sábado, 5 de maio de 2012

O mundo quer internacionalizar a Amazônia?*

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Ok... pode parecer teoria da conspiração. E há coisas que passam ao lado da opinião pública brasileira. Mas o fato é que o mundo está de olho na Amazônia. Sabem aquela história de ser o "pulmão do mundo"? Muita gente em outros países acredita nisso e acha que, se é o pulmão do mundo, então deve pertencer a todos cidadãos do planeta.


Faz algum tempo, fiquei estupefato ao ouvir numa rádio de Lisboa um programa que, com a participação dos ouvintes, discutia a internacionalização da Amazônia. O debate surgia na sequência de notícias que davam conta da destruição das florestas da região. O tema é relativamente frequente na imprensa mundial, mas naquela época repercutia um artigo publicado no jornal inglês "The Independent", sob o título "Sentença de morte para a Amazônia". É uma coisa que assusta o mundo.


A pensar nisso e nos fatos recentes, ficam perguntas. Que mensagem os políticos brasileiros vão passar para o exterior com o novo Código Florestal? O que o mundo vai pensar de fazendeiros a avançar sobre as florestas? As outras nações vão assistir, impassíveis, à ocupação e destruição de zonas ainda intocadas na região amazônica?
Quem nunca ouviu falar num suposto plano para a internacionalização da Amazônia? É um tema controverso e há posições para todos os gostos: há os que levam a sério e há os que acham pura balela.

O que mais surpreendeu no programa de rádio de Lisboa, cuja audiência é composta por formadores de opinião e segmentos de públicos mais esclarecidos, foi o grande número de pessoas favoráveis à tal internacionalização, sob o argumento de que a área é de interesse mundial. A lógica é a seguinte: se os brasileiros não sabem preservar as riquezas naturais da Amazônia, é justo que outras nações assumam a tarefa.


Foi o que causou estupefação. É claro que não se deve tentar avaliar a opinião pública a partir de um grupo de amostragem tão pequeno como os ouvintes que telefonam para uma rádio. Mas a verdade é que surgem indícios de que, numa situação extrema, talvez não seja tão difícil obter o apoio da população mundial para a tal internacionalização.


O que nos traz a esse assunto? É que a região amazônica mantém imensas riquezas em termos de biodiversidade e não se pode negar que haja quem esteja de olho nesse potencial. Não apenas pela flora e pela fauna (a biopirataria é tema atual), mas também por seus vastos recursos minerais e hídricos.



Nunca é demais lembrar as previsões de que num futuro próximo a água será um bem estratégico, como hoje é o petróleo. E a Amazônia é uma das regiões mais ricas do mundo em termos hídricos e em biodiversidade. Paranóia? Talvez. Mas o petróleo tem sido o motor de muitas guerras... 


Teoria da conspiração? Não sei. Mas, de qualquer forma, é sempre bom seguir o exemplo dos jogadores de xadrez e tentar pensar alguns lances adiante. Podemos, portanto, fazer algumas perguntas. E se um dia a guerra for pela água? E se as potências hegemônicas estiverem mesmo de olho na biodiversidade da região? E se for criado um clima internacional que legitime uma intervenção para "preservar" a Amazônia? E se a opinião pública for favorável? E se...

Há mais perguntas do que respostas. Pode parecer um excesso, mas é melhor não deitar em berço esplêndido.



Veta, Dilma.


*Adaptação de um texto publicado no jornal A Notícia em 2003.

Guerreira, superfaturamento, exclusividade


sexta-feira, 4 de maio de 2012

Os repórteres só querem escandalizar?


POR ET BARTHES
O cidadão está ajudando no atendimento de uma mulher que passou mal e o jornalista começou a  fazer perguntas meio fora de foco. O homem se encheu de razão para explicar ao repórter como ele deve se comportar. “Em vez de vocês darem assistência aqui, ficam escandalizando”, disse o homem ao acusar o repórter de falta de escrúpulos.



