terça-feira, 3 de outubro de 2017

Pentelhos


Sardinha e amor é uma boa slogan parra o Prefeiturra

POR BARON VON EHCSZTEIN
Guten Morgen, minha povo.
Hoxe eu querro falar no educaçón e no saúte dos nossos crianças. Nón sei se foceis ouvirón falar que os escolas de Xoinville só estón a servir sardinhas parra as nossos crianças (é sardinen, em linguagem de xente evoluída como os alemón). Schwein gehabt! É um sorte. Mas tem xente reclamando. Mas essa povinho nón tem xeito. Só querrem ver a lado feio dos coisas.

An bösen Taten lernt sich fort die Böse tart. O reflexón ajuta no compreensón. Entón fou esclarrecer. Os sardinen no refeiçón dos crianças é mais um medida da nossa querrida prefeito pensando no saúde das mais pequenos. Os sardinen têm ômega 3, que faiz bem parra a corraçón e parra a cérrebro. Entenderón? Liebe ist die beste Medizin. O amor é a melhor remédio. O lema do Prefeitura devia ser: “sardinen e amor”.

E tem mais. O Prefeiturra também esdá introdussindo o cossinha internacional nos escolas. Os sardinen fassem parte do dieta mediterrânica, que é considerrado um dos mais saudáveis da mundo. Entenderón? A nosso querrida prefeito tem o preocupaçón de introdussir uma cardápio sofisticado no alimentaçón do molecada, mas tem xente que fica chateado? Só pode ser coisa desses kommunisten subnutridas.

Ah... e eu ainda dou um suxestão parra o nossa secretárrio do educaçón. Porrr que nón tornar a “xogo do sardinen” no xogo oficial da currículo escolar. Foceis nón lembram como que é? É aquele em que a xente fica de frente para o coleguinha e põe um món em cima do outro. O que está debaixo tem que bater no que esdá em cima (tem um imagem aqui em baixo). Devia fazer campeonatos, xogos inter-escolarres e tudo mais.

É muita amor da nossa prefeito pelo bem-esdar dos crianças. Isso sim é pensar na futuro e na Xoinville daqui 30 anos. Besser reich und gesund als arm und krank. Antes rico e com saúde do que pobre e doente.


A xogo do sardinen

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

58 mortos. E tem gente capaz de defender as armas

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Até o momento em que escrevo este texto, pelo menos 58 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas em um tiroteio durante um festival de música country em Las Vegas (filme no final do texto). É o mais mortífero ataque deste tipo - e olhem que não são poucos - na história moderna dos EUA. O atirador, um homem de 64 anos, estava no 32º andar de um hotel e abriu fogo contra a multidão indefesa. Depois se suicidou.

Logo após a notícia, os comentários começaram a pulular nas redes sociais. E no Brasil os partidários da liberação das armas apressaram-se a defender o indefensável. Houve um comentário que saltou aos olhos. Um dos defensores dessa sociedade de bang-bang saiu-se com uma pérola: “Quantos casos destes aconteceram nos últimos 10 anos? Você acredita mesmo que eles não existiriam se as armas fossem restringidas?”, disparou à queima-roupa.

Uau! Uma pessoa que não sabe a resposta para estas duas questões tão óbvias parece ter sérios problemas: ou é muito desinformada ou está de má fé. Então vamos lá ver as respostas.

1. A primeira pergunta permitiria publicar uma extensa lista, mas vamos ficar pelos 10 massacres com maior número de mortos (e não apenas pelos últimos 10 anos, excluindo o atual). Eis:
- Boate Pulse, 49 mortos
- Universidade Virginia Tech, 33 mortos
- Escola de Sandy Hook, 28 mortos
- Cafeteria Luby, 24 mortos
- McDonald’s de San Ysidro, 22 mortos 
- Universidade do Texas, 17 mortos
- Escola de Columbine, 15 mortos 
- Correio de Edmond (oklahoma), 15 mortos
- San Bernardino, Califórnia, 14 mortos
- Centro de Atendimento a Imigrantes - Binghamton, 14 mortos.

2. A segunda questão. Será que isso teria acontecido se as armas não fossem liberadas?
Ora, nos EUA uma pessoa consegue comprar avançadas e potentes armas num supermercado. Apenas este fato é mais que suficiente para responder à questão. Ou não? “Ah... não são as armas que matam. As pessoas é que matam pessoas”. Sério? Eis a dúvida. Sem armas, como o perpetrador do massacre de ontem iria fazer 50 vítimas? À cusparada?

Aliás, vale salientar que o Estado de Nevada, onde ocorreu o massacre, é um dos mais permissivos na aquisição de armas. Tão permissivo que os políticos estão a discutir a liberação de silenciadores para as armas. Ah... que gente sensata. Mas, pensando bem, se as armas do assassino do hotel tivessem silenciador, ninguém teria ouvido as rajadas sobre a multidão (no filme) e mais pessoas teriam morrido.

