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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Bem vindo ao passado, com Michel Temer















POR SALVADOR NETO

Seja bem vindo ao passado que acaba de voltar à cena. Parece filme, mas não é. A população acreditou no discurso da mídia/oposição/mp/judiciário e pensa que com Michel Temer, desde esta quinta-feira (12/5) o presidente em exercício do país, tudo vai mudar. Como se ele e o PMDB tivessem o receituário da vida eterna, sem crises, uma maravilha. Já escrevi aqui, e retomo sem medo, que não há crime da presidente Dilma Rousseff, mas houve uma bem sucedida articulação que culminou com seu impedimento, a meu ver, irreversível. É fato, e o tempo, sempre racional, mostrará.

É cômico, e claro entristecedor, ver até jornalistas e alguns intelectuais, além de boa parte da população, afirmar que o PT, Dilma e Lula quebraram o Brasil. Sim, pois esquecem que esse trio está apenas 14 anos no poder central, enquanto PMDB, PSDB, DEM, PP, e outros menos votados, não saem do governo federal desde a redemocratização em 1985. Poucos minutos de pesquisa apontam fácil, fácil o que digo.

Por falta de pesquisa muita gente não sabe que entre os deputados e senadores deste belíssimo parlamento brasileiro estão latifundiários com casos de trabalho escravo em suas fazendas, outros com acusações de tráfico de drogas, muitos fanáticos religiosos, muitos, mas muitos empresários, que defendem desde sempre somente o seu direito às benesses do Estado e muitos representantes de classe elitista. O povo? Ah, o povo... não precisa de representantes...


Como diz o jornalista Mino Carta, a Casa Grande e a Senzala mandaram diretamente neste imenso latifúndio Brasil por cinco séculos. Nos governos petistas, mandaram em parte, nos acordos pela governabilidade. Graças a popularidade do ex-presidente Lula, os avanços sociais se sucederam ao longo dos somente 14 anos que governaram juntos. Bolsa Família, ProUni, Pronatec, políticas especiais para as mulheres, Minha Casa Minha Vida, milhares de obras federais direta ou indiretamente realizadas ou em realização pelo pais, gerando empregos e renda com os PACs, rodovias, ferrovias, retomada da indústria naval, entre outros projetos que marcaram o período.

O passado está de volta, minha gente, e logo vamos sentir e lembrar daqueles tempos, e comparar com este que finaliza sob grande regozijo da classe empresarial. Nos tempos tucanos-peemedebistas, direitos dos trabalhadores foram suprimidos. Manifestações das movimentos sociais eram reprimidas com a força. Para quem estava com saudades, o filme está voltando. 

A ponte para o futuro de Temer é uma miragem que pretende seduzir trabalhadores que ganharam muito nos últimos anos, e que ao perder poder econômico e empregos nesta crise financeira que nos atingiu, se voltaram contra o governo. O “corte” de despesas, a “reforma” previdenciária, a “redução” do Estado, a supressão de ministérios voltados às mulheres, índios, negros – aliás, não há mulheres no ministério Temer, isso diz algo à elas? – tudo isso sinaliza para tempos sombrios aos direitos dos trabalhadores. Infelizmente.


Virão aí as privatizações do que o PSDB e o PMDB nos tempos de FHC, não conseguiram finalizar. Tudo em nome de nos colocar novamente de joelhos perante o capital internacional, aos rentistas, relegando o futuro de milhões de jovens a ser mão de obra barata e sem direitos aos grandes negócios dos empresários , boa parte deles que sempre estão por trás da corrupção que transborda hoje na Lava Jato.

Retiraram com um golpe parlamentar a primeira mulher presidente do Brasil, talvez a única honesta, sem contas na Suíça, nem acusações de corrupção, para recolocar o governo nas mãos de quem já conhecemos, por seu passado nada elogiável. Saberemos o que isso vai nos custar, brevemente. 

Para finalizar, deixo alguns dados para reflexão dos leitores, e para comparação futura. 
A Presidente eleita Dilma Rousseff deixa para o presidente interino uma herança desejada por qualquer governante:

1) As reservas internacionais líquidas do Brasil são de US$ 376,3 bilhões (eram de apenas US$ 16 bilhões em 2002).
Elas superam, com folga, toda a dívida externa do país, que é de US$ 333,6 bilhões.
Assim, o Brasil é credor externo líquido em US$ 42,7 bilhões.

