sábado, 10 de setembro de 2016

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Carlito Merss



POR CARLITO MERSS

Joinville, 2011.
Céu avermelhado, bafo, sufoco, difícil de respirar.
A gente olha pros lados e até dá um desâmino.
Mas daí sopra o vento, o ar fica mais leve e vem a chuva.
Chuva pra lavar a alma e limpar nossos pecados.
Chuva pra descarregar as energias ruins e deixar a água levar.
Nada como um banho de chuva pra gente sorrir de novo e seguir em frente.

Joinville, 2016.
Tá tudo dominado.
A grande mídia controla a informação e molda o pensamento.
As verdades únicas apontam as setas para quem discorda.
A saída parece ficar pequena e o corpo quase desiste da luta.
Mas daí a internet abre a janela para o mundo, as ideias começam a respirar.
E lá vem outra chuva, dessa vez ácida, corrosiva, queimando as línguas e torrando o cérebro.
Trocando a pele nós renascemos.

Viva as diferenças, viva o pensamento livre.

Deixa o Chuva Ácida nos molhar por muito anos!






Carlito Merss é economista,
professor e e ex-prefeito
de Joinville
https://www.facebook.com/carlitomerss/?fref=ts

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Ivan Rocha



POR IVAN ROCHA

Uma das principais ferramentas para a dominação de uma classe sobre a outra é o controle dos meios de comunicação. Com o monopólio da comunicação, a classe dominante consegue pautar o debate social, influenciar a formação das opiniões, acender um debate ou esmaecer outro. Pode destruir reputações, aumentar a auto-estima ou construir “mitos”, mesmo que estes sejam crápulas da pior espécie. Mais do que tudo isso, dominar a comunicação é ter poder. E poder é dinheiro.

Todos aqueles e aquelas que tem interesse e agem na construção de uma cidade melhor, democrática de verdade, sabem a importância da democratização da comunicação. Uma verdadeira ampliação das diferentes vozes na sociedade, uma vigilância constante dos poderosos e suas falcatruas, uma divulgação digna da riquíssima cultura brasileira e humana.

Por isso, saúdo os cinco anos do Chuva Ácida. Um site que tem um compromisso com a democracia, com a pluralidade e com o pensamento crítico. Que, na falta de um jornal que faça isso, atua na vigilância sobre os poderosos e governantes que tentam fazer da cidade um balcão de negócios.

O Chuva Ácida entrou na briga ao lado do povo e contra interesses particulares em diversas causas, como a Cota 40, a LOT, o transporte público e as ciclovias. Também arrumou brigas com vereadores e com a prefeitura, sempre apontando questões que eles queriam deixar longe holofotes. Por isso, o Chuva Ácida é um coletivo que diariamente reafirma seu compromisso, como nós do PSOL, ao lado do povo.

Parabéns e vida longa ao Chuva Ácida.




Ivan Rocha é tecnólogo
em marketing e trabalha
na empresa
Aqui Tem Promoção.
https://www.facebook.com/ivanrocha50?fref=ts

Como fazer filmes de campanha eleitoral

POR ET BARTHES

Ser marqueteiro de político é difícil? Segundo este filme, parece que não. É só seguir o roteiro apresentado. Aliás, tem muita gente na política atual que ainda segue essa fórmula. Veja só como é fácil.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

CHUVA ÁCIDA 5 ANOS - Ricardo Lautert














POR RICARDO LAUTERT

Os cinco anos do blog Chuva Ácida coincidem com minha chegada na cidade. Logo nos primeiros meses apresentaram-me um canal alternativo à grande imprensa.
É com esta característica principal que consigo definir melhor o significado do Chuva para a cidade: um meio de comunicação e informação que possibilita uma outra visão sobre os acontecimentos da cidade e do país. Toda iniciativa que corre por fora da opinião dos grandes monopólios de comunicação deve ser valorizada.

Em momentos políticos como esse que vivemos (impeachment, ataques aos direitos trabalhistas), a imprensa exerce um papel fundamental na construção de uma opinião. Não é a toa que grande parcela da população vê apenas duas saídas. Ainda vê nas eleições a solução de grande parte de seus problemas e, também com influencia da grande mídia, vê apenas duas saídas:

1- Esta que dirige o país com Temer/PMDB.
2- O Respeito à democracia e esperar novas eleições em 2018 com Dilma/PT a frente.

