quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Fanatismo e ignorância são monstros que precisam ser alimentados

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Um dia destes vi, na televisão, um clássico chamado “O Vento Será Tua Herança” (Inherit the Wind), cuja trama é baseada chamado Scopes Monkey Trial, um caso real também conhecido como o Julgamento do Macaco. Impossível não lembrar do Brasil e da interferência do fundamentalismo religioso na educação, numa tentativa de levar a intolerância para dentro das salas de aula.

O filme remete para o ano de 1925, quando o Estado do Tennessee levou o professor John Thomas Scopes ao banco dos réus, sob a acusação de desrespeitar a Butler Act, uma lei vigente na época. Qual o crime cometido? Ora, o professor foi a julgamento porque estava a ensinar a teoria da evolução de Charles Darwin aos seus alunos. Imaginem a ousadia.

O problema é que tal lei proibia o ensino do evolucionismo em sala e só as teses do criacionismo (aquelas que vêm da Bíblia) eram consideradas válidas. Lembro de uma fala do ator Spencer Tracy, que enche a telinha ao interpretar o advogado Clarence Darrow, famoso defensor das liberdades civis nos EUA, ao falar no monstro que se estava a gerar.

Pela voz do ator, o advogado Clarende Darrow diz que intolerância é um poço sem fundo. E faz a sua intervenção trazendo à baila o tema do fanatismo:

- “Vocês não conseguem entender? Se vocês pegam uma teoria como a evolução e tornam crime ensiná-la nas escolas, amanhã vocês podem tornar um crime ler sobre isso. E logo vocês podem proibir livros e jornais. E então podem virar católicos contra protestantes e protestantes contra protestantes, e tentar impingir a sua própria religião sobre a mente das pessoas”, avisa.

E prossegue:

- “Se vocês podem fazer uma coisa, também podem fazer outra. Porque o fanatismo e a ignorância estão sempre em movimento e precisam ser alimentados. E em breve, com bandeiras ao vento e tambores a rufar, estaremos marchando para trás, através dos tempos gloriosos do século XVI, quando fanáticos queimaram os homens que ousaram trazer a iluminação e inteligência para a mente humana”, conclui.

Eis uma voz que há quase um século vem trazendo este aviso: o fanatismo só faz o tempo recuar. Transpondo o alerta para o Brasil, um país que insiste em alimentar o monstro da intoletância, é possível dizer que o país está a evoluir a passos firmes... do século 21 direto para o século 16.

É a dança da chuva.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

#eu defendo o sistema municipal de cultura

POR IRACI SEEFELDT
#eudefendoSMC #eudefendooSimdec

Nas últimas semanas, o setor cultural de Joinville foi pego de surpresa com modificações estruturais feitas pela Prefeitura de Joinville no Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura, o SIMDEC. Primeiro foi lançada, em 22 de novembro, a Portaria 96/2017 ,com o regulamento para inscrição de projetos no mecanismo de Mecenato do SINDEC deste ano. A portaria trouxe novas regras, em desacordo com o Decreto 12.839/2006.

As mudanças dificultavam em muito a inscrição dos projetos e não foram previamente discutidas com o Conselho Municipal de Políticas Culturais - CMPC. E ainda apresentava um prazo de apenas 15 dias para inscrição dos projetos. Na terça-feira passada, 13 de dezembro, um novo Decreto foi assinado pelo Prefeito e publicado (sem nenhuma divulgação ou discussão prévia com o CMPC e os artistas da cidade) no Diário Oficial do Município, revogando o Decreto de 2006, que regulamentava o SIMDEC deste então, e impondo novas regras, totalmente desconectadas dos atuais conceitos de gestão cultural.

Essa nova e arbitrária ação da Prefeitura de Joinville, somada a uma séria de ações que, desde 2013, têm contribuído para o desmonte das políticas públicas e das instâncias que compõem o SMC, não favorecem em nada o desenvolvimento cultural de Joinville. Diminuem o fluxo da realização dos projetos culturais, além de reduzir o setor cultural a uma instância menor, enjaulada em processos administrativos, sem vida e sem o devido valor que a arte e a cultura ocupam no desenvolvimento de uma cidade.

