domingo, 28 de maio de 2023
A paz é fria, a tolice congela o cérebro
sábado, 27 de maio de 2023
Dog-whistle: a linguagem dos cães racistas
POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Sabe o que são as “dog-whistle politics”? É uma expressão da língua inglesa muito usada por grupos específicos, em especial nos Estados Unidos, mas que começou a ser difundida em outros países, graças à ascensão da extrema mundial em todo o mundo. A tradução literal significa “política do apito do cão” e é fácil entender o significado. Há um som de apito que apenas os cães conseguem ouvir. Ou seja, os fascistas reconhecem o apito dos fascistas.
O que isso quer dizer? Que é um código partilhado por grupos específicos. É uma mensagem política dirigida a um grupo que domina o código e é capaz de entender os significados. A maioria das pessoas não nota, mas essas mensagens estão espalhadas de forma subliminar pela internet, em especial nas redes sociais.
![]() |
Como a coisa acontece? Há a apropriação de um símbolo inocente e atribui-se um segundo sentido. Ou seja, deixa de ter a sua significação inicial para adquirir outro significado, percebido apenas por um determinado grupo. E para que o leitor entenda o conteúdo das “dog-whistle”, vamos a um exemplo prático. Em 2022, o presidente Jair Bolsonaro foi fotografado - e a imagem amplamente partilhada entre os bolsonaristas - com a camisa do time da Lazio, de Roma.
Ora, é um recado até pouco sutil. A Lazio tem fama de ser um times de futebol mais fascistas do mundo. E a explicação é fácil: Benito Mussolini, que engendrou o fascismo italiano, era o seu mais ilustre torcedor. A sua torcida também é conhecida por ter cantos racistas e até por idolatar, por exemplo, o jogador Paulo di Canio, que em 2005 fez gestos nazistas no clássico contra a Roma. Ainda há pouco tempo, em 2021, o clube italiano demitiu o funcionário responsável por cuidar águia mascote do clube, em consequência de ter feito a saudação fascista numa vitória sobre a Inter de Milão.
Também podemos lembrar do caso de Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro. O sujeito reproduziu um gesto considerado supremacista, que significa "white power". É um “ok” que por vezes usamos no dia a dia, mas que foi apropriado pelos militantes racistas. Se feito com a mão esquerda tem o significado original de “tudo bem”. Mas com a mão direita é usada para significar “poder branco”.
Em suma, a linguagem dos "dog-whistle" é uma estratégia política utilizada por grupos específicos para transmitir mensagens subliminares e direcionadas a um público que compartilha seus ideais. Essa tática envolve a apropriação de símbolos aparentemente inocentes, aos quais é atribuído um segundo significado compreendido apenas por esse grupo. Essas mensagens são disseminadas principalmente nas redes sociais, e sua eficácia tem sido evidenciada em várias esferas políticas. É crucial ter atenção a esses códigos e suas conotações, a fim de combater o discurso de ódio.
É a dança da chuva.
![]() |
Bolsonaro com a camisa da Lazio: apito de cão. |
![]() |
Filipe Martins, assessor de Bolsonaro, a fazer o gesto... |
quarta-feira, 23 de dezembro de 2020
ACIJ e o Processo Seletivo do NOVO
O candidato Darci de
Matos errou na dose e na estratégia e acabou jogando no colo do Adriano Silva o
apoio da ACIJ. Pode até ser que Adriano Silva não fosse o candidato dos sonhos
da entidade empresarial no primeiro turno, mas no segundo turno os empresários não
tiveram alternativa que não fosse apoiar um dos seus.
O partido NOVO inovou
com o “Processo seletivo”, o intuito do processo é o de deixar de indicar os
cargos comissionados por amizade, compadrio, filiação partidária ou por indicação
política e utilizar um processo curricular, que privilegie a capacidade e a competência.
A percepção do eleitor médio é que o resultado não saiu como esperado. Muitos
nomes são velhos conhecidos do cenário político local, já ocuparam cargos em
governos anteriores, sem ter conseguido mostrar competência ou resultados que
os qualifiquem. Há muitas críticas, expressadas abertamente, sobre a manutenção
de um número significativo de secretários do governo Udo Dohler, no que é visto
como uma continuidade da gestão anterior, algo contra o que a maioria dos
eleitores votaram e que agora se sentem traídos.
A pergunta é se estes
são mesmo os “melhores” nomes que teríamos em Joinville para formar um NOVO
governo e dar a guinada necessária para colocar de volta a cidade no eixo do
desenvolvimento. Se estes foram mesmo os melhores entre os mais de 1.500
candidatos a cargos de primeiro escalão, o futuro de Joinville é preocupante.