terça-feira, 5 de junho de 2018

Foram pedir intervenção no 62º BI? Só pode ser fake news...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
As fake news são um problema sério destes tempos. É preciso ter muito cuidado com as coisas que aparecem na internet (e não só). E dou um exemplo recente de notícia falsa: circula, por aí, um vídeo que mostra uns grunhos em frente ao 62º Batalhão de Infantaria de Joinville pedindo intervenção militar. Tem que ser fake.

Só pode ser um vídeo forjado, com imagens falsas e uso de montagem em pós-produção. Está na cara que é fake, porque não há gente assim tão burra em Joinville. Eu, pelo menos, me recuso a acreditar. É uma cidade conservadora, sim, mas nunca desceria a esse nível de estupidez.

Aliás, a mentira é tanta que até vi umas imagens onde aparecem pessoas vestindo a camisa amarela da CBF. Ah... conta outra. Quem tem coragem de usar essa camisa depois da desgraça que têm sido os dois anos do governo Temer? Não em Joinville. E quem tem a falta de juízo de pagar 450 pilas por uma camisa que virou sinônimo de mico?

O filme é tão falso que aparece o argumento mais jegue possível. Se as Forças Armadas não ficarem ao lado da população, o Brasil vira uma Venezuela. Uai! Não faz sentido. Até porque não há esse perigo. Lá Maduro está a resistir o quanto pode para não entregar o petróleo. No Brasil, o pessoal entregou facinho, facinho para os gringos.

Para completar a insanidade, li o seguinte: “Os brasileiros não são venezuelanos! É hora das Forças Armadas trabalharem para a nação brasileira e não para um governo que quer que a nação pague o que foi roubada dela”. Peraê. Será que estão a falar de Temer, o resultado impeachment que eles pediram?

Só pode ser fake. Ninguém em Joinville seria tonto ao ponto de dizer esse tipo de asnice em público. E ninguém seguiria um maluco desses. Porque a ser verdade, só restaria usar a lógica do ditado antigo: se cobrir vira circo, se trancar vira hospício. Meu santo Simão Bacamarte, aí seria um caso de internamento.

É a dança da chuva.


Notícias fresquinhas (e verdadeiras) para os que acreditam não ter havido corrupção durante a ditadura militar

segunda-feira, 4 de junho de 2018

A greve dos caminhoneiros pôs o país de joelhos. E agora?


POR JORDI CASTAN
Não há como não comentar a greve dos caminhoneiros, seu desenvolvimento, seus impactos e os aprendizados a tirar dela. Comentar o que foi, o que não foi ou, melhor ainda, o que poderia ter sido e não foi.

Primeiro, não foi surpresa. Se alguém no governo - ou nos governos - diz ter sido pego de surpresa ou mente ou achou que não ia dar em nada, como quase tudo neste Brasil. Não foi falta de aviso. O setor de transporte rodoviário vive, desde faz tempo, numa crise que só tem se agravado. Cresceu - e muito - na onda dos preços controlados pelo governo e no crédito fácil que estimulou o consumo e levou ao aumento da frota além do necessário. Se agigantou na falta de infraestrutura adequada e disparou de vez quando a Petrobras passou a praticar preços de mercado. E acabou o sonho.

Um frete rodoviário de Natal a São Paulo custa aproximadamente R$ 16.000, dos quais quase R$ 13.000 são para pagar o óleo diesel, outros R$ 1.200 para pedágios, o resto para pagar o desgaste de pneus, manutenção, salário e despesas. E ainda falta remunerar o investimento. As contas só saem mesmo para quem não tem contato com o Brasil real.

É evidente que essa bomba estouraria mais cedo ou mais tarde. Estourou por conta do preço do óleo diesel e quando os caminhoneiros receberam o apoio da população. Porque é importante lembrar que, antes que aparecessem os oportunistas de sempre, a maioria da população apoiou a greve. Depois aos poucos o movimento foi perdendo foco. Ou talvez ganhando foco, até porque o foco era o preço do diesel e dos pedágios. E na medida em que o governo, tardiamente e devagar demais, atendeu as reivindicações dos grevistas, o brasileiro percebeu que de novo seria ele quem teria que pagar a conta. E neste ponto o apoio começou a arrefecer.

