sexta-feira, 14 de abril de 2017

Ocupação do MST em Garuva pode mudar relação com a terra em Joinville




POR FELIPE SILVEIRA
A ocupação da terra sempre foi determinante na história da humanidade. Define quem é rico e quem é pobre, quem tem poder e quem não tem. Dos reinos europeus às “invasões” nos manguezais joinvilenses. Aliás, falando na terra que já foi da Dona Francisca, a cidade é fortemente marcada pela especulação imobiliária, desde a fundação, que ocorreu quando o princípe decidiu lotear a região para fazer um caixa enquanto fugia da revolução de 1848.

Acampamento Egídio Brunetto, em Garuva.
Foto: MST
O dono da terra tem forte influência sobre a cidade. Define onde vai ter asfalto, esgoto, posto de saúde, o preço do metro quadrado e o custo do aluguel. O que alguns chamam de “livre mercado” tem alguns nomes mais, digamos, honestos: senhor da terra, latifundiário… Nas regiões rurais acharam até um nome mais bonito: agronegócio.

Mas há um contraponto. A exploração anda sempre no limite, mas sempre querendo mais. Quando ultrapassa a fronteira, há uma resposta da outra classe, em um movimento constante que move a história. Desde os primórdios que isto se vê mais claramente na luta pela terra, quando os expropriados se levantam.

Para evitar isso, algumas medidas são tomadas. Os Estados Unidos, por exemplo, fizeram a sua Reforma Agrária no século 19, quando Abraham Lincoln sancionou o Homestead Act (Lei da Fazenda Rural). O Brasil, por outro lado, “honrou” sua tradição escravagista e senhorial ao promover inúmeros massacres na sempre constante luta pela terra. Canudos e Contestado são dois dos exemplos mais conhecidos.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) é a continuidade desta histórica luta no nosso tempo. Organizado politicamente, o movimento enfrenta cotidianamente a violência latifundiária e estatal.

No início desta semana, uma ocupação de terra do MST ocorreu aqui pertinho, em Garuva. O terreno, como todos os ocupados pelo MST, está improdutivo e tem problemas com dívidas na Justiça. Mas, embora organizada pelo movimento sem terra, o acampamento é composto por pessoas pobres, em grande parte desempregadas, moradores da periferia de Joinville e região.

Pouca gente se arrisca a ocupar um espaço dessa maneira que não seja pela necessidade. No entanto, quando a exploração passa dos limites, quando o aluguel se torna impraticável, quando não tem mais emprego e os serviços são precários, o povo é obrigado a buscar outras saídas.

Uma ocupação tão próxima a Joinville é importante para escancarar o quanto a especulação imobiliária é nociva à cidade, um lugar onde os grandes proprietários (que não passam de trinta pessoas) nunca tiveram grandes problemas. A ocupação é a alternativa política mais avançada contra a exploração e a favor das pessoas. A favor do direito de viver, de plantar, de trabalhar e ter uma vida plena. Que o Acampamento Egídio Brunetto cresça, se fortaleça e se torne um assentamento, servindo de exemplo para todos os explorados da região e de recado para os latifundiários.

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Os galos da Câmara de Vereadores caíram na rede


Muita calma nessa hora...


A Baía da Babitonga pede socorro



POR CHARLES HENRIQUE VOOS
A Baía da Babitonga, importante habitat de grande parte do ecossistema de nossa região, pede socorro, mais uma vez. Está certo que nós nunca cuidamos bem dela, pois sempre colocamos (na verdade, a mando dos gestores públicos) ao seu redor as nossas "sobras", ou aquilo que não queríamos que aparecesse. A poluição e a devastação provocada pelas políticas nefastas de moradia são alguns exemplos. Ocorre que, agora, a Baía está sendo alvo de gigantes investimentos empresariais, o que pode matar, por meio da ganância do capital organizado, o que ainda resta de ambientalmente importante.

