POR JORDI CASTAN
Há, no texto da
LOT em discussão na Câmara de Vereadores, uma longa relação de desejos
atendidos. A maioria das mudanças propostas na LOT atende pedidos concretos,
tem nome e endereço certos. Alguns feitos à boca pequena, outros protocolados
formalmente. Um caso interessante é o que envolve o imóvel que hoje ocupa o 62º
BI. Um imóvel tombado, localizado em região bem valorizada, com construções
com reconhecido valor histórico e com potencial para ser no futuro um pulmão
verde. E uma área de lazer que poderia reunir, num único espaço, cultura, verde,
lazer e preservação. Quem conhece a área sabe que há espaços vazios não
ocupados e não haveria nenhum motivo aparente para que o tenente-coronel Sandro
Emilio Dureck enviasse, ao prefeito Udo Dohler, em 12 de 2014, o ofício nº 10 –
EB 64069.003262/20014-28, solicitando alterar a lei de uso e ocupação do solo
L.C. 312/10, de forma a que a área do batalhão permitisse a construção de
edifícios de até 10 pavimentos para "atender as necessidades atuais desta organização militar."
Imaginar o
Exército construindo prédios de 10 andares naquele imóvel é uma ideia estranha.
Poderia até fazer sentido se houvesse alguém interessado em adquirir o imóvel
para converter o espaço num sofisticado empreendimento imobiliário. O valor do
imóvel aumentaria consideravelmente e os benefícios seriam significativos, se
numa área tombada fosse possível construir prédios. Pode até ser por isto mesmo
que o IPPUJ mantém a oposição ferrenha a cogitar o imóvel como a área ideal
para que Joinville tenha, algum dia, um parque central com área compatível com a
necessidade de uma cidade de mais de meio milhão de habitantes.
A pesar do
ofício ter sido devidamente protocolado na Prefeitura, o pedido aparentemente
não foi atendido, pois não houve alteração na LC 312/10. Mas uma leitura atenta
na minuta da LOT possibilita identificar as mudanças que permitiriam que o pedido fosse
atendido cabalmente.
Antes que
alguém venha a dizer que o imóvel não é tombado e que a LOT não altera o
zoneamento da sede do 62º BI - e que segue sendo Setor Especial -, é bom entender
que recomendável fazer uma leitura detalhada da minuta da LOT. E que os
enfadonhos ANEXOS SÃO PARTES INTEGRANTES DA LEI, principalmente nos números e
letras miúdas das observações. O Diabo esta nos detalhes e os anexos escritos em letra miúda são os detalhes onde o Diabo gosta de ficar. No Anexo VII, dos Requisitos Urbanísticos para a ocupação do solo, a redação do
projeto de lei em discussão na Câmara - e apresentado nas audiências públicas
realizadas pelo Executivo - está prevista, para este local, a possibilidade de
construir edifícios com 30 metros de altura (algo em torno de 10 andares), o que atenderia amplamente o pedido feito.
Além de poder nos surpreender com edifícios de 30 metros de altura na área que hoje ocupa o 62º BI, caso vingue a iniciativa de flexibilizar os EIVs (Estudo de Impacto de Vizinhança), como alguns vereadores defendem, o texto da LOT acabaria permitindo que o “órgão competente” licenciasse ocupações desse tipo em áreas como, por exemplo, o entorno do Museu Nacional da Imigração, da Estação Ferroviária e até no terreno do Cemitério dos Imigrantes. Porque mudar o zoneamento hoje está ficando simples.
Além de poder nos surpreender com edifícios de 30 metros de altura na área que hoje ocupa o 62º BI, caso vingue a iniciativa de flexibilizar os EIVs (Estudo de Impacto de Vizinhança), como alguns vereadores defendem, o texto da LOT acabaria permitindo que o “órgão competente” licenciasse ocupações desse tipo em áreas como, por exemplo, o entorno do Museu Nacional da Imigração, da Estação Ferroviária e até no terreno do Cemitério dos Imigrantes. Porque mudar o zoneamento hoje está ficando simples.
Assim, aos poucos vamos retirando as poucas salvaguardas e garantias que ainda restam. E em nome do
progresso, do desenvolvimento e da flexibilização, podemos permitir tudo e mais um pouco. Porque a lei não pode
engessar o progresso. Qual é a cidade que não dá para engessar? A do lucro fácil e a dos
interesses especulativos? Quantos outros casos como este não se escondem nos
anexos, nas vírgulas e na letra pequena da LOT? Uma leitura detalhada permite identificar
dezenas.
