POR JORDI CASTAN
Não há limite na ânsia de retroceder até a idade das trevas:
a aprovação da lei que permite o rebaixo do meio fio em toda a cidade e o
consequente desaparecimento dos passeios como espaço para os pedestres, é uma
prova que os denominados antropocentristas cedem espaço para a suas alas mais
radicais, os “automóvelcentristas” e os “imovelcentristas”.
Depois da vitória da barbárie e da estupidez, pareceria que o
mundo está perdido. Por sorte, cidades como Hamburgo e Berlim, na Alemanha; ou
Vitoria-Gasteiz e Barcelona, em Espanha; ou Seattle e Nova Iorque, nos Estados
Unidos, tem projetos de planejamento urbano para erradicar completamente o automóvel
de grandes áreas do tecido urbano. Bogotá, aqui no nosso hemisfério, tem feito também
grandes avanços no sentido de priorizar o pedestre e o transporte público em
detrimento do automóvel, objeto do culto dos automóvelcentristas, adoradores do
carro e que acreditam que Deus criou todas as coisas para servir ao automóvel. Os sambaquianos, não satisfeitos com essa
vitória, querem mais, e os imovelcentristas lançam uma ofensiva em que a ignorância
e a idiotia são suas bandeiras de batalha.
Qualquer um que tenha mais capacidade intelectual que uma
ameba ou um paramécio, sabe que a verticalização e o adensamento comprometem a qualidade
da vida nas cidades, edifícios mais altos reduzem a insolação e a ventilação,
fazem as cidades mais insalubres, propiciam doenças e aumentam a poluição. A
insuspeita OMS (Organização Mundial da Saúde) estebelece normas e parâmetros para
garantir um mínimo de insolação, de modo que mesmo nas cidades mais
verticalizadas os seus habitantes possam receber um mínimo de duas horas de sol no solstício de inverno. É oportuno lembrar que as recomendações da OMS são para TODAS as cidades, se consideramos que no caso de Joinville, pela sua localização e climatologia há abundancia de chuvas e elevada umidade, os conceitos de ventilação e insolação merecem uma atenção e uma consideração adicional.
Além dos percentuais mínimos definidos pela OMS, há também outros critérios técnicos específicos a serem seguidos no planejamento urbano, além de
colocar dezenas de siglas complicadas e ininteligíveis para o cidadão médio e
colorir mapas de cidade. Há normas técnicas,
como as ISO, a 6241, por exemplo, e NBRs, como as 10152 e 15575. As normas e os
estudos técnicos definem toda uma série de requisitos e critérios, estabelecem ângulos
máximos de obstrução, níveis máximos de intensidade sonora, de permeabilidade
do vento, percentuais de disponibilidade de áreas verdes, distância dos trajetos
a serem percorridos a pé, distância mínima entre as unidades habitacionais e os
pontos de ônibus, princípios de segurança urbana referente a mobilidade e a alturas de construção a serem seguidos na legislação urbanística, entre muitos
outros. Há uma relação direta entre a altura permitida e a largura das ruas, o
que os técnicos denominam a calha da rua. Para poder aumentar a altura dos prédios
é preciso que as ruas sejam mais largas, assim não se comprometerá a insolação,
por exemplo. Também há critérios sobre mobilidade e atividades econômicas,
sobre poluição sonora e áreas residenciais, entre outras dezenas de critérios
a serem considerados. Até agora nada disso tem sido visto por estes manguezais.
E arrisco o palpite que se esses dados não tem aparecido, deve ser porque não
existem; ou se fossem apresentados dificilmente resistiriam a uma análise
medianamente isenta.
Aqui em Joinville tem sido dado a ordem de ignorar qualquer
norma técnica que possa reduzir o lucro dos especuladores imobiliários e seus
lobistas. Assim, a OMS, as ISO e as NBRs são consideradas organizações
nocivas aos interesses defendidos pelo setor especulativo, agrupado em torno do
grupo apelidado de “Gangue do Tijolo” ou “Talibans do Concreto”. Caso o bom senso não de sinais de vida, será necessário
que se verifique se o texto da LOT assegura o cumprimento dos coeficientes mínimos
propostos pelas normas técnicas e se restabeleça o bom senso, para que se reduza
a cobiça dos de sempre e possamos preservar um mínimo da salubridade e
qualidade de vida.
espero que audiência publica sobre a LOT na estrada da ilha seja em horário de "pico" assim poderemos admirar toda aquela região Rural.
ResponderExcluirTem gente que possui uma viseira de mula e realmente não consegue (ou não quer) ampliar o leque de visão sobre as coisas. O que o transito intenso em determinados horários de uma estrada, fruto do mal planejamento e crescimento de uma cidade, tem a ver com o seu entorno? Típica explicação de especulador...
Excluiraquela região ta uma BR 101 de 20 anos atras e depois é o anonimo (7 de maio de 2014 11:14) que tem visão de mula. no fim quem sofre não são os LOTeadores nem especuladores mas sim o POVO daquela região. Amancio
ExcluirEspero que a ganhadora seja uma empresa paulista que prometa reduzir a passagem em 60%, assim o passe que pago para meus empregados me custará menos e eles serão servidos por um atendimento de Cidade Grande.
ResponderExcluir