sábado, 27 de maio de 2023

Dog-whistle: a linguagem dos cães racistas


POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

Sabe o que são as “dog-whistle politics”? É uma expressão da língua inglesa muito usada por grupos específicos, em especial nos Estados Unidos, mas que começou a ser difundida em outros países, graças à ascensão da extrema mundial em todo o mundo. A tradução literal significa “política do apito do cão” e é fácil entender o significado. Há um som de apito que apenas os cães conseguem ouvir. Ou seja, os fascistas reconhecem o apito dos fascistas.

O que isso quer dizer? Que é um código partilhado por grupos específicos. É uma mensagem política dirigida a um grupo que domina o código e é capaz de entender os significados. A maioria das pessoas não nota, mas essas mensagens estão espalhadas de forma subliminar pela internet, em especial nas redes sociais.

É quase uma tradição na política norte-americana. A associação aos ideários extremistas, em especial da direita, é uma evidência. Nas recentes eleições para a presidência dos EUA, Hilary Clinton acusou o seu adversário, Donald Trump, de recorrer às “dog-whistle”. Parece funcionar, uma vez que ele se elegeu. Pouco tempo depois Bolsonaro e os bolsonaristas adotaram as mesma táticas no Brasil.

Como a coisa acontece? Há a apropriação de um símbolo inocente e atribui-se um segundo sentido. Ou seja, deixa de ter a sua significação inicial para adquirir outro significado, percebido apenas por um determinado grupo. E para que o leitor entenda o conteúdo das “dog-whistle”, vamos a um exemplo prático. Em 2022, o presidente Jair Bolsonaro foi fotografado - e a imagem amplamente partilhada entre os bolsonaristas - com a camisa do time da Lazio, de Roma.

Ora, é um recado até pouco sutil. A Lazio tem fama de ser um times de futebol mais fascistas do mundo. E a explicação é fácil: Benito Mussolini, que engendrou o fascismo italiano, era o seu mais ilustre torcedor. A sua torcida também é conhecida por ter cantos racistas e até por idolatar, por exemplo, o jogador Paulo di Canio, que em 2005 fez gestos nazistas no clássico contra a Roma. Ainda há pouco tempo, em 2021, o clube italiano demitiu o funcionário responsável por cuidar águia mascote do clube, em consequência de ter feito a saudação fascista numa vitória sobre a Inter de Milão.

Também podemos lembrar do caso de Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro. O sujeito reproduziu um gesto considerado supremacista, que significa "white power". É um “ok” que por vezes usamos no dia a dia, mas que foi apropriado pelos militantes racistas. Se feito com a mão esquerda tem o significado original de “tudo bem”. Mas com a mão direita é usada para significar “poder branco”.

Em suma, a linguagem dos "dog-whistle" é uma estratégia política utilizada por grupos específicos para transmitir mensagens subliminares e direcionadas a um público que compartilha seus ideais. Essa tática envolve a apropriação de símbolos aparentemente inocentes, aos quais é atribuído um segundo significado compreendido apenas por esse grupo. Essas mensagens são disseminadas principalmente nas redes sociais, e sua eficácia tem sido evidenciada em várias esferas políticas. É crucial ter atenção a esses códigos e suas conotações, a fim de combater o discurso de ódio.

É a dança da chuva.

Bolsonaro com a camisa da Lazio: apito de cão.

Filipe Martins, assessor de Bolsonaro, a fazer o gesto...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

ACIJ e o Processo Seletivo do NOVO


POR JORDI CASTAN

Alguém no seu sano juízo acreditaria que a Associação Empresarial de Joinville (ACIJ) apoiaria um candidato que passou toda a campanha criticando os empresários, pior ainda um dos seus pares. Foi infantil e estulta a estratégia de atacar os empresários, numa cidade em que o espírito e a cultura empreendedora estão tão arraigados.

O candidato Darci de Matos errou na dose e na estratégia e acabou jogando no colo do Adriano Silva o apoio da ACIJ. Pode até ser que Adriano Silva não fosse o candidato dos sonhos da entidade empresarial no primeiro turno, mas no segundo turno os empresários não tiveram alternativa que não fosse apoiar um dos seus.