Em anos anteriores, outros movimentos foram articulados frente ao descaso da gestão municipal:
- O “Movimento Ocupa Cidadela” e o “Manifesto Cena 11”, em 2014.
- O “Movimento Retrocesso Não”, em 2015.
- Os vários protestos públicos, em 2016, quando a Secretaria Municipal de Comunicação – SECOM tirou do ar o site da Fundação Cultural, os blogs das unidades, como das escolas que integram a Casa da Cultura e dos museus e espaços de memória geridos pelo município.
- E ainda a forte participação de integrantes do CMPC e diversos artistas e representantes de instituições culturais durante o processo de votação da Reforma Administrativa, que resultou na manutenção da existência da Fundação Cultural, mesmo que subordinada à nova Secretaria, e também pela permanência da Rádio Joinville Cultural e o Arquivo Histórico de Joinville sob a guarda da Secretaria e Fundação Cultural.

Ao olhar para esses últimos cinco anos da gestão cultural da nossa cidade - somada à já antiga falta de competência dos governos estaduais em fazer uma gestão cultural que fortaleça a arte e os bens culturais do nosso estado e ao trágico cenário em que se encontra a política federal - nos encontramos frente a um cenário de desesperança, que em nada nos motiva a seguir pesquisando, criando, formando e trabalhando com arte e cultura.

Mas ao deitar o olhar para um tempo anterior a esse, sabemos que é possível, sim, viver num estado democrático, onde a gestão participativa e as instâncias representativas da sociedade civil são respeitadas. É nesse lugar que encontro forças para dizer que a causa da cultura vale a pena. Tenho certeza que juntos somos mais fortes e temos a energia necessária para resistir e reencontrar o caminho para uma sociedade capaz de entender o real valor da arte e da cultura nos processos de desenvolvimento humano e social.

Iraci Seefeldt é gestora cultural, produtora, atriz e jornalista.

Defesa do SIMDEC é o tema quente na cultura em Joinville

POR ET BARTHES
Pessoas ligadas à cultura em Joinville estão a protestar contra alterações introduzidas no SIMDEC - Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura. Instituído em 2005, o programa tem a função de financiar e incentivar projetos culturais. O filme, que foi divulgado na última semana, mostra depoimentos na defesa do SIMDEC. 


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Com pressa, sem pressa ou na hora certa?


POR JORDI CASTAN
LULA - Fiquei na dúvida se é oportuno ou intempestivo que o ex-presidente Lula seja julgado agora, no inicio do ano, ou se seria melhor que o julgamento se alastrasse por anos a fio e acabasse prescrevendo? Lembrei que processo de idoso tem prioridade e me pareceu justo que assim seja. Se eu tivesse sido condenado em primeira instância a 9 anos de cadeia, e fosse inocente, gostaria que a situação se resolvesse quanto antes e o tribunal desse logo uma sentença que me inocentasse. Assim ficaria mais tranquilo e calaria a boca de todos esses que gostariam de me ver cumprindo pena, atrás das grades.

É verdade  o ex-presidente não terá muito tempo para se alegrar com o resultado, porque há outros processos correndo e continuará ocupado com advogados preparando a defesa de cada um dos processos que correm contra ele. Aliás, todos por pura inveja. Essa elite de olhos azuis não tolera e não engoliu nunca que um semianalfabeto tenha chegado a presidente deste país. Mas não perde por esperar, como dizia o ex-presidente Collor: "o tempo é o senhor da razão".

UDO - Voltando aqui à vila. Finalmente, o que já tinha comentado há alguns dias está se confirmando. O prefeito Udo Dohler acredita que a gestão que está fazendo em Joinville o qualifica para aspirar ao governo do Estado e se coloca à disposição do partido para concorrer a governador. Essa coisa de se colocar à disposição do partido é conversa para boi dormir. Ele quer e quer muito. Aliás, não é de hoje que quer. Numa conversa com amigos, desses ligados nessas coisas da política, ficou no ar a dúvida do que seria melhor para Joinville? Seria melhor que se candidatasse e o vice-prefeito Major Coelho assumisse ou seria melhor que ficasse e cumprisse todo o mandato? O debate terminou repentinamente e a frase lapidar que encerrou a conversa foi: ¨melhor louco conhecido...¨

É bom lembrar que para o prefeito chegar a ser candidato, muita Água terá que passar pelo moinho e antes terá que combinar com os russos. Mas os russos que eu conheço não parecem dispostos a pôr as coisas fáceis para o godo. Assim que quem viver verá. Minha aposta é que o "alemão" não sai. Precisaria coragem. Coragem é uma virtude que poucos têm.  

