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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

É melhor mesmo?

POR JORDI CASTAN

Escolher candidatos comexperiência em trabalhos anteriores é uma boa opção? José António Baço pensaque sim. Que é melhor escolher candidatos que mostrem no seu currículoexperiência em ter trabalhado de forma produtiva.

Não tenho tanta certeza queo José António esteja certo. É só dar uma olhada para a carga horária que amaioria dos políticos cumpre, o tipo de atividades a que se dedica no exercíciodo cargo e, principalmente, a tranquilidade que é a sua jornada semanal. Nuncater trabalhado – ou tê-lo feito pouco – deve ajudar a levar uma vida como essa. Afinal,não fazer nada exige algum talento e preparação.

Tem que ser muito cara de pau para folgar com atranqüilidade que o fazem. É preciso desenvolver capacidade de abstração quasetotal, para passar horas a fio fazendo pouco. Ou pior, ainda tentando criar aimpressão, junto aos eleitores, de que a jornada está recheada de importantesatividades políticas e que a participação em cada uma delas é quase uma questãode segurança nacional.

Visto desde outraperspectiva, nunca ter trabalhado de forma produtiva pode ser considerado umdiferencial competitivo importante. Desocupados profissionais tem todo o tempodo mundo para fazer “politicagem”.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O candidato por trás da máscara



POR JORDI CASTAN

O Marques de Vauvenargues,conhecedor da corte e dos cortesãos, dizia que: "não há nada pior que uma pessoa amável por interesse". Os tapinhas nas costas, o riso forçado e até o beijo fingido com que saem à rua os pré-candidatos, trazem para esta Joinville dos dias de hoje a amabilidade por interesse e a convertem numa peçade ficção teatral.

E compartem goles da branquinhacom possíveis eleitores mais ou menos sóbrios, visitam todas e cada uma dasfestas das paróquias da cidade, experimentam churrascos, galetos e carreteiroscrus, no ponto e passados. Os pré-candidatos são convidados a cantar os númerossorteados nos bingos das APPs, a doar brindes e beijar criancinhas e rainhascom entusiasmo inesgotável.

Agora, a tecnologia permite que ospré-candidatos utilizem as redes sociais para estarem mais próximos dos seuspossíveis eleitores, e criem uma imagem pública que os faz totalmenteirreconhecíveis para quem os conhece ao vivo e a cores. Bem humorados,simpáticos, amigos, abertos, inteligentes, sábios, tolerantes. Em muitos casos,os seus perfis nas redes sociais são gerenciados por profissionais que seconvertem no seu “alter ego”, um outro eu. A literatura tem produzido grandesobras a partir da historia de sósias ou de “ghost writers” que ocupam o espaçoe a vida de outra pessoa. Eu não confio nestes pré-candidatos tão falsos quecontratam outros para que os substituam e respondam as tuitadas que recebem,escrevam os seus artigos nos jornais, comentem nos blogs e projetem uma imagemfalsa e irreal. Uma máscara que mais cedo ou mais tarde cairá.

Apesar de não votar neles, prefiroa autenticidade destes outros políticos, que escrevem errado, tuitam abobrinhase não se preocupam com a imagem que projetam. Os mesmos que desconhecem aconcordância, vivem entrando e saindo de sessões ordinárias, são despachantesde luxo em Florianópolis e Brasília e fizeram do cargo e da política um modo devida. São autênticos, e por sê-lo tem os seus eleitores fieis que se veemprojetados na sua imagem. Ainda que eles também, como membros da corte, sãoamáveis só por interesse.