quarta-feira, 17 de abril de 2013

Tchau, Thatcher!


Thatcher é referência para os que confundem
"liberdade" com "liberdade de mercado"
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Quarta-feira. É o enterro de Margareth Thatcher. Dia de manifestar o meu desapontamento: tinha a esperança de que o neoliberalismo pudesse ser enterrado com ela. Não foi. Porque apesar do evidente desastre das últimas décadas, muitos governos – mesmo nos países que estão afundados em crises – ainda insistem na fórmula neoliberal.

É óbvio que os admiradores de Thatcher vão discordar. Porque, afinal, ela é um ícone da direita. Ninguém antes tinha tido coragem de ir tão fundo no combate aos direitos dos trabalhadores. Nunca alguém agiu com tamanho fanatismo contra o welfare state. E poucos líderes de nações foram tão anti-humanistas.

A herança de Thatcher é malfazeja. Hoje a sociedade vive indefesa ante a imoralidade de uma economia de cassino, fundada na ganância infindável de péssimos capitalistas. 
Ou você tem dúvidas de que o modelo neoliberal de desregulação financeira foi a gênese dessa madoffização da sociedade? Você pode até dizer que Thatcher não é a mãe dos “banksters” (mistura de banqueiros com gângsters). Mas de certeza é a avozinha.

O mais preocupante é que a hegemonia neoliberal não se deu apenas no plano econômico, mas principalmente no plano cultural (das subjetividades). Há uma ação ostensiva no sentido de formatar mentalidades e fazer acreditar que o neoliberalismo é uma inevitabilidade. O leitor e leitora já ouviram falar em pensamento único? Pois é. O problema é que quando todos pensam o mesmo, então ninguém está a pensar.


Hoje estamos todos infectados por ideias que nos foram inoculadas em décadas de propaganda. 
Os meios de comunicação encarregam-se de difundir o preconceito, através dos seus jornalistas e analistas: o mercado é sinônimo de liberdade, abertura, flexibilidade, mobilidade, dinamismo, inovação, vanguardismo e democracia; o Estado é sinônimo de coerção, fechamento, rigidez, imobilismo e paralisia. Quem ousa discordar? Mas será?


O fato é que as consequências práticas são nefastas. A Europa tem hoje 26 milhões de desempregados, com as economias de muitos países a cair a pique e o risco de ser o fim da União Europeia. Os Estados Unidos têm 12 milhões de pessoas no desemprego e a economia insiste em apresentar índices de crescimento anêmicos. A expressão "abaixo do limiar da pobreza" passou a fazer parte do léxico quotidiano dessas nações.


Houve uma des-humanização da sociedade. Os custos sociais são imensos. Os neoliberais não se importam com as pessoas e olham com frieza para as folhas de Excel, onde o desemprego, a falta de acesso à saúde ou o desinvestimento em educação não passam de infelizes estatísticas. É só lembrar a expressão de Hayek, sobre o "cálculo de vidas". Para o neoliberalismo, os excluídos são apenas perdas colaterais.


O neoliberalismo faz lembrar o famoso Barão de Munchausen. Não conhece? É um personagem para o qual não há impossíveis. Diz o barão: quando alguém está a se afundar na areia movediça, a solução é sair puxando os próprios cabelos.  É exatamente essa a fórmula: sair de uma crise usando as mesmas ideias que a causaram.

Para finalizar, deixo um statement. Eu - e certamente como o leitor e a leitora - espero deixar um mundo melhor atrás quando decidir ir para Marte. Thatcher não pode dizer o mesmo, porque abriu um caminho que leva à barbárie social. Tchau, Thatcher! E desculpe se não vou sentir saudades.

terça-feira, 16 de abril de 2013

E a mulher não fecha a matraca!

POR ET BARTHES
A torcedora não se calava e não parava de chatear o jogador. E ele, mesmo sem se virar, produziu uma das cenas mais divertidas do esporte. Confira.




segunda-feira, 15 de abril de 2013

Udo Dohler: a autoridade é autoritária?