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A sombra do fascismo amedronta o Brasil


POR DOMINGOS MIRANDA
O que é o fascismo? É a política praticada através do terror e do medo. O Brasil já conviveu com esta praga entre 1964 e 1985 e, agora, a sua sombra aparece e incomoda os democratas. As recentes invasões das universidades federais de Minas Gerais e de Santa Catarina são uma prova do abuso de autoridade e desrespeito ao princípio constitucional da inviolabilidade universitária. A consequência deste ataque à honra do cidadão foi a morte do reitor Luiz Carlos Cancellier.

Quando a justiça se acovarda e permite a ação abusiva da polícia, quem perde é o cidadão. O desembargador Lédio Rosa de Andrade, magistrado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, fez um discurso emocionado na homenagem ao reitor Cancellier. Ele alertou: “Esta noite fiquei a pensar quando a humanidade errou e não parou Hitler no momento certo, quando a humanidade errou e não parou Mussolini no momento certo... Eles estão de volta. Será que vamos errar de novo e vamos deixa-los tomar o poder? A democracia não permite descanso. Eles [os fascistas] estão de volta. Temos que pará-los”.

Não faz tanto tempo assim, convivíamos com torturas, execuções e ataques a bombas praticados por agentes da lei, aqueles que, legalmente, deveriam nos proteger. Um destes exemplos. No dia 16 de dezembro de 1976, agentes do DOI, órgão de investigação do 2º Exército, cercam uma residência do bairro da Lapa, em São Paulo, onde está reunida a cúpula do PCdoB. Matam a sangue frio os dirigentes Pedro Pomar, Ângelo Arroio e João Batista Drumond. Poucos meses antes, a repressão já havia assassinado o operário Manoel Fiel Filho e o jornalista Vladimir Herzog.

Não queremos que estes tempos sombrios voltem novamente. O alerta do desembargador catarinense tem razão de ser pois há uma campanha de ódio sendo disseminada na sociedade. Alguns desavisados pedem a volta da ditadura e o candidato a presidente que elogia os torturadores está em segundo lugar nas pesquisas (em Santa Catarina tomou a dianteira). Não podemos colocar uma cobra no bolso porque, com certeza, ela irá nos picar.

Santo Agostinho nos ensinava que “a esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão, e a coragem a mudá-las”. Vamos lutar para mudar esta podridão que aí está, mas sempre tomando o cuidado para evitar que aventureiros fascistas assumam o comando. A democracia é a flor mais linda da política, mas ela é frágil e precisa ser protegida.


Charge publicada no jornal O Tempo – 29-10-2017

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

É preciso tirar Lula do páreo. E vapt-vupt...


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
24 de janeiro.

O Brasil tem um encontro consigo mesmo. O julgamento do recurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai servir como um divisor de águas. O antes e o depois. O “antes” mostra procuradores que fazem uma acusação baseada em convicções. E um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, muito pressuroso em condenar, mas sem apresentar provas cabais e deixando espaço para muitas dúvidas razoáveis.

“Por coincidência”, num momento em que o nome de Lula aparece imbatível nas pesquisas, surge o que parece ser uma tentativa de estocada final. Tomado por uma vertigem “justiceira”, o TRF4 apressa o julgamento do recurso da defesa do ex-presidente. Um tempo recorde. Mas essa pressa toda é porque a Justiça está preocupada em fazer justiça? É legítimo imaginar uma tentativa de impedir a candidatura do ex-presidente Lula. O poder vai perdendo o pudor.

Há opiniões para todos os gostos. Mas parece evidente que o TRF4 vai ratificar a condenação. O objetivo é impedir que Lula volte ao Palácio do Planalto. Afinal, uma vitória do petista condenaria o golpe ao fracasso, pois deitaria por terra todas as ações desde o impeachment de Dilma Rousseff. Os poderes político, econômico, midiático e judicial precisam se juntar numa cabala para manter o ex-presidente fora das eleições. E tem que ser vapt-vupt.