Curioso notar como os interesses são velados e aparecem nas entrelinhas. Assim como sempre aconteceu em Joinville, os empresários locais não expõem as suas ideias de forma direta. Fazem isso para esconderem seus rostos, nomes e sobrenomes, ainda mais quando a causa é socialmente sensível como a preservação do meio ambiente. É aí que surgem os lobbies, os grupos de pressão, e todas as ferramentas de ação política que eles fingem não ter, por ser coisa apenas dos "políticos tradicionais", para poder construir a "fábrica da coalizão de consensos". Na história de nossa cidade isso sempre funcionou, pois agrega as mais diferentes esferas da produção social em torno de uma questão. Mais recentemente, foi isso que aconteceu com a LOT, uma lei necessária "para a cidade não parar", conforme vários setores repetiram igual papagaios.

Com esse jogo de discursos, entendemos como se constrói as relações de poder. Aos poucos, a ideologia do empresariado se torna dominante, pois são consensos muito bem construídos, com baixíssima chance ao contraditório, justo porque este é rapidamente desmantelado pelos operadores do jogo. As vozes que aparecem advindas das periferias e dos movimentos sociais não repercutem tanto quanto as vozes anônimas do empresariado. As associações empresariais são perfeitas nesse sentido, pois não expõem suas lideranças em pautas com possíveis rejeições populares. Então, quando algum grande empresário precisa de ajuda, ativa a sua rede de contatos e, no mais alto tom maçônico da coisa, seus interesses começam a repercutir como algo necessário para a cidade.

Sabemos que, na verdade, é necessário para poucos.

Com a Babitonga está começando algo muito semelhante. Como já dito, empresários começam a se articular para a instalação de um novo porto na região da Praia do Forte, em São Francisco. Seria o quarto porto na região, considerando os já existentes e em construção. Movimentos contrários, como o Babitonga Ativa, já se manifestaram sobre os impactos que novos investimentos causarão nos 160km² que compõem todo o complexo natural da Babitonga.

Porém, como contradição aos movimentos, as ideias empresariais começam a estampar as páginas dos jornais. Na maioria das vezes o lobby começa assim:

1. empresários responsáveis pelo investimento são entrevistados dizendo que as obras possuem preocupação social e vão gerar empregos (segue abaixo trecho do A Notícia de 1/4/17)

2. outros empresários, geralmente ligados a associações, corroboram a ideia de que é uma coisa boa para todos (quando na verdade não é). Na mesma edição do "AN", o Presidente da Associação Comercial e Industrial de S. Fco. do Sul é entrevistado e diz que "é claro que respeitamos os pescadores, os banhistas e o meio ambiente, mas não podemos deixar de levar em conta o tamanho do projeto. Ele prevê a geração de três mil empregos diretos e indiretos. É um número muito significativo e que vai mexer com toda a economia da cidade a longo prazo". 

3. como a obra precisa passar por licenças ambientais, colunistas especializados na grande mídia começam a cobrar posicionamentos dos gestores públicos e, quase como uma assessoria de imprensa, reproduzem ideias de "empresários", sem citar nomes, claro. Na edição do último final de semana do "AN", o colunista de Economia, Claudio Loetz, ao indagar o Secretário de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, embasa a sua pergunta da seguinte forma: "Um tema que preocupa o empresariado de Joinville e da região é a possível criação de área de proteção ambiental na baía da Babitonga". Se é motivo de preocupação, sinal que os empresários (quais?) não querem preservar um dos nossos maiores patrimônios. O Secretário, para variar, não diz nem que sim e nem que não. Fica em cima do muro para não desagradar os populares (defender agressão ao meio ambiente é muito mal visto) e também para dizer aos empresários envolvidos que sentiu o golpe do lobby evidente.

4. se as tentativas pela imprensa não surtirem efeito, começam as conversas diretas com as redes de contatos e os políticos mais importantes que estão envolvidos e/ou possuem maior poder de decisão (ou, ainda, aqueles que mais receberam recursos de empresários em suas campanhas). Não são raras as vezes em que empresários "convocam" gestores para suas reuniões associativas. 

5. se tudo falhar, e o empreendimento ser barrado pelos órgãos públicos, a justiça pode ser acionada. E se engana quem acha que a justiça sempre defende para os mais fracos.

