domingo, 20 de janeiro de 2013

Armar a população, desarmar a razão

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
A Fernanda Pompermaier nem bem estreou no Chuva Ácida e  já teve que enfrentar um debate-boca com alguns leitores, esta semana, por causa do texto do Jordi Castan sobre mortes por armas de fogo no Brasil. Não tinha intenção de entrar nessa discussão, que me provoca bocejos. Mas houve um tipo de comentário que chamou a atenção e, talvez, mereça dois dedinhos de prosa. Eis o que disseram alguns leitores:

- São europeus... ou metidos a europeus que precisam do ibope dos tupiniquins!
- É bem fácil, do conforto, ficar criticando! É fácil virar às costas para os problemas. É por isso que o mundo tá do jeito que tá!
- Por isso você se mandou do Brasil? hi hi hi, espertinha!


O que dizer a respeito? Ora, que  o argumentum ad hominem  (ir contra o interlocutor) é o mais perfeito retrato do terceiro-mundismo mental. Porque qualquer pessoa com dois dedinhos de testa faria uma coisa mais inteligente: aproveitar as informações sobre a Suécia, onde a Fernanda vive, para tentar entender melhor a questão. Mas que nada...


Há realidades que essas pessoas - as que defendem o armamento da população - não compreendem sobre as sociedades mais desenvolvidas. Não entendem porque seria preciso viver nelas. Eu, por exemplo, vivo em Lisboa, cidade considerada a capital mais segura da Europa. Qual é a diferença para o Brasil? É cultural e histórica. Para nós a ideia de usar uma arma para tirar a vida a outra pessoa não faz sentido.


Não quer dizer que não aconteça, claro. Mas a própria ideia de uma pessoa de bem ter uma arma provoca desconforto. Para um cidadão português, por exemplo, essa coisa de matar para roubar não se encaixa nas categorias mentais. Não quero entrar em discussões sociológicas (poderia fazê-lo, em outras circunstâncias) porque é difícil debater com quem nunca viveu uma realidade como a nossa. Isso encurta a visão.


E resumo a minha intervenção a uma constatação: se essas pessoas que defendem o armamento passassem pela experiência de viver em sociedades verdadeiramente avançadas, certamente deixariam de acreditar nas armas. Mas isso sou eu a dizer e vocês não tem que acreditar.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Uma história inspiradora...

POR ET BARTHES
Às vezes acontecem coisas interessantes em programas como o American Idol. O cara não consegue falar, mas consegue cantar. O nome é Lazaro Arbos.




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Pavão Misterioso...


Não há segredo. Há trabalho. Será?


POR FELIPE SILVEIRA

Desde que assumiu a Prefeitura de Joinville, o prefeito Udo Döhler, assim como o vice Rodrigo Coelho, tem feito visitas a diversos órgãos municipais. Um dia foi à região rural, outro no hospital e outro nas regionais. Já Coelho apareceu na Estação Ferroviária e na Cidadela Cultural Antárctica, pois acumula o cargo de presidente da Fundação Cultural de Joinville.

Não tenho nada contra as visitas do prefeito e acho natural que sejam feitas no início do trabalho. No entanto, uma pergunta não para quieta por aqui sempre que leio essas notícias: o que, efetivamente, tem sido feito nessas visitas? Quais decisões foram tomadas?

Até agora, nada.

Estou realmente preocupado com o oba-oba em torno do novo prefeito. As visitas parecem (e são, diga-se de passagem) um evento voltado para a mídia, com muitas fotos, muitos apertos de mão, fãs...

Não estou questionando a capacidade de trabalho do prefeito, que, de certa forma, até admiro (mas não muito). Esse negócio de acordar às seis e ir até à noite, na minha opinião, é negativo, principalmente em relação aos funcionários, que se obrigam a acompanhar um ritmo que não vão conseguir. Se Udo é workaholic, beleza, mas é preciso entender que nem todos são.

Voltando... não estou questionando a capacidade de trabalho do prefeito e do vice. Porém, essa primeira quinzena de trabalho parece uma continuidade da campanha. Visitas, reuniões, fotos, apertos de mão, “vamos fazer isso, aquilo e aquilo outro”...

Mas o que, de fato, foi feito?

Um exemplo do que quero dizer é a visita à Cidadela Cultural. Segundo o Plano 15 (plano de governo da campanha de Udo Döhler), o espaço da antiga cervejaria, que foi criado para ser destinado a atividades artísticas, terá, de vez, esse destino. Hoje, o Instituto de Transporte e Trânsito (Ittran) está no local e paga boa parte das despesas.

Nessa semana, porém, o vice-prefeito, Coelho, visitou a Cidadela para “verificar a possibilidade de revitalização e reutilização do espaço com a possível mudança do instituto para outro local da cidade”. (frase do notícia no site da Prefeitura)

Peraí! E a promessa da campanha? Como assim “verificar a possibilidade”?

As reuniões de Udo não são diferentes. Recheadas de boas intenções, como “melhorar as condições” e “batalhar por investimentos do governo federal”, não há, de fato, grandes coisas a anunciar.

O problema, porém, é que a estratégia funciona. O telespectador vê o prefeito no hospital, na zona rural, nos lugares carentes e acredita que ele está, de fato, fazendo algo lá. E o oba-oba aumenta. Eu, espero, de fato, que ele faça.

Afinal, “não há segredo. Há trabalho”. Será?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013