O resultado é que o governo não mexeu onde deveria. Todos vamos pagar o subsídio concedido aos caminhoneiros e ,já sabemos, que este modelo de subsídios pontuais a determinadas categorias em detrimento de outras, não resolve o problema, que fica só postergado. O Brasil precisa cortar na carne. Precisa cortar o número de carros oficiais, os supersalários - acima do limite constitucional -, os benefícios ilegais e imorais. Precisa reduzir as estruturas inchadas e ineficientes, cortar os R$ 28.000.000 que custa por dia o Congresso Nacional. Precisa cortar a carga tributária.

E não só não o fez, como escolheu cortar na saúde, na educação e na desoneração das exportações. Sem reduzir o tamanho do Estado, o Brasil não tem solução. O gasto público está fora de controle e o que poderia ter sido o início de um movimento para reduzir o tamanho do estado e cortar o gasto público acabou sendo só uma greve por R$ 0,46.

O Brasil segue deitado eternamente em berço esplendido. Quanto maior for o governo, menor será o cidadão. A greve expôs a fragilidade de um país que não tem nem governantes, lideranças e nem a infraestrutura capazes de enfrentar os problemas de frente e resolvê-los. O alerta está dado. O Brasil é um gigante com pés de barro. Se houver uma próxima greve, porque não devemos nos surpreender se tivermos outra a curto prazo, que seja geral, mais longa e com o apoio de todos, não haverá governo que resista. Um grupo de caminhoneiros usando WhatsApp colocou o país de joelho. É bom não esquecer.

Em tempo: tanto Santa Catarina como Joinville foram um péssimo exemplo de como lidar com uma greve. O governador e o prefeito agiram tarde e mal. Não estavam preparados para lidar com a gravidade da situação. Foram mal assessorados e não tiveram à altura da responsabilidade necessária.



sexta-feira, 1 de junho de 2018

É intervenção militar que vocês querem? Então Pra Frente Brasil...

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
(COM VÍDEO)
Sempre que alguém pede uma intervenção militar – por outras palavras, uma ditadura – fico a pensar numa cura para essa doença mental. A solução ideal seria, por um passe de mágica, transportar a pessoa para uma sociedade em ditadura. Obviamente é impossível e a mágica não vai tão longe. Mas por sorte existe a arte.

O filme “Pra Frente Brasil”, de Roberto Farias, pode ser muito ilustrativo para levar esses idiotas a “viverem” uma experiência com a ditadura. A narrativa fala de um cidadão comum que cai por engano nas mãos de torturadores do regime militar. Realizado na década de 80, é considerado um dos 100 melhores filmes de toda a história do cinema brasileiro.

“Pra Frente Brasil” é uma mistura de realidade e ficção. E por agora proponho um exercício ao leitora e à leitora: imagine que você é Jofre Godói (vivido por Reginaldo Faria), o cidadão inocente, e que o Dr. Barreto (Carlos Zara) é o coronel Brilhante Ustra, aquele mesmo que foi homenageado por Jair Bolsonaro no Congresso Nacional.

Neste excerto, Reginaldo Faria tem um monólogo interessante. Eis: “eu sempre fui neutro, apolítico, nunca fiz nada contra ninguém. Eu não sou dos que são contra. Eu sou um homem comum, eu trabalho, eu tenho emprego, documento, tenho mulher, tenho filho, eu pago imposto, ninguém tem o direito de fazer isso comigo… e os meus direitos?”.

Perceberam a reflexão? O personagem, um homem honesto e trabalhador de classe média, pode ser considerado aquilo que muitos chamam “gente de bem”. Mas as ditaduras estão recheadas de cretinos que não ligam para isso. O filme a seguir tem pouco mais de cinco minutos e foca as cenas de tortura.