É a dança da chuva.

Meritocracia


O dia em que a Espanha perdeu a Catalunha. Gracias, Mariano!


POR JORDI CASTAN
Sem a ajuda de Mariano Rajoy, o referendum deste 1 de outubro na Catalunha não teria tido nem o resultado e nem a visibilidade internacional que teve. Reprimir com violência desproporcional o referendo não foi uma boa ideia, mas não há como esperar que este round terminasse bem.

Quando na política, e também na vida, dominam a ignorância e a incompetência, os resultados acabam sendo sempre desastrosos. Ignorância porque nem Mariano Rajoy, nem seu governo conseguem compreender a profundidade, complexidade e as implicações do que chamam “o problema catalão”. E é por não compreenderem que não sabem o “que” e “como” fazer. E por isso são incapazes de agir e resolver o problema em que a sua inoperância colocou as partes envolvidas.

A Catalunha historicamente sempre reivindicou uma maior autonomia. A resposta do governo do PP (Partido Popular) sempre foi a intransigência, a ausência de diálogo e a retirada unilateral de direitos adquiridos. O resultado tem sido, ao longo destes anos de governo do PP, o crescimento do movimento independentista. E que levou à situação atual, em que o governo catalão acabou marcando a data para a realização de um referendo sobre o desejo dos catalães.

O governo nacional decidiu proibir a consulta popular e, com esta atitude, deu ainda mais asas aos grupos independentistas. Aliás, os mesmos que por décadas tentaram negociar o retorno para a gestão catalã das responsabilidades que o governo central foi retirando de forma discricional e autoritária. O resultado esta aí. As urnas não deixam mentir.

Num país em que o voto não é obrigatório, mais de 42% do eleitorado foi a votar. Saíram de casa a para se dirigir aos colégios eleitorais, espalhados  por todo o território catalão, mesmo com a Polícia Nacional e a Guarda Civil (polícia paramilitar espanhola) fechando escolas e evitando que as pessoas pudessem votar. Mais de 700.000 eleitores ficaram impedidos de votar, em mais de 400 mesas eleitorais as perigosas urnas foram aprendidas e estes votos não poderão ser incluídos no resultado final. Há um resultado inapelável, 90% dos votos são votos pelo “sim”. Esse sim que representa claramente o desejo da maioria para que a Catalunha se converter numa republica independente.

O governo nacional não conseguiu o seu objetivo de amedrontar os catalães. O medo não funcionou como inibidor, os catalães saíram em massa as ruas para defender o seu direito a votar. As imagens de truculência da Polícia Nacional e da Guardia Civil, que a imprensa divulgou em nível mundial, não evitaram que famílias inteiras votassem e cotassem a favor da independência. Estive na Catalunha no final de semana passada e pude ver e escutar: muitas pessoas que até aquele momento se mantinham indecisas, a partir de ver a resposta do governo central, optaram pelo “sim”. O grande ponto de inflexão foi a intransigência constante do presidente Rajoy. 

O crescimento a favor do “sim” foi evidente ao longo dos últimos 15 dias. Quando os indecisos se decidem, o jogo vira. E o referendo virou a favor dos independentistas. Não foi surpresa a guinada, mas foi surpreendente a mobilização da sociedade catalã a favor do “direito a decidir”.

O que aconteceu  ao longo deste domingo na Catalunha é um fato sem precedentes. A polícia atacando cidadãos com balas de borracha, golpeando com cassetetes, investindo contra multidões que permaneceram pacíficas. O resultado foi de mais de 800 feridos, dois dos quais em estado grave. À medida que apareceram nas redes sociais as primeiras imagens de sangue, feridos e a polícia carregando as perigosas urnas e papeletas, a comunidade internacional ficou indignada. Foi desproporcional o uso indiscriminado de força policial para reprimir um referendo que era ilegal, porque foi proibido, mas que é legitimo. Isto não é democracia. Nem aqui nem lá.

A independência de Catalunha não é uma causa econômica. É verdade que Catalunha representa apenas 6,3% do território e 16% da população espanhola e que em 2015 foi responsável por 20,1% do (PIB) do país. Mas é uma visão simplista demais acreditar que a independência é movida por motivos econômicos. O crescimento do independentismo encontra eco na estúpida maneira encontrada pelo governo central para impor um modelo de país e de democracia que se pauta pela repressão, a truculência e por ignorar e desrespeitar as opiniões divergentes.

Quais os passos seguintes? Difícil dizer. Na situação atual, poderíamos dizer que ontem foi o dia que Espanha perdeu a Catalunha.

O tema dominou na imprensa internacional