Bombeiros de Joinville e a defesa do indefensável


POR GUILHERME GASSENFERTH

Quando estava lendo a edição do último sábado de ANotícia, deparei-me com um artigo cujo título já me fez torcer o nariz: “A verdade sobre os bombeiros”, do oficial da PMSC Zelindro Farias. A epígrafe da missiva já se reveste de arrogância. É como se pedisse para esquecer tudo o que o jornal e seus leitores vem escrevendo a respeito dos bombeiros voluntários porque era tudo mentira, e agora alguém vem apresentar a verdade absoluta.

O Sr. Farias, provavelmente imbuído do sentimento corporativista característico dos militares, chama de falácia a afirmação do Jordi Castan de que os bombeiros militares custam quarenta vezes mais que os voluntários. Segundo o relatório de execução orçamentária de SC de 2011, parece que o Sr. Castan foi modesto. Enquanto os bombeiros militares custaram R$ 159,6 milhões aos cofres públicos estaduais, os bombeiros voluntários receberam repasses da ordem de R$ 1,5 milhões do governo do Estado. Nesta conta, os militares custaram 101 vezes mais ao Estado. É óbvio que há outros repasses públicos, das prefeituras e talvez até do governo federal, mas é muito óbvio: uma corporação onde a maior parte dos trabalhadores são voluntários vai custar muito menos que uma outra com pessoal concursado e recebendo para trabalhar.

Com algumas afirmações cujo raciocínio me parece obtuso, o Sr. Farias esforça-se para defender o indefensável. É favorável à exclusividade dos bombeiros militares na realização das vistorias preventivas nas empresas, o que o torna um opositor da possibilidade do trabalho voluntário nesta seara.

Conheço pouco a corporação de voluntários daqui. Mas posso afirmar que não há necessidade de que os militares atuem em Joinville. Primeiramente porque o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville é exemplar. Apresenta tempo de resposta melhor que o preconizado pelos padrões mundiais; é equipado adequadamente, possuindo até mesmo equipamentos mais avançados que muitas outras corporações; trabalha em conjunto com SAMU e Polícia Militar nos atendimentos a emergências; presta vistoria técnica preventiva sem nada cobrar dos contribuintes; e há 120 anos é um marco histórico do voluntariado, cidadania e participação civil em Joinville e em Santa Catarina.

A insistência que os bombeiros militares tem em buscar a exclusividade da realização de vistorias cheira-me a ambição financeira. É claro, imaginem quantas empresas a maior cidade do Estado e outras possuem onde os militares poderão faturar R$ 0,26 por metro quadrado de vistoria. Uma empresa como a Whirlpool, cuja planta tem mais de 1 milhão de m2 renderia aos bombeiros militares sozinha mais de R$ 260.000,00. Imaginem todas as empresas somadas. É dinheiro que não tem fim e justifica a gana por impedir a prestação deste serviço por bombeiros voluntários, que nada cobram.

Agora, se a intenção é nobre e os bombeiros militares querem é auxiliar no salvamento, socorro, combate a incêndio e resgates então eu sugiro que direcionem os esforços para as 177 cidades catarinenses onde não há nenhum tipo de bombeiros. Com certeza lá serão muito úteis e a comunidade os receberá bem.

Os joinvilenses estão satisfeitos com os Bombeiros Voluntários, entidade que tanto nos orgulha e protege há 120 anos. Agradecemos a gentileza, mas seus préstimos não são necessários por aqui.

* o autor participa do Curso de Formação de Bombeiros Voluntários do CBVJ.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A batata de Ashton Kutcher é racista?


POR ET BARTHES
Tem gente que não vê qualquer coisa de mal. Mas tem gente que vê racismo. O certo é que o filme publicitário protagonizado pelo ator Ashton Kutcher, para a marca de batatas fritas PopChips, levantou a ira de muita gente, que achou o personagem indiano preconceituoso. Tudo porque Kutcher pintou a cara de castanho. E enquanto tem gente a pedir que o filme seja retirado do ar, há muitos mais a ver pela internet mundo afora. E você? O que acha? Racista ou não?