É a dança da chuva.




quarta-feira, 30 de maio de 2018

ManifestaCão


Algumas lições da greve


POR CLÓVIS GRUNER
Filme de estreia do então desconhecido Steven Spielberg, “Encurralado”, de 1971, narra a história de David, um motorista perseguido por um caminhoneiro obcecado por assassiná-lo. A identidade do caminhoneiro não é revelada e não sabemos nem mesmo quais suas motivações. A trama, econômica, se resume ao confronto desigual entre um indivíduo débil e encurralado e seu implacável e desconhecido perseguidor.

Há algo de divertido, apesar da seriedade do assunto, em imaginar o telefilme que lançou Spielberg em Hollywood como uma espécie de alegoria da greve dos caminhoneiros, que nos últimos dias parece caminhar para seu fim. Como no filme, os trabalhadores em greve encurralaram um governo débil, e souberam aproveitar a fragilidade de um presidente não apenas inepto, mas cuja legitimidade, colocada à prova, revelou-se inexistente.

Apesar dos inúmeros contratempos gerados pela paralisação, o apoio de parcelas significativas da população foi decisivo para colocar Temer de joelhos. Igualmente, ninguém até agora parece preocupado com os possíveis desdobramentos das medidas anunciadas pelo presidente para colocar fim à paralisação, ainda que, mesmo instintivamente, saibamos que junto com os benefícios concedidos à categoria, o governo fez a alegria das grandes transportadoras e de oportunistas como Emílio Dalçoquio.

Há algumas lições a se tirar desses últimos dias. A paralisação escancarou as péssimas condições de trabalho dos caminhoneiros, uma das categorias profissionais mais precarizadas do país. Além disso, revelou nossa dependência do transporte rodoviário, fruto do desmonte das ferrovias iniciada pelo desenvolvimentista Juscelino Kubitschek, amplamente aprofundada pelos governos militares em conluio principalmente com empreiteiras, e continuada pelos governos civis.

Provavelmente nenhuma das duas situações mudará com a greve, entre outras coisas, porque pouca gente parece particularmente atenta a elas. As principais demandas da categoria – a diminuição do preço do diesel e o não pagamento do pedágio sobre eixos suspensos –, ainda que legítimas e necessárias, são bastante pontuais e não incidem, diretamente, sobre as condições precárias de trabalho e tampouco tocam no quase exclusivismo do transporte rodoviário.

Mal estar e oportunismo – Igualmente, o apoio popular ao movimento repercute, em grande medida, o mal estar reinante no país desde há alguns anos. Sintoma disso é a avaliação ingênua e sem sustentação empírica de que estamos pagando o preço da corrupção, quando não faltam evidências técnicas de que a crise foi gerada, principalmente, pela política de preços praticada pelo atual governo.

A relação equivocada entre a greve, a corrupção na Petrobras e a Lava Jato foi o combustível – com o perdão do trocadilho – que alimentou, de um lado, as manifestações legítimas de apoio aos caminhoneiros. Mas, de outro, serviu ao oportunismo de uma direita reacionária que encontrou, em meio a um movimento caracterizado pela ausência de lideranças centralizadas e institucionais, a brecha para levar às ruas, uma vez mais, os apelos golpistas por uma “intervenção militar”, eufemismo que, por ignorância ou má fé, tem servido aqueles que imaginam, como visão de futuro, uma bota pisando um rosto humano para sempre.

A esquerda tem sua cota de responsabilidade nesse quadro lamentável. Enquanto o país flertava com o caos, o PT preferiu lançar oficialmente a candidatura de Lula à presidência. Nas redes sociais abundaram demonstrações explícitas de ressentimento, com militantes comemorando o revés dos caminhoneiros por conta de sua participação, em 2016, no movimento pelo impeachment de Dilma Rousseff, além de especialistas a afirmar que estávamos ante um lockout patronal, desconsiderando a enorme diversidade do movimento, ao mesmo tempo em que o acusava de ilegítimo.

