sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A sombra do fascismo amedronta o Brasil


POR DOMINGOS MIRANDA
O que é o fascismo? É a política praticada através do terror e do medo. O Brasil já conviveu com esta praga entre 1964 e 1985 e, agora, a sua sombra aparece e incomoda os democratas. As recentes invasões das universidades federais de Minas Gerais e de Santa Catarina são uma prova do abuso de autoridade e desrespeito ao princípio constitucional da inviolabilidade universitária. A consequência deste ataque à honra do cidadão foi a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier.

Quando a justiça se acovarda e permite a ação abusiva da polícia, quem perde é o cidadão. O desembargador Lédio Rosa de Andrade, magistrado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, fez um discurso emocionado na homenagem ao reitor Cancellier. Ele alertou: “Esta noite fiquei a pensar quando a humanidade errou e não parou Hitler no momento certo, quando a humanidade errou e não parou Mussolini no momento certo... Eles estão de volta. Será que vamos errar de novo e vamos deixa-los tomar o poder? A democracia não permite descanso. Eles [os fascistas] estão de volta. Temos que pará-los”.

Não faz tanto tempo assim, convivíamos com torturas, execuções e ataques a bombas praticados por agentes da lei, aqueles que, legalmente, deveriam nos proteger. Um destes exemplos. No dia 16 de dezembro de 1976, agentes do DOI, órgão de investigação do 2º Exército, cercam uma residência do bairro da Lapa, em São Paulo, onde está reunida a cúpula do PCdoB. Matam a sangue frio os dirigentes Pedro Pomar, Ângelo Arroio e João Batista Drumond. Poucos meses antes, a repressão já havia assassinado o operário Manoel Fiel Filho e o jornalista Vladimir Herzog.

Não queremos que estes tempos sombrios voltem novamente. O alerta do desembargador catarinense tem razão de ser pois há uma campanha de ódio sendo disseminada na sociedade. Alguns desavisados pedem a volta da ditadura e o candidato a presidente que elogia os torturadores está em segundo lugar nas pesquisas (em Santa Catarina tomou a dianteira). Não podemos colocar uma cobra no bolso porque, com certeza, ela irá nos picar.

Santo Agostinho nos ensinava que “a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, e a coragem a mudá-las”. Vamos lutar para mudar esta podridão que aí está, mas sempre tomando o cuidado para evitar que aventureiros fascistas assumam o comando. A democracia é a flor mais linda da política, mas ela é frágil e precisa ser protegida.


Charge publicada no jornal O Tempo – 29-10-2017

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

É preciso tirar Lula do páreo. E vapt-vupt...


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
24 de janeiro.

O Brasil tem um encontro consigo mesmo. O julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai servir como um divisor de águas. O antes e o depois. O “antes” mostra procuradores que fazem uma acusação baseada em convicções. E um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, muito pressuroso em condenar, mas sem apresentar provas cabais e deixando espaço para muitas dúvidas razoáveis.

“Por coincidência”, num momento em que o nome de Lula aparece imbatível nas pesquisas, surge o que parece ser uma tentativa de estocada final. Tomado por uma vertigem “justiceira”, o TRF4 apressa o julgamento do recurso da defesa do ex-presidente. Um tempo recorde. Mas essa pressa toda é porque a Justiça está preocupada em fazer justiça? É legítimo imaginar uma tentativa de impedir a candidatura do ex-presidente Lula. O poder vai perdendo o pudor.

Há opiniões para todos os gostos. Mas parece evidente que o TRF4 vai ratificar a condenação. O objetivo é impedir que Lula volte ao Palácio do Planalto. Afinal, uma vitória do petista condenaria o golpe ao fracasso, pois deitaria por terra todas as ações desde o impeachment de Dilma Rousseff. Os poderes político, econômico, midiático e judicial precisam se juntar numa cabala para manter o ex-presidente fora das eleições. E tem que ser vapt-vupt.

Pensemos no “depois”. A decisão do TRF nunca será um fim. Pelo contrário, pode ser o início de um processo fraturante. Se a condenação for confirmada, terá início um ambiente de guerrilha judicial nas instâncias superiores. E o povo? O problema é que, para a opinião pública, a credibilidade das instituições judiciais estará ferida de morte, pois o alinhamento ao golpe fica cada vez mais evidente. O golpe já nem se preocupa com as aparências.

A situação deixa muitas perguntas no ar. Será possível, para os golpistas, construir um candidato viável (até agora têm falhado fragorosamente)? E se Lula surgir, para o eleitor, como vítima de um golpe? O poder da velha mídia golpista ainda é determinante em tempos de digital? Como os golpistas irão se livrar da imagem de sanguessugas interessados apenas em projetos de poder e partilhas? Muitas questões.

Mas, principalmente, a pergunta de um milhão de reais: será possível continuar a governar contra o povo? Talvez fiquemos a saber em janeiro.

É a dança da chuva.



quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Rapidinha.


Hulk versus Homem Formiga: mini refrigerante, maxi produção

POR ET BARTHES
Para as marcas norte-americanas, os intervalos do SuperBowl são o grande acontecimento do ano. E não há muitas restrições nos investimentos para produzir os seus filmes publicitários. É o caso deste comercial, que teve uma superprodução e ainda a participação de heróis da Marvel.



terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O meu candidato perdeu? A culpa é das urnas...


POR LEO VORTIS
O Brasil tem coisas estranhas. Uma delas é a desconfiança com as urnas eletrônicas. É uma reclamação que surge sempre que há eleições. E quando o nosso candidato perde, claro. O último grande caso aconteceu em 2014, quando, depois da derrota de Aécio Neves, o PSDB pediu a recontagem dos votos. E ainda entrou com um pedido de uma auditoria para a fiscalização de todo o processo eleitoral.

O Brasil tem um dos mais modernos sistemas de votação do mundo e ainda assim há quem questione o seu rigor. Os sistemas eletrônicos podem ser falseados? Claro que sim. Tudo o que é eletrônico pode. Mas os especialistas (não os especialistas de Facebook) dizem que o atual sistema oferece garantias de segurança. Há algumas vulnerabilidades, claro, mas são pontuais e controláveis.

Ainda recentemente o especialista Diego Aranha, professor da Unicamp, disse que a falha mais grave identificada em estudos foi a questão do sigilo do voto. Ou seja, era possível, com algum esforço, saber em quem a pessoa votou a partir da hora de voto. Não parece ser crucial. Mas é claro que exige uma correção (o que parece ter sido feito). Aliás, num tempo em que as pessoas tendem a declarar o voto, esse não é um fator assim tão grave.

Há muita gente com essa mania de apostar no passado. As urnas eletrônicas são um sistema que está em sintonia com os tempos atuais. E é um dos raros casos em que o Brasil aparece como pioneiro. Aliás, vale salientar que as democracias mais maduras há muito vêm procurando soluções eletrônicas. Enquanto isso, há muitos brasileiros a pedirem uma volta aos tempos de antanho, em que os “coroné” determinavam o funcionamento do sistema.

Muitas pessoas tecem teorias da conspiração e insistem na ideia de que as urnas eletrônicas podem ser manipuladas. É tecnicamente possível, mas não provável em sistemas altamente controlados. E todos sabemos que é no papel que as fraudes acontecem. De fato, se alguém teria motivos para reclamar talvez fossem o Macaco Tião e o Rinoceronte Cacareco, que nunca mais se elegeram depois a instalação das urnas eletrônicas.

Qual é o maior problema? Ora, nas eleições ganha quem tem mais votos. O resto é conversa.