quarta-feira, 14 de outubro de 2015
terça-feira, 13 de outubro de 2015
A prova dos nove de Udo Dohler
Podia escolher outros fatos. Mas vamos focar apenas alguns pontos específicos para fazer uma análise do governo de Udo Dohler. O resultado não é bom, porque no frigir dos ovos a obra realizada até este momento está muito aquém das expectativas criadas. E antes de mais nada, deixo claro que ninguém pode duvidar que o prefeito esteja a fazer o seu melhor. Mas esse melhor parece ser pouco, muito pouco. Então, vamos à prova dos nove.
1.
Udo Dohler passou, para os eleitores, a ideia de que não era um político como os outros. Insistiu-se na imagem de um craque da gestão que ia pôr a cidade nos eixos.
Só que mal assumiu e acabou refém do que há de mais atrasado na política da cidade:
pressões por cargos, joguinhos de poder, o tráfico de influência. O político veio à tona, o gestor submergiu.
2.
“Não
falta dinheiro, falta gestão” foi o mote da campanha. Mas não demorou a surgirem as
primeiras lamúrias (ainda hoje persistentes) sobre o fato de não haver dinheiro. Lembro de ter ouvido, no início do ano, um secretário a dizer, numa rádio da cidade, que só haveria dinheiro se viesse do Governo Federal. É a única saída?
3.
Aliás,
não deixa de ser estranho, para uma cidade que precisa da grana de Brasília,
que o vice-prefeito tenha arroubos juvenis e viva a pedir o impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Já escrevi aqui que essa falta de sentido de Estado
pode ser prejudicial para a cidade. No entanto, ninguém ouviu falar que o prefeito tenha
dado um puxão de orelhas no seu vice, a pedir mais contenção.
4.
A
promessa de uma Joinville para o ano 2030 esbarra nas ações concretas. A LOT –
Lei de Ordenamento Territorial continua a ser torpedeada por pessoas
preocupadas com a mobilidade, o meio ambiente e a qualidade de vida. Não dá
para entender, por exemplo, essa coisa da construção de
prédios altos, de 20 andares ou algo parecido. As cidades do futuro caminham em sentido oposto. O prefeito deve ser fã do filme "Blade Runner". A cidade de Rick Deckard, o caçador de androides, parece inspirar o seu ideal de futuro. Prédios enormes, nenhuma área verde, ambiente sufocante. Aliás, nem Deckard gostaria. Porque a última cena da edição original do filme mostra um voo sobre uma floresta, onde sobressaem o verde e o ar puro.
5.
Joinville
tornou-se uma cidade de maquetes, de 3D e de ozalids. Quem nunca viu o filme em
3D da duplicação da Santos Dumont, com canteiro central, ciclovia, rotatórias e
elevados? E que tal lembrar a maquete da ponte que liga o Adhemar Garcia ao Boa
Vista? E a planta da proposta de ampliação da Arena Joinville? Qual
dessas obras está realizada? Pergunta retórica.
6.
Udo
Dohler sempre salientou a expertise no setor da saúde. E o que acontece? Falhas atrás de falhas. Nem é preciso uma análise exaustiva. Basta lembrar uma nota do jornalista
Jefferson Saavedra, publicada há poucos dias: “o Hospital
São José é o novo alvo de pressão do Ministério Público na saúde de Joinville. Nesta semana, a
promotora Simone Schultz apresentou ação de execução contra a Prefeitura e o hospital alegando
descumprimento de parte do acordo fechado em março do ano passado entre duas
promotorias e o município de Joinville”. Nem mais.
7.
Outro
fato que não passou batido. O anúncio do fim do turno integral para crianças de
4 a 5 anos nos CEIs a partir do ano que vem. É uma medida paliativa que
resolve o problema da Prefeitura, às voltas com questões legais e
administrativas, mas transfere o problema para os pais trabalhadores. Ora, os administradores
são eleitos para resolver os problemas dos munícipes e não para acrescentar mais
dificuldades.
8.
Os buracos de rua são um fantasma
que persegue a atual administração. Por mais investimentos que haja em
comunicação, nem mesmo uma imprensa amiguinha - e não raro submissa - pode ignorar coisas do cotidiano. Faz poucos dias reeditei aqui um texto em que
abordava a questão. Não adianta ter um filme bonito na televisão ou um
anúncio criativo no jornal, porque os buracos na rua são muito poderosos e destroem qualquer imagem positiva. Não adianta investir tanto na velha
mídia, porque os novos meios digitais, em especial as redes sociais, tomaram o palco para exercer um novo tipo de fiscalização e pressão.
9.
Enfim, o nó górdio. A administração Udo
Dohler tem demonstrado ser um deserto de imaginação. Tudo é feito pelos padrões
políticos de sempre. Não surge qualquer iniciativa out of the box. Nada
surpreende (pelo menos positivamente). Ora, quando falta dinheiro é hora de usar a criatividade. Há coisas simples que podem ser feitas sem muito dinheiro. Mas quando faltam imaginação e criatividade, é a morte do artista.
É a dança da chuva.
P.S. Não venham os comissionados falar em mundos virtuais. Os tempos são outros.
É a dança da chuva.
P.S. Não venham os comissionados falar em mundos virtuais. Os tempos são outros.
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Não falta dinheiro na Joinville das maravilhas
POR JORDI CASTAN
O prefeito se elegeu com o mote de que não faltava dinheiro, que o problema de Joinville era a falta de gestão. O eleitor foi facilmente levado a fazer a ligação entre a figura do empresário de sucesso e a necessidade de alguém que fizesse uma boa gestão.Três anos depois, as ruas de Joinville parecem uma praça de guerra. Em alguns pontos os buracos parecem crateras. Praças e espaços verdes estão abandonadas. As filas na saúde continuam escandalosas e só não estão pior pela intervenção do MPSC. Fornecedores recebem os pagamentos com atraso, em alguns casos quase meio ano. E o secretário de Infraestrutura admite publicamente que não há recursos para os programas de pavimentação comunitária.