É verdade que uma parte da esquerda optou, acertadamente, por apoiar a greve, mas o fez um pouco tarde. Quando lideranças como Guilherme Boulos ou militantes do MST, vieram a público manifestar seu apoio aos caminhoneiros, a imagem do movimento estava fortemente ligada à direita reacionária. A esquerda perdeu, mais uma vez, a batalha narrativa. E perdeu, entre outras razões, porque boa parte dela tem sido incapaz de perceber que a “politização” não é mais aquilo que ela acredita ser – isso se algum dia o foi.

Ao preferir não disputar politicamente uma categoria por considerá-la “despolitizada”, a esquerda, enfim, permitiu que o protagonismo do movimento fosse tomado de assalto por grupos antidemocráticos. Obviamente, ninguém esperava uma “revolução caminhoneira”. Mas tampouco precisávamos que, das fileiras de caminhões à beira da estrada, ressurgisse com tamanha força a sanha autoritária dos golpistas.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Você entrava no avião com uma dessas pessoas a pilotar?

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
Que tal um exercício de imaginação. Você vai numa viagem de avião e tem a oportunidade de escolher os pilotos, a tripulação e até as pessoas que vão embarcar ao seu lado. É claro que a escolha recairia em pessoas nas quais pudesse confiar e, em especial no caso dos pilotos, gente que saiba o que está fazendo. Ou seja, acima de tudo, pessoas que demonstrem ter conhecimento suficiente para fazer o avião voar. E ficar no ar, claro. É preciso ter estabilidade emocional.

Na política também é assim. Não dá para caminhar ao lado de gente manipulável, que não sabe o que faz e demonstra falta de controle sobre as emoções. Tudo isso para falar no período entre 2013 e 2016, que resultou na queda de Dilma Rousseff e levou o Brasil para o estado caótico em que o país se encontra hoje. O golpe aconteceu e, ao contrário do que muitos esperavam, a situação ficou descontrolada. 

Há uma lógica simples: a democracia é um valor muito frágil e qualquer ruptura pode ter resultados devastadores. Se hoje o Brasil está mergulhado nesse caos, muito é devido ao fato de as pessoas - as que saíram às ruas a fora do golpe -  não terem olhado ao redor para ver ao lado de quem estavam a marchar. Não era gente recomendável. E o filme a seguir mostra uma série de intervenientes que ficaram famosos nos últimos tempos. A maluquice é quem manda.

Antes de ver o filme, fica a pergunta. Você teria coragem de entrar no avião se soubesse uma dessas pessoas era o comandante?  


segunda-feira, 28 de maio de 2018

Olé!


Temei, joinvilenses. O futuro de Joinville pode ser lúgubre e assustador


POR JORDI CASTAN
Uma cidade será tão inovadora, inteligente ou avançada como a soma da totalidade da sua população. O planejamento urbano é um tema importante demais para ser deixado na mão de um pequeno grupo de gênios. Apesar de ser um tema complexo e que requer conhecimento técnico específico, uma peculiaridade do planejamento urbano é que todos os que aqui moram e vivem a cidade podem e devem contribuir.

O primeiro erro é o de pressupor que seja preciso um conhecimento especial, um conhecimento restrito a um pequeno grupo de “çábios” encastelados numa torre de marfim. Eis o problema: quanto mais encastelados e afastados da realidade das ruas e do dia a dia da cidade, mais absurdas e descabeladas serão as soluções encontradas.

O antigo IPPUJ é um exemplo disso. Os donos da verdade e os detentores do conhecimento fizeram mais trapalhadas que acertos, partiam da premissa que o planejamento urbano era complexo demais para que as pessoas comuns pudessem compreendê-lo e que gente sem mestrados e doutorados não poderia contribuir com suas sugestões.

Não lembro que em nenhuma das mais de duas dezenas de audiências públicas em que participei nos últimos anos, uma única sugestão feita por alguém da plateia fosse considerada, anotada e incluída na discussão. Menos ainda que o autor da proposta recebesse uma resposta, ou pudesse rastrear a análise da sua proposta.