Há poucos que o fazem direta e abertamente como o fez o comandante do Batalhão. A maioria esconde seus interesses em reuniões a portas fechadas, em conversas em gabinetes, com os presidentes dos órgãos competentes que no futuro próximo deverão se manifestar a favor das mudanças solicitadas. E assim se faz o desenvolvimento urbano de Joinville e se planeja a cidade do futuro.
Há poucos que o fazem direta e abertamente como o fez o comandante do Batalhão. A maioria esconde seus interesses em reuniões a portas fechadas, em conversas em gabinetes, com os presidentes dos órgãos competentes que no futuro próximo deverão se manifestar a favor das mudanças solicitadas. E assim se faz o desenvolvimento urbano de Joinville e se planeja a cidade do futuro.
O 62 BI quer construir um Hotel de Transito para substituir o Hotel antigo.. é este o desejo deles...
ResponderExcluirUm hotel com 10 pavimentos? Qual a rede Accor, Blue Tree, Hilton, Sheraton, Four Seasons? Agora fiquei curioso. Me conte mais.
ExcluirHotel de transito é destinado a oficiais em trabalho ou férias que estejam passando na região.
ExcluirNão faz sentido fazerem longe do quartel também. Não acredito que destruiriam algo dos prédios principais para construir ele.
Acho inclusive justa a alteração para este empreendimento. Ainda poderiam colocar como condição o tombamento dos outros prédios.
Anônimo que parte você não entendeu? A dos 10 pavimentos?
ExcluirPara que fique mais fácil para você. quer uma imagem do hotel de transito em Brasilia?
Aqui tens.
http://www.sgex.eb.mil.br/index.php/hotel-de-transito-de-oficiais
Alias o zoneamento hoje permite um hotel de transito como este de Brasilia.
Ninguém quer que o 62 BI não tenha um hotel de transito para seus oficiais. Mas permitir a construção de prédios de 10 andares é outra coisa.
ExcluirO hotel de transito seria "apenas a cabecinha"?
ResponderExcluirDei uma olhada no zoneamento da area do Hotel de transito do exercito em Florianopolis, no Bairro Coquerios, e por coincidencia o zoneamento la tbm mudou. Era pra ser area verde e de lazer, mudou pra construções mistas de ate 6 andares. Vi também que esse hotel militar na capital do nosso pais , tem estrutura bem modesta com garagem no sub-solo e mais dois pavimentos. (tem fotos na internet)
ResponderExcluirHotel Militar Brasilia http://www.sgex.eb.mil.br/index.php/hotel-de-transito-de-oficiais
Zoneamento da rua Max de souza, mudou em Floripa em 2015, http://www.floripanews.com.br/noticia/6983-o-novo-plano-diretor-e-o-seu-impacto-sobre-o-bairro-de-coqueiros-em-florianopolis
Concordo plenamente com a crítica. Contudo, é preciso salientar que a edificação do 62 BI não é protegida por tombamento, em nenhuma das instâncias de governo. A meu ver, seria o caso de solicitar o tombamento para a Comissão do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico é Natural do Município. Com o tombamento pelo poder público municipal, se poderia limitar as intervenções tanto na própria edificação como no entorno. Qualquer cidadão do município pode encaminhar uma solicitação de tombamento ou de inventário de algum bem cultural.
ResponderExcluirAcho que neste caso não cabe o tombamento pelo município porque o imóvel pertence à União e ao exército. Creio que o município não tem essa jurisprudência.
ExcluirResposta errada....
ExcluirÉ uma questão que deve ser avaliada pela Procuradoria Geral do Município. Mas já existe no Brasil jurisprudência favorável ao tombamento municipal de edificações que são propriedade estadual ou da União. Mas nada impede que uma solicitação de tombamento também seja encaminhada ao IPHAN para ser avaliada pelo seu Conselho Consultivo.
ExcluirRecém eleita representante do segmento Patrimônio Cultural Material no Conselho de Política Cultural, encaminhei à Fundação Cultural solicitação do Inventário Patrimonial Cultural de Joinville (IPCJ) que está em processo de elaboração e atrasado 5 anos.
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