2) O Brasil é credor do FMI:

3) A dívida pública líquida é de 38,9% do PIB (era de 60,4% do PIB em 2002).

4) Os investimentos externos produtivos (IED) no Brasil foram de US$ 78,9 bilhões nos últimos 12 meses (Abril 2015 a Março 2016), sendo equivalentes a 4,56% do PIB;

5) O Brasil tem o 7o. maior PIB mundial (era o 13o. em 2002);

6) A Renda per Capita é de US$ 10.000 (era de US$ 2.500 em 2002);

7) A taxa de inflação está despencando e deverá fechar, segundo o Banco Central, 
perto do teto da meta em 2016, ficando próxima de 6,5% no acumulado do ano. Para 2017, já se prevê uma taxa de inflação perto do centro da meta (de 4,5%);

8) O salário mínimo é de R$ 880,00, equivalente a cerca de US$ 250 (era de US$ 55 em 2002);

9) O déficit externo, em transações correntes, está em 2,39% do PIB, no acumulado de 12 meses (terminado em Março de 2016), e continua caindo rapidamente;


10) O Superávit comercial foi de US$ 19,7 bilhões em 2015, já acumulou US$ 14,5 bilhões em 2016, sendo que estimativas apontam que o mesmo poderá chegar a US$ 50 bilhões neste ano.

Anote aí. Os dados são do Banco Central do Brasil, oficiais. Seja bem vindo ao passado.


É assim nas teias do poder...

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Marina é um desvio da direita

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

O leitor e a leitora já devem ter visto acontecer aqui no blog (e não só). Tem gente a defender que, por viver em outro país, uma pessoa não pode opinar sobre o Brasil. Mesmo que esteja muito antenada. É uma atitude provinciana e um erro crasso. Mas por sorte há outras pessoas, em número significativo, que aproveitam para a troca de ideias e de intercâmbio de narrativas.


Aliás, no que toca à organização social, política e econômica, por exemplo, as experiências vividas em outras sociedades deveriam servir como alerta para os brasileiros. Porque há situações que vão além do plano teórico e estão a ser vividas pelos analistas nos seus lugares de origem. É o caso do europeus, que neste momento enfrentam a lógica desumanizadora do neoliberalismo.


Quer dizer, os europeus sabem o quanto as políticas neoliberais podem ser ruinosas para os povos. Os brasileiros escaparam disso nos últimos 12 anos. No entanto, há muitos entre os mais velhos que parecem ter esquecido. E os mais novos ainda não sentiram as presas do neoliberalismo na jugular.  É por isso que muitos ainda se deixam seduzir pelo canto da sereia neoliberal. 

Austeridade. Desemprego. Empobrecimento. Precariedade. Ruína. Desespero. Essas palavras são a luz no fim do túnel neoliberal. É assim na Europa e quem tem noção desse fato – e dois dedinhos de testa – só poder rejeitar essa lógica. Aliás, é algo que venho repetindo aqui, mas que hoje reforço através do sociólogo Boaventura Sousa Santos, outro português (neste caso um português ilustre).


É caso para dizer: faço minhas as palavras do professor da Universidade de Coimbra. Em especial no que se relaciona à candidata Marina Silva, apontada por ele como um desvio da direita para voltar ao poder, uma vez que ela será manipulável. E também quando fala na proposta de independência do Banco Central, que é a regra de ouro do neoliberalismo. 

"A independência do Banco Central é a regra de ouro de todo o neoliberalismo. Esqueçam políticas sociais, esqueçam educação, esqueçam saúde, esqueçam o que for. A ideia de que há uma independência do Banco Central significa efetivamente que a lógica dos mercados financeiros vai regular as políticas públicas", diz Sousa Santos.

E arremata ao analisar a candidata Marina: "A direita não pode voltar ao poder diretamente. Tem que usar um desvio de esquerda. Tem que instrumentalizar alguém para chegar ao poder. O desvio é a Marina, claramente". E mais não digo. O filme com Sousa Santos é suficientemente esclarecedor. Assista, porque são três minutos que valem a pena.