Na verdade, as audiências públicas foram convertidas, e continuam sendo, em pantomimas homologatórias. Com o único objetivo de fazer de conta que a população é ouvida. Não canso de repetir que até pode ser que seja ouvida, mas faz tempo que não é escutada.
É por conta desta arrogância superlativa que vemos, a cada dia, novas intervenções no tecido urbano uma pior que a outra. Desde as ciclofaixas que unem nada a coisa alguma, criando uma falsa sensação de segurança para o ciclista. De fato são ciclofarsas que acabam tendo o efeito contrario do pretendido.

As estatísticas estão aí para mostrar que o número de acidentes envolvendo ciclistas tem aumentado. Há mais ciclistas? Deve haver, mas também há mais acidentes. Portanto, as ciclofaixas não melhoraram a segurança dos ciclistas, são verdadeiras armadilhas.
A LOT permite que um maior número de atividades geradoras de tráfego se instalem num maior número de ruas. Até uma criança de oito anos sabe que polos geradores de tráfego, como escolas, supermercados, indústrias, academias ou bares e restaurantes aumentam o número de pessoas e veículos que se dirigem a aquele empreendimento.

Portanto, aquelas ruas que já não davam conta do trânsito local agora terão que absorver um volume ainda maior e o risco de colapso será cada vez mais forte. Parques, praças, ruas arborizadas e ambientes mais caminháveis melhoram a saúde das pessoas, reduzem o risco de doenças e melhoram a qualidade do ar. Em Joinville a cobertura arbórea urbana diminui a cada ano, poucas gestões municipais tem tido uma relação mais perversa com o verde urbano e com a qualidade de vida dos joinvilenses que esta.

Ignorar o bom senso, alijar a participação da sociedade do debate do modelo de cidade e desconsiderar a sabedoria e o conhecimento popular não é a melhor solução para o futuro desta cidade. Mas é o que fazem as gestões  autocráticas. O resultado é que tanto o gestor, como seu séquito de tecnocratas, tem se convertido no “faz-me rir” da maioria da população. Essa gente tem caído no descrédito e é motivo de chacota de um extremo ao outro da cidade.

Extinguir o IPPUJ foi um erro. Desmantelar o pouco conhecimento que o instituto foi capaz de produzir ao longo de três décadas foi desastroso, mas foi o preço a pagar por planejar de costas ao cidadão. A realidade atual é ainda pior. Sem conhecimento, sem referências, sem capital humano capaz e sem a humildade de reconhecer que estão perdidos e sem rumo. O futuro é lúgubre e assustador.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Efeito Dunning-Kruger: os idiotas não sabem que são idiotas

POR JOSÉ ANTÓNIO BAÇO
“Como essa gente fazia para passar vergonha antes da internet?”. É uma pergunta que muitas pessoas fazem no dia a dia. Afinal, as manifestações de idiotia ganharam uma proporção desmesurada com a world wide web e, em especial, as redes sociais. Não por acaso a expressão “vergonha alheia” entrou para a fraseologia do dia a dia dos falantes de língua portuguesa. Mas a ciência tem uma explicação: os idiotas não sabem que são idiotas.

Já ouviu falar no Efeito Dunning-Kruger? É um fenômeno identificado pelos investigadores David Dunning e Justin Kruger há algum tempo, quando trabalhavam na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. O que é o tal efeito? Simples. É uma situação muito comum nos dias de hoje: as pessoas com poucos conhecimentos acreditam saber mais do que as pessoas melhor preparadas.

É mais ou menos o seguinte: quando você entra numa discussão (acontece muito no online), uma pessoa que se informa pelas redes sociais, em especial Whatsapp e Facebook, acha que tem uma capacidade de argumentação superior a alguém com um doutorado, por exemplo. Dominadas pelo anti-intelectualismo, as redes sociais fizeram tábula rasa do conhecimento. E o resultado é a ideia de superioridade das pessoas menos cultas. Ora, sem meias palavras: são os ignorantes.