Pensemos no “depois”. A decisão do TRF nunca será um fim. Pelo contrário, pode ser o início de um processo fraturante. Se a condenação for confirmada, terá início um ambiente de guerrilha judicial nas instâncias superiores. E o povo? O problema é que, para a opinião pública, a credibilidade das instituições judiciais estará ferida de morte, pois o alinhamento ao golpe fica cada vez mais evidente. O golpe já nem se preocupa com as aparências.

A situação deixa muitas perguntas no ar. Será possível, para os golpistas, construir um candidato viável (até agora têm falhado fragorosamente)? E se Lula surgir, para o eleitor, como vítima de um golpe? O poder da velha mídia golpista ainda é determinante em tempos de digital? Como os golpistas irão se livrar da imagem de sanguessugas interessados apenas em projetos de poder e partilhas? Muitas questões.

Mas, principalmente, a pergunta de um milhão de reais: será possível continuar a governar contra o povo? Talvez fiquemos a saber em janeiro.

É a dança da chuva.



quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Rapidinha.


Hulk versus Homem Formiga: mini refrigerante, maxi produção

POR ET BARTHES
Para as marcas norte-americanas, os intervalos do SuperBowl são o grande acontecimento do ano. E não há muitas restrições nos investimentos para produzir os seus filmes publicitários. É o caso deste comercial, que teve uma superprodução e ainda a participação de heróis da Marvel.



terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O meu candidato perdeu? A culpa é das urnas...


POR LEO VORTIS
O Brasil tem coisas estranhas. Uma delas é a desconfiança com as urnas eletrônicas. É uma reclamação que surge sempre que há eleições. E quando o nosso candidato perde, claro. O último grande caso aconteceu em 2014, quando, depois da derrota de Aécio Neves, o PSDB pediu a recontagem dos votos. E ainda entrou com um pedido de uma auditoria para a fiscalização de todo o processo eleitoral.

O Brasil tem um dos mais modernos sistemas de votação do mundo e ainda assim há quem questione o seu rigor. Os sistemas eletrônicos podem ser falseados? Claro que sim. Tudo o que é eletrônico pode. Mas os especialistas (não os especialistas de Facebook) dizem que o atual sistema oferece garantias de segurança. Há algumas vulnerabilidades, claro, mas são pontuais e controláveis.

Ainda recentemente o especialista Diego Aranha, professor da Unicamp, disse que a falha mais grave identificada em estudos foi a questão do sigilo do voto. Ou seja, era possível, com algum esforço, saber em quem a pessoa votou a partir da hora de voto. Não parece ser crucial. Mas é claro que exige uma correção (o que parece ter sido feito). Aliás, num tempo em que as pessoas tendem a declarar o voto, esse não é um fator assim tão grave.

Há muita gente com essa mania de apostar no passado. As urnas eletrônicas são um sistema que está em sintonia com os tempos atuais. E é um dos raros casos em que o Brasil aparece como pioneiro. Aliás, vale salientar que as democracias mais maduras há muito vêm procurando soluções eletrônicas. Enquanto isso, há muitos brasileiros a pedirem uma volta aos tempos de antanho, em que os “coroné” determinavam o funcionamento do sistema.

Muitas pessoas tecem teorias da conspiração e insistem na ideia de que as urnas eletrônicas podem ser manipuladas. É tecnicamente possível, mas não provável em sistemas altamente controlados. E todos sabemos que é no papel que as fraudes acontecem. De fato, se alguém teria motivos para reclamar talvez fossem o Macaco Tião e o Rinoceronte Cacareco, que nunca mais se elegeram depois a instalação das urnas eletrônicas.

Qual é o maior problema? Ora, nas eleições ganha quem tem mais votos. O resto é conversa.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Transgênero, feminismo, mudanças climáticas

POR ET BARTHES
O que acontece quando a gente junta um antifeminista e uma mulher? Um cético que não acredita nas mudanças do clima? Um homem que não aceita a possibilidade de pessoas transgênero. E outros exemplos?