Provando a pluralidade e abertura desse espaço. Acreditamos que seja necessário construir um terceiro campo, alternativo a esses dois blocos citados acima, por fora das eleições. É necessário mais do que nunca a unidade da classe trabalhadora, da juventude e do povo pobre para derrotar todos os ataques capitaneados por Temer neste momento. E neste sentido, no meio dessa situação política e econômica do país, a liberdade destes espaços como o Chuva Ácida serão essenciais para a veiculação das opiniões a margem da grande mídia.

Parabéns ao Chuva e o desejo da massificação de instrumentos como este.



Ricardo Lautert
é professor da
Rede Estadual
de Educação


Imigrantes não votam. E não contam para as eleições 2016?
















POR LIZANDRA CARPES

Há quase dois anos, instituições de defesa de direitos, movimentos sociais e igrejas se reuniram em Joinville para formar uma Frente de Apoio aos imigrantes trabalhadores e trabalhadoras.  São realizadas desde então reuniões mensais e foi proposta uma Audiência Pública, que aconteceu em agosto do ano passado (06/08/2015). Protocolamos abaixo assinado no gabinete do atual prefeito com mais de 2000 assinaturas, solicitando melhor atendimento aos migrantes. A partir da audiência pública foi criada uma comissão de discussão da temática que envolvia o poder público e a sociedade civil. No entanto, pouco avançamos no atendimento a estas pessoas.

Trabalho, educação/idioma e um uma casa de passagem são as principais reivindicações desta população. Em Joinville não temos um espaço que sirva de referência para a população de rua e para a população migrante. Os espaços públicos não estão preparados para atender esta demanda. E quem chega à cidade cai na estatística da vulnerabilidade social e da violência cometida por um município que não tem políticas públicas referente a esta temática. Os imigrantes têm os mesmos direitos que qualquer cidadão nato no Brasil e merece nosso respeito e acolhida digna, uma vez que vem contribuir com sua cultura e seu trabalho.

O mundo é dividido em fronteiras que cercam territórios. São as linhas imaginárias, ou não, traçadas geograficamente e que definem o que tem direito de ir e vir no mundo inteiro. No entanto, estes traços ocupam marcas muito mais profundas na história, seja de uma localidade, ou de vidas. As fronteiras dentro do sistema capitalista globalizado são mais importantes que as vidas que vem e vão e muito mais que isto, estabelecem instâncias de poder. De acordo com o filósofo esloveno Slavoj Zizëk, as mercadorias e o dinheiro têm trânsito livre no mundo, o ser humano não.

Como não associar as fronteiras aos muros das casas? E muito mais do que isso, como não associar as fronteiras geográficas com aquelas que são traçadas no coração? As ideologias, as crenças religiosas, os preconceitos, a ignorância: tudo isso de alguma forma, cria uma fronteira. O racismo, a xenofobia, a intolerância religiosa, são fronteiras em forma de muralhas que separam e aniquilam vidas.

As fronteiras do mundo estão marcadas com a história de Aylan Kurdi, o menino de três anos, sírio, que foi encontrado morto à beira do mar quando ele e a família tentavam fazer a travessia de barco entre a Turquia e a Grécia. O sangue derramado por conta das fronteiras é de todas aquelas milhares de pessoas que passam meses à deriva no mar, aguardando compaixão de algum governo para atracarem em porto seguro com suas famílias. Ailan Kurdi simboliza muitas vidas, muitas mortes e também muitas fronteiras. A comoção com a imagem do menino congelada, da incapacidade humana de compaixão não se estende aos milhares de migrantes que ainda estão sofrendo violações de direitos.


Os limites das fronteiras são proteger o território, custe o que custar, mesmo que o custo sejam vidas e os traços destas linhas cruéis foram feitos pela humanidade. No entanto, a história pede uma nova construção e se o migrante for recebido como ser humano e não como mero estrangeiro. Quem sabe, assim é possível mudar o rumo de outras histórias.

O caso do pequeno Aylan ainda está na memória das pessoas