O discurso ufanista da época de campanha deixou lugar a dura realidade do dia a dia. O joinvilense descobre que se não falta dinheiro o que falta mesmo é gestão. E se mostra cada dia mais irritado, porque se sente enganado. Se houvesse um Código de Defesa do Eleitor, muitos joinvilenses estariam neste momento pedindo o seu voto de volta. O discurso de que a prefeitura comprava mal e pagava caro, porque no pagava em dia continua atual. Os problemas na área da saúde tampouco se resolvem.
As metas divulgadas no fantasioso Plano 15 nunca saíram do papel. E a situação não é mais grave porque não faltam recursos para publicidade e a imprensa tradicional. É sensível a generosidade e responde com tanta amabilidade que radialistas e jornais publicam na integra o material produzido pela Secom (Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal), que apresenta diariamente uma imagem idílica e fantasiosa de Joinville.
Na Joinville das Maravilhas se gerenciam com tanta eficiência os problemas que a solução para resolver a falta de vagas nos CEIs é típica desta gestão tecnocrática. Reduzir o horário, acabar com o turno integral e deixar desatendidas as mães que trabalham. Neste quesito faltou além de gestão, planejamento. É difícil encontrar um único aspecto em que esta administração possa deixar saudades.
Em tempo e para que não tudo sejam criticas. Ouve-se que nos próximos dias a Associação Joinvilense dos Borracheiros autônomos homenageará, no seu baile de gala, o prefeito municipal, O presidente da Associação, Negão da Borracharia, personagem conhecido das redes sociais, declarou recentemente que "nunca na historia de Joinville furou tanto pneu e nunca as borracharias faturaram tanto".
Pensando bem, as homenagens não devem ficar só nessa. E faço a sugestão. Que tal a Associação dos fabricantes e revendedores de amortecedores deve nomear o Prefeito Udo Dohler seu presidente de honra e fazer-lhe entrega da comenda "Amortecedor de ouro" pela sua contribuição ao desenvolvimento do setor?
domingo, 11 de outubro de 2015
A intolerância religiosa também está aqui
POR FELIPE CARDOSO
Não é só em outras cidades que casos de intolerância religiosa acontecem. Aqui, na cidade dita civilizada e nas cidades vizinhas, o fanatismo tomou conta, seguindo a tendência que vem avançando, nos últimos anos, nas terras tupiniquins.
Neste domingo, um terreiro foi atacado por alguns moradores da vizinhança que agrediram, depredaram e ameaçaram um pai de santo, no bairro Santa Mônica, em Araquari.
Estamos voltando para a Idade Média. O fundamentalismo religioso está ganhando força. O discurso moralista, infundado e inverídico tem sido propagado diariamente por padres e pastores que se utilizam da Bíblia para expressar o ódio contra outros grupos, religiosos ou não.
Engraçado que nunca vemos o povo de santo nas praças, nos ônibus, ou indo de casa em casa pregar a salvação, ou tentando nos amedrontar com a falácia de que o fim do mundo está próximo. Muito menos invadindo igrejas e assembleias, ameaçando ou quebrando imagens, ou agredindo fiéis. Imagine se fossemos reclamar de barulho para cada igreja que além de berrar utilizam microfones e caixas de som para realizar suas orações.
Todos esses fatos só deixam mais evidente o verdadeiro objetivo de algumas igrejas: amedrontar, anunciar o caos para, assim, seguirem lucrando e conquistando cada vez mais poder. A bancada evangélica está aí. É uma realidade.
Seria cômico, se não fosse trágico.
E como não relacionar essa ocorrência com o racismo? Umbanda e Candomblé são religiões de matrizes africanas. São parte da cultura de África presentes no nosso país. Em terras de “um só povo”, essas religiões são inadmissíveis. Não correspondem com a “verdadeira” cultura do estado que luta para esconder a sua multiculturalidade. A presença dessas religiões em Joinville e região são uma das várias provas de que a população negra existe e que luta, diariamente, para se ver representada e ouvida.
A educação eurocêntrica nos ensina a ver com bons olhos a religião cristã e ver com maus olhos as religiões de matriz africana. A desconstrução dessa visão da cultura negra passa pelo estudo, pelo diálogo, pelo conhecimento. Só há conhecimento entrando em contato, conversando, pesquisando, visitando. Mas o que vemos é o crescente número de professores cristãos que demonizam tais religiões e fazem questão de não ensinar ou ensinar de maneira errada para seus alunos as culturas vindas de África, desrespeitando a Lei 10.639.
Toda essa ocultação histórica, somada com doses cavalares de fundamentalismo e moralismo, geram a ignorância e a intolerância.
Não pense que essa onda conservadora irá afetar apenas a liberdade das minorias. Logo, logo ela chegará até você (isso se ainda não chegou), tentando lhe impor o que você deve ou não fazer, como deve viver, a quem deve seguir, como deve se portar, falar e agir.
Precisamos de mais autonomia, mais liberdade. Não precisamos de mais restrições e censura. O povo de santo exige e merece respeito. A população negra, as mulheres e os LGBTs também.
Nem um passo atrás deve ser dado, devemos continuar caminhando, escrevendo e propagando a nossa história e a nossa cultura.
Vai ter batuque. Vai ter Orixás. Vai ter cânticos. Vai ter muito povo de santo. Vai ter muito axé!
Santa Catarina também é negra. Aceitem!
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