JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sou a favor de conviver com pessoas que pensam
diferente. O dissenso é sempre mais instrutivo que o consenso, porque obriga a
considerar o interlocutor. Nunca me importei  de partilhar espaços de discussão com quem
pensa diferente. Mas há limites. O problema é que há por aí muita gente que não
simplesmente não pensa.
Tem uns caras que, pela falta de leitura e
incapacidade de sistematizar pensamento, simplesmente limitam-se a repetir
slogans mal-amanhados. E aí não há diálogo possível. Porque o embate entre
argumentos articulados e clichês papagueados é uma injustiça para quem se dá ao
trabalho de pensar.
Pergunto. É possível debater quando as pessoas
usam este tipo de “discurso”?
-       Vai para Cuba.
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Bandido bom é bandido morto.
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Bolsa Presidiário: é você quem
paga.
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Vai para a Coréia do Norte.
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É de esquerda, mas usa iPhone.
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Ficou com com pena? Adota um.
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Esquerda caviar.
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Escreve um texto sobre a Venezuela
(esse é um adiantado mental que infesta os comentários aos meus textos).
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Acorda, Brasil.
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Agora tem até Bolsa Prostituta.
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Esquerda burra é pleonasmo.
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É de esquerda porque é um
fracassado.
Há muito tempo estabeleci uma regra pessoal.
Só vou a debate com interlocutores que respeito e que se esforçaram tanto
quanto eu para formalizar pensamento (e isso, garanto, significa ler muito,
comer mundo, procurar a dialética dos fatos o tempo todo). Mesmo assim ainda
era capaz de admitir o convívio com opositores. Só que encheu o saco.
Qual o objetivo deste texto? Nenhum. É apenas para dizer que a partir de agora passo a chamar os idiotas pelo nome: idiotas.
