sexta-feira, 21 de julho de 2017
Robôs-sexuais serão as prostitutas do futuro
POR LEO VORTIS
Quem já viu a série televisiva “Westworld” deve estar familiarizado com o tema dos robôs humanoides. A história tem lugar num futuro onde a tecnologia é capaz de produzir réplicas tão perfeitas que fica difícil saber quem é máquina e quem é humano. É um parque temático onde os robôs, chamados anfitriões, existem para servir os seres humanos. É uma terra sem lei. O visitante pode matar um robô sem que isso seja considerado crime.
Mas talvez o ponto que mais chame a atenção são as “robôs-sexuais”, que estão ali para servir os visitantes. O fato de serem sempre mulheres (o que não impede o contrário) mostra uma (cripto)sociedade que reproduz o poder do macho. Daí para a realidade é um pulinho. Porque a humanidade caminha a passos largos para a criação de androides (e ginoides) cada bez mais perfeitos. E ninguém duvida que uma das primeiras aplicações deve ser o entretenimento sexual.
Muitas das empresas que hoje fabricam bonecas sexuais já estão a pesquisar – algumas muito avançadas – soluções tecnológicas que permitam criar modelos capazes de falar ou de se movimentar. A distância para Westworld ainda é longa, mas a indústria vai a caminho. Alguns especialistas em robótica estimam que serão necessários cerca de 50 anos até que os robôs quase humanos sejam uma realidade.
Eis um exemplo de hoje. A RealDoll Abyss Creations, uma empresa especializada no desenvolvimento de bonecas sexuais, tem “produtos” em dimensão real e com possibilidade de alguma interação. Mas a partir deste ano estão introduzindo elementos de inteligência artificial. É notável o design hipersexualizado das suas bonecas, desenvolvidas de forma a reproduzir os estereótipos da mulher destinada ao sexo.
A questão já levanta problemas éticos no mundo real. Será lícito produzir robôs para o prazer sexual dos humanos? Há quem aposte num futuro no qual “robôs-prostitutas” irão trabalhar em bordéis ou poderão ser companhia para pessoas solitárias. E há ainda quem fale em robôs usados para tratamento, em casos de violadores e pedófilos. É este último caso é o que mais levanta discussão e pede a intervenção dos estudiosos.
A questão é séria. Tanto que já existe um doutorado em Ética de Robôs e Inteligência Artificial, com uma perspectiva feminista sobre as novas tecnologias (aqui). Enfim, uma coisa é certa: são novos tempos... e exigem novas abordagens.
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A empresa fabrica bonecas quem parecem mulheres verdadeiras... |
quarta-feira, 19 de julho de 2017
Vereador socialista Rodrigo Coelho "detona" Lula
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇOPOR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Depois da discussão sobre os galos - vai para a panela, não vai para a panela - o vereador socialista Rodrigo Coelho, do PSB, voltou a ser destaque na Câmara de Vereadores de Joinville. O vereador protagonizou o momento pelo qual o Brasil esperava: subiu à tribuna para expressar a felicidade pelo anúncio da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E o país parou para ouvir.Com o seu conhecido talento para a oratória e num discurso mobilizador, o vereador falou em nome próprio e do PSB de Joinville. Uma ação que faz todo o sentido, uma vez que o seu partido é feito de gente incorruptível. É uma das poucas siglas que escapa incólume ao envolvimento com a corrupção ou mesmo apoio ao cada vez mais popular Michel Temer. Não confundam: o “Sport” na lista da Odebrecht nada tem a ver com o seu partido.
Sem meias palavras e num tom escorreito, o vereador afirmou que o ex-presidente Lula é o “chefe de todo o esquema que foi denunciado e comprovado pela Lava Jato”. Se ainda pairava qualquer dúvida sobre a culpa, parece que agora ficou tudo muito claro. O peso da afirmação do vereador vem esclarecer os fatos e pôr uma pedra sobre a questão. Detonado por Coelho, agora o ex-presidente Lula é carta fora do baralho. É Joinville fazendo história.
A greve geral de 1917 em Joinville
POR DOMINGOS MIRANDA
"Patrões cederam, mas depois perseguiram as lideranças".
