intelectual. Mas aceitar não significa concordar. O mundo não precisa de um papa que entenda mais de letras do que de pessoas. E Ratzinger parece não entender muito de gente real.

É preciso fazer uma resenha? O que dizer de um homem que, em pleno século 21, compara o aborto ao terrorismo? Ou que considera a homossexualidade "uma depravação e uma ameaça à família e à estabilidade da sociedade". Ou que não tem a contenção verbal necessária e provoca reações violentas entre os muçulmanos, ao dizer que a fé de Maomé era “má e desumana”. Não é suficiente? Então aí vai...

O que dizer do famoso discurso quando esteve na África? Aquele onde Ratzinger disse que a AIDS é uma “tragédia que não pode ser ultrapassada só com dinheiro, que não pode ser ultrapassada com a distribuição de preservativos”. Podem até dizer que a imprensa mundial distorceu as declarações do homem, mas ninguém vai negar que ele condena o uso do preservativo como método de prevenção da AIDS. É da idade da pedra lascada.

E que tal lembrar a sua visita à América Latina, onde disse que os povos indígenas estavam “à espera e desejosos” da religião. Neste caso, fica provado que o grande intelectual Joseph Ratzinger nunca estudou a história da América Latina, onde está claro que a conquista foi feita com “a espada, a cruz e a fome”. É o mesmo que dizer: os indígenas estavam ansiosos pelo maior genocídio da história, que custou talvez 15 milhões de vidas.

Ok... já que estamos na América Latina, para quem vive ou viveu no Brasil, acho que fica como grande marca a sua cruzada pessoal – ainda antes de ser papa – contra a Teologia da Libertação, um raríssimo momento na história em que a Igreja Católica se colocou de forma ativa ao lado dos mais fracos. Graças a Ratzinger foi perdida uma chance histórica.

E com tudo isso ainda acham estranho estarem a perder fiéis? 

domingo, 15 de abril de 2012

sábado, 14 de abril de 2012

Agora os líbios podem ir à praia

POR ET BARTHES

A Líbia, que tem a maior costa do Mar Mediterrâneo, vive dias diferentes em suas praias. Até então reprimidos pelo regime de Kadhafi, os líbios não podiam usufruir das belas praias que eram em sua maior parte restritas aos "amigos do Rei". Com a queda do regime ditatorial, agora as praias mediterrâneas podem ser aproveitadas e o turismo pode ser mais estimulado.


Se esta rua fosse minha...


POR GILBERTO PIRES GAYER


Uma das principais lembranças da minha infância e adolescência foi, sem dúvida, a qualidade de vida que ainda pude desfrutar pelas ruas de Porto Alegre, nos anos 60 e 70. Além da sensação de segurança, que ao contrário de hoje, tranquilizava a população. me lembro bastante do verde e das áreas ainda não ocupadas do nosso bairro e região. Na rua que morávamos existia um túnel verde de cinamomos, dos dois lados da via, em que subíamos e que cada guri tomava posse, construindo uma pequena cabana de papelão no seu entroncamento principal. Era ali que brincávamos por horas, observando quem passava, jogando as frutinhas dos cinamomos nos pedestres e fazendo um tiroteio entre a gente.

Mas o que é importante é que são muitas e muitas ruas em vários bairros bem arborizadas. Lembro-me até das amplas calçadas que rachavam em torno dos enormes jacarandás, timbaúvas, tipuanas e cinamomos, mas que ninguém reclamava, pois a beleza e frescor que ofereciam eram mais importantes.
Vieram-me a lembrança estas recordações quando há alguns meses circula pelas redes sociais e noticiários o título de “rua mais bonita do mundo” para a Rua Gonçalo de Carvalho, em PoA, e que conheço bastante. Na realidade, como falei, é apenas uma das tantas que existem por lá. Por mobilização dos seus moradores contra o projeto de um estacionamento que iria remover algumas de suas tipuanas, a associação de moradores se mobilizou e conseguiu reverter a situação. Este fato ganhou notoriedade, até em blogs e associações da Espanha e Portugal, sendo que daí surgiu a denominação e o título de rua mais bonita do mundo.

Hoje a Gonçalo de Carvalho tem um blog com notícias ambientalistas, sobre o planejamento e qualidade de vida da rua e do bairro www.goncalodecarvalho.blogspot.com.  Ganhou também status de Patrimônio Ambiental pela Prefeitura de Porto Alegre, fato que erradicou de vez qualquer ameaça da especulação imobiliária naquela rua, mesmo com o valor dos imóveis subindo surpreendentemente em razão da notoriedade que alcançou.



Posto isto, é irremediável tentar fazer comparações hoje com Joinville,  cidade que me adotou há 20 anos. Para começar, as calçadas dos bairros em Porto Alegre tem no mínimo 4 metros de largura (enquanto em Joinville não passam de 2 metros), o que pode proporcionar a implantação de uma arborização eficiente, com árvores de médio e grande porte. A Prefeitura mantém, há pelo menos 50 anos, viveiros onde produz e mantém mudas adaptadas as suas condições locais.  Existe corpo técnico e estrutura funcional para fazer a gestão das mais de 1,5 milhões de árvores públicas da cidade. Há pouco mais de 10 anos elaboraram o primeiro Plano Diretor de Arborização, baseado num amplo inventário urbano e observações ao longo de décadas, e que norteia as políticas públicas de gestão sobre o tema.


Mas acima de tudo, dois aspectos são fundamentais para alavancar a gestão de áreas verdes de uma cidade: a questão cultural de seu povo e a vontade política de fazer isto acontecer.

É primordial planejar e replanejar a arborização viária estabelecendo ações interativas solidárias com a comunidade que permitam manter a apropriação técnica com interesses, utilidades práticas e necessidades de uso.

É necessário promover a arborização como elemento de reforma e desenvolvimento urbano, buscando tecnologias alternativas para a convivência harmoniosa com os demais serviços prestados à população, através do estabelecimento de parcerias e convênios entre instituições de pesquisa e órgãos públicos envolvidos com a problemática da arborização (SANCHOTENE, 2000).

Joinville tem ainda uma caminhada bem longa em termos de arborização pública; mas como trata-se de investimento de médio e longo prazo, temos que começar logo.  


Gilberto Pires Gayer é Engenheiro Agronomo formado na UFRGS e trabalha na FUNDEMA há 17 anos, atualmente cedido para a SEINFRA.