O que vai acontecer com a Baía da Babitonga, não sabemos ainda. Mas, pelo histórico de atuação dos empresários, e pela forte fábrica de coalizão de consensos que está sendo formada, não podemos esperar outra coisa além da permissão do novo porto e os sérios passivos ambientais gerados aqui do nosso lado. Por essas e outras que todos os movimentos sociais de resistência devem ser apoiados e, principalmente, ouvidos. Só o contraditório pode superar o raso discurso de  que empregos são bons a qualquer custo. Não precisamos ser contrários aos empresários, desde que eles respeitem o meio ambiente, as leis e a justiça social.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Câmarra de Verreadorras vive tempos bicudas


POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Morgen, minha povo. Foceis virram a vídeo do debate boca sobre as galos de rinha no Câmarra de Verreadorras da nossa Xoinville? 

Freunde, é coisa parra encher a xente de orgulho. Minutas e mais minutas de purra filossofia galinácea. Agorra a xente xá sabe por que aquilo tem a nome de “sessón ordinárria”. É mesmo muito ordinárria. Só melhorrou quando começarrón a falar de culinárria. Porque tinha xente querrendo enfiar as bicharrocos no panela. Mas esdá errado. Todo mundo sabe que nón se come galo porque o carne é muito durra.

O primeiro a aparrecer foi o verreadorra Rodrigo Coelho, que queria cortar a pescoço das galinácios parra fasser uma ensopado. Mas nón teve canja. Aquela senhorra verreadorra que defende as animais entrou rasgando com as esporras (esporras é aquilo que as galos têm nos patas). Nón foi bonito, senhorra verreadorra. Porque Coelho também é bicho. E quem defende as galos tem que defender as outros animais.

Eu gosta do verreadorra Coelho. Mas porque ele erra vice da nossa querrida prefeito. Só tinha um esquisitice. O rapaz tinha o mania de se vestir de canarrinho com o camisa amarrela da CBF e ir parra o rua gritar: “forra o dona da galinheirro, querremos o galo velho do vice”. Nada a temer. Vice defende vice. E, aqui entre nós, virram o esperteza da nossa querrida prefeito, que tirrou dois coelhos do cartola? Trocou uma coelho por outra e ninguém notou.

A senhora verreadorra dos animais não lá foi fasser festinhas no pelo de ninguém. E quase chamou a Coelho de burra. Disse que os galinácias són muito intelixentes. Agorra nón tem mais dúvida. Depois da vídeo, está no carra que os galinhas són mais intelixentes que as verreadorras. Eles recebem salárrio por isso? É como diz a povón lá no nossa querrida Germânia: “Reden ist Silber – Schweigen ist Geld”. Falar é prata, calar é ouro.

O senhorra vereadorra defensora dos animais também disse que as galos de briga iam ser socialissadas. Esdá errado. Em Xoinville nón pode falar “socializar”, porque os pessoas pensam em socialismo. E vão acusar os galos de serrem esquerdopatas. Entenderrón? Socialistas de dois patas esquerdos. Ah ah ah. Ok... nón tem graça... esquece.

“Ein Scheit allein brennt nicht”. Um andorrinha só não faz verrão. E logo vierram outras verreadorras socorrer a pobre Coelho. Mas só atrapalharón. Porque a verreadorra defensorra dos animais chamou todo mundo de criança e disse que ali não é play e que não erra horra de brincar. Ooopa! Só faltou mandar ficar no canto com o carra virrado parra o parrede.

Mas acho que esquecerram de avisar as xoinvilense que aquilo erra a sérrio. Porque tá todo mundo achando que erra brincadeirra. É por isso que a nossa querrida prefeito nada de braçada quando tem que aprovar os coisas por lá. Os carras canton de galo, mas quando a nossa querrida prefeito manda um projeto, ficam todos mansinhos como o Piu-Piu, aquela passarinho dos desenhos da Frajola.

Veja o vídeo publicado no Canal ÉÉÉGUAAA.