Há exatos cem anos o proletariado se uniu numa greve geral e parou, na época, a segunda maior cidade do País. A partir daí os trabalhadores passaram a ter um papel de mais destaque na sociedade. Alguns resultados, frutos desta mobilização, vieram em seguida, tais como o surgimento do Partido Comunista do Brasil (1922), a primeira lei de seguridade social (1923) e a lei das oito horas de trabalho (1943). Até hoje, toda a conquista do trabalhador se deu através de muita luta e organização.
O descontentamento da classe operária já vinha num crescente desde o início do século por conta dos baixos salários e da carestia. A erupção deste vulcão social se deu em São Paulo, em 9 de julho de 1917, quando os operários de uma fábrica têxtil entraram em greve por melhoria salarial e das condições de trabalho. Mesmo com a repressão violenta, o movimento se espalhou como fogo em palha seca e em poucos dias 70 mil trabalhadores estavam em greve geral e a capital paulista parou totalmente durante uma semana. Após intensa negociação, chegou-se a um acordo e os grevistas conquistaram reajuste salarial de 20%, sem a dispensa de qualquer participante do movimento.
A vitória teve repercussão nacional e o movimento paredista se estendeu por outras cidades de vários Estados. Em Joinville, cidade de formação educacional prussiana baseada na ordem e no respeito aos chefes, o descontentamento escapou do controle. Em 23 de julho de 1917 estouraram greves em várias fábricas pela primeira vez. Por causa da 1ª Guerra Mundial, os preços das mercadorias dispararam, provocando grande carestia e gerando descontentamento geral. O exemplo de São Paulo foi a fagulha que incendiou as mentes dos operários. Com as máquinas paradas, os empregadores foram obrigados a chegar a um acordo e se comprometeram a vender alimentos por preço de custo. A greve se encerrou no dia 1º de agosto.
Pegos desprevenidos, os empresários se mobilizaram em torno de suas associações para evitar o aparecimento de novos conflitos trabalhistas e fizeram intensa propaganda contra “os agitadores”. No dia 4 de agosto, o jornal Gazeta do Comércio publicou manifesto dos patrões pedindo ao operariado que fechasse os ouvidos aos pregoeiros da demagogia que “outra coisa não fazem senão fomentar agitações estéreis e perniciosas ao próprio operariado”. No entanto, para os líderes dos grevistas a repressão foi mais violenta. Foram publicadas as famosas “listas negras” – onde constavam os nomes dos trabalhadores ditos desordeiros – que foram banidos do interior das fábricas.
Passados cem anos, muita coisa mudou. Mas a razão das greves permanece a mesma, pois o patrão busca maior lucro, geralmente em cima de salários reduzidos. Isto fica evidente quando se vê a mais recente pesquisa do IBGE, com dados do cadastro da Central de Empresas, mostrando que o nível dos salários dos operários de Joinville está abaixo da média do Brasil. A greve geral de 1917 mostrou o caminho, mas a luta não pode parar.
terça-feira, 18 de julho de 2017
Matamos pessoas de frio e de desigualdade hoje
Na semana passada, o Profissão Repórter mostrou um pouco da realidade de pessoas que moram na rua por N motivos. A imagem de uma criança tomando banho na água fria do metrô chocou muita gente. Outras nem ligaram, mas será que ainda são gente?
A imagem de pessoas em situação de rua, sejam elas crianças, mães, pessoas que perderam tudo ou outras em situação de drogadição não é novidade para quem se chocou vendo pela TV. Quem sempre se preocupou com os direitos básicos das pessoas sabe a dimensão do problema, os fatores causadores e o quanto estar na rua amplia os problemas dessa população que fica mais sujeita à violência, à falta de saúde, de educação…
E um comentário resume bem a contradição quando a questão é moradia: “Tanta gente sem casa, tanta casa sem gente”.
A quantidade de casas vazias poderia abrigar tranquilamente as famílias e pessoas que estão nas ruas, mas “nós” não queremos isso. Queremos a manutenção de um sistema que jogue gente na rua, sem importar se as crianças vão passar fome, tomar banho gelado e ficar doente. Ou se os mais velhos vão morrer de frio nas calçadas.
Hoje fez frio e muita gente ficou preocupada com gente na rua. Talvez até tenha doado algum cobertor, levado comida para alguém. É uma atitude louvável. Mas não é o que resolve o problema. Temos que resolver é este sistema que deixa pessoas sem casa e deixa as casas vazias.
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