O partido NOVO inovou com o “Processo seletivo”, o intuito do processo é o de deixar de indicar os cargos comissionados por amizade, compadrio, filiação partidária ou por indicação política e utilizar um processo curricular, que privilegie a capacidade e a competência. A percepção do eleitor médio é que o resultado não saiu como esperado. Muitos nomes são velhos conhecidos do cenário político local, já ocuparam cargos em governos anteriores, sem ter conseguido mostrar competência ou resultados que os qualifiquem. Há muitas críticas, expressadas abertamente, sobre a manutenção de um número significativo de secretários do governo Udo Dohler, no que é visto como uma continuidade da gestão anterior, algo contra o que a maioria dos eleitores votaram e que agora se sentem traídos.

A pergunta é se estes são mesmo os “melhores” nomes que teríamos em Joinville para formar um NOVO governo e dar a guinada necessária para colocar de volta a cidade no eixo do desenvolvimento. Se estes foram mesmo os melhores entre os mais de 1.500 candidatos a cargos de primeiro escalão, o futuro de Joinville é preocupante.


O processo seletivo e o futuro secretariado em Joinville

POR CHUVA ÁCIDA
Dizem que não há uma segunda oportunidade para uma primeira impressão. O processo seletivo para a escolha da futura equipe foi  primeira ação da futura administração da Prefeitura de Joinville, liderada por Adriano Silva, que recebeu muitas críticas. Ainda sem ter iniciado funções, fica uma ideia de continuidade em relação ao governo de Udo Dohler. Estes são os temas debatidos por Jordi Castan, José António Baço e o convidado Francesc Boehm.

domingo, 6 de dezembro de 2020

Udo sai, Adriano entra. Que Joinville?

POR CHUVA ÁCIDA
Jordi Castan e José António Baço debatem o momento de transição em Joinville com Francesc Boehm. A herança de Udo Dohler e os desafios de Adriano Silva são o tema principal. Que Joinville temos e que Joinville teremos? É o tema da conversa.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Ressaca eleitoral


POR JORDI CASTAN

Abertas as urnas, em sentido figurado, o eleitor deu a vitoria com 55% dos votos validos a Adriano Silva do partido NOVO. 
Acabou a campanha e é hora de montar equipe, de prever as mudanças necessarias para dar a guinada que Joinville pediu nas urnas. 
A vitoria de Adriano Silva é o resultado de uma serie de fatores, muitos meritos do candidato e da militancia do partido NOVO, mas não podemos esquecer o lastro que representou para o Fernando Krelling a desastrada gestão Udo Dohler e a fortissima rejeição do candidato Darci de Matos. Em epoca de redes sociais é mais dificil que o eleitor não saiba o que a imprensa tradicional não divulgava. 
Alias foram os ataques virulentos da campanha da equipe do Darci de Matos o que levou muitos eleitores a votar contra. Perdeu mais votos dos que ganhou com sua estrategia de potencializar a baixaria e os ataques. Foi uma escolha e pagou o preço. 
Importante o numero de abstenções, votos nulos e votos em branco. O voto obrigatorio precisa ser repensado. É curioso que o maior derrotado, depois do proprio Darci de Matos, tenha sido a esquerda que divulgou e fez campanha pelo voto nulo e que capitalizar as abstenções como voto de protesto. A abstenção não tem a força, nem a intensidade do voto nulo. O votante que vai até a sua seção eleitoral para anular o voto esta exercendo seu voto de protesto, quem se absteve, preferiu não votar, desacreditou do sistema. São duas atitudes diferentes e requerem duas leituras diferentes.
Sobre o governo do NOVO é hora de esperar e acompanhar cada passo. 
O processo seletivo para cargos de confiança, não é um vestibular, nem um concurso público, como muitos esperavam. É um processo melhor que o famoso QI. Negociar com o legislativo será outro capitulo.