POR JORDI CASTAN
Na semana passada, comentei aqui o tema do restaurante popular do Bucarein,
fechado pelo governo municipal por conta de uma suposta reforma. Quem passe na
frente não verá ninguém trabalhando, nem traços de nenhuma reforma, nem
qualquer informação referente à dita reforma. Ou seja, nem data de inicio, nem data
prevista para conclusão, nem valor do contrato, nem o nome da empresa ganhadora
da licitação.
A impressão que fica é a de que o restaurante foi fechado e que
ficou por isso mesmo. A escusa da necessidade de uma reforma não parece convincente. Conta a administração municipal com o esquecimento da população e com a
impossibilidade de lembrar de todas as obras: iniciadas e não concluídas, sem
data prevista de conclusão ou simplesmente abandonadas. Há que acrescentar a
isto a falta de um seguimento eficiente por parte da imprensa ou da sociedade
organizada, o que permite que o governo nos presenteie todos os dias com novas
empulhações.
Nestes dias a SECOM (Secretaria de Comunicação) da Prefeitura Municipal de
Joinville informou que no ano de 2014 a SEINFRA (Secretaria de
Infraestrutura) autorizou a construção de 1 milhão e 400 mil metros
quadrados de novas edificações. Representa o maior número de metros quadrados
da história de Joinville. Nunca se construiu tanto. A média histórica dos
últimos quatro anos se situa na faixa do milhão de metros quadrados.
Os dados são
sempre do próprio governo municipal. Os números de 2014 representam um aumento
de quase 40%. O que tem a ver este crescimento vigoroso e sustentado do setor da
construção civil com a paixão compulsiva pela mitomania dos nossos dirigentes
municipais? O prefeito não perdeu nenhuma oportunidade, nos dois últimos
anos, para defender a aprovação da LOT (Lei de Ordenamento Territorial), alegando
que a cidade estava parada. Ou seja, que Joinville precisa aprovar a LOT urgentemente.
Tem acusado a judicialização da LOT e as Associações de Moradores que tem
capitaneado o processo de propor uma LOT mais democrática, com mais e melhores
estudos e com dados claros que evitem que seja aprovada uma lei que comprometa
o futuro da cidade para as gerações futuras.
Os dados divulgados pela própria prefeitura provam que não há motivo para
forçar a aprovação da LOT, que o debate com a sociedade é necessário e não deve
ser apressado por conta de uma suposta paralisia ou um engessamento do setor
imobiliário. Mas, mais que qualquer outra coisa, os dados divulgados reforçam a
suspeita de que o prefeito ou não sabe o que diz ou, sabendo, usa seu discurso
para pressionar uma aprovação expedita. Ou, o que seria mais grave, tem
ataques de mitomania compulsiva, e se dedica a praticar a arte de mentira política,
sabendo que suas afirmações, mesmo sendo falsas, servirão para alcançar o
objetivo que almeja.
Seria melhor para todos se as declarações do prefeito
fossem tomadas com menor credibilidade e mais espírito crítico. O prefeito não
tem nem o dom da infalibilidade, nem o da verdade absoluta. É um simples
mortal ocupando um cargo terreno, por um tempo determinado, ainda que às vezes
possa agir como um semideus. E está muito longe da imagem que ele e os seus
acólitos querem nos vender.
A quantidade de mentiras que escutamos todos os dias alcança níveis nunca antes imaginados. Nem vou aqui focar na corja de mitômanos que têm tomado o poder no governo federal. Lá o caso é de policia. Acho mais interessante manter o foco aqui na nossa paróquia.
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