Uma pessoa com maior instrução (não estou a falar de educação) sabe que tem muitos vazios de conhecimento a preencher. O que, muitas vezes, chega a provocar insegurança. Já os indivíduos de pouco conhecimento não têm dúvidas. Só certezas. Ou seja, a incompetência destes últimos os impede de reconhecer as suas próprias limitações. É o que Dunning e Kruger denominaram “superioridade ilusória”.

O mais curioso no estudo dos dois pesquisadores é a constatação de um fenômeno que afeta os melhor preparados. Por identificarem muitas lacunas no próprio conhecimento, essas pessoas acabam se sentindo uma espécie de fraude. E passam a sofrer daquilo que Dunning e Kruger chamaram “síndrome do impostor”. Eis a conclusão: a ignorância gera confiança (ilusória, claro) e o conhecimento gera dúvidas.

O estudo se ocupou de tão distintas como raciocínio lógico, compreensão de texto, conhecimento financeiro, matemática, inteligência emocional, xadrez e até dirigir automóveis. O resultado foi de que as pessoas menos preparadas têm dificuldades em reconhecer a própria incompetência, ao mesmo tempo que falham ao reconhecer as qualidades das pessoas mais preparadas.

Onde já vimos isso? Ora, Dunning e Kruger investiram enorme tempo e recursos da universidade em pesquisas. Mas talvez nem fosse necessário. Era só dar uma passadinha nas redes sociais. Ou dar olhada nos comentários anônimos aqui no Chuva Ácida. 

É a dança da Chuva.

A seguir, um filme sobre o Efeito Dunning-Kruger.





As ideias dos anônimos. Ou a falta delas...*

POR ANÔNIMOS
Foi o que restou dos esquerdistas, atacar uma foto do Moro em eventos no qual ele foi convidado. É uma mistura de vários sentimentos. No caso do Baço o principal é a inveja.

Narcisista ou não ele é um excelente profissional. Seus despachos foram aceitos por juízes e ministros das cortes mais elevadas, e ele colocou muito peixe grande atrás das grades. Sobre a foto que João Dória (candidato a governo de SP) tirou ao lado do juiz, é realmente uma bobagem.

Primeiro porque João Dória é simplesmente um candidato (goste ou não dele, é um sujeito ilibado, não está envolvido em corrupção!) que tentou surfar na onda da Lava-Jato. Segundo porque qualquer um pode tirar a foto e publicar com ou sem o consentimento do juiz. Terceiro, Sérgio Moro representou em NY a força-tarefa da Lava-Jato num evento que tinha esse objetivo. Agora, quer conhecer um sujeito narcisista? Tem um capo safado bem narcisista no xilindró da PF em Curitiba.

“O comitê de direitos humanos aceita o pedido de medidas cautelares de Lula”. Brincadeira, eles rejeitaram porque as instituições estão funcionando no Brasil... “Meudeus! Vão prender o tucano Azeredo!!!! Estamos desolados!!!! #SQN

Viu como ser coerente e honesto consigo mesmo é libertador? Você não tem amarras e não é obrigado a tentar convencer outras pessoas a aceitar o seu bandido de estimação.

O Moro é um tucano togado. Volta Lula, o presidento Lula que, tirou 600 milhões da pobreza, inventou o futebol, descobriu o Brasil, adotou Che, Fidel e Stalin como filhos, foi à Lua, ressuscitou no 3° dia, inventou o petróleo, lutou com Goku, mostrou o caminho de volta pra casa em "Caverna do Dragão", atirou o pau no gato e não morreu, descobriu a gravidade, inventou o avião, é a alma mais honesta e nunca foi dono do Triplex.

Quando não se tem condição de contestar a mensagem, ataque o mensageiro.

* A peça acima resulta de uma compilação das respostas dos anônimos ao texto publicado na terça-feira, sobre o narcisismo do juiz Sérgio Moro. Há duas hipóteses: 1. o anônimo é uma única pessoa que faz muitos comentários. 2. os anônimos escrevem todos as mesmas coisas. A lógica é bisonhamente repetitiva: atacar o autor, defender os seus heróis conservadores e acabar sempre a falar de Lula e do PT.