quinta-feira, 30 de abril de 2020

Conversas à Chuva - Ivandro de Souza

Bolsonaro aposta na truculência e no caos



POR CLÓVIS GRUNER

Em entrevista publicado no "El País" no último dia 26, o filósofo Marcos Nobre, um dos mais argutos analista da política brasileira contemporânea, vaticinou, sobre o futuro do governo: "Bolsonaro vai para a lonta e sabe disso". De acordo com Nobre, mesmo a estratégia de recrutar suas bases mais radicais, enquanto negocia o apoio do centrão no parlamento, são insuficientes para assegurar a permanência de Bolsonaro na presidência.

Previsões políticas são sempre arriscadas, mais particularmente em um país como o nosso, onde diariamente somos surpreendidos com alguma nova - e infeliz - notícia. Mas parece inegável que a saída de Moro, ruidosa como foi, deixou o governo Bolsonaro ainda mais fragilizado. O clima para um eventual impeachment certamente ainda não está dado porque, se não faltam razões jurídicas a justificar o impedimento do presidente, o fato de ainda contar com uma base de apoio expressiva, de algo em torno de 30%, dificultam a tarefa.

O presidente, no entanto, acusou o golpe. Nos dias seguintes à demissão de Moro, tratou de mobilizar seus cúmplices mais radicais e fieis, subindo o tom da aposta e indo para uma espécie de "tudo ou nada". A aposta no caos e o recrudescimento de um discurso já notoriamente truculento, expressam a tentativa de Bolsonaro de seguir na presdiência, não importa o custo. Mesmo que o preço a pagar sejam outras tantas milhares de mortes, além das mais de cinco mil que já se acumulam, vítimas do coronavírus, em pouco mais de 30 dias.

quarta-feira, 29 de abril de 2020

A urucubaca e os heróis da direita brasileira



POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO

"Infeliz a nação que precisa de heróis". A frase de Bertolt Brecht, aqui num outro contexto, permite lançar uma discussão sobre o Brasil. O fato é que os brasileiros estão sempre à procura de heróis, de pessoas com poderes extraordinários que venham resolver todos os seus problemas.

O herói é, acima de tudo, alguém que estejamos prontos a seguir. E sob este aspecto o Brasil tem falhado profundamente. Tem seguido líderes vazios, despreparados e muitas vezes com problemas de caráter. É o caso de Jair Bolsonaro, por exemplo, que é considerado "mito" mais pelas sua falta de qualidades do que pelo mérito.

O tema de hoje são os heróis que o Brasil tem escolhido nos tempos mais recentes. E quase sempre no plano do bizarro, da deselegância e do vulgar, qualidades (ou falta delas) que não entram na pele de um herói. É muita urucubaca para cima do gado.

terça-feira, 28 de abril de 2020

É melhor que Udo Dohler fique em casa



POR JORDI CASTAN

O tema de hoje é grupo de risco, a pandemia e o pandemônio.

Os clientes de alguns supermercados já estão sentido a falta do prefeito, que não tem frequentado mais o setor de hortifruti. E, sem a sua inestimável colaboração, as donas de casa têm mais dificuldade para escolher um abacaxi doce ou uma melancia que esteja no ponto. É verdade que de abacaxis entende, mesmo que não tenha mostrado capacidade para descascá-los.

É importante ser compreensivo. Pela idade, o prefeito é parte do grupo de risco e faz bem em ficar em casa. Quanto menos se exponha será melhor para todos. Joinville agradece que o prefeito se cuide. Com toda esta história do confinamento, dos grupos de risco e do pandemônio em que tem se convertido a pandemia do Coronavírus, está tudo de pernas para o ar. 

É verdade que em Joinville as coisas até parecem estar melhor do que antes. Mas convenhamos que, pelo jeito que estavam até há pouco, havia muito pouco que pudesse piorar.

Na atual situação de pandemia, sofrem os pais, que trabalham em casa e, além de tudo o que já tinham que fazer antes, agora também têm que cuidar das crianças, especialmente das pequenas, a tempo inteiro. Ou seja, cumprir uma agenda de trabalho à distância e, se isso fosse pouco, ainda compartilhar espaços mínimos com crianças, gato, papagaio e cachorro.

Acrescentar marido, cunhada, tia ou sogros é para sonhar com que o Armagedon chegue logo e que a Apocalipse possa parecer um programa interessante para uma terça a tardinha.
Joinville está dando um bom exemplo. É verdade que depois de anos de não ter governo, nem gestão, nem prefeito a vila tem aprendido a conviver com o descaso e até parece que as ruas têm menos buracos, o trânsito flui melhor e nem os desatinos dos meninos do Waze parecem tão graves, numa cidade que é resiliente e não se deixa vencer facilmente.

sábado, 25 de abril de 2020

A demissão de Moro, o delírio de Araújo

POR CHUVA ÁCIDA
O tema desta semana é um tema incontornável: a demissão do ministro Sérgio Moro e as consequências que isso terá para a governabilidade e o futuro do presidente Jair Bolsonaro. Mas também é tempo de coronavírus e está em destaque a discussão, entre outras coisas, da teoria do chanceler Ernesto Araújo, que vê na pandemia uma estratégia comunista para dominar o mundo. Com Clóvis Gruner, em Curitiba, Jordi Castan, em Joinville, e José António Baço, em Lisboa.