POR JORDI CASTAN

Um dia destes, um bom amigo me questionou alguns comentários, em que dizia abertamente que achava o prefeito Udo Dohler uma pessoa autoritária. Ele acha - e não sem razão - que o prefeito é uma autoridade e que a sociedade espera que ele exerça a autoridade inerente ao seu cargo.

A conversa foi e voltou, com argumentos e contra-argumentos. Logo ficou claro que ambos concordamos no fato de que é função e obrigação de uma autoridade pública exercer essa autoridade. E que o prefeito tem que atuar com autoridade: é justamente para isso que foi eleito pela maioria dos joinvilenses. 

Depois de ter tido governos de quase todo tipo e modelo, o eleitor votou muito mais contra o que não queria e menos no que desejava. Muitos entenderam esta última eleição como um momento do voto de protesto. Ficou claro que ninguém quer um prefeito pusilânime.  Tampouco a candidatura que se identificou com a mitomania teve muito sucesso. Os candidatos com imagem associada à corrupção - ou cuja ficha está precisando de muita água, escova, sabão e sol para ficar limpa - nem chegaram ao segundo turno. O que não quer dizer que o candidato vencedor seja o melhor candidato para Joinville. Foi o melhor candidato entre os que disputaram a eleição.
  
Voltando ao tema da autoridade e de ser ou não autoritário, o debate está longe de encerrar. Eu diria mesmo que está no seu inicio. Mas vamos à definição de autoridade:

- Direito ou poder de se fazer obedecer, de dar ordens, de tomar decisões, de agir, etc.
- Aquele que tem tal direito ou poder.
- Os órgãos do poder público.
- Aquele que tem por encargo fazer respeitar as leis; representante do poder público.
- Poder atribuído a alguém; domínio.
- Influência, prestígio; crédito.
- Indivíduo de competência indiscutível em determinado assunto.

Estaremos todos de acordo que o prefeito, seja ele quem for, pelo cargo que ocupa é uma autoridade e dele se espera que exerça a autoridade com retidão e justiça. Os amantes da ordem e do respeito às leis veem com bons olhos aqueles que têm autoridade. Questionar isso seria como questionar o papel do maestro numa orquestra. Mesmo os menos letrados sabem que sem a figura do regente à frente da orquestra o resultado é uma cacofonia anárquica.

Porém, outra coisa bem diferente é o autoritarismo típico dos autoritários, aqueles que, pelo seu perfil, são vistos ou atuam de forma altiva, são impositivos, dominadores e, em não poucos casos, arrogantes. Em extremo chegam a ser despóticos. São facilmente identificáveis porque procuram impor-se pela autoridade, mais que pelo convencimento ou pela sua capacidade de argumentação. Sua forma de ser é percebida como resolutiva ou ainda como a de aquele que decide, que é determinado e que toma decisões com presteza.

Há um grupo acostumado a que outros tomem as decisões por eles. A vida fica mais fácil, pois não precisam questionar muito e podem se concentrar em obedecer de forma ordeira. O que acaba se convertendo numa relação conveniente para ambas as partes. O autoritário exerce a sua autoridade na plenitude, sem oposição, sem que haja questionamentos. E os dóceis e obedientes não têm que enfrentar a árdua tarefa de decidir, nem precisam questionar.

É uma situação adequada para justificar as relações de vassalagem de épocas passadas, mas inconcebível numa sociedade plural, democrática e formada por homens e mulheres livres.

Cão Tarado



domingo, 14 de abril de 2013

Tenta matar empresário e falha

ET BARTHES
Sabe por que na Rússia os ricos e poderosos têm todos carros blindados? As imagens mostram. O sujeito tenta atirar no empresário, mas a bala ricocheteia no vidro e a arma encrava no segundo tiro.